Pessoas geralmente se
perguntam qual seria a diferença entre Espírito e Alma? O próprio Allan
Kardec esclarece dizendo que essencialmente são a mesma coisa.
Costuma-se usar a palavra Alma ao
Espírito enquanto ligado ao corpo na condição de encarnado. Quando não, seria o
Espírito. A propósito na edição de janeiro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, ele desenvolve alguns
argumentos interessantes para nosso esclarecimento. Diz ele: -“A alma
é o Ser inteligente; nela está a sede de todas as percepções e de todas as
sensações; ela sente e pensa por si mesma; é individual, distinta, perfectível,
preexistente e sobrevivente ao corpo. O corpo é o seu invólucro material: é o
instrumento de suas relações com o mundo visível. Durante sua união com o
corpo, ela percebe por meio dos sentidos, transmite seu pensamento com a ajuda
do cérebro; separada do corpo, percebe diretamente e pensa mais livremente.
Tendo os sentidos um alcance circunscrito, as percepções recebidas por seu
intermédio são limitadas e, de certo modo, amortecidas; recebidas sem
intermediário, são indefinidas e de uma sutileza surpreendente, porque
ultrapassa, não a força humana, mas todos os produtos de nossos meios
materiais. Pela mesma razão, o pensamento transmitido pelo cérebro se filtra, a
bem dizer, através desse órgão. A grosseria e os defeitos do instrumento a
paralisam e em parte a abafam, como certos corpos transparentes absorvem uma
parte da luz que os atravessa. Obrigada a servir-se do cérebro, a alma é como
um músico muito bom, diante de um instrumento imperfeito. Livre desse incômodo
auxiliar, desdobra todas as suas faculdades. Tal é a alma durante a vida e
depois da morte. Para ela há, portanto, dois estados: o de encarnação ou de
constrangimento, e o de desencarnação ou de liberdade; em outras palavras: o da
vida corporal e o da vida espiritual. A Vida Espiritual é a vida normal,
permanente da alma; a vida corporal é transitória e passageira. Durante a vida
corporal, a alma não sofre constantemente o constrangimento do corpo, e aí está
a chave dos fenômenos físicos, que só nos parecem estranhos porque nos
transportam para fora da esfera habitual de nossas observações.
Qualificaram-nos de sobrenaturais, embora, na realidade, estejam submetidos a
leis perfeitamente naturais, porque essas leis nos eram desconhecidas. Hoje,
graças ao Espiritismo, que deu a conhecer essas leis, desapareceu o
maravilhoso. Durante a vida exterior de relação, o corpo necessita de sua alma
ou Espírito por guia, a fim de o dirigir no mundo; mas nos momentos de
inatividade do corpo, a presença da alma não é mais necessária; dele se
desprende, sem, contudo, deixar de a ele se prender por um laço fluídico, que a
ele o chama, tão logo se fizer necessária a sua presença. Nesses momentos
recobra parcialmente a liberdade de agir e de pensar, da qual só desfrutará
completamente depois da morte do corpo, quando deste estará completamente
separada. Esta situação foi espiritualmente e muito veridicamente descrita pelo
Espírito de uma pessoa viva, que se comparava a um balão cativo, e por um
outro, o Espírito de um idiota vivo, que dizia ser como um pássaro, amarrado
pela pata. (REVISTA ESPÍRITA,
junho de 1860). Esse estado, que chamamos emancipação da alma, ocorre normalmente e
periodicamente durante o sono. Só o corpo repousa para recuperar as perdas
materiais; mas o Espírito, que nada perdeu, aproveita essa pequena trégua para
se transportar para onde queira. Além disso, tal estado também ocorre toda vez
que uma causa patológica, ou simplesmente fisiológica, produz a inatividade
total ou parcial dos órgãos da sensação e da locomoção. É o que se passa na
catalepsia, na letargia, no sonambulismo. O desprendimento ou, se se quiser, a
liberdade da alma, é tanto maior quanto mais absoluta a inércia do corpo. É por
essa razão que o fenômeno adquire seu maior desenvolvimento na catalepsia e na
letargia. Nesse estado, a alma não percebe mais pelos sentidos materiais, mas,
se assim nos podemos exprimir, pelo sentido psíquico; é por isso que suas
percepções ultrapassam os limites ordinários; seu pensamento age sem a
intercessão do cérebro, razão por que desdobra faculdades mais transcendentes
que no estado normal.
Dúvidas sobre a visão do Espiritismo a respeito de questões essenciais? Consulte a série AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ acessando Luiz Armando – Canal do Youtube
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