Haverá
alguma relação entre Galileu, a Humanidade e o
Espiritismo? Allan Kardec abrindo a edição de abril de 1867, mostra que sim.
Acompanhemos alguns de seus argumentos: -“Galileu, um dos primeiros a revelar as
leis do mecanismo do Universo, não por hipóteses, mas por uma demonstração
irrecusável, abriu caminho a novos progressos. Por isto mesmo devia produzir
uma revolução nas crenças, destruindo os fundamentos científicos errôneos sobre
os quais elas se apoiavam. A cada um a sua missão. Nem Moisés, nem o Cristo
tinham a de ensinar aos homens as leis da Ciência; o conhecimento dessas leis
devia ser o resultado do trabalho e das pesquisas do homem, da atividade e do
desenvolvimento de seu próprio espírito, e não de uma revelação a priori, que
lhe tivesse dado o saber sem esforço. Eles não deviam nem podiam lhes ter
falado senão numa linguagem apropriada ao seu estado intelectual, sem o que não
teriam sido compreendidos. Moisés e o Cristo tiveram sua missão moralizadora; a
gênios de uma outra ordem são deferidas missões científicas. Ora, como as leis
morais e as leis da Ciência são leis divinas, a religião e a filosofia só podem
ser verdadeiras pela aliança destas leis. O Espiritismo baseia-se na existência
do princípio espiritual, como elemento constitutivo do Universo; repousa sobre
a universalidade e a perpetuidade dos seres inteligentes, sobre seu progresso
indefinido, através dos mundos e das gerações; sobre a pluralidade das
existências corporais, necessárias ao seu progresso individual; sobre sua
cooperação relativa, como encarnados ou desencarnados, na obra geral, na medida
do progresso realizado; sobre a solidariedade que une todos os seres de um
mesmo mundo e dos mundos entre si. Nesse vasto conjunto, encarnados e
desencarnados, cada um tem sua missão, seu papel, deveres a cumprir, desde o
mais ínfimo até os anjos, que nada mais são que Espíritos humanos chegados ao
estado de Espíritos puros, e aos quais são confiadas as grandes missões, o
governo dos mundos, como a generais experimentados. Em vez das solidões
desertas do espaço sem limites, por toda parte a vida e a atividade, em parte
alguma a ociosidade inútil; por toda parte o emprego dos conhecimentos
adquiridos; em toda parte o desejo de progredir ainda e de aumentar a soma de
felicidades, pelo emprego útil das faculdades da inteligência. Em vez de uma
existência efêmera e única, passada num cantinho da Terra, que decide para
sempre de sua sorte futura, impõe limite ao seu progresso e torna estéril, para
o futuro, o trabalho a que se entrega para instruir-se, o homem tem por domínio
o Universo; nada do que sabe ou do que faz fica perdido: o futuro lhe pertence;
em vez do isolamento egoísta, a solidariedade universal; em lugar do nada,
segundo alguns, a vida eterna; em lugar da beatitude contemplativa perpétua,
segundo outros, que a tornaria de uma inutilidade perpétua, um papel ativo,
proporcionado ao mérito adquirido; em vez de castigos irremissíveis por faltas
temporárias, a posição que cada um conquista por sua perseverança no bem ou no
mal; em vez de uma mancha original, que o torna passível de faltas que não
cometeu, a consequência natural de suas próprias imperfeições nativas; em vez
das chamas do inferno, a obrigação de reparar o mal que se fez e recomeçar o
que se fez mal; em vez de um Deus colérico e vingativo, um Deus justo e bom,
que leva em conta todo arrependimento e toda boa vontade. (...) O Espiritismo, que tem como objetivo
especial o conhecimento do elemento espiritual, só podia vir depois; para que
pudesse tomar o seu impulso e dar frutos, para que pudesse ser compreendido em
seu conjunto, era preciso que encontrasse o terreno preparado, o campo do
Espírito humano liberto dos preconceitos e das ideias falsas, se não na
totalidade, ao menos em grande parte, sem o que só se teria tido um Espiritismo
acanhado, bastardo, incompleto e misturado a crenças e práticas absurdas, como
ainda hoje o é nos povos atrasados. Se se considerar a situação das nações adiantadas,
reconhecer-se-á que ele veio em tempo oportuno, para preencher os vazios que se
fazem nas crenças. Galileu abriu o caminho. Rasgando o véu que ocultava o
Infinito, alargou o domínio da inteligência e desferiu um golpe fatal nas
crenças errôneas; destruiu mais superstições e ideias falsas do que todas as
filosofias, porque as sapou pela base, mostrando a realidade. (Visite o canal Luiz Armando – canal do YouTube / Conheça também Luiz Armando - Preces)
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