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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

PRODÍGIOS DA MEDIUNIDADE DE CHICO XAVIER

As quatro e meia da madrugada do dia 14 de maio de 1972, na altura do quilômetro 22,5 da Via Anchieta, um grave acidente envolveu vários veículos.  Entre estes, estava o volks dirigido pelo jovem Charles Wandenberg Fernandes Cerboncini, então com 22 anos, acompanhado por uma desconhecida amiga que se evadiu do local da colisão na qual o rapaz desencarnaria.  Estudante de medicina, Charles era um jovem dinâmico, dedicado, formado em música pelo conservatório Santa Cecília e, naquela madrugada, dirigia-se à Santos, a fim de encontrar-se com os familiares que lá estavam para comemorar o dia das mães, visto que permanecera no sábado na capital para estudar para uma prova.  Componente com a irmã de uma família até então de vida normal, impôs com sua morte uma profunda transformação visto que a dor e a revolta passavam a ocupar o pensamento de todos. Especialmente porque Charles desencarnou devido a uma hemorragia, pois que não sofrera nenhuma fratura. Seu corpo estava perfeito, somente havia dois cortes nas suas faces e esses cortes não foram devidamente suturados, e esvaiu-se em sangue por mais de cinco horas em que ficou como que abandonado até que a família o localizasse.  Sua mãe, Da. Esmeralda, que era obstetra, com tanto conhecimento entre médicos, vira seu amado filho morrer por falta de assistência e, então, revoltou-se e abandonou tudo, ficando como que desarvorada, à cata de consolações, à procura dos por quês, querendo explicações.  Um ano se arrastara e, em maio de 1973, soube que o Chico Xavier estaria autografando livros na Casa Transitória Fabiano de Cristo, em São Paulo, pediu ao marido que a levasse até ele. O casal chegou lá pelas 9 horas e recebeu o cartão n.º 4.366; pelos seus cálculos, estaria perto do Chico dali a umas 20 horas. Não poderia esperar e ela necessitava falar-lhe. Soube, então, que Chico estava numa reunião particular, com várias personalidades (deputados, vereadores), pois tratavam da concessão do título de “Cidadão Paulistano” ao médium, e ela conseguiu, por fim, adentrar ao recinto, com muita dificuldade, segurando entre as mãos e com a capa apertada e virada para o seu colo, o livro que o marido lhe comprara na entrada. Assim que ela se alojou, muito mal, entre aqueles que estavam por detrás de Chico, um rapaz lhe disse: -“Dona, agora não é hora, o Chico só vai autografar livros depois das 14h”.  Ela respondeu-lhe: -Mas não me interessa autógrafo, pois eu já tenho o livro, eu queria era cumprimentar o Chico”.  Nisso, entre toda aquela barulheira, apertos e empurrões, Chico ouviu o que ela disse e voltando-se, sem a mirar, tocando-lhe nos ombros, por entre outros ombros, lhe diz: -Filha, você tem o livro? Então leia a página 107...” (ele nem tinha visto o título livro e nem sabia qual livro era...), e incontinenti os presentes os distanciaram pelo acúmulo de gente e ela saiu da sala. No carro com o marido, abriu o livro naquela indicada página e, ambos com os olhos marejados, leram o seguinte:  À FRENTE DA MORTE - Não olvides que, além da morte, continua vivendo e lutando o Espírito amado que partiu.. Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança.  Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração.  Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os sonhos.  Tua tristeza inerte é sombra a escurecer-lhe a nova senda.  Por mais que a separação te lacere a alma sensível, levanta-te e segue para frente, honrando-lhe a confiança, como a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou.  Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilatação do labirinto em que nos arroja a invigilância, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo.  Recorda que a lei de renovação atinge a todos e ajuda quem te antecedeu na grande viagem, como o valor de tua renúncia e com a fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo.  Converte a dor em lição e a saudade em consolo, porque, de outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as tuas vitórias solitárias, portas adentro de teu mundo interior.  Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendiz e, por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando conhecimento e virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a vida eterna.  Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-los às trevas.  Repara em torno dos próprios passos.  A cada noite no mundo segue-se o esplendor do alvorecer.  O Inverno áspero é sucedido pela Primavera estuante de renascimento e floração.  A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaço com asas multicolores de borboleta.  Nada perece.  Tudo se transforma na direção do Infinito Bem.  Compreendendo, assim, a Verdade, entesourando-lhe as bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível da gloriosa imortalidade.  O livro era “ESCRÍNIO DE LUZ”, publicado pela Casa Espírita “O CLARIM”, contendo mensagens assinadas pelo Espírito Emmanuel.

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