Quando
afirma ser fato natural, real e comum a influência exercida pelos Espíritos
desencarnados sobre o pensamento dos encarnados, o Espiritismo explica que tais
ocorrências esbarram em limites também naturais. Mostrando que nossas criações
mentais funcionam como um imã atraindo forças condizentes com o teor delas,
previne que a fixação mental em determinados aspectos pode resultar em
complexos quadros obsessivos que, por sua vez, resultam até em doenças físicas
de difícil diagnóstico e tratamento. A mensagem a seguir publicada na edição de
agosto
de 1867 da REVISTA ESPÍRITA
amplia um pouco essa visão. A autoria é de um Espírito chamado Louis
Nivard. Diz ele: -“Se os homens só tivessem as ideias que os
Espíritos lhes inspiram, teriam pouca responsabilidade e pouco mérito; só
teriam a responsabilidade de haver escutado maus conselhos, ou o mérito de ter
seguido os bons. Ora, esta responsabilidade e este mérito evidentemente seriam
menores do que se fossem o inteiro resultado do livre-arbítrio, isto é, de atos
realizados na plenitude do exercício das faculdades do Espírito, que, neste
caso, age sem qualquer solicitação. Resulta do que digo que muitas vezes os homens
têm pensamentos que lhes são essencialmente próprios, e que os cálculos a que
se entregam, os raciocínios que fazem, as conclusões a que chegam são o
resultado do exercício intelectual, do mesmo modo que o trabalho manual é o
resultado do exercício corporal. Daí não se deveria concluir que o homem não
fosse assistido em seus pensamentos e em seus atos pelos Espíritos que o
cercam; muito ao contrário; os Espíritos, sejam benevolentes, sejam malévolos,
muitas vezes são a causa provocadora dos vossos atos e pensamentos; mas
ignorais completamente em que circunstâncias se produz essa influência, de
sorte que, agindo, pensais fazê-lo em virtude de vosso próprio movimento: vosso
livre-arbítrio fica intacto; não há diferença entre os atos que realizais sem serdes
a eles impelidos, e os que realizais sob a influência dos Espíritos, senão no
grau do mérito ou da responsabilidade. Num e noutro caso, a responsabilidade e
o mérito existem, mas, repito, não existem no mesmo grau. Creio que esse
princípio que enuncio não precisa de demonstração; para o provar, bastar-me-á
fazer uma comparação no que existe entre vós. Se um homem cometeu um crime, e o
fez seduzido pelos conselhos perigosos de outro homem que sobre ele exerce
muita influência, a justiça humana saberá reconhecê-lo, concedendo-lhe o
benefício das circunstâncias atenuantes; irá mais longe: punirá o homem cujos
conselhos perniciosos provocaram o crime e, mesmo sem haver contribuído de
outra maneira, este homem será mais severamente punido do que o que foi o
instrumento, porque foi seu pensamento que concebeu o crime, e sua influência
sobre um ser mais fraco que o fez executar. Pois bem! Se assim fazem os homens,
diminuindo a responsabilidade do criminoso e a partilhando com o infame que o impeliu
a cometer o crime, como quereríeis que Deus, que é a justiça mesma, não fizesse
o mesmo, já que vossa razão vos diz que é justo agir assim? No que concerne ao
mérito das boas ações, que eu disse ser menor se o homem tiver sido solicitado
a praticá-las, é a contrapartida do que acabo de dizer a respeito da
responsabilidade, e pode demonstrar-se invertendo a proposição. Assim, pois,
quando te acontece refletir e passar tuas ideias de um a outro assunto; quando
discutes mentalmente sobre os fatos que prevês ou que já se realizaram; quando
analisas, quando raciocinas e quando julgas, não crês que sejam Espíritos que
te ditam teus pensamentos ou que te dirigem; eles lá estão, perto de ti, e te
escutam; veem com prazer esse exercício intelectual, ao qual te entregas; seu
prazer é duplo, quando veem que tuas conclusões são conforme à verdade. Por
vezes lhes acontece, evidentemente, que se misturem nesse exercício, quer para
o facilitar, quer para dar ao Espírito alguns alimentos, ou lhe criar algumas
dificuldades, a fim de tornar esta ginástica intelectual mais proveitosa a quem
a pratica. Mas, em geral, o homem que busca, quando entregue às suas reflexões,
quase sempre age só, sob o olhar vigilante de seu Espírito protetor, que
intervém se o caso for bastante grave para tornar necessária a sua intervenção”. (Visite o canal Luiz Armando – canal do YouTube / Conheça também Luiz Armando - Preces)
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