Um estudo comparativo entre
as principais religiões ao longo da História da Humanidade demonstra que muitas
delas constituem-se em sínteses do pensamento e sentimento que assinala a evolução
do Ser dentro de suas proposições espiritualizantes, coincidindo ao que tudo
indica, com o início de novos ciclos evolutivos. O próprio Espiritismo segundo
alguns pensadores constitui-se numa delas abrangendo a essência dos avanços no
campo do despertar da consciência. E, como explicado pelo Instrutor Espiritual Emmanuel
no livro A CAMINHO DA LUZ (feb,
1938) psicografado por Chico Xavier, o ponto de partida
deu-se na Índia através do grupo de exilados do Sistema de Capela ali
interiorizados pelos que dos bastidores da invisibilidade administram o
progresso da Terra. Nesses tempos em que a Verdade emerge com vigor, sabe-se
que o Antigo Testamento que compõe a Bíblia resultou de um pedido de Jerônimo
a Rabinos respeitáveis para compilarem os livros que melhor expressassem o
pensamento do Judaísmo. Sabe-se também que fatos ali relatados, correspondem a
outros presentes no MAHABARATA ou outras tradições bramânicas. Noé do Diluvio, por
exemplo, chama-se na milenar obra Vaiswasvata tendo inspirado a
narrativa bíblica. Em relação à sua própria história Moises baseou-se nos VEDAS.
Como prenunciado por Jesus, a
Doutrina Espírita vem esclarecer o que estava obscuro. No número de janeiro
de 1862 da REVISTA ESPÍRITA,
Allan
Kardec elucida alguns
pontos atavicamente carregados por parte
dos Espíritos presos à Terra. Vejamos: 1- ADÃO COMO A ORIGEM DA HUMANIDADE - A questão
principal não é saber se a personagem de Adão realmente existiu, nem em que
época viveu, mas se a raça humana, designada como sua posteridade, é uma raça decaída.
A solução dessa questão não é destituída de conteúdo moral, porque,
esclarecendo-nos quanto ao passado, pode orientar a nossa conduta para o
futuro. Antes de mais, notemos que, aplicada ao homem, a ideia da queda, sem a
reencarnação, é um contra-senso, assim como a responsabilidade que
carregássemos pela falta de nosso primeiro pai. Se a alma de cada homem é
criada ao nascer, é que não existia antes; não terá, desse modo, nenhuma
relação, nem direta, nem indireta, com a que cometeu a primeira falta, o que
nos leva a indagar como poderia ser responsável por sua própria queda 2 - ANJOS
DECAÍDOS - A ideia dos anjos rebeldes,
dos anjos decaídos e do paraíso perdido se acha em quase todas as religiões e,
como tradição, entre quase todos os povos. Deve, pois, fundamentar-se numa
verdade. Para compreender o verdadeiro sentido que se deve ligar à qualificação
de anjos rebeldes, não é necessário supor uma luta real entre Deus e os anjos,
ou Espíritos, desde que o vocábulo anjo é aqui tomado numa acepção geral. (...)
Pois bem! todos esses Espíritos, que tão mal empregaram as suas encarnações,
uma vez expulsos da Terra e enviados a mundos inferiores, entre hordas ainda na
infância da barbárie, o que serão, senão anjos decaídos, remetidos à expiação?
A Terra que deixam não será para eles um paraíso perdido, em comparação ao meio
ingrato onde ficarão relegados durante milhares de séculos, até o dia em que
tiverem merecido a libertação? (...) Eis, em pequena escala, um exemplo
surpreendente de analogia com o que se passa, em escala maior, no Mundo dos
Espíritos, e que nos ajudará a compreendê-lo : No dia 24 de maio de 1861, a
fragata Ifigênia transportou à Nova Caledônia uma companhia disciplinar
composta de 291 homens. À chegada, o comandante baixou-lhes uma ordem do dia
concebida assim: “Pondo os pés nesta terra longínqua, por certo já
compreendestes o papel que vos está reservado. “A exemplo dos bravos soldados
da nossa marinha, que servem sob as vossas vistas, ajudar-nos-eis a levar com
brilho o facho da civilização ao seio das tribos selvagens da Nova Caledônia.
Não é uma nobre e bela missão, pergunto? Desempenhá-la-eis dignamente. “Escutai
a palavra e os conselhos dos vossos chefes. Estou à frente deles. Entendei bem
as minhas palavras. “A escolha do vosso comandante, dos vossos oficiais, dos
vossos suboficiais e cabos constitui garantia certa de que todos os esforços
serão tentados para fazer-vos excelentes soldados; digo mais: para vos elevar à
altura de bons cidadãos e vos transformar em colonos honrados, se o quiserdes.
“A nossa disciplina é severa e assim tem de ser. Colocada em nossas mãos, ela
será firme e inflexível, ficai certos, do mesmo modo que, justa e paternal,
saberá distinguir o erro do vício e da degradação...” Aí tendes um punhado de
homens expulsos, pelo seu mau proceder, de um país civilizado, e mandados, por
punição, para o meio de um povo bárbaro. Que lhes diz o chefe? – “Infringistes
as leis do vosso país; nele vos tornastes causa de perturbação e escândalo e
fostes expulsos; mandam-vos para aqui, mas aqui podeis resgatar o vosso
passado; podeis, pelo trabalho, criar-vos aqui uma posição honrosa e tornar-vos
cidadãos honestos. Tendes uma bela missão a cumprir: levar a civilização a
estas tribos selvagens. A disciplina será severa, mas justa, e saberemos
distinguir os que procederem bem.” Para aqueles homens, exilados no seio da
selvajaria, a mãe-pátria não é um paraíso que eles perderam pelas suas próprias
faltas e por se rebelarem contra a lei? Naquela terra distante, não são eles
anjos decaídos? A linguagem do chefe não é idêntica à de que usou Deus falando
aos Espíritos exilados na Terra: “Desobedecestes às minhas leis e, por isso, eu
vos expulsei do mundo onde podíeis viver ditosos e em paz. Aqui, estareis
condenados ao trabalho; mas, podereis, pelo vosso bom procedimento, merecer
perdão e reconquistar a pátria que perdestes por vossa falta, isto é, o Céu”? À
primeira vista, a ideia de queda parece em contradição com o princípio segundo
o qual os Espíritos não podem retrogradar. Deve-se, porém, considerar que não
se trata de um retrocesso ao estado primitivo. O Espírito, ainda que numa
posição inferior, nada perde do que adquiriu; seu desenvolvimento moral e
intelectual é o mesmo, seja qual for o meio onde se ache colocado. Ele está na
situação do homem do mundo condenado à prisão por seus delitos. 3- O MITO DE MARIA - Esta
interpretação dá uma razão de ser toda natural ao dogma da imaculada Conceição,
do qual tanto zombou o cepticismo. O dogma estabeleceu que a mãe do Cristo não
era manchada pelo pecado original. Como pode ser isto? É muito simples: Deus
enviou um Espírito puro, que não pertencia à raça culpada e exilada, para
encarnar na Terra e desempenhar a sua augusta missão, do mesmo modo que, de vez
em quando, envia Espíritos superiores que encarnam a fim de impulsionar o
progresso e apressar o desenvolvimento do orbe.
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