Nome
pouco conhecido mesmo entre os seguidores do Espiritismo, Abel Gomes em sua ultima
encarnação na nossa Dimensão concluída em 1934, foi professor, jornalista,
cronista e poeta mineiro. Sua passagem pelo corpo físico foi marcada por
dificuldades, sobretudo, no que se refere a progressivas restrições físicas a
partir da meia idade, constituindo-se suas reações diante das ocorrências em
exemplos de um verdadeiro espírita cristão. Anos depois de sua passagem para o
Plano Espiritual, retornou através de Chico Xavier descrevendo a realidade
observada no Mundo que nos cerca, acrescentando mais elementos ao trazido pelos
Espíritos Maria João de Deus e André Luiz. Entre outras coisas diz:
As
inteligências aqui se agrupam segundo os impositivos da afinidade, vale dizer, consoante
a onda mental, ou frequência vibratória, em que se encontram. Tenho visitado
vastas colônias representativas de civilizações há muito tempo extintas para a
observação terrestre. Costumes, artes e fenômenos linguísticos podem ser estudados,
com admiráveis minudências, nas raízes que os produziram no tempo. A alma
liberta adianta-se sem apego à retaguarda, esquecendo antigas fórmulas, como o pinto
que estraçalha e olvida o ovo em que nasceu, abandonando o envoltório inútil e construtor
em busca do oxigênio livre e do largo horizonte, na consolidação das suas asas;
em contraposição, existem milhões de Espíritos, apaixonados pela forma, que se obstinam
naquelas colônias, por muito tempo, até que abalos afetivos ou consciências os constranjam
à frente ou ao renascimento no campo físico. Cada tipo de mente vive na dimensão
com que se harmonize. Não há surpresa para a ciência comum, neste n, porquanto,
mesmo na Terra, muitas vezes, numa só área reduzida vivem o cristal e a árvore,
a ameba e o pulgão, o peixe e o batráquio, o réptil e a formiga, o cão e a ave,
o homem rude e o homem civilizado, respirando o mesmo oxigênio, alimentando-se
de elementos químicos idênticos, e cada qual em mundo à parte. Além daqueles
que sofrem deformidades psíquicas deploráveis, manifestadas no tecido sutil do
corpo espiritual, não é difícil encontrarmos personalidades diversas, sem a
capa física, vivendo mentalmente em épocas distanciadas. Habitualmente se
reúnem àqueles que lhes comungam as ideias e as lembranças, formando com recordações
estagnadas a moldura nevoenta dos quadros íntimos em que vivem, a plasmarem
paisagem muito semelhantes às que o grande vidente florentino descreveu na
Divina Comédia. Há infernos purgatórios de muitas categorias. Correspondem à
forma de pesadelo ou de remorso que a alma criou para si mesma. Tais
organizações, que obedecem à densidade mental dos seres que as compõem, são
compreensíveis e justas. Onde há milhares de criaturas humanas, clamando contra
si mesmas, chocadas pelas imagens e gritos da consciência, criando quadros aflitivos
e dolorosos, o pavor e o sofrimento fazem domicílio. Aqui, as leis magnéticas
se exprimem de maneira positiva e simples. Aí, no mundo, vemos inúmeras pessoas
com presença imaginária nos lugares a que comparecem. Na verdade apenas se
encontram em determinada parte sob o ponto de vista físico; a mente, com a
quase totalidade de suas forças, vagueia longe. Depois da morte, porém, livre
de certos princípios de gravitação que atuam, na experiência carnal, contra a
fácil exteriorização do desejo, a criatura alia-se ao objeto de suas paixões. Assim
é que surpreendemos entidades fortemente ligadas umas às outras, através de
fios magnéticos, nos mais escuros vales de padecimento regenerativo, expiando o
ódio que as acumpliciaram no vício ou no crime. Outras, que perseveram no
remorso pelos delitos praticados, improvisam, elas mesmas, com as faculdades
criadoras da imaginação, os instrumentos de castigo dos quais se sentem
merecedoras. Antigo sertanejo de minha zona, que impunha serviço sacrificial
aos seus empregados de campo, mais por ambição de lucro fácil na exploração intensiva
da terra que por amor no trabalho, deixou recheados cofres aos filhos e netos;
mas, transportando à esfera imediata e ouvindo grande número de vozes que o acusavam,
tomou-se de tão grande arrependimento e de tão viva compunção, que plasmou, ele
mesmo, uma enxada gigantesca, agrilhoando-a às próprias mãos, com a qual
atravessou longos anos de serviço, em comunhão com espíritos primitivos da Natureza,
punindo-se e aprendendo o preço do abuso na autoridade. Orgulhosa dama, que
conheci pessoalmente e quem humilde e honrada família deve a morte de nobre mulher,
vitimada pela calúnia, em desencarnando e conhecendo a extensão do mal que
causara, adquiriu para si o suplício da vítima, por intermédio do remorso
profundo em que se mergulhou, estacionando por mais de dois lustros em
sofrimento indescritível. A matéria mental, energia cuja existência mal começamos
a perceber, obedece a impulsos da consciência mais do que possamos calcular. (Visite o canal Luiz Armando – canal do YouTube / Conheça também Luiz Armando - Preces)
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