Quem
estudar o conteúdo da REVISTA ESPÍRITA
perceberá que a Allan Kardec eram remetidos vários casos, relacionados ao
Espiritismo nascente, bem como mensagens obtidas pelo instrumento chamado
mediunidade, um verdadeiro ‘microscópio’ a serviço das descobertas
do Mundo Espiritual. No número de fevereiro de 1864, Kardec,
por sinal, incluiu uma mensagem obtida na Sociedade Espírita de Sens, através
do médium Sr Percheron assinada pelo Espírito de seu próprio pai, por sua
vez, auxiliado em suas explicações pelo Espírito Pascal. Assunto: necessidade
da encarnação. Entre outras coisas esclarece a entidade espiritual: -“Quis
Deus que o Espírito do homem fosse ligado à matéria para sofrer as vicissitudes
do corpo, com o qual se identifica a ponto de iludir-se e de o tomar por si
mesmo, quando não passa de sua prisão passageira; é como se um prisioneiro se
confundisse com as paredes da cela. Os materialistas são muito cegos por não
perceberem seu erro, porquanto, se quisessem refletir um pouco seriamente,
veriam que não é pela matéria do corpo que se podem manifestar; concluiriam
que, desde que a matéria desse corpo se renova continuamente, como a água de um
rio, não é senão pelo Espírito que podem saber que são sempre eles mesmos.
Suponhamos que o corpo de um homem que pesasse sessenta quilos assimile, para a
reparação de suas forças, um quilo de nova substância por dia, a fim de
substituir a mesma quantidade de antigas moléculas de que se separa e que
cumpriram o papel que deviam desempenhar na composição de seus órgãos; assim,
ao cabo de sessenta dias a matéria desse corpo estaria renovada. Nesta
hipótese, cujos números podem ser contestados, mas verdadeira em princípio, a
matéria do corpo renovar-se-ia seis vezes por ano; portanto, o corpo de um
homem de vinte anos já se teria renovado cem vezes; aos quarenta, duzentas e
quarenta vezes; aos oitenta, quatrocentas e oitenta vezes. Mas o vosso Espírito
se terá renovado? Não, pois tendes consciência de que sois sempre vós mesmos.
É, pois, o vosso Espírito que constitui o vosso EU, e segundo o qual vós vos
manifestais, e não o vosso corpo, que não passa de matéria efêmera e mutável.
(...) Volto ao meu assunto. Se Deus quis que suas criaturas espirituais fossem
momentaneamente unidas à matéria, é, repito, para as fazer sentir e, a bem
dizer, para que sofressem as necessidades que a matéria exige de seus corpos,
no que respeita ao seu sustento e conservação. Dessas necessidades nascem as
vicissitudes que vos fazem sentir o sofrimento e compreender a comiseração que
deveis ter por vossos irmãos na mesma posição. Esse estado transitório é, pois,
necessário ao adiantamento do vosso Espírito, que, sem isto, ficaria estagnado.
As necessidades que o corpo vos faz experimentar estimulam os vossos
Espíritos e os forçam a buscar os meios de as prover; desse trabalho forçado
nasce o desenvolvimento do pensamento. Constrangido a presidir aos
movimentos do corpo para os dirigir, visando a sua conservação, o Espírito é
conduzido ao trabalho material e daí ao trabalho intelectual, necessários um ao
outro, pois a realização das concepções do Espírito exige o trabalho do corpo e
este não pode ser feito senão sob a direção e o impulso do Espírito. Tendo
assim o Espírito adquirido o hábito de trabalhar, e a ele constrangido pelas
necessidades do corpo, o trabalho, por sua vez, se lhe torna uma necessidade; e
quando, desprendido de seus laços, não tem mais de pensar na matéria, pensa em
trabalhar em si mesmo para o seu adiantamento. Agora compreendeis a necessidade
para o vosso Espírito de estar ligado à matéria durante uma parte de sua
existência: para não ficar estacionário”. Allan Kardec analisa: Acrescentaremos
que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para a melhoria
do mundo em que habita, assim ajudando a sua transformação e o seu progresso
material, que estão nos desígnios de Deus, de quem é o instrumento inteligente.
Na sua sabedoria previdente, quis a Providência que tudo se encadeasse na
Natureza; que, todos, homens e coisas, fossem solidários. Depois, quando o
Espírito houver realizado a sua tarefa e estiver suficientemente adiantado,
gozará do fruto de suas obras.
Dúvidas sobre a visão do Espiritismo a respeito de questões essenciais? Consulte a série AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ acessando Luiz Armando – Canal do Youtube
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