Recorrente
em palestras espíritas, artigos e livros, a palavra “Carma” é associada aos
graves problemas enfrentados pelas criaturas humanas. Nem sempre, entretanto,
sua abordagem se faz dentro da racionalidade e lógica característica do
Espiritismo. Do trabalho A LEI DE CAUSA E EFEITO – AS RESPOSTAS QUE O
ESPIRITISMO DÁ, destacamos algumas questões
que elucidam muitas dúvidas. Vamos a elas:
1-Qual a relação do chamado Carma com a visão
do Espiritismo sobre a Lei de Causa e Efeito? O “carma”, expressão vulgarizada entre os
hindus, em sânscrito quer dizer “ação”. A rigor, designa “causa e efeito”, de
vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores. Para
nós expressará a conta de cada um, englobando os créditos e os débitos que, em
particular, nos digam respeito. Há conta dessa natureza, não
apenas catalogando e definindo individualidades, mas também povos e raças,
estados e instituições. Para melhor
entender o “carma” ou “conta do destino criada por nós mesmos”, convém lembrar
que o Governo da Vida possui igualmente o seu sistema de contabilidade, a se
lhe expressar no mecanismo de justiça inalienável, dispondo de sábios departamentos
para relacionar, conservar, comandar e engrandecer a Vida. Nas sublimadas regiões de cada Orbe entregue
à inteligência e à razão, ao trabalho e ao progresso dos filhos de Deus,
fulguram os gênios angélicos, encarregados do rendimento e da beleza, do
aprimoramento e da ascensão da Obra Excelsa, com ministérios apropriados à
concessão de empréstimos e moratórias, créditos especiais e recursos
extraordinários a todos os Espíritos encarnados ou desencarnados, que os
mereçam, em função dos serviços referentes ao Bem Eterno. Nas regiões atormentadas, varridas por
ciclones de dor regenerativa, temos os poderes competentes para promover a
cobrança e a fiscalização, o reajustamento e a recuperação de quantos se fazem
devedores complicados ante a Divina Justiça (AR) 2- Existindo esses Departamentos de
Justiça, como interpretar o argumento de que somos os arquitetos do nosso
próprio destino? A
morte funciona como juiz inexorável, transferindo os bens de certas mãos para
outras e marcando com inequívoca exatidão o proveito que cada Espírito extrai
das vantagens e concessões que lhe foram entregues pelos Agentes da Infinita
Bondade. Aí, vemos os princípios de
causa e efeito, em toda a força de sua manifestação, porque, no uso ou no abuso
das reservas da vida que representam a eterna Propriedade de Deus, cada alma
cria na própria consciência os créditos e os débitos que lhe atrairão
inelutavelmente as alegrias e as dores, as facilidades e os obstáculos do
caminho. Quanto mais amplitude em
nossos conhecimentos, mais responsabilidade em nossas ações. Através
de nossos pensamentos, palavras e atos, que fluem, invariáveis, do coração,
gastamos e transformamos constantemente as energias do Senhor, em nossa viagem
evolutiva, nos setores da experiência, e, do quilate de nossas intenções e
aplicações, nos sentimentos e práticas da marcha, a vida organiza, em nós
mesmos, a nossa conta agradável ou desagradável ante as Leis do Destino. 3 - Sendo o primeiro
impacto experimentado pelo Espirito os
efeitos de suas ações insensatas após a morte física qual o critério determinante de sua intensidade? Não
há uma única imperfeição da alma que não importe tristes e inevitáveis
consequências, como não há uma só qualidade boa que não seja fonte de um gozo. A soma das penas é, assim, proporcional à
soma das imperfeições, como a dos gozos à das qualidades. A
alma que tem dez imperfeições, por exemplo, sofre mais do que a que tem três ou
quatro; e quando dessas dez imperfeições não lhe restar mais que metade ou um
quarto, menos sofrerá. De todo extintas, então a alma será perfeitamente feliz. Dependendo o sofrimento da imperfeição, como
o gozo da perfeição, a alma traz consigo o próprio castigo ou prêmio, onde quer
que se encontre, sem necessidade de lugar circunscrito. O bem e o mal que fazemos decorrem das
qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando
podemos é, portanto, o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é
fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não somente pelo mal que fez como
pelo bem que deixou de fazer na vida terrestre. Sendo
infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não
havendo uma só ação, um só pensamento mau que não tenha consequências fatais,
como não há uma única ação meritória, um só bom movimento da alma que se perca,
mesmo para os mais perversos, por isso que constituem tais ações um começo de
progresso. Toda
falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga;
se o não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas
as existências são solidárias entre si. Aquele que se quita numa existência não
terá necessidade de pagar segunda vez. O
Espírito sofre, quer no mundo corporal, quer no espiritual, a consequência das
suas imperfeições.
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