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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

AGENERE: SERÁ POSSÍVEL?

Contra fatos não há argumentos. E a história contada por Allan Kardec na edição de fevereiro de 1859 da REVISTA ESPÍRITA ilustra isso. Conta ele: Uma pobre mulher estava na igreja de São Roque e rogava a Deus que a auxiliasse em sua aflição. À saída, na rua Saint Honoré, encontra um senhor que a aborda e lhe diz: “Boa mulher, ficaríeis contente se arranjasses trabalho?” – “Ah! meu bom senhor” – responde ela – “peço a Deus que me conceda esse favor, porque estou muito necessitada.” – “Pois bem! Ide a tal rua, número tanto. Procurai a senhora T...: ela vos dará trabalho.” Então continuou seu caminho. A pobre mulher dirigiu-se sem demora ao endereço indicado. – “Com efeito, tenho um trabalho para mandar fazer” – diz a senhora em questão – “mas como não o dissera a ninguém, como pôde a senhora vir me procurar?” Então a pobre indigente, avistando um retrato suspenso à parede, respondeu: – “Senhora, foi esse cavalheiro que me enviou aqui.” – “Esse cavalheiro!” – replicou espantada a senhora – “Mas isso não é possível; este é o retrato de meu filho, morto há três anos.” – “Não sei como pode ser isto, mas vos asseguro que foi esse senhor que acabei de encontrar ao sair da igreja, onde tinha ido pedir a Deus que me assistisse. Ele me abordou e foi ele mesmo que me mandou aqui”. A respeito, Kardec comenta: -“Conforme o que acabamos de ver, nada haveria de surpreendente em que o Espírito do filho daquela senhora, a fim de prestar um serviço à pobre mulher, da qual sem dúvida ouvira a prece, lhe tivesse aparecido sob a forma corpórea para indicar-lhe o endereço da própria mãe. Em que se transformou depois? Sem dúvida no que era antes: um Espírito, a menos que, continuando seu passeio, tenha julgado conveniente mostrar-se a outras pessoas sob a mesma aparência. Essa mulher teria, assim, encontrado um agênere, com o qual havia conversado. Mas, então – dirão – por que não se teria apresentado à sua mãe? Nessas circunstâncias os motivos determinantes dos Espíritos nos são completamente desconhecidos. Agem como bem lhes pareça, ou melhor, como disseram, em virtude de uma permissão sem a qual não podem revelar sua existência de modo material. Compreende-se, ademais, que sua visão poderia causar à mãe perigosa emoção. E quem sabe se não se apresentou a ela durante o sono ou de qualquer outro modo? E, aliás, não terá sido um meio de lhe revelar sua existência? É muito provável que tenha testemunhado aquela conversa entre as duas senhoras. O assunto seria aprofundado na próximo trabalho publicado pelo sistematizador do Espiritismo em 1861: O LIVRO DOS MÉDIUNS. Quando da abordagem na publicação mensal mantida por Allan Kardec, aproveitou para ouvir o responsável pelas atividade da Sociedade Espírita da Paris, São Luiz. Da entrevista de 16 perguntas, destacamos algumas das informações prestadas pela entidade. Sobre a possibilidade de Espíritos desencarnados aparecerem corporalmente em outros locais e a outras pessoas além da sua família? Esclareceu que “sim, sem dúvida; não dependendo, porém de sua vontade”, por ser “o poder dos Espíritos é limitado; só fazem o que lhes é permitido fazer”; que podem pertencer à classe dos Espíritos inferiores ou superiores; que são fatos raros, existindo exemplos na própria Bíblia; que um eventual ferimento mortal que sofresse o faria desaparecer subitamente; “que como Espíritos têm as paixões dos Espíritos, conforme sua inferioridade, algumas vezes tomando um corpo aparente é para fruir as paixões humanas; se são elevados, é com um fim útil que o fazem; que não podem procriar, o que seria contrário às leis que estabelecidas na Terra que não podem ser derrogadas; não havendo um meio de o reconhecer a não ser que seu desaparecimento se fizesse de modo inesperado; que o objetivo que pode levar certos Espíritos a tomar esse estado corporal é frequentemente o mal; os Espíritos bons têm a seu favor a inspiração; agem pela alma e pelo coração; que os Espíritos que protagonizam tais fenômenos só têm o poder que lhes faculta a sua posição como Espírito; que não tem necessidade real de alimento, pois, seu  corpo não é real; que tais fatos são excessivamente raros e jamais têm um caráter de permanência, e, finalmente, que o Espírito familiar protetor não dispõe de recursos interiores algumas vezes toma essa forma.


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