Pratica
milenar no Oriente, a cremação ressurgiu no Mundo Ocidental no início do século
XX. O Espiritismo ampliando nossa visão
sobre a inevitável experiência da morte, tem muito a dizer sobre o assunto,
especialmente ao afirmar que ela como diz o Psiquiatra norte-americano Brian
Weiss é “abrir uma porta e
passar para outra sala”. Em 1935, o jornalista Clementino de Alencar a
serviço do jornal O GLOBO, ouviu através do médium Chico Xavier, o
Orientador Espiritual Emmanuel sobre variadas questões
extremamente importantes. Uma delas, ‘sobre qual a impressão do homem no instante
da morte?’, ouvindo dele: – A impressão da alma no momento da morte
varia com os estados de consciência dos indivíduos. Para todas as criaturas,
porém, manifesta-se nesses instantes a bondade divina. Têm invariavelmente a
assistência dos seus protetores, e amigos invisíveis que os auxiliam a se
libertar das cadeias que os prendem à vida material. Entre os homens não existe
a necessidade de alguém que auxilie os recém-nascidos a se desvencilharem do
cordão umbilical? As sensações penosas do corpo são mais ou menos acordes com a
moléstia manifestada. Elas, porém, passam e nos primeiros tempos, no Plano
Espiritual, vai a alma colher os frutos de suas boas ou más obras na superfície
do mundo. O adágio popular: Tal vida, tal morte‘ vai aí receber então a sua
sanção plena’. Na época, no Brasil, começava-se a falar sobre uma
legislação visando a cremação de corpos e o enviado especial a Pedro Leopoldo,
MG; aproveitou para indagar: ―Sentem os desencarnados os efeitos da
cremação de seus despojos mortais?
Emmanuel esclareceu: ―Geralmente, nas primeiras horas do
‘post-mortem’, ainda se sente o Espírito ligado aos elementos cadavéricos.
Laços fluídicos, imperceptíveis ao vosso poder visual, ainda, se conservam
unindo a alma recém-liberta ao corpo exausto; esses elos impedem a decomposição
imediata da matéria. E, por esta razão, na maioria dos casos o Espírito pode
experimentar os sofrimentos horríveis oriundos da cremação, a qual NUNCA
DEVERÁ SER LEVADA A EFEITO ANTES DO PRAZO DE CINQUENTA HORAS APÓS O DESENLACE.
A cremação imediata ao chamado instante da morte é, portanto, nociva e
desumana. As vezes, segundo a natureza das moléstias que precedem a
desencarnação, existem ainda no cadáver inúmeros elementos de vida: daí nasce a
possibilidade de, usando de recursos vários e reagentes, a ciência fazer um
morto voltar à vida. Vê-se, pois, que o Espírito desencarnado, nas primeiras
horas do Além-Túmulo, pode sentir dentro do quadro de suas impressões físicas,
todas as ações a que seu corpo abandonado seja submetido. O Espírito do
escritor e cronista Humberto de Campos, noutra ocasião se manifestou sobre o
assunto também através de Chico Xavier dizendo: -“Há
muito caminho por andar antes que o homem comum se beneficie com a verdadeira
morte. A cessação dos movimentos do corpo nem sempre é o fim do expressivo
transe.
O túmulo é uma passagem especial, a cujas portas muitos dormem, por tempo
indeterminado, criando forças para atravessa-la com o preciso valor. Morrer não
é libertar-se facilmente. Para quem varou a existência na Terra entre abstinência
e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente
saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais,
afeitos aos “comes e bebes” de cada dia, para os senhores da posse física, para
os campeões do conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano,
na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas... Demanda
tempo, esforço, auxílio e boa vontade. Por trás da máscara mortuária, muitas
vezes, esconde-se a alma, inquieta e dolorida, sob estranhas indagações, na vigília
torturada ou no sono repleto de angústia. Para semelhantes viajores da grande jornada,
a cremação imediata do comboio fisiológico será pesadelo terrível e doloroso. Eis
porque, se pudéssemos, pediríamos tempo para os mortos. Se a Lei Divina fornece
um prazo de nove meses para que a alma possa nascer ou renascer no mundo com a
dignidade necessária, e se a legislação humana já favorece os empregados com o
benefício do aviso prévio, porque razão o morto deve ser reduzido à cinza com a
carne ainda quente? Sabemos que há cadáveres, dos quais, enquanto na Terra,
estimaríamos a urgente separação, entretanto, que mal
poderá trazer aos vivos o defunto inofensivo, sem qualquer personalidade nos
cartórios? Não seria justo conferir algumas semanas de preparação e refazimento
ao peregrino das sombras, para a desistência voluntária dos enigmas que o
afligem na retaguarda?
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