nosso, ante a genitora desencarnada, em
pranto, a operação começou, com sinistros prognósticos para nós, que observamos
a cena, sensibilizadíssimos. A desordem do cosmo fisiológico acentuou-se,
instante a instante. Penosamente surpreendido, prossegui no exame da situação,
verificando com espanto que o embrião reagia ao ser violentado, como que
aderindo, desesperadamente, às paredes placentárias’. A
descrição reproduz os instantes que marcam as ações objetivando a consumação de
um aborto clandestino. Pratica que denota a condição de atraso dos habitantes
do Planeta volta ao debate depois do retrocesso causado por decisão de um juiz
brasileiro recentemente. A leitura do relato do Espírito André Luiz através do
médium Chico Xavier no livro NO
MUNDO MAIOR (feb), pelo menos a titulo de hipótese merece reflexões.
Prossegue o narrador: -“A mente do filhinho imaturo começou a
despertar à medida que aumentava o esforço de extração. Os raios escuros não
partiam agora só do encéfalo materno; eram igualmente emitidos pela organização
embrionária, estabelecendo maior desarmonia. Depois de longo e laborioso
trabalho, o entezinho foi retirado afinal... Assombrado, reparei, todavia, que
a ginecologista improvisada subtraia ao vaso feminino somente pequena porção de
carne inânime, porque a entidade reencarnante, como se a mantivessem atraída ao
corpo materno forças vigorosas e indefiníveis, oferecia condições
especialíssimas, adesa ao campo celular que a expulsava. Semidesperta, num atro
pesadelo de sofrimento, refletia extremo desespero; lamentava-se com gritos
aflitivos; expedia vibrações mortíferas; balbuciava frases desconexas. Não
estaríamos, ali, perante duas feras terrivelmente algemadas uma à outra? O
filhinho que não chegara a nascer transformara- se em perigoso verdugo do
psiquismo materno. Premindo com impulsos involuntários o ninho de vasos do
útero, precisamente na região onde se efetua a permuta dos sangues materno e
fetal, provocou ele o processo hemorrágico, violento e abundante. Observei
mais. Deslocado indebitamente e mantido ali por forças incoercíveis, o
organismo perispirítico da entidade, que não chegara a renascer, alcançou em
movimentos espontâneos a zona do coração. Envolvendo os nódulos da aurícula
direita, perturbou as vias do estímulo, determinando choques tremendos no
sistema nervoso
central. Tal situação agravou o fluxo
hemorrágico, que assumiu intensidade imprevista, compelindo a enfermeira a
pedir socorros imediatos, depois de delir, como pôde, os vestígios de sua
falta. – Odeio-o! odeio-o! – clamava a mente materna em delírio, sentindo ainda
a presença do filho na intimidade orgânica – Nunca embalarei um intruso que me
lançaria à vergonha! Ambos, mãe e filho, pareciam agora, por dizer mais
exatamente, sintonizados na onda de ódio, porque a mente dele, exibindo estranha
forma de apresentação aos meus olhos, respondia, no auge da ira: –
Vingar-me-ei! Pagarás ceitil por ceitil! Não te perdoarei!... Não me deixaste
retomar a luta terrena, onde a dor, que nos seria comum, me ensinaria a
desculpar-te pelo passado delituoso e a esquecer minhas cruciantes mágoas...
Renegaste a prova que nos conduziria ao altar da reconciliação. Cerraste-me as
portas da oportunidade redentora; entretanto, o maléfico poder, que impera em
ti, habita igualmente minh'alma... Trouxeste à tona de minha razão o lodo da
perversidade que dormia dentro em mim. Negas-me o recurso da purificação, mas
estamos agora novamente unidos e arrastar-te-ei para o abismo... Condenaste-me
à morte e, por isso, minha sentença é igual. Não me deste o descanso, impediste
meu retorno à paz da consciência, mas não ficarás por mais tempo na Terra...
Não me quiseste para o serviço do amor... Portanto, serás novamente minha para
a satisfação do ódio. Vingar-me-ei! Seguirás comigo! Os raios mentais
destruidores cruzavam-se, em horrendo quadro, de espírito a espírito. Enquanto
observava a intensificação das toxinas, ao longo de toda a trama celular,
Calderaro orava, em silêncio, invocando o auxilio exterior, ao que me pareceu.
Efetivamente, daí a instantes, pequena turma de trabalhadores espirituais
penetrou o recinto. O Orientador ministrou instruções. Deveriam ajudar a
desventurada mãe, que permaneceria junto da filha infeliz, até à consumação da experiência.
Em seguida, o Assistente convidou-me a sair, acrescentando: – Verificar-se-á a
desencarnação dentro de algumas horas. O ódio, André, diariamente extermina
criaturas no mundo, com intensidade e eficiência mais arrasadoras que as de
todos os canhões da Terra troando a uma vez. É mais poderoso, entre os homens,
para complicar os problemas e destruir a paz, que todas as guerras conhecidas
pela Humanidade no transcurso dos séculos.
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