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sábado, 10 de dezembro de 2016

TRANSIÇÃO


Embora poucos saibam, o capítulo 18 do livro A GÊNESE de Allan Kardec, resulta de um rearranjo efetuado pelo Codificador da Doutrina Espírita de extensa mensagem recebida em abril de 1866 através de dois médiuns em transe sonambúlico. A íntegra da mesma na forma como recebida, foi reproduzida na REVISTA ESPÍRITA de outubro daquele ano. Para se ter uma ideia do seu conteúdo, destacamos pequeno trecho:   -“Para que os homens sejam felizes sobre a Terra, é preciso que ela não seja povoada senão de bons Espíritos, encarnados e desencarnados, que não quererão senão o bem. Este tempo tendo chegado, uma grande emigração se cumprirá nesse momento entre aqueles que a habitam; aqueles que fazem o mal pelo mal, e que o sentimento do bem não toca, não sendo mais dignos da Terra transformada, dela serão excluídos, porque lhe trariam de novo a perturbação e a confusão e seriam um obstáculo ao progresso. Eles irão expiar seu endurecimento nos mundos inferiores, onde levarão seus conhecimentos adquiridos, e terão por missão fazer avançar. Serão substituídos sobre a Terra por Espíritos melhores, que farão reinar entre si a justiça, a paz, a fraternidade. A Terra, dissemos, não deve ser transformada por um cataclismo que aniquilaria subitamente uma geração. A geração atual desaparecerá gradualmente, e a nova lhe sucederá do mesmo modo sem que nada tenha mudado a ordem natural das coisas. Tudo passará, pois, exteriormente como de hábito, com esta única diferença, mas esta diferença é capital, é que uma parte dos Espíritos que aí se encarnam não se encarnarão nela mais. Numa criança que nasça, em lugar de um Espírito atrasado e levado ao mal que nela teria encarnado, será um Espírito mais avançado e levado ao bem. Trata-se, pois, bem menos de uma nova geração corpórea do que de uma nova geração de Espíritos. Assim, aqueles que esperam ver a transformação se operar por efeitos sobrenaturais serão frustrados. A época atual é a da transição; os elementos das duas gerações se confundem. Colocados no ponto intermediário, assistis à partida de uma e à chegada da outra, cada uma já se mostra no mundo pelos caracteres que lhe são próprios. As duas gerações que sucedem uma à outra têm ideias e objetivos inteiramente opostos. Pela natureza das disposições morais, mas, sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, é fácil distinguir à qual pertence cada indivíduo. A nova geração, devendo fundar a era do progresso moral, se distingue por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, juntadas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que é o sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior. Ela não será composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas daqueles que, tendo já progredido, estão predispostos a assimilar todas as ideias progressistas, e, aptos a secundar o movimento regenerador. O que distingue, ao contrário, os Espíritos atrasados é primeiro a revolta contra Deus pela negação da Providência e de toda força superior à Humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternos do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim, a predominância do apego a tudo o que é material. São esses vícios, dos quais a Terra deve ser purgada pelo afastamento daqueles que recusam se emendar, porque são incompatíveis com o reino da fraternidade e que os homens de bem sofrerão sempre com o seu contato. A Terra deles estará livre, e os homens caminharão sem entraves para o futuro melhor que lhes está reservado neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, à espera de que uma depuração ainda mais completa lhes abra a entrada dos mundos superiores. Por essa emigração de Espíritos não é preciso entender que todos os Espíritos retardatários serão expulsos da Terra e relegados aos mundos inferiores. Muitos, ao contrário, a ela retornarão, porque muitos cederam ao arrastamento de circunstâncias e do exemplo. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos preconceitos do mundo corpóreo, a maioria verá as coisas de maneira toda diferente de quando viviam, assim como tendes disto numerosos exemplos. Nisto, eles são ajudados pelos Espíritos benevolentes que se interessam por eles e que diligenciam de esclarecê-los e lhes mostrar o falso caminho que seguiram”. Allan Kardec pondera: 1 - A maneira pela qual se opera a transformação é muito simples, e, como se vê, ela é toda moral e não se afasta em nada das leis da Natureza. Por que, pois, os incrédulos repelem essas ideias, uma vez que nada têm de sobrenatural? É que, na sua opinião, a lei de vitalidade cessa com a morte do corpo, ao passo que, para nós, ele prossegue sem interrupção; eles restringem sua ação e nós a estendemos; é porque dizemos que os fenômenos da vida espiritual não saem das leis da Natureza. Para eles, o sobrenatural começa onde acaba a apreciação pelos sentidos. 2- Quer os Espíritos da nova geração sejam novos Espíritos melhores, ou os antigos Espíritos melhorados, o resultado é o mesmo; desde o instante em que trazem melhores disposições, é sempre uma renovação. Os Espíritos encarnados formam, assim, duas categorias, segundo as suas disposições naturais: de uma parte, os Espíritos retardatários que partem, de outra os Espíritos progressivos que chegam. O estado dos costumes e da sociedade será, pois, em um povo, em uma raça ou no mundo inteiro, em razão destas duas categorias que tiver a preponderância.

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