Corria o ano de 1962,
a densidade demográfica do Planeta aumentava vertiginosamente e na mesma
intensidade os problemas existências enfrentados pelos seres humanos. Na cidade
de São Paulo, uma das mais atuantes instituições inspiradas pelo Espiritismo,
localizada na região central da capital paulista recebia diariamente centenas
de criaturas sequiosas de orientação. A mão de obra qualificada para atendê-las
consistia num dos desafios aos dirigentes da casa. Voluntários dedicados à tal
responsabilidade precisavam deter informações seguras e, por essa razão,
dirigiram ao Espírito Emmanuel uma série de perguntas que
englobavam a média das necessidades comuns. Este por sua vez, solicitou aos
médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira, à época uma parceria
promissora, servissem de veículo para que o Instrutor Espiritual filtrasse para
nossa Dimensão suas opiniões sobre os temas. Assim nasceu o opúsculo LEIS DE AMOR (feesp, 1963). Pela
atualidade de seu conteúdo, reproduzimos a seguir algumas das respostas para
reflexões:O erro de uma encarnação passada pode incluir
na encarnação presente, predispondo o corpo físico às doenças? -
A grande maioria das doenças tem a sua causa profunda na estrutura semimaterial
do corpo espiritual. Havendo o Espírito agido erradamente, nesse ou naquele
setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou
distonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades, conforme
o órgão atingido. Qual a relação existente entre doenças e a
Justiça? - No curso das enfermidades, é imperioso venhamos a examinar
a Justiça, funcionando com todo o seu poder regenerativo, para sanar os males
que acalentamos. - O que faz o Espírito, antes de reencarnar-se
visando à própria melhoria? - Antes da reencarnação, nós mesmos,
em plenitude de responsabilidade, analisamos os pontos
vulneráveis da própria alma, advogando em nosso próprio favor a concessão dos impedimentos físicos que, em tempo certo, nos
imunizem, ante a possibilidade de reincidência
nos erros em que estamos incursos. Que pedem, para
regenerar-se, os intelectuais que conspurcaram os tesouros da alma? -
Artífices do pensamento, que malversamos os patrimônios do espírito, rogam
empeços cerebrais, que se façam por
algum tempo alavancas coercitivas, contra as nossas tendências ao desequilíbrio
intelectual. Que emendas solicitam os oradores e pessoas
que influenciaram negativamente pela palavra? - Tarefeiros da palavra,
que nos prevalecemos dela para caluniar ou para ferir, solicitamos as
deficiências dos aparelhos vocais e auditivos, que nos garantam a segregação providencial.
-Que providências retificadoras pedem para si próprios
aqueles que abraçaram graves compromissos do sexo? - Criaturas
dotadas de harmonia orgânica, que arremessamos os valores do sexo ao terreno
das paixões aviltantes, enlouquecendo corações e fomentando tragédias, suplicamos
as doenças e as inibições genésicas que em nos humilhando, servem por válvulas
de contenção dos nossos impulsos inferiores. Todas as
enfermidades conhecidas foram solicitadas pelo Espírito do próprio enfermo,
antes de renascer? - Nem sempre o Espírito requisita
deliberadamente determinadas enfermidades de vez que, em muitas circunstâncias
quais aqueles que se verificam no suicídio ou na delinqüência, caímos, de
imediato, na desagregação ou na insanidade das próprias forças, lesando o corpo
espiritual, o que nos constrange a renascer no berço físico, exibindo defeitos
e moléstias congênitas, em aflitivos quadros expiatórios. Quais
são os casos mais comuns de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina? -
Encontramos numerosos casos de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina,
na maioria das criaturas que trazem as provações da idiotia ou da loucura, da
cegueira ou da paralisia irreversíveis, ou ainda, nas crianças-problemas, cujos
corpos, irremediavelmente frustrados, durante todo o curso da reencarnação, mostram-se
na condição de celas regenerativas, para a internação compulsória daqueles que
fizeram jus a semelhantes recursos drásticos da Lei. Justo acrescentar que
todos esses companheiros, em transitórias, mas duras dificuldades, renascem na
companhia daqueles mesmos amigos e familiares
de outro tempo que, um dia, se cumpliciaram com eles na prática das ações reprováveis
em que delinqüiram. - A mente invigilante pode instalar doenças no
organismo? E o que pode provocar doenças de causas espirituais na vida diária? - A mente é mais poderosa para instalar doenças e
desarmonias do que todas as bactérias e vírus conhecidos. Necessário, pois,
considerar igualmente, que desequilíbrios e moléstias surgem também da
imprudência e do desmazelo, da revolta e da preguiça. Pessoas que se embriagam
a ponto de arruinar a saúde; que esquecem a higiene até se tornarem presas de
parasitas destruidores; que se encolerizam pelas menores razões,
destrambelhando os próprios nervos; os que passam, todas as horas em redes e
leitos, poltronas e janelas, sem coragem de vencer a ociosidade e o desânimo
pela movimentação do trabalho, prejudicando a função dos órgãos do corpo
físico, em razão da própria imobilidade, são criaturas que geram doenças para
si mesmas, nas atitudes de hoje mesmo, sem qualquer ligação com causas
anteriores de existências passadas.
Compartilhamento de informações reveladoras disponibilizadas pelo Espiritismo ampliando nosso nivel cultural
faça sua pesquisa
sábado, 29 de abril de 2017
quinta-feira, 27 de abril de 2017
O PSIQUIATRA E A OBSESSÃO
Jorge Andreia, psiquiatra recentemente desencarnado, inscreveu seu nome na História do Espiritismo no Brasil pela sua contribuição no
entendimento da doença mental sob a ótica da reencarnação. Autor de mais de uma
dezena de obras, viu nos mais de cem anos em que esteve encarnado, muitas delas
se perderem por terem sido entregues a editoras sem vocação para o trabalho de
publicação e preservação desses materiais. Muitas delas hoje são encontradas
nos chamados “sebos” e, muito poucas nesse prodigioso sistema chamado GOOGLE.
Para termos uma ideia da lucidez do pensamento do grande estudioso,
reproduzimos a seguir uma de seus textos falando sobre o grave problema da
perturbação espiritual. Diz ele: - A obsessão, como processo negativo, possui
estruturação bem definida, obedecendo a intermináveis graduações, com
específica localização nas raízes do psiquismo. Todos sofremos influência, porém
daremos respaldo e sintonia com aqueles com quem nos afinizamos. Se nos
encontramos em posição espiritual sadia, consequência de nossas sadias atitudes,
teremos gratificações de equilíbrio e do discernimento. Se nossa posição se
afasta das posições positivas, onde a ética praticamente prepondera, sofreremos
as influências dos campos negativos e, o que é mais importante, na intensidade
que nos afastamos do bem, pelas conotações das raízes pretéritas que traduzirão
o grau de envolvimento. Consideremos também, as atitudes pessoais do indivíduo,
o seu momento evolutivo e a sua escolha no jogo do livre-arbítrio. Desse modo
anote-se a importância dos fatores do meio e a elaborações psíquicas de superfície
(zona física), que são absorvidas e influenciam a própria organização. De tudo
isso, podemos compreender, que o processo obsessivo exige tempo, a fim de que
haja fixação das negatividades nas raízes do espírito daquele que no
desenvolver das atitudes
pouco recomendáveis,
abriu os campos da alma permitindo a sintonia. Sob as influências psíquicas
negativas, alguns
apresentam reações
leves e de mais fácil remoção, outros tantos carregam por anos as suas inconsequências.
Estes últimos somente diante das dores advindas do processo conseguem neutralizar,
em tempo específico, as manifestações obsessivas. Os quadros de mais fácil remoção
encontram suas raízes nas camadas periféricas do psiquismo; isto é, da faixa do
períspirito até a zona do campo material geralmente são respostas reativas mais
fracas, portanto, mais fracas foram as reações negativas. Os casos mais
críticos, de duradouras reações e de difícil neutralização, permite asseverar
que existem implantações negativas em plenas camadas espirituais, aquelas que
são envolvidas pelo corpo ou campo mental, portanto, implantações nos alicerces
do espírito. Implantações, habitualmente, representam muitos componentes
sedimentados por várias reencarnações, isto é, ações maléficas foram
desenvolvidas em várias vidas em muitas oportunidades, daí sua sedimentação nos
arcanos da alma. Nesta conjuntura, é fácil avaliar que a implantação de um processo
obsessivo será variável e proporcional a intensidade da ação. Quanto maior for
o desenvolvimento de uma ação negativa de resposta refletida nas reações cármicas
de toda ordem, tudo dentro de uma lei que se perde no infinito fenomênico de
suas próprias reações. Por isso Kardec foi bem expressivo quando classificou as
obsessões em três parâmetros: O primeiro, o mais leve, denominou obsessão
simples, o segundo, como grau intermediário, a fascinação, e o mais avançado,
subjugação ou possessão. Na obsessão simples, o indivíduo possui total
capacidade de raciocínio, percebe as distonias, chega mesmo a classificar
certas tendências como não sendo suas. Havendo interesse pessoal, ao lado de
orientações e conselhos, o indivíduo reage com certa facilidade. O importante é
que o agredido procure orientar-se dentro de uma ética sadia, onde o próprio
comportamento possa refletir atos positivos na tela consciente. Nesta
contingência a Doutrina Espírita torna-se valiosa por fornecer elementos que
possibilitam conhecimento daquele que sofreu o pequeno desvio. Se as atitudes
do ser passam a ser coerentes, ele mesmo consegue livrar-se das influências, e
o que é mais importante, torna-se psicologicamente falando, mais maduro; é como
se fosse vacinado pela distonia temporária. No segundo grau de obsessão, o
processo de fascinação, apesar de o indivíduo raciocinar, ler e conhecer certas
máximas qualitativas da vida, encontra-se com o bloco dos sentimentos fixados
em determinadas ideias. O Ser somente enxerga o que lhe convém – a influência
negativa em constante ação. Mesmo que possua alguns conhecimentos espiritistas
ou mensagens de alerta, as suas ideias estão convergidas para uma única
direção;
esses indivíduos
“flutuantes” jamais absorveram e muito menos procuram ter atitudes de vida coerente
com a moral espírita, que é séria e sem pieguismos. Ficam flutuando na
superficialidade, e somente enxergam as suas sugestões emocionais, que na
maioria das vezes, não são próprias e sim absorvidas de sutis influências negativas.
Todos os que carregam influências pretéritas e que não procuram corrigi-las, em
útil movimentação de trabalho, podem ser colhidos nas malhas menos felizes das
influenciações das irradiações espirituais em desalinho. Essas fixações se
dariam na maioria das vezes por elogios desmedidos ou pela exaltação de conhecimentos
inexistentes. Na absorção desses mananciais depreciativos haverá
desencadeamento de autêntico processo de autofagia psicológica, pela sintonia
com o elogio despropositado, ou pelas manifestações festivas de inexistentes
valores, a fim de satisfazerem o próprio ego perante as efusões de
mediocridade. Com isso os canais da alma ficam ligados às forças negativas e o envolvido
passa a incorporar, definitivamente, a ideia ou grupo de ideias e a
defendê-las, até com certa dose de insistência; essa condição pode dar
nascimento às manifestações compulsivas, isto é, necessidade de realizar o
impulso emocional em ação. Nesta segunda categoria colocamos, como típicas posições,
o ciúme desmedido e o narcisismo. Este último campeia na nossa sociedade nas
mais variadas manifestações, tanto no elemento masculino quanto feminino.
terça-feira, 25 de abril de 2017
O ESPIRITISMO É RELIGIÃO?
Abrindo o número de dezembro
de 1868 da REVISTA ESPÍRITA,
Allan
Kardec reproduz o texto do discurso proferido na Sociedade Espírita de
Paris no dia primeiro do mês anterior. Diante
da recorrência do tema, reproduzimos
a seguir um trecho em que responde a uma duvida acalentada por muitos:O
Espiritismo é uma religião? Argumenta ele: Sim, sem dúvida, senhores! No
sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por
isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão
de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas:
as próprias leis da Natureza. Por que, então, temos declarado que o Espiritismo
não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas
ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da
de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo
não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais
que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em
matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de
cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos
abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou. Não tendo o
Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra,
não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente
se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e
moral. As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é,
com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de
que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem
ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por
assembleias religiosas. Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a
nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta
de uma palavra para cada ideia. Qual é, pois, o laço que deve existir entre os
espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por
nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se deve confundir todos
os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o
da caridade para com todos ou, em outras palavras: o amor do próximo, que
compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte
da Humanidade. A caridade é a alma do Espiritismo; ela resume todos os deveres
do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, razão por que se
pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade. Mas a caridade é ainda
uma dessas palavras de sentido múltiplo, cujo inteiro alcance deve ser bem
compreendido; e se os Espíritos não cessam de pregá-la e defini-la, é que,
provavelmente, reconhecem que isto ainda é necessário. O campo da caridade é
muito vasto; compreende duas grandes divisões que, em falta de termos
especiais, podem designar-se pelas expressões Caridade beneficente e caridade benevolente.
Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos
recursos materiais de que se dispõe; mas a segunda está ao alcance de todos, do
mais pobre como do mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nada
além da vontade poderia estabelecer limites à benevolência. O que é preciso,
então, para praticar a caridade benevolente? Amar ao próximo como a si mesmo.
Ora, se se amar ao próximo tanto quanto a si, amar-se-o-á muito; agir-se-á para
com outrem como se quereria que os outros agissem para conosco; não se quererá
nem se fará mal a ninguém, porque não quereríamos que no-lo fizessem. Amar ao
próximo é, pois, abjurar todo sentimento de ódio, de animosidade, de rancor, de
inveja, de ciúme, de vingança, numa palavra, todo desejo e todo pensamento de
prejudicar; é perdoar aos inimigos e retribuir o mal com o bem; é ser
indulgente para as imperfeições de seus semelhantes e não procurar o argueiro
no olho do vizinho, quando não se vê a trave no seu; é esconder ou desculpar as
faltas alheias, em vez de se comprazer em as pôr em relevo, por espírito de
maledicência; é ainda não se fazer valer à custa dos outros; não procurar
esmagar ninguém sob o peso de sua superioridade; não desprezar ninguém pelo
orgulho. Eis a verdadeira caridade benevolente, a caridade prática, sem a qual
a caridade é palavra vã; é a caridade do verdadeiro espírita, como do
verdadeiro cristão; aquela sem a qual aquele que diz: Fora da caridade não há
salvação, pronuncia sua própria condenação, tanto neste quanto no outro mundo.
segunda-feira, 24 de abril de 2017
MAIS PRESENTE EM NOSSAS VIDAS QUE SUPOMOS
Muitas pessoas duvidam de sua ocorrência.
Independente disso sua presença na vida das pessoas é responsável por muitas
das ações, decisões, até crimes passionais. Trata-se do fenômeno mediúnico,
detectado, definido e explicado pelas pesquisas e observações do francês Denizard
Hipollite Leon Rivail, mais conhecido como Allan Kardec.
Do trabaljho FENÔMENO MEDIÚNICO – as respostas que o
ESPIRITISMO DÁ, disponibilizado no YOUTUBE,
destacamos três questões para reflexões. 1-A
mediunidade não é uma espécie de imã que atrai os Espíritos? Seria um erro acreditar alguém que precisa
ser médium, para atrair a si os seres do Mundo Invisível. Eles
povoam o espaço; temo-los incessantemente em torno de nós, ao nosso lado,
vendo-nos, observando-nos, intervindo em nossas reuniões, seguindo-nos, ou
evitando-nos, conforme os atraímos ou repelimos. A
faculdade mediúnica em nada influi para isto: ela mais não é do que um meio de
comunicação. De
acordo com o que dissemos acerca das causas de simpatia ou antipatia dos
Espíritos, facilmente se compreenderá que devemos estar cercados daqueles que
têm afinidade com o nosso próprio Espírito, conforme é este graduado, ou
degradado. Consideremos agora o estado
moral do nosso Planeta e compreenderemos de que gênero devem ser os que
predominam entre os Espíritos errantes. Se tomarmos cada povo em
particular, poderemos, pelo caráter dominante dos habitantes, pelas suas
preocupações, seus sentimentos mais ou menos morais e humanitários, dizer de
que ordem são os Espíritos que de preferência se reúnem no seio dele. (LM,21:232) 2-
Essa influência não seria uma ingerência de alguém estranho em nossa
liberdade de decidir e agir? A
influência do Espírito estranho não é um domínio, mas uma espécie de conselho
dado à nossa alma, o qual pode ser mais ou menos prudente, conforme a natureza
do Espírito, sendo a alma livre de aceitá-lo ou não, mas que pode melhor
apreciar quando não mais se acha sob o império das ideias suscitadas pela vida
de relação. Por isso diz-se que a noite
traz o seu conselho. Nem sempre é fácil distinguir a ideia sugerida da ideia
própria, porque muitas vezes elas se confundem. Entretanto
há presunção de que venha de uma fonte estranha quando é espontânea e surge em
nós como uma inspiração e quando se opõe à nossa própria maneira de ver. Nosso
julgamento e nossa consciência nos dão a conhecer se ela é boa ou má. 3- Como perceber sua
manifestação? Muitas vezes os Espíritos agem sobre a nossa mente, a
nossa revelia: solicitam-nos a fazer isto ou aquilo; julgamos agir por impulso
próprio quando apenas obedecemos a uma sugestão estranha. Não devemos daí
inferir que não tenhamos iniciativa; longe disso: o Espírito encarnado tem
sempre o livre-arbítrio; em definitivo,
não faz senão aquilo que quer e, muitas vezes, segue seus próprios impulsos. (IPME, cap 2) Quem
julga dizer uma coisa agradável àqueles que o cercam, divertindo uma sociedade
com suas brincadeiras ou atitudes, por vezes se engana, o que frequentemente
acontece, quando pensa que tudo isso vem de si próprio.
Os Espíritos mal intencionados que o rodeiam com ele se identificam e
pouco a pouco o enganam a respeito de seus próprios pensamentos, dando-se o
mesmo com aqueles que o ouvem. Disso se segue que aquilo que dizemos
nem sempre vem de nós; que muitas vezes não somos, como os médiuns falantes,
mais que intérpretes do pensamento de um Espírito estranho, que com o nosso se
identificou. Os
fatos vêm apoiar essa teoria, provando, também, que muito frequentemente nossos
atos são a consequência desse pensamento que nos é sugerido. O homem que pratica o
mal cede, pois, a uma sugestão quando é bastante fraco para não resistir e
quando cerra os ouvidos à voz da consciência, que pode ser a sua própria voz,
ou a de um Espírito bom que, por seus avisos, combate a influência de um
Espírito mau. (RE,10/1858)
sábado, 22 de abril de 2017
PROCESSO CONTÍNUO
Na roda-viva do
processo evolutivo da individualidade, o Espírito se defronta inexoravelmente
com os efeitos de suas ações nas múltiplas experiências que atravessa nas
variadas existências que tem. Especialmente os desvios no exercício do poder,
da exploração econômica, na tirania no ambiente doméstico. Quando desencarna,
não é incomum, defrontar-se com suas vítimas na entrada no Mundo
Espiritual. Saindo deste para envergar
novo corpo físico, sofre pelo sem fio do pensamento, as influências dos que
ficaram na retaguarda enquanto aguardam o retorno para nossa Dimensão. A
revelação feita através da sexta carta que escreveu aos pais através de Chico
Xavier, o Engenheiro Luiz Ricardo Maffei, vitimado por
insidioso processo de Lupus aos 25 anos de idade física, nos dá uma ideia da
amplitude desta dinâmica. Conta ele, a certo trecho de sua mensagem: -“Conquanto
o meu apaixonado apego de pesquisas do passado, um fenômeno se interpôs, há
semanas, entre meu hobby e a realidade, impelindo-me a uma pausa em minhas
investigações. Serei tão sucinto quanto possível, na exposição do caso. O
senhor sabe que, em toda parte, é possível fazer amigos e eu encontrei um deles
na pessoa do Joaquim Pereira da Silva, um cavalheiro de alta severidade com a
família que deixou no Rio, cujas ideas abertas e francas me faziam meditar.
Joaquim se queixava de obsessores no lar, conturbando a esposa e as filhas,
chegando a estabelecer um clima de antagonismos sistemáticos entre elas. A
companheira viúva e três filhas viviam em querelas por pequeninas razões
claramente evitáveis. E Joaquim, desencarnado, lhes agravava as relações
alegando que ele, desencarnado, estava muito longe de ser um anjo, e discutia
com as entidades infelizes que lhe povoavam a casa. Muitas vezes, lembrando os
nossos estudos de hoje, solicitava-lhe calma, ponderação. O companheiro não me
atendia e fustigava os obsessores de sua casa, com palavras e até pragas das
mais escabrosas, e sem a mínima condição de sequer serem, de leve, mesmo,
mencionadas. Contudo, há pouco tempo, um diretor de serviço; notando-lhe as
boas qualidades que se misturavam de más, aconselhou-lhe um tratamento com
análise de fotografias correspondentes ao seu passado próximo. Joaquim aceitou
e submeteu-se a tal tratamento em um determinado aparelho. Tratava-se de um
aparelho complexo, que ainda, em determinado tempo, deverá chegar à Terra para
o conhecimento dos homens, e à consequente comprovação mecânica da
reencarnação. Alguns amigos daqui, da Vida Espiritual, designam tal aparelho
com o nome de preterografia. Tal aparelho tem o cunho de prestar observações do
pretérito das pessoas pelas imagens correspondentemente colhidas. Durante dois
dias Joaquim foi ao gabinete de preterografia, e, no exame final das chapas
colhidas, ficou ciente de que fora um chefe desumano do tempo de D. João VI, no
Brasil. Exorbitava das funções de mordomo de uma das casas imperiais e mandava
açoitar fosse quem fosse, além de privar diversos subalternos de conforto e
alimentação conveniente. Estuprava jovens servidores da casa real sem compaixão
e para com as que engravidassem, à conta dele, as atirava em lugares ocultos do
Rio Paraíba... Quando o amigo viu a extensão de suas faltas, chorou de remorso,
e reconheceu que os obsessores que lhe fustigavam a casa eram vingadores contra
ele, Espíritos infelizes ainda fixados no mal. Ele, Joaquim, vem fazendo o
possível para retificar a própria situação; no entanto, admito que ele gastará
tempo para modificar o ânimo dos inimigos que ele próprio criou. Tenho pensado
tanto no assunto que voltarei as minhas digressões na História com muito
cuidado e com muito espírito de compreensão, que ainda preciso consolidar.
quinta-feira, 20 de abril de 2017
AS GUERRAS E SUAS REPERCUSSÕES NO MUNDO INVISÍVEL
Quando o Espírito André
Luiz transmitiu seu primeiro livro através do médium Chico Xavier,
poucos conheciam as obras CARTAS DE UMA
MORTA assinada por Maria João de Deus ou A VIDA ALÉM DO VÉU do reverendo inglês Dale
Owen. Sabia-se pel’O LIVRO DOS
ESPÍRITOS que a morte nos devolveria à chamada Erraticidade de onde saímos
um dia para reencarnar nesta Dimensão. Voltavamos a ser Espíritos Errantes.
Anos depois o próprio André Luiz elucidaria que “Espíritos
errantes não significa Espíritos vagabundos, desocupados, inertes, mas sim sem
residência fixa, qual ocorre com todos nós, de vez que, de conformidade com a
palavra dos Instrutores de Allan Kardec, somente não são considerados” errantes
“aqueles” que chegaram à perfeição”, da qual, todos nós, a generalidade das
criaturas terrestres, ainda nos achamos imensamente distantes”. Entretanto,
desde a publicação de NOSSO LAR,
visão mais ampla da estruturação do Plano Espiritual passou a povoar nosso
universo de conhecimentos com a descrição da Colônia Espiritual que empresta
nome ao livro. Nela, o resgate da visão das Esferas Espirituais que circundam o
Planeta, preenchidas por Planos, Sub-Planos e Sub-Planos dos Sub-Planos para
cujo entendimento Chico Xavier, dentro de sua simplicidade e sabedoria sugeriu: -
Se
cortarmos uma cebola ao meio, a sobreposição e interpenetração de camadas nos
dará uma ideia de como é. Poucos sabem ou perceberam que as três
primeiras obras da série hoje chamada NOSSO LAR foram escritas durante a
Segunda Guerra Mundial e no seu contexto é possível perceber as repercussões
dos conflitos armados em curso no outro lado da vida. Embora o fenômeno social
estivesse circunscrito fisicamente a países europeus, o Espaço Vibratório que
circunda o Planeta experimentava efeitos negativos. Na sequencia, alguns
fragmentos que revelam a conexão entre as realidades: NOSSO LAR 1- Nos primeiros dias
de setembro de 1939, "Nosso Lar" sofreu, igualmente, o choque por que
passaram diversas colônias espirituais, ligadas à civilização americana. Era a
guerra européia, tão destruidora nos círculos da carne, quão perturbadora no
plano do espírito. Entidades numerosas comentavam os empreendimentos bélicos em
perspectiva, sem disfarçarem o imenso terror de que se possuíam.
2- Infelizes dos povos
que se embriaguem com o vinho do mal; ainda que consigam vitórias temporárias, elas
servirão somente para lhes agravar a ruína, acentuando-lhes as derrotas fatais.
Quando um país toma a iniciativa da guerra, encabeça a desordem da Casa do Pai,
e pagará um preço terrível. 3- Nos acontecimentos
dessa natureza, os países agressores convertem-se, naturalmente, em núcleos
poderosos de centralização das forças do mal. Sem se precatarem dos perigos
imensos, esses povos, com exceção dos espíritos nobres e sábios que lhes
integram os quadros de serviço, embriagam-se ao contacto dos elementos de perversão,
que invocam das camadas sombrias. Coletividades operosas convertem-se em
autômatos do crime. Legiões infernais precipitam-se sobre grandes oficinas do
progresso comum, transformando-as em campos de perversidade e horror.
4- Muito doloroso o
quadro que vimos ; habituados ao serviço da paz na América, nenhum de nós
imaginava o que fosse o trabalho de socorro espiritual nos campos da Polônia.
Tudo obscuro, tudo difícil. Não se podem, ali, esperar claridades de fé nos agressores,
tampouco na maioria das vítimas, que se entregam
totalmente a pavorosas impressões. Os encarnados não nos ajudam, apenas
consomem nossas forças. Desde o começo do meu Ministério, nunca vi tamanhos sofrimentos coletivos. OS MENSAGEIROS 5- Nossos aparelhos assinalam aproximação de grande
tempestade magnética, ainda para hoje. Sangrentas batalhas estão sendo travadas
na superfície do globo. Os que não se encontram nas linhas de fogo, permanecem
nas linhas da palavra e do pensamento. Quem não luta nas ações bélicas, está no
combate das ideias, comentando a situação. Reduzido número de homens e mulheres
continuam cultivando a espiritualidade superior. É natural, portanto, que se intensifiquem,
ao longo da Crosta, espessas nuvens de resíduos mentais dos encarnados
invigilantes, multiplicando as tormentas destruidoras. 6- A Humanidade parece
preferir a condição de eterna criança. Faz e desfaz os patrimônios da
civilização, como se brincasse com bonecas. Nossos irmãos suportam pesados
fardos de serviço para que as tormentas magnéticas, invisíveis ao olhar humano,
não disseminem vibrações mortíferas, a se traduzirem pela dilatação de penúrias
da guerra e por epidemias sem conta. As Colônias Espirituais da Europa,
mormente as de nosso nível, estão sofrendo amargamente para atenderem as necessidades
gerais. Já começamos a receber grandes massas de desencarnados, em consequência
dos bombardeios. 7- “Nosso Lar”, pela missão que lhe cabe, ainda
não pode imaginar todo o esforço que o conflito mundial vem exigindo da nossa
colaboração nas esferas mais baixas. Os Postos de Socorro de várias colônias,
ligadas a nós, estão superlotados de europeus desencarnados violentamente.
Fomos notificados de que as súplicas da Europa dilaceram o coração angélico dos
mais altos cooperadores de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aos terríveis bombardeios
na Inglaterra, na Holanda, Bélgica e França, sucedem-se outros de não menor
extensão. Depois de reiteradas assembleias dos nossos mentores espirituais,
resolveu-se providenciar a remoção de, pelo menos, cinquenta por cento dos
desencarnados na guerra em curso, para os nossos núcleos americanos.
terça-feira, 18 de abril de 2017
OS PRIMEIROS CENTO E SESSENTA ANOS
O dia 18 de abril nos
faz lembrar o lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, por iniciativa do professor
Denizard Hippolitte Leon Rivail. A história do livro
começa praticamente três anos antes, em 1854, quando, pela primeira vez, o
educador francês ouviu através de seu amigo Fortier, falar do fenômeno das
mesas que giravam e dançavam. Sua primeira reação foi meio que de descrença, embora tenha imaginado
que, talvez, tal fenômeno estivesse relacionado com o magnetismo mesmeriano, o
qual ele observava e estudava desde 1821, portanto desde 33 anos antes. No início do ano
seguinte, um outro amigo, o senhor Carlotti, lhe falaria sobre as mesmas
ocorrências acrescentando que o referido fenômeno das mesas girantes havia sido
enriquecido com a fala, pois através de sinais sonoros, respostas eram dadas a
perguntas formuladas no ambiente em que se davam as manifestações. Apesar da curiosidade
que aumentara, o professor ainda não se sentiu tentado a observar o fenômeno. Seu primeiro contato
com os mesmos só se daria em maio de 1855, após ter encontrado numa sessão de
magnetização dirigida pelo amigo Fortier, o Sr. Patier e a senhora Planemason
que o convidaram para outra reunião, onde poderia observar os fenômenos. Efetivamente, no dia
seguinte testemunhou os movimentos e respostas dadas pelos objetos animados
pela desconhecida e inteligente força, além de conhecer o Sr. Bodan, que o
convida à reunião semelhante em sua casa. Integrado a mesma,
conhece as filhas do seu anfitrião, duas adolescentes, Caroline e Julie, e
através delas começa a obter respostas lógicas e substanciais sobre os mais
diversos assuntos de fundo filosófico, científico, religioso e moral, cujo
conteúdo não poderia ser emanado das personalidades ainda em formação das duas
moças. Nos próximos meses, usando
o método analítico (observando, refletindo, comparando, estudando, criticando,
ampliando e revendo os assuntos abordados), reuniu material suficiente para
organizar um livro, que antes de ser encaminhado para a produção, foi
minuciosamente revisado com o concurso de médiuns diferentes daqueles através
dos quais haviam sido obtidas as primeiras informações. No início de 1857,
procura amigos editores para mostrar o trabalho e a adesão para sua publicação
e, ante, as dificuldades encontradas, decide com recursos próprios fazer
publicar o trabalho. Entrega-o ao Sr.
Dantu que, por sua vez, encaminha os originais para uma tipografia a 20 km de
Paris, porém, diante da demora para a conclusão dos trabalhos, Denizard, ou
Allan Kardec, procura se inteirar das razões. Toma conhecimento que
o dono da tipografia havia desencarnado, e os herdeiros haviam como que
engavetado o livro.
Kardec procura então
a viúva do falecido, apresenta-lhe o livro, seus objetivos e ela confortada em
sua dor pelo conteúdo espiritualmente elevado, envia uma recomendação aos filhos
para que urgenciassem a impressão daquele trabalho. Assim foi que na
manhã de sábado, 18 de abril, Kardec segurava nas mãos os exemplares da
primeira versão d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, contendo 501 perguntas e respostas
agrupadas em três partes: DOUTRINA ESPÍRITA, LEIS MORAIS E ESPERANÇAS E
CONSOLAÇÕES, além de uma introdução e uma conclusão. A formatação como é
conhecida hoje surgiria três anos depois, em 1860, ampliada para 1019 perguntas
e respostas, divididas em quatro partes: “AS CAUSAS PRIMÁRIAS”, “MUNDO ESPÍRITA
OU DOS ESPÍRITOS”, “LEIS MORAIS” e “ESPERANÇAS E CONSIDERAÇÕES” mais uma
introdução e conclusão. E, embora tenha provocado uma certa repercussão nos primeiros anos após
seu lançamento, na França e em alguns países da Europa, a verdade é que “O
LIVRO DOS ESPÍRITOS” e o ESPIRITISMO somente encontrariam campo para sua
expansão acelerada no Brasil da segunda metade do século XX. Sobretudo através do trabalho do médium Francisco Cândido Xavier que
depois da década de 70, após uma entrevista memorável no programa PINGA FOGO,
da extinta TV Tupi, tornou-se referência no campo da mediunidade colocando
sempre o Espiritismo como inspirador e responsável por seu trabalho. Sem sombra de dúvida um livro que precisa ser cada vez mais divulgado,
lido, estudado e meditado por todos os seres humanos interessados em alcançar a
felicidade.
domingo, 16 de abril de 2017
EXPIAÇÃO E PROVA : DIFERENÇAS
Uma das mais instigantes revelações
do Espiritismo é a que se refere aos mecanismos da Justiça Divina que afirma estarmos inexoravelmente presos aos efeitos de nossas ações em qualquer um dos
níveis em que se manifestam. O desconhecimento das posições declaradas por Allan
Kardec sobre o tema gera muitas confusões entre os que se interessam
pelo tema. No número de setembro de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, encontramos alguns
argumentos do Codificador que podem nos auxiliar a entender melhor o assunto Expiação e Prova.
Diz ele: A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou
menos penoso, resultado de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma
inferioridade real ou presumida, porquanto, aquele que chegou ao ponto
culminante a que aspira, não mais necessita de provas. Em certos casos, a prova
se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e
reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa
por uma prova. Se falhar, terá de recomeçar um trabalho penoso; esse novo
trabalho é a punição da negligência que apresentou no primeiro; a segunda prova
torna-se, assim, uma expiação. Para o condenado a quem se faz esperar um
abrandamento ou uma comutação, se bem se conduzir, a pena é, ao mesmo tempo,
uma expiação por sua falta e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída
da prisão, não estiver melhor, a prova é nula e um novo castigo desencadeará
uma nova prova. Considerando-se, agora, o homem na Terra, vemos que ele aí
suporta males de toda a sorte, muitas vezes cruéis. Esses males têm uma causa.
Ora, a menos que os atribuamos ao capricho do Criador, somos forçados a admitir
que a causa esteja em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não
podem ser o resultado de nossas virtudes; portanto, têm sua fonte nas nossas
imperfeições. Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, honras e
todos os prazeres materiais, pode-se dizer que sofre a prova do arrastamento;
para o que cai na desgraça por sua má conduta ou imprevidência, é a expiação de
suas faltas atuais e pode dizer-se que é punido por onde pecou. Mas que dizer
daquele que, desde o nascimento, está em luta com as necessidades e as
privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora, que
sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem nada ter feito, ostensivamente,
para merecer tal sorte? Quer seja uma prova, ou uma expiação, a posição não é
menos penosa e não seria mais justa do ponto de vista do nosso correspondente,
porquanto, se o homem não se lembra da falta, também não se lembra de haver
escolhido a prova. Tem-se, assim, de buscar alhures a solução da questão. Como
todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma
causa; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além
disso, admitindo a justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou
menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo
para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de que são
consequência de uma falta, e provas em relação ao proveito que delas se retira.
Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Se, pois, formos feridos,
é que não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira por que o
suportamos é a prova. Mas acontece, muitas vezes, que a falta não se acha nesta
vida. Então se acusa a justiça de Deus, nega-se a sua bondade, duvida-se mesmo
de sua existência. Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida
sobre a divindade. Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e bom deve
dizer que ele não pode agir senão com sabedoria, mesmo naquilo que não
compreendemos e, se sofremos uma pena, é porque o merecemos; é, pois, uma
expiação. O Espiritismo, pela grande lei da pluralidade das existências,
levanta completamente o véu sobre o que esta questão deixava no escuro. Ele nos
ensina que se a falta não foi cometida nesta vida, o foi numa outra e, deste
modo, que a justiça de Deus segue o seu curso, punindo-nos por onde havíamos
pecado.
sexta-feira, 14 de abril de 2017
O MUNDO INVISÍVEL E AS GUERRAS, SEGUNDO O ESPIRITISMO
-“O Mundo Invisível é
composto dos que deixaram seu envoltório corporal ou, por outras palavras, das
almas que viveram na Terra. Estas almas ou Espíritos, o que é a mesma coisa,
povoam o Espaço, estão em toda parte, ao nosso lado, como nas regiões mais
afastadas”. O
comentário pode ser lido na edição de dezembro
de 1859 da REVISTA ESPÍRITA, publicação mensal financiada pelo
próprio Allan Kardec para
manter atualizados os seguidores do Espiritismo em várias partes da Europa. Quando do lançamento do livro A
GÊNESE, no ultimo capítulo, encontra-se reproduzida uma mensagem assinada
por um Espírito identificado como Dr Barry
em que, entre outras coisas, diz: -“Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso não deixa
de ser rigorosa verdade, é que o Mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia,
experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos
encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem
isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a
Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de
voltar, sendo, pois, natural se interessem pelos movimentos que se operam entre
os homens. Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se
produz na Terra, abala igualmente o mundo invisível, onde todas as paixões,
boas e más, se exacerbam, como entre vós. Indizível efervescência entra a
reinar na coletividade dos Espíritos que ainda pertencem ao vosso mundo e que
aguardam o momento de a ele volver”. Em meados do século
20, o Orientador Espiritual Emmanuel através do médium Chico
Xavier, transmitiu um interessante livro intitulado ROTEIRO (feb, 1951) em que revela: - Mais de vinte bilhões de almas conscientes, desencarnadas,
sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas que são
aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicílio
terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução. Tal dado até
então inédito permite-nos avaliar a discrepante população invisível em relação
à visível. No que tange às guerras, um série de questões merecem consideração.
E, elas surgem das páginas d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, onde Allan Kardec obtem os seguintes esclarecimentos: 1 Durante uma batalha, há Espíritos assistindo
e amparando cada um dos exércitos? “Sim, e que lhes estimulam a
coragem.” Os antigos figuravam os deuses tomando o partido deste ou daquele
povo. Esses deuses eram simplesmente Espíritos representados por
alegorias. 2- Estando, numa
guerra, a justiça sempre de um dos lados, como pode haver Espíritos que tomem o
partido dos que se batem por uma causa injusta? “Bem sabeis
haver Espíritos que só se comprazem na discórdia e na destruição. Para
esses, a guerra é a guerra. A justiça da causa pouco os preocupa.” 3-
Podem alguns
Espíritos influenciar o general na concepção de seus planos de campanha? “Sem dúvida alguma. Podem influenciá-lo
nesse sentido, como com relação a todas as concepções.” 4- Poderiam maus
Espíritos suscitar-lhe planos errôneos com o fim de levá-lo à derrota? “Podem;
mas, não tem ele o livre-arbítrio? Se não tiver critério bastante para
distinguir uma ideia falsa, sofrerá as consequências e melhor faria se
obedecesse, em vez de comandar.” 5- Pode, alguma vez, o general ser guiado por uma
espécie de dupla vista, por uma visão intuitiva, que lhe mostre de antemão o
resultado de seus planos? “Isso
se dá amiúde com o homem de gênio. É o que ele chama inspiração e o que
faz que obre com uma espécie de certeza. Essa inspiração lhe vem dos
Espíritos que o dirigem, os quais se aproveitam das faculdades de que o
veem dotado.” 6- No tumulto dos combates, que se passa com os Espíritos dos
que sucumbem? Continuam, após a morte, a interessar-se pela batalha?
“Alguns continuam a interessar-se, outros se afastam.” Dá-se, nos
combates, o que ocorre em todos os casos de morte violenta: no primeiro
momento, o Espírito fica surpreendido e como que atordoado. Julga não
estar morto. Parece-lhe que ainda toma parte na ação. Só pouco a pouco a
realidade lhe surge. 7- Após a morte, os Espíritos, que como vivos se guerreavam,
continuam a considerar-se inimigos e se conservam encarniçados uns contra os
outros? “Nessas ocasiões, o
Espírito nunca está calmo. Pode acontecer que nos primeiros instantes
depois da morte ainda odeie o seu inimigo e mesmo o persiga. Quando,
porém, se lhe restabelece a serenidade nas ideias, vê que nenhum fundamento
há mais para sua animosidade. Contudo, não é impossível que dela guarde
vestígios mais ou menos fortes, conforme o seu caráter.” 8-Continua a ouvir
o rumor da batalha? “Perfeitamente.”
9- O Espírito
que, como espectador, assiste calmamente a um combate observa o ato de
separar-se a alma dom corpo? Como é que esse fenômeno se lhe apresenta à
observação? “Raras são as mortes
verdadeiramente instantâneas. Na maioria dos casos, o Espírito, cujo
corpo acaba de ser mortalmente ferido, não tem consciência imediata
desse fato. Somente quando ele começa a reconhecer a nova condição em
que se acha, é que os assistentes podem distingui- lo, a mover-se ao
lado do cadáver. Parece isso tão natural, que nenhum efeito desagradável
lhe causa a vista do corpo morto. Tendo a vida toda se concentrado no
Espírito, só ele prende a atenção dos outros. É com ele que estes conversam,
ou a ele é que fazem determinações.”
quarta-feira, 12 de abril de 2017
AS GUERRAS E O ESPIRITISMO
Um estudo das Civilizações que construíram a Humanidade de hoje, revela
que em todas as Eras, a guerra constitui-se num fenômeno social presente entre
os diferentes povos, nações e raças. Não houve um século que não fosse marcado
pelos movimentos motivados por razões injustificáveis e inacreditáveis se
analisadas sob o ponto de vista da razão, da lógica. Até na ânsia de fazer
prevalecer a fé de uns em detrimento de outros, conflitos de longa duração
escreveram páginas de tristeza e dor. O fato não passou despercebido pelo chamado
Codificador do Espiritismo que indagou dos que o assessoravam: o que devemos
pensar dos que fazem as chamadas guerras santas? Responderam: -“São impelidos pelos
maus Espíritos e, fazendo a guerra aos
seus semelhantes, contrariam à vontade de Deus, que manda ame cada um o seu irmão, como a si mesmo. Todas as
religiões, ou, antes, todos os povos adoram um mesmo Deus, qualquer que seja o
nome que lhe deem. Por que então há de um fazer guerra a outro, sob o
fundamento de ser a religião deste diferente da sua, ou por não ter ainda atingido
o grau de progresso da dos povos cultos? Se são desculpáveis os povos de não
crerem na palavra daquele que o Espírito de Deus animava e que Deus enviou,
sobretudo os que não o viram e não lhe testemunharam os atos, como pretenderdes
que creiam nessa palavra de paz, quando lhes ides levá-la de espada em punho?
Eles têm que ser esclarecidos e devemos esforçar-nos por fazê-los conhecer a
doutrina do Salvador, mediante a persuasão e com brandura, nunca a ferro e
fogo. Em vossa maioria, não acreditais nas comunicações que temos com certos
mortais; como quereríeis que estranhos acreditassem na vossa palavra, quando
desmentis com os atos a doutrina que pregais?”. Naturalmente aflora
a dúvida sobre o
que é o que impele o homem à guerra? Segundo
os pensadores que orientaram a formulação da Doutrina Espírita, é a “predominância da natureza animal sobre a
natureza espiritual e
transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem — o do mais forte. Por isso é que, para tais
povos, o de guerra é um estado
normal. À medida que o homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com humanidade, quando a
sente necessária”. Afirmando que a Providência Divina
tornou necessária a guerra objetivando a liberdade e o progresso, embora frequentemente tenha resultado
historicamente na escravização, o
resultado objetivava fazer os envolvidos progredir mais depressa, os Mentores do Espiritismo revelaram
que a guerra desaparecerá da face da Terra quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei
de Deus. Época em que todos os povos serão irmãos”. Questionados sobre o que se deve pensar daquele que suscita a guerra
para proveito seu , disseram que “grande culpado é
esse e muitas existências lhe
serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa,
porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para
satisfazer à sua ambição”.
terça-feira, 11 de abril de 2017
A VERDADE E O ESPIRITISMO SEGUNDO PASCAL
Pascal ou Blaise
Pascal foi o nome que identificou o Espírito que renasceu, viveu e
morreu na França entre 1623 e 1662. Gênio precoce escreveu seu nome nos campos
da Geometria, Física, Filosofia e literatura. Um dos signatários da obra
fundamental do Espiritismo – O LIVRO DOS
ESPÍRITOS - teve seis de suas mensagens incluídas nas páginas da REVISTA ESPÍRITA e uma n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Da publicação
mensal de Allan Kardec, na edição de maio de 1865, o editor incluiu três
de seus escritos recebidos no mês de novembro de 1863, na cidade de Lyon, por
um médium tratado como Sr. X, refletindo sobre IDÉIAS
PRECONCEBIDAS, DEUS NÃO SE VINGA e A VERDADE. Do ultimo texto, destacamos doze
pontos pra nossos exercícios de reflexão. 1- A verdade,
meu amigo, é uma dessas abstrações para as quais tende o Espírito humano
incessantemente, sem jamais poder atingi-la. É preciso que ele tenda para ela,
é uma das condições do progresso, mas, pela simples razão da imperfeição de sua
natureza, ele não poderia alcançá-la. 2- Seguindo a
direção que segue a verdade em sua marcha ascendente, o Espírito humano está na
via providencial, mas não lhe é dado ver o seu termo. 3- A verdade
é, como o tempo, dividida em duas partes, pelo momento inapreciável que se
chama o presente, a saber: o passado e o futuro. Assim, há duas verdades: a
verdade relativa e a verdade absoluta; a verdade relativa é o que é; a verdade
absoluta é o que deveria ser. Ora, como o que deveria ser sobe por graus até a
perfeição absoluta, que é Deus, segue-se que, para os seres criados e seguindo
a rota ascensional do progresso, não há senão verdades relativas. 4- Mas, do
fato de uma verdade relativa não ser imutável, não se segue que seja menos
sagrada para o ser criado. 5- Vossas leis, vossos costumes, vossas instituições
são essencialmente perfectíveis e, por isto mesmo, imperfeitas; mas suas
imperfeições não vos liberam do respeito que lhes deveis. Não é permitido
adiantar-se ao tempo e fazer leis fora das leis sociais. 6- A
Humanidade é um ser coletivo que deve marchar, se não em seu conjunto, ao menos
por grupos, para o progresso do futuro. 7- Porque o
Espiritismo foi revelado entre vós, não creiais num cataclismo das instituições
sociais; até agora ele tem realizado uma obra subterrânea e inconsciente para
aqueles que foram os seus instrumentos. 8- Desconfiai
dos Espíritos impacientes, que vos impelem para as sendas perigosas do
desconhecido. A eternidade que vos é prometida deve levar-vos a ter piedade das
ambições tão efêmeras da vida. Sede reservados até em suspeitar, muitas vezes,
da voz dos Espíritos que se manifestam. 9- Lembrais-vos
disto: O Espírito humano move-se e se agita sob a influência de três causas,
que são: a reflexão, a inspiração
e a revelação. 10- A reflexão é a riqueza de vossas lembranças, que agitais
voluntariamente. Nela, o homem encontra o que lhe é rigorosamente útil, para
satisfazer às necessidades de uma posição estacionária. 11- A inspiração é a influência dos
Espíritos extraterrestres, que se misturam mais ou menos às vossas
próprias reflexões para vos compelir ao progresso; é a intromissão do melhor na
insuficiência da passagem, uma força nova que se junta a uma força adquirida, para
vos levar mais longe que o presente, a prova irrecusável de uma causa oculta
que vos impulsiona para frente, e sem a qual permaneceríeis estacionários.
Porque é regra física e moral que o efeito não poderia ser maior que sua causa,
e quando isto acontece, como no progresso social, é que uma causa ignorada, não
percebida, juntou-se à causa primeira de vosso impulso. 12- A revelação é a mais elevada das forças que agitam o
Espírito do homem, porque vem de Deus e só se manifesta por sua vontade
expressa; ela é rara, por vezes mesmo inapreciável, algumas vezes evidente para
o que a experimenta a ponto de sentir-se involuntariamente tomado de santo
respeito. Repito, ela é rara e dada ordinariamente como recompensa à fé
sincera, ao coração devotado; mas não tomeis como revelação tudo quanto vos
pode ser dado como tal. O homem se vangloria da amizade dos grandes, os
Espíritos exibem uma permissão especial de Deus, que muitas vezes lhes falta.
Algumas vezes fazem promessas que Deus não ratifica, porque só ele sabe o que é
e o que não é preciso.
domingo, 9 de abril de 2017
PENSANDO EM MORRER? VEJA ESTE CASO
O estudo aprofundado do
Espiritismo leva progressivamente a conclusão sobre a não existência de padrões
que generalizam a aplicação das Leis que orientam o processo evolutivo das criaturas.
O caso da desencarnação é um deles. Não existe um caso igual ao outro a partir
da extinção das funções vitais do corpo físico utilizado pelo Espírito em sua
passagem pela nossa Dimensão. Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA de julho
de 1866 escreveu que ‘O LIVRO
DOS ESPÍRITOS não é
um tratado completo de Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos
fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela
observação’. Na edição definitiva desse verdadeiro tratado, obteve dos
Espíritos que o auxiliavam na construção da base da Doutrina Espírita que “o Espírito se encontra imediatamente com os
que conheceu na Terra e que morreram antes dele, conforme à afeição que
lhes votava e a que eles lhe
consagravam. Muitas vezes aqueles seus conhecidos o vêm receber à entrada do mundo dos Espíritos e o ajudam a desligar-se das faixas da matéria.
Encontra-se também com muitos
dos que conheceu e perdeu de vista durante a sua vida terrena. Vê os que estão na Erraticidade, como vê os
encarnados e os vai visitar”. E a evolução do pensamento humano foi ampliando
essa visão. Na obra OBREIROS DA VIDA ETERNA, do Espírito André Luiz, pelo médium
Chico Xavier, por exemplo, o autor obtém a informação de que “nem
todas as desencarnações de pessoas dignas contam com
o amparo de grupos socorristas, embora todos os fenômenos do decesso contem com
o amparo da caridade afeta às organizações de assistência indiscriminado. Salienta, no entanto, que a missão especialista não pode ser concedida a quem não se
distinguiu no esforço perseverante do bem. A titulo de exemplo, se serve do caso de “respeitável
senhora, jovem ainda, que pelas disposições sadias que demonstrou no campo da
benemerência social, foi ligada a dedicada corrente de serviço. Verificando-se,
contudo, pequenas rusgas entre ela e o esposo, e tendo conhecimento da imortalidade
da vida, além do sepulcro, desejou a pobre criatura ardentemente morrer. Tolas
leviandades do marido bastaram para que
maldissesse o mundo e a Humanidade. Não soube quebrar a concha do personalismo
inferior e colocar-se a caminho da vida maior. Pela cólera, pela intemperança
mental, criou a ideia fixa de libertar-se do corpo de qualquer maneira, embora
sem utilizar o suicídio direto. Conhecia os Amigos Espirituais a que se
havia unido, mas, longe de assimilar-lhes ajuizadamente os conselhos, repelia-lhes
as advertências fraternas para aceitar tão somente as palavras de
consolação que lhe eram agradáveis, dentre as admoestações salutares que lhe endereçavam.
E tanto pediu a morte, insistindo por ela, entre a mágoa e a irritação persistentes,
que veio a desencarnar em manifestação de icterícia complicada com simples
surto gripal. Tratava-se de verdadeiro suicídio inconsciente, mas a senhora, no
fundo, era extraordinariamente caridosa e ingênua. Não se recebeu qualquer autorização para conceder-lhe descanso e muito
menos auxílio especial. Os Benfeitores de nossa Esfera, apesar de eficiente intercessão
em beneficio da infeliz, somente puderam
afastá-la das vísceras cadavéricas, há dois dias, em condições impressionantes
e tristes. Não havendo qualquer determinação
de assistência particularizada, por parte das Autoridades Superiores, e porque
não seria aconselhável entregá-la ao sabor da própria sorte, em face das
virtudes potenciais de que era portadora, o diretor da comissão de serviço, a
que se filiara a imprevidente amiga, recolheu-a, por espírito de compaixão, em
plena luta, e ela se foi, de roldão, a trabalhar por aí, ativamente, em condições
muito mais sérias e complicadas”. Conclui
sua ilustração dizendo que “não frutifica a
paz legítima sem a semeadura necessária. Alguém, para gozar o descanso, precisa,
antes de tudo, merecê-lo. As almas inquietas entregam-se facilmente ao
desespero, gerando causas de sofrimento cruel”.
sexta-feira, 7 de abril de 2017
A ORIGEM DAS DOENÇAS SEGUNDO O ESPIRITISMO
-Cada qual de nós
renasce na Terra a exprimir na matéria densa o patrimônio de bens ou males que incorporamos
aos tecidos sutis da alma. A patogenia, na essência, envolve estudos que
remontam ao corpo espiritual, para que não seja um quadro de conclusões falhas
ou de todo irreais. Voltando à Terra, atraímos os acontecimentos agradáveis ou
desagradáveis, segundo os títulos de trabalho que já conquistamos ou conforme as
nossas necessidades de redenção. A carne, de certo modo, em muitas
circunstâncias não é apenas um vaso divino para o crescimento de nossas
potencialidades, mas também uma espécie de carvão milagroso, absorvendo-nos os
tóxicos e resíduos de sombra que trazemos no corpo substancial. O comentário é do Instrutor
Clarêncio
no livro ENTRE A TERRA E O CÉU,
assinado pelo Espírito André Luiz através do médium Chico
Xavier. Estruturado em Espírito/
Perispírito/ Corpo Físico, o Ser humano está sujeito a manifestar as chamadas
doenças a partir de quaisquer uma de suas partes constitutivas. O argumento das
chamadas predisposições mórbidas utilizado para explicar ou justificar certas
enfermidades tem diante disso validade. Como entendermos as mesmas a partir do
corpo espiritual? O próprio André Luiz nos oferece argumentos.
Diz ele: -A etiologia das moléstias perduráveis, que
afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas. A
recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas
no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio
às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que
podemos classificar de “zona de remorso”, em torno da qual a onda viva e contínua
do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com
reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança
das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria. Estabelecida
a ideia fixa sobre esse “nódulo de forças desequilibradas”, é indispensável que
acontecimentos reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para
que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo ou exatamente redimidos
perante a Lei. Essas enquistações de energias profundas, no imo de nossa alma,
expressando as chamadas dívidas cármicas, por se filiarem a causas infelizes
que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis
de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da Lei
Divina em qualquer idade da nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar
as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas
quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros. É assim que o remorso provoca
distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do
corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela
enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente
agravadas pelo assédio vindicativo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a
nós em processos de obsessão. Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados
pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os resíduos mentais da culpa,
qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de
nossa existência, para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o
devotamento à higiene moral.
quarta-feira, 5 de abril de 2017
IMPERFEIÇÕES DO ESPÍRITO E NÃO DO CORPO FÍSICO
A pergunta surgiu em meio a
questionamentos de frequentadores de um Centro Espírita: porque tanta agressividade no
comportamento dos jovens de hoje? É verdade que o papel dos pais na
formação da personalidade dos filhos na atualidade deixa muito a desejar. Mas
seria a causa fundamental? O comportamento humano não resulta apenas da
influência do meio em que se renasce e vive. Já ao tempo do surgimento do
Espiritismo situações intrigantes foram analisadas pelo educador oculto no pseudônimo
Allan
Kardec. No número de julho de 1963 da REVISTA ESPÍRITA, ele se ocupa do caso
de um jovem de 23 anos que, como ele próprio reconhecia, tinha ‘um grande
número de defeitos, dos quais o mais saliente era uma irresistível
predisposição para a cólera, desde a infância. Pela menor contrariedade, pelas
causas mais fúteis, quando entrava em casa e não encontrava imediatamente o que
queria; se uma coisa não estivesse no seu lugar habitual; se o que tivesse
pedido não estivesse pronto em um minuto, enfurecia-se e tudo quebrava. Era a
tal ponto que um dia, num paroxismo de cólera, explodindo contra a mãe,
disse-lhe: “Vai-te embora, ou eu te mato!” Depois, esgotado pela
superexcitação, caía sem consciência. Acrescente-se que nem os conselhos dos
pais, nem as exortações da religião tinham podido vencer esse caráter
indomável, compensado, aliás, por uma grande inteligência, uma instrução cuidadosa
e os mais nobres sentimentos. Discorrendo sobre o tema, Kardec afirma que ‘o
que não pode a Ciência, o Espiritismo o faz, não pela ação do tempo e em consequência
de um esforço contínuo, mas instantaneamente. Bastaram alguns dias para fazer
desse jovem um ser meigo e paciente. A certeza adquirida da vida futura, o
conhecimento do objetivo da vida terrestre, o sentimento da dignidade do homem,
revelada pelo livre-arbítrio, que o coloca acima do animal, a responsabilidade
daí decorrente, o pensamento de que a maior parte dos males terrenos são a
consequência de nossos atos, todas essas ideias, hauridas num estudo sério do
Espiritismo, produziram em seu cérebro uma súbita revolução; pareceu-lhe que um
véu foi retirado de seus olhos; a vida se lhe apresentou sob outra face. (...) Seu Espírito era responsável por sua
violência, ou se apenas sofria a influência da matéria. Eis a nossa resposta:
Vosso Espírito é de tal modo responsável que, quando o quisestes seriamente,
controlastes o movimento sanguíneo. Assim, se o tivésseis querido antes, os
acessos teriam cessado mais cedo e não teríeis ameaçado vossa mãe. Além disso,
quem é que se encoleriza? O corpo ou o Espírito? Se os acessos viessem sem
motivo, poder-se-ia crer que eram provocados pelo afluxo sanguíneo; mas, fútil
ou não, tinham por causa uma contrariedade. Ora, evidentemente não era o corpo
que estava contrariado, mas o Espírito, muito susceptível. Contrariado, o
Espírito reagia sobre um sistema orgânico irritável, que não teria sido
provocado se tivesse ficado em repouso. (...) Façamos uma comparação. Tendes um
cavalo fogoso; se souberdes governá-lo, ele se submete; se o maltratardes, ele
se enfurece e vos derruba. De quem a falta: vossa ou do cavalo? Para mim, é
evidente que vosso Espírito é naturalmente irascível; mas como cada um traz
consigo o seu pecado original, isto é, um resto das antigas inclinações, não é
menos evidente que, em vossa precedente existência, tivésseis sido um homem de
extrema violência, e que provavelmente tereis pago muito caro, talvez com a
própria vida. (...) Todas as filosofias se chocaram contra esses mistérios da
vida humana, que pareciam insondáveis até que o Espiritismo lhes trouxe o seu
facho. Em presença de tais fatos, ainda se pode perguntar para que serve ele?
Estamos no direito de bem augurar o futuro moral da Humanidade quando ele for
compreendido e praticado por todo o mundo.
segunda-feira, 3 de abril de 2017
SAUDANDO O 2 DE ABRIL
O dia 2 de abril recorda o renascimento de Chico Xavier, o incomparável
servidor que legou-nos não só exemplos eloquentes como Ser humano e médium, mas
também importante número de livros que nos ajudam a entender a Vida Espiritual. Vale a pena lembrarmos como se iniciou, anos
depois, sua relação com o Orientador Espiritual Emmanuel sem quem provavelmente não teria havido tão
substancial contribuição para a evolução das ideias espíritas. Recordando
aquele dia, Chico contava: -“Orava sob uma
árvore junto ao Açude, pitoresco local na saída de Pedro Leopoldo, para o norte
quando, vi, à pequena distância uma grande cruz luminosa. Pouco a pouco, dentre
os raios que formava, surgiu alguém. Era um espírito simpático, envergando túnica
semelhante à dos sacerdotes, que me dirigiu a palavra com carinho”.
Não se sabe o que teriam conversado naquele crepúsculo, mas conta o Médium que
foi esse o seu primeiro encontro com Emmanuel, na vida presente. E acentua que
em certo ponto do entendimento o orientador espiritual perguntou-lhe: “– Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com o
Evangelho de Jesus? – Sim, se os bons Espíritos não me
abandonarem... – respondeu o Médium. – Não será você
desamparado, -
disse-lhe Emmanuel – mas para isso é
preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem. – E o senhor acha que estou em
condições de aceitar o compromisso? – tornou o Chico. – Perfeitamente,
desde que você procure respeitar três pontos básicos para o serviço... Porque o protetor se calasse, o rapaz
perguntou: – Qual é o primeiro? A resposta veio firme: – Disciplina. – E o segundo? – Disciplina. – E o terceiro? – Disciplina”. O Benfeitor Emmanuel realmente falava
sério, pois não só no que tange à mediunidade de Chico, mas às suas reações
ante as situações da vida, passaram a ser objeto de severo controle. Ainda em
1931, um fato demonstra bem isso. Lembrando a situação, Chico narra: “..Certa
noite a nossa reunião havia terminado mais ou menos de manhã – uma hora da
madrugada, quando voltei para a nossa residência. Ao abrir a porta, encontrei,
então, uma situação muito desagradável. É que a nossa casa contava com dois
gatos muito queridos e eles haviam naturalmente, naquela noite, sofrido uma,
vamos dizer, indigestão e tinham deixado nossa sala num estado muito difícil,
porque estava muito suja. Os gatos haviam defecado num espaço relativamente
grande da sala. Então, sentindo as emanações daquelas matérias que estavam
espalhadas pelo chão, me lembrei da moça que trabalhava conosco em nossa casa,
na cozinha, e pensei comigo mesmo: “Vou chamar essa nossa companheira de
serviço e pedir-lhe que faça uma limpeza de manhã, uma limpeza correta, porque
a sala está numa situação muito desagradável.” Então, no mesmo instante, vi
nosso Emmanuel como que materializado ao meu lado dizendo: – “Mas você, que vem de uma reunião espírita cristã, que tratou
do Espiritismo em nome de Jesus Cristo, em nome de Allan Kardec, está fugindo
da sua obrigação, exigindo que uma pobre menina que já está fatigada por haver
trabalhado com panelas, nos tanques, para que não te faltasse comida, para que
não faltasse à família roupa lavada, você vai exigir que ela venha limpar esta
sala quando é sua obrigação limpar este chão e restituí-la tão limpa à família
como você ensina no Centro Espírita? Você vai pegar um pano, vai trazer água,
sabão e vamos lavar.” Fui buscar água, sabão, pano e fomos
lavando. Ele perto de mim. Quando achava que já estava terminada a tarefa, ele
dizia: – “Não, a sala tem odores desagradáveis, tem
que lavar direitinho, de maneira que ninguém nem saiba que os gatos a sujaram”. Então, tive que deixar a sala bem
limpa, porque ele disse: – “No Espiritismo a
pessoa tem que começar estudando nos grandes livros e começar também lavando as
privadas, trabalhando, fazendo sopa, ajudando os que estão com fome, lavando as
feridas de nossos irmãos e distribuindo aquilo que for possível, porque se nós
não tivermos coragem de ajudar na limpeza de um banheiro, de uma privada, nós também
estaremos estudando os grandes livros da nossa Doutrina, em vão”.
sábado, 1 de abril de 2017
SIM, JÁ EXISTEM RESPOSTAS
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