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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O LIVRE ARBÍTRIO E A FATALIDADE


Vivemos subordinados aos efeitos daquilo que causamos  nas próprias relações com a vida. Ocorrências pessoais ou coletivas que nos atingem, consistem pelo que concluímos analisando-as com base no Espiritismo nada mais são que a execução de sentenças lavradas por nós mesmos nas infrações às Leis de Deus. A prerrogativa do Livre Arbítrio determina a Fatalidade que na verdade funciona como oportunidade de reabilitação perante as transgressões perpetradas pelo indivíduo. Em comentário de Allan Kardec incluído na REVISTA ESPÍRITA, edição de julho de 1868, alguns elementos para nossas reflexões: -“Todas as leis que regem o conjunto dos fenômenos da Natureza têm consequências necessariamente fatais, isto é, inevitáveis, e essa fatalidade é indispensavel à manutenção da harmonia universal. O homem, que sofre essas consequências, está, pois, em alguns aspectos, submetido à fatalidade, em tudo quanto não dependa de sua iniciativa. Assim, por exemplo, deve morrer fatalmente; é a lei comum, à qual não pode subtrair-se e, em virtude dessa lei, pode morrer em qualquer idade, quando chegar a sua hora; mas, se apressa voluntariamente a sua morte, pelo suicídio ou por seus excessos, age em virtude de seu livre-arbítrio, porque ninguém o pode constranger a fazê-lo. Deve comer para viver: é a fatalidade; mas se comer além do necessário, pratica um ato de liberdade. Em sua cela, o prisioneiro é livre de mover-se à vontade, no espaço que lhe é concedido; mas as paredes que não pode transpor são para ele a fatalidade que lhe restringe a liberdade. Para o soldado a disciplina é uma fatalidade, pois o obriga a atos independentes de sua vontade, mas não é menos livre em suas ações pessoais, pelas quais é responsável. Assim é com o homem na Natureza. A Natureza tem as suas leis fatais, que lhe opõem uma barreira, mas aquém da qual ele pode mover-se à vontade. Por que Deus não deu ao homem inteira liberdade? Porque Deus é como um pai previdente, que limita a liberdade dos filhos ao nível de seu raciocínio e do uso que dela podem fazer. Se o homem já se serve tão mal da que lhe é concedida, se não sabe governar-se a si mesmo, que seria se as leis da Natureza estivessem à sua disposição, e se não lhe opusessem um freio salutar? O homem pode, pois, ser livre em suas ações, malgrado a fatalidade que preside ao conjunto; é livre em certa medida, no limite necessário para lhe deixar a responsabilidade de seus atos. Se, em virtude dessa liberdade, ele perturba a harmonia pelo mal que faz, se interpõe um obstáculo à marcha providencial das coisas, é o primeiro a sofrer por isto, e como as leis da Natureza são mais fortes que ele, acaba sendo arrastado na corrente; então sente necessidade de voltar para o bem e tudo retoma o seu equilíbrio. Assim, a volta ao bem é ainda um ato livre, embora provocado, mas não imposto, pela fatalidade. O impulso dado pelas leis da Natureza, assim como os limites que elas estabelecem, são sempre bons, porque a Natureza é a obra da sabedoria divina. A resistência a essas leis é um ato de liberdade e essa resistência sempre desencadeia o mal. Sendo o homem livre para observar ou infringir essas leis, no que toca a sua pessoa, é, pois, livre de fazer o bem ou o mal. Se pudesse ser fatalmente levado a fazer o mal, e não podendo essa facilidade vir senão de um poder superior a ele, Deus seria o primeiro a transgredir suas leis. Quem é aquele a quem muitas vezes aconteceu dizer: “Se eu não tivesse agido como agi em tal circunstância, não estaria na posição em que estou; se tivesse que recomeçar, agiria de outra maneira?” Não era reconhecer que era livre para fazer ou não fazer? que estava livre para fazer melhor outra vez, se se apresentasse ocasião? Ora, Deus, que é mais sábio que ele, prevendo os erros nos quais pode cair, o mal uso que pode fazer de sua liberdade, dá-lhe indefinidamente a possibilidade de recomeçar pela sucessão de suas existências corporais, e ele recomeçará até que, instruído pela experiência, não mais se engane de caminho. O homem pode, pois, conforme a sua vontade, apressar o termo de suas provas, e é nisto que consiste a liberdade.

Dúvidas sobre a visão do Espiritismo a respeito de questões essenciais? Consulte a série AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ acessando Luiz Armando – Canal do Youtube


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