Na atualidade observa-se grande número de
pessoas fiando-se quase cegamente na opinião de Espíritos que se ocultam em
nomes de personagens conhecidos da História da Humanidade. Fato relevante, foi analisado por Allan
Kardec no numero de abril de 1864 da REVISTA ESPÍRITA. Suas considerações
servem para formarmos nossa própria opinião. Diz, entre outras coisas: -“Não
sendo os Espíritos senão as almas dos homens, comunicando-nos com eles não
saíamos fora da Humanidade, circunstância capital a considerar-se. Os homens de
gênio, que foram fachos da Humanidade, vieram do Mundo dos Espíritos e para lá
voltaram, ao deixarem a Terra. Desde que os Espíritos podem comunicar-se com os
homens, esses mesmos gênios podem dar-lhes instruções sob a forma espiritual,
como o fizeram sob a forma corpórea. Podem instruir-nos, depois de terem
morrido, tal qual faziam quando vivos; apenas, são invisíveis, ao invés de
serem visíveis; essa a única diferença. Não devem ser menores do que eram a
experiência e o saber que possuem e, se a palavra deles, como homens, tinha
autoridade, não na pode ter menos, somente por estarem no Mundo dos Espíritos.
Mas, nem só os Espíritos superiores se manifestam; fazem-no igualmente
os de todas as categorias, e preciso era que assim acontecesse, para nos
iniciarmos no que respeita ao verdadeiro caráter do Mundo Espiritual,
apresentando-se-nos este por todas as suas faces. Daí resulta serem mais
íntimas as relações entre o Mundo Visível e o Mundo Invisível e mais evidente a
conexidade entre os dois. Vemos assim mais claramente donde procedemos e para
onde iremos. Esse o objetivo essencial das manifestações. Todos os Espíritos,
pois, qualquer que seja o grau de elevação em que se encontrem, alguma coisa
nos ensinam; cabe-nos, porém, a nós, visto que eles são mais ou menos
esclarecidos, discernir o que há de bom ou de mau no que nos digam e tirar,
do ensino que nos deem, o proveito possível. Ora, todos, quaisquer que
sejam, nos podem ensinar ou revelar coisas que ignoramos e que sem eles não
saberíamos. Os grandes Espíritos encarnados são, sem duvida, individualidades
poderosas, mas de ação restrita e lenta propagação. Viesse um só dentre eles,
embora fosse Elias ou Moisés, revelar, nos tempos modernos, aos homens, as
condições do Mundo Espiritual, quem provaria a veracidade das suas asserções,
nesta época de cepticismo? Não o tomariam por sonhador ou utopista? Mesmo que
fosse verdade absoluta o que dissesse, séculos se escoariam antes que as massas
humanas lhe aceitassem as ideias. Deus, em sua sabedoria, não quis que assim
acontecesse; quis que o ensino fosse dado pelos próprios Espíritos, não por
encarnados, a fim de que aqueles convencessem da sua existência a estes últimos
e quis que isso ocorresse por toda a Terra simultaneamente, quer para que o
ensino se propagasse com maior rapidez, quer para que, coincidindo em toda
parte, constituísse uma prova da verdade, tendo assim cada um o meio de
convencer-se a si próprio. Tais o objetivo e o caráter da revelação
moderna. Os Espíritos não se
manifestam para libertar do estudo e das pesquisas o homem, nem para lhe
transmitir, inteiramente pronta, nenhuma ciência. Com relação ao que o
homem pode achar por si mesmo, eles o deixam entregue às suas próprias forças.
Isso sabem-no hoje perfeitamente os espíritas.
De há muito, a experiência há demonstrado ser errôneo atribuir-se aos
Espíritos todo o saber e toda a sabedoria e supor-se que baste a quem quer que
seja dirigir-se ao primeiro Espírito que se apresente para conhecer todas as
coisas. Saídos da Humanidade, eles
constituem uma de suas faces. Assim como na Terra, no Plano Invisível também os
há superiores e vulgares; muitos deles, pois, científica e filosoficamente,
sabem menos do que certos homens; eles dizem o que sabem, nem mais, nem
menos. Do mesmo modo que os homens,
os Espíritos mais adiantados podem instruir-nos sobre maior porção de coisas,
dar-nos opiniões mais judiciosas, do que os atrasados. Pedir o homem conselhos aos Espíritos não é
entrar em entendimento com potências sobrenaturais; é tratar com seus iguais,
com aqueles mesmos a quem ele se dirigiria neste mundo; a seus parentes, seus
amigos, ou a indivíduos mais esclarecidos do que ele. Disto é que importa se
convençam todos e é o que ignoram os que, não tendo estudado o Espiritismo,
fazem ideia completamente falsa da natureza do Mundo dos Espíritos e das
relações com o além-túmulo.
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