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terça-feira, 2 de agosto de 2016

ELEMENTOS PARA REFLEXÃO

No número de maio de 1861, da REVISTA ESPÍRITA na seção QUESTÕES E PROBLEMAS, Allan Kardec oferece interessantes esclarecimentos por certo uteis ainda hoje. Deles destacamos três para reflexões. 1- Os magos, os sábios, os grandes filósofos e os profetas antigos não eram médiuns? Resp. – Evidentemente, sim. O laço que os unia às inteligências superiores agia sobre eles e lhes inspirava novos pensamentos, sem falar de sua própria superioridade, que lhes permitia emitirem apreciações mais exatas. Eles comunicavam aos Espíritos encarnados ideias que pareciam profecias, porque estas nada mais são do que comunicações vindas dos grandes Espíritos. E como possuíam uma parte dos atributos divinos, as ideias anunciadas tinham um caráter de adivinhação, e forçosamente se realizaram nos tempos e épocas indicados.. 2- A mediunidade é, pois, um favor aos que a possuem? Resp. – O verdadeiro médium, que não faz profissão desse dom sublime, evidentemente deve tornar-se melhor. Como não seria de outro modo, quando a cada instante pode receber impressões tão favoráveis ao seu progresso na senda do bem? As ideias filosóficas que emite, não só por seu próprio Espírito, mas, ainda, e principalmente por nós, são retificadas naquilo que a sua inteligência, muito fraca, poderia compreender mal e mal enunciar. Na sequencia da matéria publicada, após breve comentário, Allan Kardec propõe uma questão que ele mesmo procura responder. Escreve ele: -“No momento de sua criação, os Espíritos não são imperfeitos senão do ponto de vista do desenvolvimento intelectual e moral, como a criança ao nascer, como o germe contido na semente da árvore; mas não são maus por natureza. Ao mesmo tempo, neles se desenvolve a razão, o livre-arbítrio, em virtude do qual escolhem, uns o bom caminho, outros o mau, fazendo que uns cheguem ao objetivo mais cedo que outros. Mas todos, sem exceção, devem passar pelas vicissitudes da vida corporal, a fim de adquirir experiência e ter o mérito da luta. Ora, nessa luta uns triunfam, outros sucumbem, conquanto os vencidos possam sempre se erguer e resgatar os seus fracassos. Esta questão levanta outra, mais grave, que muitas vezes nos tem sido apresentada. É a seguinte: 3- Deus, que tudo sabe, o passado, o presente e o futuro, deve saber que tal Espírito seguirá o mau caminho, sucumbirá e será infeliz. Neste caso, por que o criou? Ora, por certo sabe Deus perfeitamente a linha que seguirá um Espírito, pois, de outro modo, não teria a ciência soberana. Se o mau caminho no qual se aventura o Espírito devesse fatalmente conduzi-lo a uma eternidade absoluta de penas e sofrimentos; se, porque tivesse falido, lhe fosse sempre negado reabilitar-se, a objeção acima teria uma força de lógica incontestável, e talvez aí residisse o mais poderoso argumento contra o dogma dos suplícios eternos. Neste caso, impossível é sair do dilema: ou Deus não conhece a sorte reservada à sua criatura, e então não tem a soberana ciência; ou, se a conhece, Ele a criou para ser eternamente infeliz e, portanto, não tem a soberana bondade. Com a Doutrina Espírita, tudo concorda perfeitamente e não há mais contradição: Deus sabe que um Espírito tomará um mau caminho; conhece todos os perigos de que este se acha semeado, mas sabe, também, que dele sairá, e que não haverá para ele senão um atraso. E, em sua bondade e para lhe facilitar, multiplica em sua rota as advertências salutares, das quais infelizmente nem sempre ele aproveita. É a história de dois viajantes que querem alcançar um belo país, onde viverão felizes; um sabe evitar os obstáculos, as tentações que o fariam parar no caminho; o outro, por imprudência, choca-se contra os mesmos obstáculos, leva quedas que o atrasam, mas chegará por sua vez. Se, no caminho, pessoas caridosas o previnem dos perigos que corre e se, por presunção, não as escuta, mais repreensível será por isso. 

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