Recebendo
solenemente o título de Arcebispo sete dias depois do lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, morto cinco
anos depois, Francois-Nicolas Madeleine, mais conhecido como Cardeal
Morlot,, rapidamente integrou-se à equipe do Espírito da Verdade
cooperando com textos psicografados em varias localidades, alguns dos quais
aproveitados n’ O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO (capitulos 5 E 17). Dez meses após sua desencarnação em 9 de
outubro de 1863, manifestou-se na sessão da Sociedade Espírita de Paris através de mensagem em que apresenta o
Apóstolo Paulo de Tarso como precursor do Espiritismo, página que Allan
Kardec incluiria na edição de dezembro
da REVISTA ESPÍRITA. Diz Francois: - “Quantos dias se passaram, meus filhos,
desde que tive a felicidade de entreter-me convosco! assim, é com grata
satisfação que me encontro no seio da minha cara Sociedade de Paris. Com que
vos entreterei hoje? A maior parte das questões morais foi tratada por penas
hábeis; todavia, elas são de tal modo do meu domínio e o seu campo é tão vasto
que ainda encontrarei alguns fragmentos de verdade para respigar. Quanto ao
mais, mesmo que eu apenas repetisse o que outros já disseram, talvez apareçam
alguns novos ensinamentos, porque as boas palavras, como as boas sementes,
produzem sempre bons frutos. Para nós, os livros santos são celeiros
inesgotáveis, e o grande apóstolo Paulo, que por sua prédica poderosa tanto
contribuiu para o estabelecimento do Cristianismo no passado, vos deixou
monumentos escritos que servirão, não menos energicamente, à expansão do
Espiritismo. Não ignoro que os vossos adversários religiosos invocam seu
testemunho contra vós; mas, ficai certos, isto não impede que o ilustre
iluminado de Damasco seja por vós e convosco. O sopro que corre em suas
epístolas, a santa inspiração que anima os seus ensinos, longe de ser hostil à
vossa doutrina, está, ao contrário, cheia de singulares previsões em vista do
que acontece hoje. É assim que, na sua primeira epístola aos Coríntios, ele
ensina que, sem a caridade, não existe nenhum homem, ainda que fosse santo,
profeta e transportasse montanhas, que se possa gabar de ser um verdadeiro
discípulo de Nosso Senhor Jesus-Cristo. Como os espíritas, e antes dos espíritas,
foi ele o primeiro a proclamar esta máxima que faz vossa glória: Fora da
caridade não há salvação! Mas não é apenas por este único lado que ele se
liga à doutrina que nós vos ensinamos e que hoje propagais. Com aquela sublime
inteligência que lhe era própria, tinha previsto o que Deus reservava para o
futuro e, notadamente, esta transformação, esta regeneração da fé cristã, que
sois chamados a assentar profundamente no espírito moderno, já que descreve, na
citada epístola, e de maneira indiscutível, as principais faculdades
mediúnicas, por ele chamadas de dons abençoados do Espírito Santo. “Ah! meus
filhos, aquele santo doutor contempla, com uma amargura que não pode
dissimular, o grau de aviltamento em que caiu a maior parte dos que falam em
seu nome, e que proclamam, urbi et orbi, que outrora Deus deu à Terra toda a
soma de verdades que esta era capaz de receber. Não obstante, o Apóstolo tinha
exclamado em seu tempo que só havia uma ciência e profecias imperfeitas. Ora,
aquele que se lastimava de tal situação sabia, por isto mesmo, que essa ciência
e essas profecias um dia se aperfeiçoariam. Não está aí a condenação absoluta
de todos os que incriminam o progresso”?
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