-“Não
existe dor maior do que a perda de um filho”, afirmou certa vez o
médium Chico Xavier que de forma intensiva conviveu com milhares de
pessoas que subitamente se viram privadas do convívio de seus entes queridos pelo impositivo da chamada pela morte . Milhares de mensagens psicografadas durante esses anos,
contudo, mostraram que o que retornou ao Plano Espiritual - de onde saímos todos um dia para a
experiência da reencarnação -, também tem dificuldades de aceitar a dura
realidade. Tanto maior quanto for a fixação dos que ficaram nos detalhes da
partida e na inconformação, visto que através do sem fio do pensamento as ligações
persistem fazendo com que as imagens mentalizadas incidam sobre aquele
que precisa de paz a fim de se restabelecer e reintegrar à realidade espiritual. A original visão
oferecida pelo Espiritismo sobre o tema morrer pode ajudar nesse traumático
momento? Allan Kardec, na REVISTA
ESPÍRITA, número de novembro de 1865 pondera o seguinte:
- “Enquanto
em presença da morte o incrédulo só vê o nada, ou pergunta o que vai ser de si,
o espírita sabe que, se morrer, apenas será despojado de um invólucro material,
sujeito aos sofrimentos e às vicissitudes da vida, mas será sempre ele, com um
corpo etéreo, inacessível à dor; que gozará de percepções novas e de maiores
faculdades; que vai encontrar aqueles a quem amou e que o esperam no limiar
da verdadeira vida, da vida imperecível. Quanto aos bens materiais, sabe
que deles não mais necessitará, e que os prazeres que proporcionam serão
substituídos por outros mais puros e mais invejáveis, que não deixam em seu
rasto nem amarguras nem pesares. Assim, abandona-os sem dificuldade e com
alegria, lamentando os que, ficando na Terra, ainda irão precisar deles. (...)
Quem quer que tenha lido e meditado nossa obra O CÉU E O INFERNO segundo o Espiritismo e, sobretudo, o
capítulo sobre o temor da morte, compreenderá a força moral que os espíritas
haurem em sua crença, diante do flagelo que dizima as populações. (...) Consideram
como um dever velar pela saúde do corpo, porque a saúde é necessária para a
realização dos deveres sociais. Se buscam prolongar a vida corporal, não é por
apego à Terra, mas para ter mais tempo para progredir, melhorar-se, depurar-se,
despojar-se do velho homem e adquirir mais soma de méritos para a Vida Espiritual.
Mas, se a despeito de todos os cuidados, devem sucumbir, tomam o seu partido
sem queixa, sabendo que todo progresso traz os seus frutos, que nada do que se
adquire em moralidade e em inteligência fica perdido, e que se não desmereceram
aos olhos de Deus, serão sempre melhores no outro mundo do que neste, ainda
mesmo que ali não ocupem o primeiro lugar. Apenas dizem: Vamos um pouco mais
cedo aonde iríamos um pouco mais tarde. Crê-se que com tais pensamentos não se
esteja nas melhores condições de tranquilidade de espírito recomendada pela
Ciência? Para o incrédulo ou para o que duvida, a morte tem todos os seus
terrores, porque perde tudo e nada espera. (...) O médico espírita diz ao que
vê a morte à sua frente: “Meu amigo, vou empregar todos os recursos da Ciência
para vos restabelecer a saúde e vos conservar o maior tempo possível; espero
que sejamos bem-sucedidos. Mas a vida do homem está nas mãos de Deus, que nos
chama quando terminado nosso tempo de prova na Terra; se a hora de vossa
libertação tiver chegado, rejubilai-vos, como o prisioneiro que vai sair da
prisão. A morte nos desembaraça do corpo que nos faz sofrer e nos restitui à
verdadeira vida, vida isenta de perturbações e misérias. Se deveis partir, não
penseis que estejais perdido para os vossos parentes e amigos que ficaram. Não,
não estareis menos no meio deles; vê-los-eis e os ouvireis melhor do que podeis
fazê-lo neste momento. Vós os aconselhareis, os dirigireis, os inspirareis para
o bem".
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