Personagem
importante nos primeiros momentos do Espiritismo no Brasil, o médico Adolfo
Bezerra de Menezes Cavalcanti, renasceu em nossa Dimensão no dia 29 de
agosto de 1831, em Riacho do Sangue, Estado de Ceará, tendo-se mudado aos 20
para o Rio de Janeiro onde em meio a grandes dificuldades se formou em Medicina
em 1856. Católico, se converteria ao Espiritismo anos depois após ler e se
convencer pela lógica - embora a impressão de estar diante de informações já
conhecidas - a primeira tradução d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS do amigo Dr Joaquim Passos Tavares que a
realizara. Atraído para o movimento espírita que se organizava, fundou com
outros companheiros em 1891, o Grupo Espírita Regeneração, instituição que
dirigiu até sua morte em abril de 1891. Solicitado a conciliar os polêmicos místicos
e científicos que não se entendiam na direção da recém-nascida Federação
Espírita Brasileira, regressando ao Plano Espiritual em 1900, o Dr Bezerra
começa o trabalho de orientação através de inúmeros médiuns ao longo do século
20, a princípio pessoalmente e, na continuidade por meio das centenas de Amigos
Espirituais que comporiam equipe por ele liderada. Através de Chico
Xavier, revela-se uma encarnação por volta do século II, identificado
como Irmão
Corvino, cristão convertido e personagem da obra AVE CRISTO escrita pelo Espírito Emmanuel pelo médium que
orientava. Através de Chico, ante a proximidade do
primeiro centenário do Grupo Regeneração que fundara no fim do século passado, em
reunião de 6 de novembro de 1986 na residência do médium cumpre promessa e
conta as origens remotas do núcleo como CASA DOS BENEFÍCIOS, por ele fundada na
personalidade do convertido Irmão Parmenio Narra, entre outros
detalhes, o Espírito do Dr Bezerra: “Nos últimos dias do Século V, da
nossa Era, considerada a Era Cristã, duas meninas gêmeas eram vistas numa
residência nobre do Palatium em Roma, suscitando admiração pela beleza com que
se distinguiam. Entretanto, nos traços psicológicos eram, em si, a antítese uma
da outra. Ceres trazia, no coração pessimista, um processo de inadaptação ao
mundo que a incompatibilizava com a vida. Rancorosa e apaixonada pelas próprias
fantasias, fazia-se difícil pelo temperamento complexo. Cecília, porém,
guardava o íntimo possuído por belos ideais. Amava a natureza, praticava a
benemerência com espontaneidade de sentimento e conquistava a simpatia de
quantos lhe desfrutassem o convívio. (...) Depois de algum tempo, conquanto o
ciúme de Ceres, que seguia os acontecimentos com aparente sinceridade, o
casamento de Cecília e Coriolano se realizou com os vinhos e alegrias do noivo
e com as distribuições de alimentos e agasalhos, em homenagem a Deus, para com
os desvalidos, que, convidados para a festa, compareceram em grande número.
Instalado em sua própria residência, o casal se rejubilava com as bênçãos de
que se reconheciam depositários, recebendo amigos e comparecendo a reuniões
sociais do grande mundo a que pertenciam. Após doze meses de felicidade, os
cônjuges foram agraciados pela Divina Providência com o nascimento de um filho,
ao qual deram o nome de Pompílio, como preito de gratidão de Coriolano a um dos
avós, que se acostumara a amar em sua infância. (...) Acontece, no entanto, que
o menino Pompílio foi acometido pela escarlatina complicada, e as melhores
sumidades médicas da vida romana passaram pelo caso, com absoluta ignorância,
sem qualquer medida que pudesse alcançar a extinção do mal que atingia a
criança com a marca de inumeráveis padecimentos. Cecília, mãe aflita, soube, por
amiga fiel — Domitila Pompônia — , que na povoação de Possidônia, outrora
chamada Pestum, havia um homem piedoso, que não só abraçara o Cristianismo, mas
também se dedicara à sustentação de uma casa rústica em que hospedava os
doentes e os infelizes. Tratava-se do Irmão Parmênio, que, em idade avançada e
abandonado pela família anticristã, construíra o recanto a que chamava Casa dos
Benefícios, para melhor cumprir os seus deveres de homem, cujo coração se
represara dos ensinos do Divino Mestre, abrigando sofredores de qualquer
procedência. A Casa dos Benefícios se localizava, no ano de 513, no sexto
século do Cristianismo, em pequena colina, cujos alicerces se espraiavam em
formosas campinas, frequentemente pródigas de flores, que embalsamavam o
ambiente com perfumes considerados medicamentos. Ali vivia toda uma comunidade
formada por viúvas de guerreiros aniquilados em conflitos políticos ou em
hostilidades de raças; de enfermos que vinham buscar socorro, desde as
edificações do porto de Óstia e das diversas cidades e aldeias da periferia
romana, à caça de apoio e consolação. O irmão Parmênio presidia a esse núcleo
de gente sofrida e dilacerada por amargas provações humanas. A Casa dos
Benefícios era a escola e o lar, o templo e o recanto de cura para centenas de
pessoas dos mais diversos níveis sociais, que lá se irmanavam pelos desenganos
e pelas próprias lágrimas. Valendo-se de uma viagem claramente inadiável,
Coriolano se ausentara por tempo breve, a caminho de Pádua, ocasião em que
Cecília, induzida pela amiga que lhe prestava assistência em todos os passos
difíceis da existência, resolveu tomar o filho nos braços e, em companhia dela,
a amiga de sempre, procurar o irmão Parmênio, em Possidônia, para que o
doentinho lá recebesse a bênção e as instruções possíveis à cura da enfermidade
que o feria, tomando para isso um carro quais os do tempo, movimentado à força
de cavalos dóceis, que lhe facilitavam a excursão. Em casa, porém, Ceres não
descansou no ciúme doentio que lhe marcava os sentimentos. Convidou Claudius
para uma refeição íntima, alegando haver recebido preciosos vinhos da Sicília,
e solicitou de Túlia, uma servidora de sua confiança pessoal, a seguisse de
perto no ágape, pelo tempo em que se prolongassem os serviços. Cláudius
compareceu, muito bem apessoado e, enquanto se fartava das finas viandas e dos
vinhos licorosos que a jovem anfitriã havia reservada, notou que Ceres lhe
endereçava olhares inflamados de sensualidade, a que ele, algo conturbado pelas
bebidas entontecedoras, não conseguia resistir. E, ante a própria serva que os
observava, beijou a jovem com loucura. Decorridos dois dias em que Cecília e a
amiga com a criança se instalaram na Casa dos Benefícios, Coriolano regressou
quase de inesperado, e a serva, que igualmente se embriagara na noite da visita
do rapaz convidado de Ceres, se prontificou a comunicar ao dono da casa as
cenas de que fora testemunha, numa intriga totalmente tramada. Coriolano,
indignado com a ausência da esposa e do filho que se puseram em peregrinação,
buscando o apoio de um homem, que ele, patrício de muitas gerações, considerara
charlatão e impostor, indagou da escrava: — Mas, Cecília se encontrava nesta
mistura de desequilíbrio e obscenidade? Ei-la que respondeu com maldade
intencional, dizendo simplesmente: — Senhor, Ceres e Cecília são gêmeas. Eu não
posso diferenciar uma da outra. Diante de semelhante calúnia, Coriolano
organizou toda uma legião de homens fortes, em maioria assinalados por
instintos bestiais, e colocou o pelotão em caminho, conduzido por cavalos
ágeis, que facilmente cobriram a distância, atingindo a Casa dos Benefícios,
nas sombras da noite. Coriolano, informado por um guarda de que era proibido
incomodar os doentes na hora tardia em que se apresentava, deixou que todas as
suas reservas de desespero e inclemência lhe assomassem o pensamento, exigindo
que o fogo fosse atirado à instituição por todos os lados. Conquanto os gemidos
de muitos abrigados, o incêndio destruiu tudo o que as chamas alcançassem e
todos os que tentassem opor-lhes resistência. Em poucas horas o Irmão Parmênio
e a sua obra humanitária não passavam de um montão de cinzas fumegantes. O
delito não encontrou censores nem corretivos, porque o tempo permitia aos
poderosos do momento qualquer espécie de ímpetos loucos, sem que a justiça lhes
viesse tomar contas, punindo-lhes os desacatos. Foi assim que no Século VI, da
nossa Era, a Casa dos Benefícios se viu destruída e Cecília, com outras
entidades amigas, prometeu a Jesus que a obra do Irmão Parmênio seria
reconstituída, para o que daria a sua própria vida, antes que o milênio
terminasse. Prometemos que vos diríamos no instante oportuno, algo sobre o
assunto e aí tendes — com o auxílio de muitos dos implicados no delito que
varou os séculos e que hoje são companheiros do Cristo, devotados ao Bem,
transformados pelo sofrimento — a tarefa edificante em que vos unistes,
rendendo louvores ao Pai Misericordioso pelo trabalho bendito a que fomos todos
chamados, no Grupo Espírita Regeneração. Louvado seja Deus! Bezerra de Menezes
Nenhum comentário:
Postar um comentário