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sábado, 29 de abril de 2017

POUCOS SABEM (OU CONHECEM)

Corria o ano de 1962, a densidade demográfica do Planeta aumentava vertiginosamente e na mesma intensidade os problemas existências enfrentados pelos seres humanos. Na cidade de São Paulo, uma das mais atuantes instituições inspiradas pelo Espiritismo, localizada na região central da capital paulista recebia diariamente centenas de criaturas sequiosas de orientação. A mão de obra qualificada para atendê-las consistia num dos desafios aos dirigentes da casa. Voluntários dedicados à tal responsabilidade precisavam deter informações seguras e, por essa razão, dirigiram ao Espírito Emmanuel uma série de perguntas que englobavam a média das necessidades comuns. Este por sua vez, solicitou aos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira, à época uma parceria promissora, servissem de veículo para que o Instrutor Espiritual filtrasse para nossa Dimensão suas opiniões sobre os temas. Assim nasceu o opúsculo LEIS DE AMOR (feesp, 1963). Pela atualidade de seu conteúdo, reproduzimos a seguir algumas das respostas para reflexões:O erro de uma encarnação passada pode incluir na encarnação presente, predispondo o corpo físico às doenças? - A grande maioria das doenças tem a sua causa profunda na estrutura semimaterial do corpo espiritual. Havendo o Espírito agido erradamente, nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades, conforme o órgão atingido. Qual a relação existente entre doenças e a Justiça? - No curso das enfermidades, é imperioso venhamos a examinar a Justiça, funcionando com todo o seu poder regenerativo, para sanar os males que acalentamos. - O que faz o Espírito, antes de reencarnar-se visando à própria melhoria? - Antes da reencarnação, nós mesmos, em plenitude de responsabilidade, analisamos os pontos vulneráveis da própria alma, advogando em nosso próprio favor a concessão dos impedimentos físicos que, em tempo certo, nos imunizem, ante a possibilidade de reincidência nos erros em que estamos incursos. Que pedem, para regenerar-se, os intelectuais que conspurcaram os tesouros da alma? - Artífices do pensamento, que malversamos os patrimônios do espírito, rogam empeços cerebrais, que se façam por algum tempo alavancas coercitivas, contra as nossas tendências ao desequilíbrio intelectual. Que emendas solicitam os oradores e pessoas que influenciaram negativamente pela palavra? - Tarefeiros da palavra, que nos prevalecemos dela para caluniar ou para ferir, solicitamos as deficiências dos aparelhos vocais e auditivos, que nos garantam a segregação providencial. -Que providências retificadoras pedem para si próprios aqueles que abraçaram graves compromissos do sexo? - Criaturas dotadas de harmonia orgânica, que arremessamos os valores do sexo ao terreno das paixões aviltantes, enlouquecendo corações e fomentando tragédias, suplicamos as doenças e as inibições genésicas que em nos humilhando, servem por válvulas de contenção dos nossos impulsos inferiores. Todas as enfermidades conhecidas foram solicitadas pelo Espírito do próprio enfermo, antes de renascer? - Nem sempre o Espírito requisita deliberadamente determinadas enfermidades de vez que, em muitas circunstâncias quais aqueles que se verificam no suicídio ou na delinqüência, caímos, de imediato, na desagregação ou na insanidade das próprias forças, lesando o corpo espiritual, o que nos constrange a renascer no berço físico, exibindo defeitos e moléstias congênitas, em aflitivos quadros expiatórios. Quais são os casos mais comuns de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina? - Encontramos numerosos casos de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina, na maioria das criaturas que trazem as provações da idiotia ou da loucura, da cegueira ou da paralisia irreversíveis, ou ainda, nas crianças-problemas, cujos corpos, irremediavelmente frustrados, durante todo o curso da reencarnação, mostram-se na condição de celas regenerativas, para a internação compulsória daqueles que fizeram jus a semelhantes recursos drásticos da Lei. Justo acrescentar que todos esses companheiros, em transitórias, mas duras dificuldades, renascem na companhia daqueles mesmos amigos e familiares de outro tempo que, um dia, se cumpliciaram com eles na prática das ações reprováveis em que delinqüiram. - A mente invigilante pode instalar doenças no organismo? E o que pode provocar doenças de causas espirituais na vida diária? - A mente é mais poderosa para instalar doenças e desarmonias do que todas as bactérias e vírus conhecidos. Necessário, pois, considerar igualmente, que desequilíbrios e moléstias surgem também da imprudência e do desmazelo, da revolta e da preguiça. Pessoas que se embriagam a ponto de arruinar a saúde; que esquecem a higiene até se tornarem presas de parasitas destruidores; que se encolerizam pelas menores razões, destrambelhando os próprios nervos; os que passam, todas as horas em redes e leitos, poltronas e janelas, sem coragem de vencer a ociosidade e o desânimo pela movimentação do trabalho, prejudicando a função dos órgãos do corpo físico, em razão da própria imobilidade, são criaturas que geram doenças para si mesmas, nas atitudes de hoje mesmo, sem qualquer ligação com causas anteriores de existências passadas.


quinta-feira, 27 de abril de 2017

O PSIQUIATRA E A OBSESSÃO


Jorge Andreia, psiquiatra recentemente desencarnado, inscreveu seu nome na História do Espiritismo no Brasil pela sua contribuição no entendimento da doença mental sob a ótica da reencarnação. Autor de mais de uma dezena de obras, viu nos mais de cem anos em que esteve encarnado, muitas delas se perderem por terem sido entregues a editoras sem vocação para o trabalho de publicação e preservação desses materiais. Muitas delas hoje são encontradas nos chamados “sebos” e, muito poucas nesse prodigioso sistema chamado GOOGLE. Para termos uma ideia da lucidez do pensamento do grande estudioso, reproduzimos a seguir uma de seus textos falando sobre o grave problema da perturbação espiritual. Diz ele: - A obsessão, como processo negativo, possui estruturação bem definida, obedecendo a intermináveis graduações, com específica localização nas raízes do psiquismo. Todos sofremos influência, porém daremos respaldo e sintonia com aqueles com quem nos afinizamos. Se nos encontramos em posição espiritual sadia, consequência de nossas sadias atitudes, teremos gratificações de equilíbrio e do discernimento. Se nossa posição se afasta das posições positivas, onde a ética praticamente prepondera, sofreremos as influências dos campos negativos e, o que é mais importante, na intensidade que nos afastamos do bem, pelas conotações das raízes pretéritas que traduzirão o grau de envolvimento. Consideremos também, as atitudes pessoais do indivíduo, o seu momento evolutivo e a sua escolha no jogo do livre-arbítrio. Desse modo anote-se a importância dos fatores do meio e a elaborações psíquicas de superfície (zona física), que são absorvidas e influenciam a própria organização. De tudo isso, podemos compreender, que o processo obsessivo exige tempo, a fim de que haja fixação das negatividades nas raízes do espírito daquele que no desenvolver das atitudes
pouco recomendáveis, abriu os campos da alma permitindo a sintonia. Sob as influências psíquicas negativas, alguns
apresentam reações leves e de mais fácil remoção, outros tantos carregam por anos as suas inconsequências. Estes últimos somente diante das dores advindas do processo conseguem neutralizar, em tempo específico, as manifestações obsessivas. Os quadros de mais fácil remoção encontram suas raízes nas camadas periféricas do psiquismo; isto é, da faixa do períspirito até a zona do campo material geralmente são respostas reativas mais fracas, portanto, mais fracas foram as reações negativas. Os casos mais críticos, de duradouras reações e de difícil neutralização, permite asseverar que existem implantações negativas em plenas camadas espirituais, aquelas que são envolvidas pelo corpo ou campo mental, portanto, implantações nos alicerces do espírito. Implantações, habitualmente, representam muitos componentes sedimentados por várias reencarnações, isto é, ações maléficas foram desenvolvidas em várias vidas em muitas oportunidades, daí sua sedimentação nos arcanos da alma. Nesta conjuntura, é fácil avaliar que a implantação de um processo obsessivo será variável e proporcional a intensidade da ação. Quanto maior for o desenvolvimento de uma ação negativa de resposta refletida nas reações cármicas de toda ordem, tudo dentro de uma lei que se perde no infinito fenomênico de suas próprias reações. Por isso Kardec foi bem expressivo quando classificou as obsessões em três parâmetros: O primeiro, o mais leve, denominou obsessão simples, o segundo, como grau intermediário, a fascinação, e o mais avançado, subjugação ou possessão. Na obsessão simples, o indivíduo possui total capacidade de raciocínio, percebe as distonias, chega mesmo a classificar certas tendências como não sendo suas. Havendo interesse pessoal, ao lado de orientações e conselhos, o indivíduo reage com certa facilidade. O importante é que o agredido procure orientar-se dentro de uma ética sadia, onde o próprio comportamento possa refletir atos positivos na tela consciente. Nesta contingência a Doutrina Espírita torna-se valiosa por fornecer elementos que possibilitam conhecimento daquele que sofreu o pequeno desvio. Se as atitudes do ser passam a ser coerentes, ele mesmo consegue livrar-se das influências, e o que é mais importante, torna-se psicologicamente falando, mais maduro; é como se fosse vacinado pela distonia temporária. No segundo grau de obsessão, o processo de fascinação, apesar de o indivíduo raciocinar, ler e conhecer certas máximas qualitativas da vida, encontra-se com o bloco dos sentimentos fixados em determinadas ideias. O Ser somente enxerga o que lhe convém – a influência negativa em constante ação. Mesmo que possua alguns conhecimentos espiritistas ou mensagens de alerta, as suas ideias estão convergidas para uma única direção;
esses indivíduos “flutuantes” jamais absorveram e muito menos procuram ter atitudes de vida coerente com a moral espírita, que é séria e sem pieguismos. Ficam flutuando na superficialidade, e somente enxergam as suas sugestões emocionais, que na maioria das vezes, não são próprias e sim absorvidas de sutis influências negativas. Todos os que carregam influências pretéritas e que não procuram corrigi-las, em útil movimentação de trabalho, podem ser colhidos nas malhas menos felizes das influenciações das irradiações espirituais em desalinho. Essas fixações se dariam na maioria das vezes por elogios desmedidos ou pela exaltação de conhecimentos inexistentes. Na absorção desses mananciais depreciativos haverá desencadeamento de autêntico processo de autofagia psicológica, pela sintonia com o elogio despropositado, ou pelas manifestações festivas de inexistentes valores, a fim de satisfazerem o próprio ego perante as efusões de mediocridade. Com isso os canais da alma ficam ligados às forças negativas e o envolvido passa a incorporar, definitivamente, a ideia ou grupo de ideias e a defendê-las, até com certa dose de insistência; essa condição pode dar nascimento às manifestações compulsivas, isto é, necessidade de realizar o impulso emocional em ação. Nesta segunda categoria colocamos, como típicas posições, o ciúme desmedido e o narcisismo. Este último campeia na nossa sociedade nas mais variadas manifestações, tanto no elemento masculino quanto feminino.







terça-feira, 25 de abril de 2017

O ESPIRITISMO É RELIGIÃO?

Abrindo o número de dezembro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz o texto do discurso proferido na Sociedade Espírita de Paris no dia primeiro do mês anterior. Diante da recorrência do tema, reproduzimos a seguir um trecho em que responde a uma duvida acalentada por muitos:O  Espiritismo é uma religião? Argumenta ele: Sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza. Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou. Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral. As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por assembleias religiosas. Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta de uma palavra para cada ideia. Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se deve confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para com todos ou, em outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade. A caridade é a alma do Espiritismo; ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, razão por que se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade. Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, cujo inteiro alcance deve ser bem compreendido; e se os Espíritos não cessam de pregá-la e defini-la, é que, provavelmente, reconhecem que isto ainda é necessário. O campo da caridade é muito vasto; compreende duas grandes divisões que, em falta de termos especiais, podem designar-se pelas expressões Caridade beneficente e caridade benevolente. Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos recursos materiais de que se dispõe; mas a segunda está ao alcance de todos, do mais pobre como do mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nada além da vontade poderia estabelecer limites à benevolência. O que é preciso, então, para praticar a caridade benevolente? Amar ao próximo como a si mesmo. Ora, se se amar ao próximo tanto quanto a si, amar-se-o-á muito; agir-se-á para com outrem como se quereria que os outros agissem para conosco; não se quererá nem se fará mal a ninguém, porque não quereríamos que no-lo fizessem. Amar ao próximo é, pois, abjurar todo sentimento de ódio, de animosidade, de rancor, de inveja, de ciúme, de vingança, numa palavra, todo desejo e todo pensamento de prejudicar; é perdoar aos inimigos e retribuir o mal com o bem; é ser indulgente para as imperfeições de seus semelhantes e não procurar o argueiro no olho do vizinho, quando não se vê a trave no seu; é esconder ou desculpar as faltas alheias, em vez de se comprazer em as pôr em relevo, por espírito de maledicência; é ainda não se fazer valer à custa dos outros; não procurar esmagar ninguém sob o peso de sua superioridade; não desprezar ninguém pelo orgulho. Eis a verdadeira caridade benevolente, a caridade prática, sem a qual a caridade é palavra vã; é a caridade do verdadeiro espírita, como do verdadeiro cristão; aquela sem a qual aquele que diz: Fora da caridade não há salvação, pronuncia sua própria condenação, tanto neste quanto no outro mundo.


segunda-feira, 24 de abril de 2017

MAIS PRESENTE EM NOSSAS VIDAS QUE SUPOMOS

Muitas pessoas duvidam de sua ocorrência. Independente disso sua presença na vida das pessoas é responsável por muitas das ações, decisões, até crimes passionais. Trata-se do fenômeno mediúnico, detectado, definido e explicado pelas pesquisas e observações do francês Denizard Hipollite Leon Rivail, mais conhecido como Allan Kardec. Do trabaljho FENÔMENO MEDIÚNICO – as respostas que o ESPIRITISMO DÁ, disponibilizado no YOUTUBE, destacamos três questões para reflexões. 1-A mediunidade não é uma espécie de imã que atrai os Espíritos? Seria um erro acreditar alguém que precisa ser médium, para atrair a si os seres do Mundo Invisível.  Eles povoam o espaço; temo-los incessantemente em torno de nós, ao nosso lado, vendo-nos, observando-nos, intervindo em nossas reuniões, seguindo-nos, ou evitando-nos, conforme os atraímos ou repelimos.  A faculdade mediúnica em nada influi para isto: ela mais não é do que um meio de comunicação. De acordo com o que dissemos acerca das causas de simpatia ou antipatia dos Espíritos, facilmente se compreenderá que devemos estar cercados daqueles que têm afinidade com o nosso próprio Espírito, conforme é este graduado, ou degradado.  Consideremos agora o estado moral do nosso Planeta e compreenderemos de que gênero devem ser os que predominam entre os Espíritos errantes.  Se tomarmos cada povo em particular, poderemos, pelo caráter dominante dos habitantes, pelas suas preocupações, seus sentimentos mais ou menos morais e humanitários, dizer de que ordem são os Espíritos que de preferência se reúnem no seio dele. (LM,21:232) 2- Essa influência não seria uma ingerência de alguém estranho em nossa liberdade de decidir e agir? A influência do Espírito estranho não é um domínio, mas uma espécie de conselho dado à nossa alma, o qual pode ser mais ou menos prudente, conforme a natureza do Espírito, sendo a alma livre de aceitá-lo ou não, mas que pode melhor apreciar quando não mais se acha sob o império das ideias suscitadas pela vida de relação.  Por isso diz-se que a noite traz o seu conselho. Nem sempre é fácil distinguir a ideia sugerida da ideia própria, porque muitas vezes elas se confundem.  Entretanto há presunção de que venha de uma fonte estranha quando é espontânea e surge em nós como uma inspiração e quando se opõe à nossa própria maneira de ver.  Nosso julgamento e nossa consciência nos dão a conhecer se ela é boa ou má. 3- Como perceber sua manifestação? Muitas vezes os Espíritos agem sobre a nossa mente, a nossa revelia: solicitam-nos a fazer isto ou aquilo; julgamos agir por impulso próprio quando apenas obedecemos a uma sugestão estranha.  Não devemos daí inferir que não tenhamos iniciativa; longe disso: o Espírito encarnado tem sempre o livre-arbítrio;  em definitivo, não faz senão aquilo que quer e, muitas vezes, segue seus próprios impulsos. (IPME, cap 2) Quem julga dizer uma coisa agradável àqueles que o cercam, divertindo uma sociedade com suas brincadeiras ou atitudes, por vezes se engana, o que frequentemente acontece, quando pensa que tudo isso vem de si próprio. Os Espíritos mal intencionados que o rodeiam com ele se identificam e pouco a pouco o enganam a respeito de seus próprios pensamentos, dando-se o mesmo com aqueles que o ouvem.  Disso se segue que aquilo que dizemos nem sempre vem de nós; que muitas vezes não somos, como os médiuns falantes, mais que intérpretes do pensamento de um Espírito estranho, que com o nosso se identificou.  Os fatos vêm apoiar essa teoria, provando, também, que muito frequentemente nossos atos são a consequência desse pensamento que nos é sugerido. O homem que pratica o mal cede, pois, a uma sugestão quando é bastante fraco para não resistir e quando cerra os ouvidos à voz da consciência, que pode ser a sua própria voz, ou a de um Espírito bom que, por seus avisos, combate a influência de um Espírito mau. (RE,10/1858)




sábado, 22 de abril de 2017

PROCESSO CONTÍNUO



Na roda-viva do processo evolutivo da individualidade, o Espírito se defronta inexoravelmente com os efeitos de suas ações nas múltiplas experiências que atravessa nas variadas existências que tem. Especialmente os desvios no exercício do poder, da exploração econômica, na tirania no ambiente doméstico. Quando desencarna, não é incomum, defrontar-se com suas vítimas na entrada no Mundo Espiritual.  Saindo deste para envergar novo corpo físico, sofre pelo sem fio do pensamento, as influências dos que ficaram na retaguarda enquanto aguardam o retorno para nossa Dimensão. A revelação feita através da sexta carta que escreveu aos pais através de Chico Xavier, o Engenheiro Luiz Ricardo Maffei, vitimado por insidioso processo de Lupus aos 25 anos de idade física, nos dá uma ideia da amplitude desta dinâmica. Conta ele, a certo trecho de sua mensagem: -“Conquanto o meu apaixonado apego de pesquisas do passado, um fenômeno se interpôs, há semanas, entre meu hobby e a realidade, impelindo-me a uma pausa em minhas investigações. Serei tão sucinto quanto possível, na exposição do caso. O senhor sabe que, em toda parte, é possível fazer amigos e eu encontrei um deles na pessoa do Joaquim Pereira da Silva, um cavalheiro de alta severidade com a família que deixou no Rio, cujas ideas abertas e francas me faziam meditar. Joaquim se queixava de obsessores no lar, conturbando a esposa e as filhas, chegando a estabelecer um clima de antagonismos sistemáticos entre elas. A companheira viúva e três filhas viviam em querelas por pequeninas razões claramente evitáveis. E Joaquim, desencarnado, lhes agravava as relações alegando que ele, desencarnado, estava muito longe de ser um anjo, e discutia com as entidades infelizes que lhe povoavam a casa. Muitas vezes, lembrando os nossos estudos de hoje, solicitava-lhe calma, ponderação. O companheiro não me atendia e fustigava os obsessores de sua casa, com palavras e até pragas das mais escabrosas, e sem a mínima condição de sequer serem, de leve, mesmo, mencionadas. Contudo, há pouco tempo, um diretor de serviço; notando-lhe as boas qualidades que se misturavam de más, aconselhou-lhe um tratamento com análise de fotografias correspondentes ao seu passado próximo. Joaquim aceitou e submeteu-se a tal tratamento em um determinado aparelho. Tratava-se de um aparelho complexo, que ainda, em determinado tempo, deverá chegar à Terra para o conhecimento dos homens, e à consequente comprovação mecânica da reencarnação. Alguns amigos daqui, da Vida Espiritual, designam tal aparelho com o nome de preterografia. Tal aparelho tem o cunho de prestar observações do pretérito das pessoas pelas imagens correspondentemente colhidas. Durante dois dias Joaquim foi ao gabinete de preterografia, e, no exame final das chapas colhidas, ficou ciente de que fora um chefe desumano do tempo de D. João VI, no Brasil. Exorbitava das funções de mordomo de uma das casas imperiais e mandava açoitar fosse quem fosse, além de privar diversos subalternos de conforto e alimentação conveniente. Estuprava jovens servidores da casa real sem compaixão e para com as que engravidassem, à conta dele, as atirava em lugares ocultos do Rio Paraíba... Quando o amigo viu a extensão de suas faltas, chorou de remorso, e reconheceu que os obsessores que lhe fustigavam a casa eram vingadores contra ele, Espíritos infelizes ainda fixados no mal. Ele, Joaquim, vem fazendo o possível para retificar a própria situação; no entanto, admito que ele gastará tempo para modificar o ânimo dos inimigos que ele próprio criou. Tenho pensado tanto no assunto que voltarei as minhas digressões na História com muito cuidado e com muito espírito de compreensão, que ainda preciso consolidar.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

AS GUERRAS E SUAS REPERCUSSÕES NO MUNDO INVISÍVEL

Quando o Espírito André Luiz transmitiu seu primeiro livro através do médium Chico Xavier, poucos conheciam as obras CARTAS DE UMA MORTA assinada por Maria João de Deus ou A VIDA ALÉM DO VÉU do reverendo inglês Dale Owen. Sabia-se pel’O LIVRO DOS ESPÍRITOS que a morte nos devolveria à chamada Erraticidade de onde saímos um dia para reencarnar nesta Dimensão. Voltavamos a ser Espíritos Errantes. Anos depois o próprio André Luiz elucidaria que “Espíritos errantes não significa Espíritos vagabundos, desocupados, inertes, mas sim sem residência fixa, qual ocorre com todos nós, de vez que, de conformidade com a palavra dos Instrutores de Allan Kardec, somente não são considerados” errantes “aqueles” que chegaram à perfeição”, da qual, todos nós, a generalidade das criaturas terrestres, ainda nos achamos imensamente distantes”. Entretanto, desde a publicação de NOSSO LAR, visão mais ampla da estruturação do Plano Espiritual passou a povoar nosso universo de conhecimentos com a descrição da Colônia Espiritual que empresta nome ao livro. Nela, o resgate da visão das Esferas Espirituais que circundam o Planeta, preenchidas por Planos, Sub-Planos e Sub-Planos dos Sub-Planos para cujo entendimento Chico Xavier, dentro de sua simplicidade e sabedoria sugeriu: - Se cortarmos uma cebola ao meio, a sobreposição e interpenetração de camadas nos dará uma ideia de como é. Poucos sabem ou perceberam que as três primeiras obras da série hoje chamada NOSSO LAR foram escritas durante a Segunda Guerra Mundial e no seu contexto é possível perceber as repercussões dos conflitos armados em curso no outro lado da vida. Embora o fenômeno social estivesse circunscrito fisicamente a países europeus, o Espaço Vibratório que circunda o Planeta experimentava efeitos negativos. Na sequencia, alguns fragmentos que revelam a conexão entre as realidades: NOSSO LAR 1-  Nos primeiros dias de setembro de 1939, "Nosso Lar" sofreu, igualmente, o choque por que passaram diversas colônias espirituais, ligadas à civilização americana. Era a guerra européia, tão destruidora nos círculos da carne, quão perturbadora no plano do espírito. Entidades numerosas comentavam os empreendimentos bélicos em perspectiva, sem disfarçarem o imenso terror de que se possuíam. 2- Infelizes dos povos que se embriaguem com o vinho do mal; ainda que consigam vitórias temporárias, elas servirão somente para lhes agravar a ruína, acentuando-lhes as derrotas fatais. Quando um país toma a iniciativa da guerra, encabeça a desordem da Casa do Pai, e pagará um preço terrível. 3- Nos acontecimentos dessa natureza, os países agressores convertem-se, naturalmente, em núcleos poderosos de centralização das forças do mal. Sem se precatarem dos perigos imensos, esses povos, com exceção dos espíritos nobres e sábios que lhes integram os quadros de serviço, embriagam-se ao contacto dos elementos de perversão, que invocam das camadas sombrias. Coletividades operosas convertem-se em autômatos do crime. Legiões infernais precipitam-se sobre grandes oficinas do progresso comum, transformando-as em campos de perversidade e horror. 4- Muito doloroso o quadro que vimos ; habituados ao serviço da paz na América, nenhum de nós imaginava o que fosse o trabalho de socorro espiritual nos campos da Polônia. Tudo obscuro, tudo difícil. Não se podem, ali, esperar claridades de fé nos agressores, tampouco na maioria das vítimas, que  se entregam totalmente a pavorosas impressões. Os encarnados não nos ajudam, apenas consomem nossas forças. Desde o começo do meu Ministério, nunca vi  tamanhos sofrimentos coletivos. OS MENSAGEIROS  5- Nossos aparelhos assinalam aproximação de grande tempestade magnética, ainda para hoje. Sangrentas batalhas estão sendo travadas na superfície do globo. Os que não se encontram nas linhas de fogo, permanecem nas linhas da palavra e do pensamento. Quem não luta nas ações bélicas, está no combate das ideias, comentando a situação. Reduzido número de homens e mulheres continuam cultivando a espiritualidade superior. É natural, portanto, que se intensifiquem, ao longo da Crosta, espessas nuvens de resíduos mentais dos encarnados invigilantes, multiplicando as tormentas destruidoras. 6- A Humanidade parece preferir a condição de eterna criança. Faz e desfaz os patrimônios da civilização, como se brincasse com bonecas. Nossos irmãos suportam pesados fardos de serviço para que as tormentas magnéticas, invisíveis ao olhar humano, não disseminem vibrações mortíferas, a se traduzirem pela dilatação de penúrias da guerra e por epidemias sem conta. As Colônias Espirituais da Europa, mormente as de nosso nível, estão sofrendo amargamente para atenderem as necessidades gerais. Já começamos a receber grandes massas de desencarnados, em consequência dos bombardeios. 7-  “Nosso Lar”, pela missão que lhe cabe, ainda não pode imaginar todo o esforço que o conflito mundial vem exigindo da nossa colaboração nas esferas mais baixas. Os Postos de Socorro de várias colônias, ligadas a nós, estão superlotados de europeus desencarnados violentamente. Fomos notificados de que as súplicas da Europa dilaceram o coração angélico dos mais altos cooperadores de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aos terríveis bombardeios na Inglaterra, na Holanda, Bélgica e França, sucedem-se outros de não menor extensão. Depois de reiteradas assembleias dos nossos mentores espirituais, resolveu-se providenciar a remoção de, pelo menos, cinquenta por cento dos desencarnados na guerra em curso, para os nossos núcleos americanos. 

terça-feira, 18 de abril de 2017

OS PRIMEIROS CENTO E SESSENTA ANOS

O dia 18 de abril nos faz lembrar o lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, por iniciativa do professor Denizard Hippolitte Leon Rivail. A história do livro começa praticamente três anos antes, em 1854, quando, pela primeira vez, o educador francês ouviu através de seu amigo Fortier, falar do fenômeno das mesas que giravam e dançavam. Sua primeira reação foi meio que de descrença, embora tenha imaginado que, talvez, tal fenômeno estivesse relacionado com o magnetismo mesmeriano, o qual ele observava e estudava desde 1821, portanto desde 33 anos antes. No início do ano seguinte, um outro amigo, o senhor Carlotti, lhe falaria sobre as mesmas ocorrências acrescentando que o referido fenômeno das mesas girantes havia sido enriquecido com a fala, pois através de sinais sonoros, respostas eram dadas a perguntas formuladas no ambiente em que se davam as manifestações. Apesar da curiosidade que aumentara, o professor ainda não se sentiu tentado a observar o fenômeno. Seu primeiro contato com os mesmos só se daria em maio de 1855, após ter encontrado numa sessão de magnetização dirigida pelo amigo Fortier, o Sr. Patier e a senhora Planemason que o convidaram para outra reunião, onde poderia observar os fenômenos. Efetivamente, no dia seguinte testemunhou os movimentos e respostas dadas pelos objetos animados pela desconhecida e inteligente força, além de conhecer o Sr. Bodan, que o convida à reunião semelhante em sua casa. Integrado a mesma, conhece as filhas do seu anfitrião, duas adolescentes, Caroline e Julie, e através delas começa a obter respostas lógicas e substanciais sobre os mais diversos assuntos de fundo filosófico, científico, religioso e moral, cujo conteúdo não poderia ser emanado das personalidades ainda em formação das duas moças. Nos próximos meses, usando o método analítico (observando, refletindo, comparando, estudando, criticando, ampliando e revendo os assuntos abordados), reuniu material suficiente para organizar um livro, que antes de ser encaminhado para a produção, foi minuciosamente revisado com o concurso de médiuns diferentes daqueles através dos quais haviam sido obtidas as primeiras informações. No início de 1857, procura amigos editores para mostrar o trabalho e a adesão para sua publicação e, ante, as dificuldades encontradas, decide com recursos próprios fazer publicar o trabalho. Entrega-o ao Sr. Dantu que, por sua vez, encaminha os originais para uma tipografia a 20 km de Paris, porém, diante da demora para a conclusão dos trabalhos, Denizard, ou Allan Kardec, procura se inteirar das razões. Toma conhecimento que o dono da tipografia havia desencarnado, e os herdeiros haviam como que engavetado o livro.
Kardec procura então a viúva do falecido, apresenta-lhe o livro, seus objetivos e ela confortada em sua dor pelo conteúdo espiritualmente elevado, envia uma recomendação aos filhos para que urgenciassem a impressão daquele trabalho. Assim foi que na manhã de sábado, 18 de abril, Kardec segurava nas mãos os exemplares da primeira versão d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, contendo 501 perguntas e respostas agrupadas em três partes: DOUTRINA ESPÍRITA, LEIS MORAIS E ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES, além de uma introdução e uma conclusão. A formatação como é conhecida hoje surgiria três anos depois, em 1860, ampliada para 1019 perguntas e respostas, divididas em quatro partes: “AS CAUSAS PRIMÁRIAS”, “MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”, “LEIS MORAIS” e “ESPERANÇAS E CONSIDERAÇÕES” mais uma introdução e conclusão. E, embora tenha provocado uma certa repercussão nos primeiros anos após seu lançamento, na França e em alguns países da Europa, a verdade é que “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” e o ESPIRITISMO somente encontrariam campo para sua expansão acelerada no Brasil da segunda metade do século XX. Sobretudo através do trabalho do médium Francisco Cândido Xavier que depois da década de 70, após uma entrevista memorável no programa PINGA FOGO, da extinta TV Tupi, tornou-se referência no campo da mediunidade colocando sempre o Espiritismo como inspirador e responsável por seu trabalho. Sem sombra de dúvida um livro que precisa ser cada vez mais divulgado, lido, estudado e meditado por todos os seres humanos interessados em alcançar a felicidade.

domingo, 16 de abril de 2017

EXPIAÇÃO E PROVA : DIFERENÇAS

Uma das mais instigantes revelações do Espiritismo é a que se refere aos mecanismos da Justiça Divina que afirma  estarmos inexoravelmente presos aos efeitos de nossas ações em qualquer um dos níveis em que se manifestam. O desconhecimento das posições declaradas por Allan Kardec sobre o tema gera muitas confusões entre os que se interessam pelo tema. No número de setembro de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, encontramos alguns argumentos do Codificador que podem nos auxiliar a entender melhor o assunto Expiação e Prova. Diz ele: A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumida, porquanto, aquele que chegou ao ponto culminante a que aspira, não mais necessita de provas. Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá de recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência que apresentou no primeiro; a segunda prova torna-se, assim, uma expiação. Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se bem se conduzir, a pena é, ao mesmo tempo, uma expiação por sua falta e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver melhor, a prova é nula e um novo castigo desencadeará uma nova prova. Considerando-se, agora, o homem na Terra, vemos que ele aí suporta males de toda a sorte, muitas vezes cruéis. Esses males têm uma causa. Ora, a menos que os atribuamos ao capricho do Criador, somos forçados a admitir que a causa esteja em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser o resultado de nossas virtudes; portanto, têm sua fonte nas nossas imperfeições. Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, honras e todos os prazeres materiais, pode-se dizer que sofre a prova do arrastamento; para o que cai na desgraça por sua má conduta ou imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais e pode dizer-se que é punido por onde pecou. Mas que dizer daquele que, desde o nascimento, está em luta com as necessidades e as privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora, que sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem nada ter feito, ostensivamente, para merecer tal sorte? Quer seja uma prova, ou uma expiação, a posição não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de vista do nosso correspondente, porquanto, se o homem não se lembra da falta, também não se lembra de haver escolhido a prova. Tem-se, assim, de buscar alhures a solução da questão. Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta, e provas em relação ao proveito que delas se retira. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Se, pois, formos feridos, é que não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira por que o suportamos é a prova. Mas acontece, muitas vezes, que a falta não se acha nesta vida. Então se acusa a justiça de Deus, nega-se a sua bondade, duvida-se mesmo de sua existência. Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a divindade. Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e bom deve dizer que ele não pode agir senão com sabedoria, mesmo naquilo que não compreendemos e, se sofremos uma pena, é porque o merecemos; é, pois, uma expiação. O Espiritismo, pela grande lei da pluralidade das existências, levanta completamente o véu sobre o que esta questão deixava no escuro. Ele nos ensina que se a falta não foi cometida nesta vida, o foi numa outra e, deste modo, que a justiça de Deus segue o seu curso, punindo-nos por onde havíamos pecado.


sexta-feira, 14 de abril de 2017

O MUNDO INVISÍVEL E AS GUERRAS, SEGUNDO O ESPIRITISMO

-“O Mundo Invisível é composto dos que deixaram seu envoltório corporal ou, por outras palavras, das almas que viveram na Terra. Estas almas ou Espíritos, o que é a mesma coisa, povoam o Espaço, estão em toda parte, ao nosso lado, como nas regiões mais afastadas”. O comentário pode ser lido na edição de dezembro de 1859 da REVISTA ESPÍRITA, publicação mensal financiada pelo próprio Allan Kardec para manter atualizados os seguidores do Espiritismo em várias partes da Europa. Quando do lançamento do livro A GÊNESE, no ultimo capítulo, encontra-se reproduzida uma mensagem assinada por um Espírito identificado como Dr Barry em que, entre outras coisas, diz: -“Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso não deixa de ser rigorosa verdade, é que o Mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de voltar, sendo, pois, natural se interessem pelos movimentos que se operam entre os homens. Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se produz na Terra, abala igualmente o mundo invisível, onde todas as paixões, boas e más, se exacerbam, como entre vós. Indizível efervescência entra a reinar na coletividade dos Espíritos que ainda pertencem ao vosso mundo e que aguardam o momento de a ele volver”. Em meados do século 20, o Orientador Espiritual Emmanuel através do médium Chico Xavier, transmitiu um interessante livro intitulado ROTEIRO (feb, 1951) em que revela: - Mais de vinte bilhões de almas conscientes, desencarnadas, sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicílio terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução. Tal dado até então inédito permite-nos avaliar a discrepante população invisível em relação à visível. No que tange às guerras, um série de questões merecem consideração. E, elas surgem das páginas d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, onde Allan Kardec  obtem os seguintes esclarecimentos: 1 Durante uma batalha, há Espíritos assistindo e amparando cada um dos exércitos? Sim, e que lhes estimulam a coragem.” Os antigos figuravam os deuses tomando o partido deste ou daquele povo. Esses deuses eram simplesmente Espíritos representados por alegorias. 2- Estando, numa guerra, a justiça sempre de um dos lados, como pode haver Espíritos que tomem o partido dos que se batem por uma causa injusta? “Bem sabeis haver Espíritos que só se comprazem na discórdia e na destruição. Para esses, a guerra é a guerra. A justiça da causa pouco os preocupa.” 3- Podem alguns Espíritos influenciar o general na concepção de seus planos de campanha?  “Sem dúvida alguma. Podem influenciá-lo nesse sentido, como com relação a todas as concepções.” 4- Poderiam maus Espíritos suscitar-lhe planos errôneos com o fim de levá-lo à derrota? “Podem; mas, não tem ele o livre-arbítrio? Se não tiver critério bastante para distinguir uma ideia falsa, sofrerá as consequências e melhor faria se obedecesse, em vez de comandar.” 5- Pode, alguma vez, o general ser guiado por uma espécie de dupla vista, por uma visão intuitiva, que lhe mostre de antemão o resultado de seus planos? “Isso se dá amiúde com o homem de gênio. É o que ele chama inspiração e o que faz que obre com uma espécie de certeza. Essa inspiração lhe vem dos Espíritos que o dirigem, os quais se aproveitam das faculdades de que o veem dotado.” 6- No tumulto dos combates, que se passa com os Espíritos dos que sucumbem? Continuam, após a morte, a interessar-se pela batalha? “Alguns continuam a interessar-se, outros se afastam.” Dá-se, nos combates, o que ocorre em todos os casos de morte violenta: no primeiro momento, o Espírito fica surpreendido e como que atordoado. Julga não estar morto. Parece-lhe que ainda toma parte na ação. Só pouco a pouco a realidade lhe surge. 7- Após a morte, os Espíritos, que como vivos se guerreavam, continuam a considerar-se inimigos e se conservam encarniçados uns contra os outros? “Nessas ocasiões, o Espírito nunca está calmo. Pode acontecer que nos primeiros instantes depois da morte ainda odeie o seu inimigo e mesmo o persiga. Quando, porém, se lhe restabelece a serenidade nas ideias, vê que nenhum fundamento há mais para sua animosidade. Contudo, não é impossível que dela guarde vestígios mais ou menos fortes, conforme o seu caráter.” 8-Continua a ouvir o rumor da batalha? “Perfeitamente.” 9- O Espírito que, como espectador, assiste calmamente a um combate observa o ato de separar-se a alma dom corpo? Como é que esse fenômeno se lhe apresenta à observação? “Raras são as mortes verdadeiramente instantâneas. Na maioria dos casos, o Espírito, cujo corpo acaba de ser mortalmente ferido, não tem consciência imediata desse fato. Somente quando ele começa a reconhecer a nova condição em que se acha, é que os assistentes podem distingui- lo, a mover-se ao lado do cadáver. Parece isso tão natural, que nenhum efeito desagradável lhe causa a vista do corpo morto. Tendo a vida toda se concentrado no Espírito, só ele prende a atenção dos outros. É com ele que estes conversam, ou a ele é que fazem determinações.”



quarta-feira, 12 de abril de 2017

AS GUERRAS E O ESPIRITISMO

Um estudo das Civilizações que construíram a Humanidade de hoje, revela que em todas as Eras, a guerra constitui-se num fenômeno social presente entre os diferentes povos, nações e raças. Não houve um século que não fosse marcado pelos movimentos motivados por razões injustificáveis e inacreditáveis se analisadas sob o ponto de vista da razão, da lógica. Até na ânsia de fazer prevalecer a fé de uns em detrimento de outros, conflitos de longa duração escreveram páginas de tristeza e dor. O fato não passou despercebido pelo chamado Codificador do Espiritismo que indagou dos que o assessoravam: o que devemos pensar dos que fazem as  chamadas guerras santas? Responderam: -“São impelidos pelos maus Espíritos e, fazendo a guerra aos seus semelhantes, contrariam à vontade de Deus, que manda ame cada um o seu irmão, como a si mesmo. Todas as religiões, ou, antes, todos os povos adoram um mesmo Deus, qualquer que seja o nome que lhe deem. Por que então há de um fazer guerra a outro, sob o fundamento de ser a religião deste diferente da sua, ou por não ter ainda atingido o grau de progresso da dos povos cultos? Se são desculpáveis os povos de não crerem na palavra daquele que o Espírito de Deus animava e que Deus enviou, sobretudo os que não o viram e não lhe testemunharam os atos, como pretenderdes que creiam nessa palavra de paz, quando lhes ides levá-la de espada em punho? Eles têm que ser esclarecidos e devemos esforçar-nos por fazê-los conhecer a doutrina do Salvador, mediante a persuasão e com brandura, nunca a ferro e fogo. Em vossa maioria, não acreditais nas comunicações que temos com certos mortais; como quereríeis que estranhos acreditassem na vossa palavra, quando desmentis com os atos a doutrina que pregais?”. Naturalmente aflora a dúvida sobre o que é o que impele o homem à guerra?  Segundo os pensadores que orientaram a formulação da Doutrina Espírita, é a “predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem — o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é um estado normal. À medida que o homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com humanidade, quando a sente necessária”. Afirmando que a Providência Divina tornou necessária a guerra objetivando a liberdade e o progresso, embora frequentemente tenha resultado historicamente na escravização, o resultado objetivava fazer os envolvidos progredir mais depressa, os Mentores do Espiritismo revelaram que a guerra desaparecerá da face da Terra quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Época em que todos os povos serão irmãos”. Questionados sobre o que se deve pensar daquele que suscita a guerra para proveito seu , disseram que “grande culpado é esse e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição”.

terça-feira, 11 de abril de 2017

A VERDADE E O ESPIRITISMO SEGUNDO PASCAL

Pascal ou Blaise Pascal foi o nome que identificou o Espírito que renasceu, viveu e morreu na França entre 1623 e 1662. Gênio precoce escreveu seu nome nos campos da Geometria, Física, Filosofia e literatura. Um dos signatários da obra fundamental do Espiritismo – O LIVRO DOS ESPÍRITOS - teve seis de suas mensagens incluídas nas páginas da REVISTA ESPÍRITA e uma n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Da publicação mensal de Allan Kardec, na edição de maio de 1865, o editor incluiu três de seus escritos recebidos no mês de novembro de 1863, na cidade de Lyon, por um médium tratado como Sr. X, refletindo sobre IDÉIAS PRECONCEBIDAS,  DEUS NÃO SE VINGA e A VERDADE. Do ultimo texto, destacamos doze pontos pra nossos exercícios de reflexão.  1- A verdade, meu amigo, é uma dessas abstrações para as quais tende o Espírito humano incessantemente, sem jamais poder atingi-la. É preciso que ele tenda para ela, é uma das condições do progresso, mas, pela simples razão da imperfeição de sua natureza, ele não poderia alcançá-la.  2- Seguindo a direção que segue a verdade em sua marcha ascendente, o Espírito humano está na via providencial, mas não lhe é dado ver o seu termo.  3- A verdade é, como o tempo, dividida em duas partes, pelo momento inapreciável que se chama o presente, a saber: o passado e o futuro. Assim, há duas verdades: a verdade relativa e a verdade absoluta; a verdade relativa é o que é; a verdade absoluta é o que deveria ser. Ora, como o que deveria ser sobe por graus até a perfeição absoluta, que é Deus, segue-se que, para os seres criados e seguindo a rota ascensional do progresso, não há senão verdades relativas.  4- Mas, do fato de uma verdade relativa não ser imutável, não se segue que seja menos sagrada para o ser criado.  5- Vossas leis, vossos costumes, vossas instituições são essencialmente perfectíveis e, por isto mesmo, imperfeitas; mas suas imperfeições não vos liberam do respeito que lhes deveis. Não é permitido adiantar-se ao tempo e fazer leis fora das leis sociais.  6- A Humanidade é um ser coletivo que deve marchar, se não em seu conjunto, ao menos por grupos, para o progresso do futuro.  7- Porque o Espiritismo foi revelado entre vós, não creiais num cataclismo das instituições sociais; até agora ele tem realizado uma obra subterrânea e inconsciente para aqueles que foram os seus instrumentos. 8- Desconfiai dos Espíritos impacientes, que vos impelem para as sendas perigosas do desconhecido. A eternidade que vos é prometida deve levar-vos a ter piedade das ambições tão efêmeras da vida. Sede reservados até em suspeitar, muitas vezes, da voz dos Espíritos que se manifestam.  9- Lembrais-vos disto: O Espírito humano move-se e se agita sob a influência de três causas, que são: a reflexão, a inspiração e a revelação.  10- A reflexão é a riqueza de vossas lembranças, que agitais voluntariamente. Nela, o homem encontra o que lhe é rigorosamente útil, para satisfazer às necessidades de uma posição estacionária.  11- A inspiração é a influência dos Espíritos extraterrestres, que se misturam mais ou menos às vossas próprias reflexões para vos compelir ao progresso; é a intromissão do melhor na insuficiência da passagem, uma força nova que se junta a uma força adquirida, para vos levar mais longe que o presente, a prova irrecusável de uma causa oculta que vos impulsiona para frente, e sem a qual permaneceríeis estacionários. Porque é regra física e moral que o efeito não poderia ser maior que sua causa, e quando isto acontece, como no progresso social, é que uma causa ignorada, não percebida, juntou-se à causa primeira de vosso impulso.  12- A revelação é a mais elevada das forças que agitam o Espírito do homem, porque vem de Deus e só se manifesta por sua vontade expressa; ela é rara, por vezes mesmo inapreciável, algumas vezes evidente para o que a experimenta a ponto de sentir-se involuntariamente tomado de santo respeito. Repito, ela é rara e dada ordinariamente como recompensa à fé sincera, ao coração devotado; mas não tomeis como revelação tudo quanto vos pode ser dado como tal. O homem se vangloria da amizade dos grandes, os Espíritos exibem uma permissão especial de Deus, que muitas vezes lhes falta. Algumas vezes fazem promessas que Deus não ratifica, porque só ele sabe o que é e o que não é preciso. 

domingo, 9 de abril de 2017

PENSANDO EM MORRER? VEJA ESTE CASO

O estudo aprofundado do Espiritismo leva progressivamente a conclusão sobre a não existência de padrões que generalizam a aplicação das Leis que orientam o processo evolutivo das criaturas. O caso da desencarnação é um deles. Não existe um caso igual ao outro a partir da extinção das funções vitais do corpo físico utilizado pelo Espírito em sua passagem pela nossa Dimensão. Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA de julho de 1866 escreveu que ‘O LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação’. Na edição definitiva desse verdadeiro tratado, obteve dos Espíritos que o auxiliavam na construção da base da Doutrina Espírita que “o Espírito se encontra imediatamente com os que conheceu na Terra e que morreram antes dele, conforme à afeição que lhes votava e a que eles lhe consagravam. Muitas vezes aqueles seus conhecidos o vêm receber à entrada do mundo dos Espíritos e o ajudam a desligar-se das faixas da matéria. Encontra-se também com muitos dos que conheceu e perdeu de vista durante a sua vida terrena. Vê os que estão na Erraticidade, como vê os encarnados e os vai visitar”. E a evolução do pensamento humano foi ampliando essa visão. Na obra OBREIROS DA VIDA ETERNA, do Espírito André Luiz, pelo médium Chico Xavier, por exemplo, o autor obtém a informação de que “nem todas as desencarnações de pessoas dignas contam com o amparo de grupos socorristas, embora todos os fenômenos do decesso contem com o amparo da caridade afeta às organizações de assistência indiscriminado. Salienta, no entanto,  que a missão especialista não pode ser concedida a quem não se distinguiu no esforço perseverante do bem. A titulo de exemplo, se serve do caso de respeitável senhora, jovem ainda, que pelas disposições sadias que demonstrou no campo da benemerência social, foi ligada a dedicada corrente de serviço. Verificando-se, contudo, pequenas rusgas entre ela e o esposo, e tendo conhecimento da imortalidade da vida, além do sepulcro, desejou a pobre criatura ardentemente morrer. Tolas leviandades do marido bastaram para que maldissesse o mundo e a Humanidade. Não soube quebrar a concha do personalismo inferior e colocar-se a caminho da vida maior. Pela cólera, pela intemperança mental, criou a ideia fixa de libertar-se do corpo de qualquer maneira, embora sem utilizar o suicídio direto. Conhecia os Amigos Espirituais a que se havia unido, mas, longe de assimilar-lhes ajuizadamente os conselhos, repelia-lhes as advertências fraternas para aceitar tão somente as palavras de consolação que lhe eram agradáveis, dentre as admoestações salutares que lhe endereçavam. E tanto pediu a morte, insistindo por ela, entre a mágoa e a irritação persistentes, que veio a desencarnar em manifestação de icterícia complicada com simples surto gripal. Tratava-se de verdadeiro suicídio inconsciente, mas a senhora, no fundo, era extraordinariamente caridosa e ingênua. Não se recebeu qualquer autorização para conceder-lhe descanso e muito menos auxílio especial. Os Benfeitores de nossa Esfera, apesar de eficiente intercessão em beneficio da infeliz, somente puderam afastá-la das vísceras cadavéricas, há dois dias, em condições impressionantes e tristes. Não havendo qualquer determinação de assistência particularizada, por parte das Autoridades Superiores, e porque não seria aconselhável entregá-la ao sabor da própria sorte, em face das virtudes potenciais de que era portadora, o diretor da comissão de serviço, a que se filiara a imprevidente amiga, recolheu-a, por espírito de compaixão, em plena luta, e ela se foi, de roldão, a trabalhar por aí, ativamente, em condições muito mais sérias e complicadas”. Conclui sua ilustração dizendo que “não frutifica a paz legítima sem a semeadura necessária. Alguém, para gozar o descanso, precisa, antes de tudo, merecê-lo. As almas inquietas entregam-se facilmente ao desespero, gerando causas de sofrimento cruel”.


sexta-feira, 7 de abril de 2017

A ORIGEM DAS DOENÇAS SEGUNDO O ESPIRITISMO

-Cada qual de nós renasce na Terra a exprimir na matéria densa o patrimônio de bens ou males que incorporamos aos tecidos sutis da alma. A patogenia, na essência, envolve estudos que remontam ao corpo espiritual, para que não seja um quadro de conclusões falhas ou de todo irreais. Voltando à Terra, atraímos os acontecimentos agradáveis ou desagradáveis, segundo os títulos de trabalho que já conquistamos ou conforme as nossas necessidades de redenção. A carne, de certo modo, em muitas circunstâncias não é apenas um vaso divino para o crescimento de nossas potencialidades, mas também uma espécie de carvão milagroso, absorvendo-nos os tóxicos e resíduos de sombra que trazemos no corpo substancial. O comentário é do Instrutor Clarêncio no livro ENTRE A TERRA E O CÉU, assinado pelo Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier.  Estruturado em Espírito/ Perispírito/ Corpo Físico, o Ser humano está sujeito a manifestar as chamadas doenças a partir de quaisquer uma de suas partes constitutivas. O argumento das chamadas predisposições mórbidas utilizado para explicar ou justificar certas enfermidades tem diante disso validade. Como entendermos as mesmas a partir do corpo espiritual? O próprio André Luiz nos oferece argumentos. Diz ele: -A etiologia das moléstias perduráveis, que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam  no corpo espiritual as suas causas profundas. A recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de “zona de remorso”, em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria. Estabelecida a ideia fixa sobre esse “nódulo de forças desequilibradas”, é indispensável que acontecimentos reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo ou exatamente redimidos perante a Lei. Essas enquistações de energias profundas, no imo de nossa alma, expressando as chamadas dívidas cármicas, por se filiarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da Lei Divina em qualquer idade da nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros. É assim que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio vindicativo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em processos de obsessão. Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os resíduos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamento à higiene moral.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

IMPERFEIÇÕES DO ESPÍRITO E NÃO DO CORPO FÍSICO

A pergunta surgiu em meio a questionamentos de frequentadores de um Centro Espírita: porque tanta agressividade no comportamento dos jovens de hoje? É verdade que o papel dos pais na formação da personalidade dos filhos na atualidade deixa muito a desejar. Mas seria a causa fundamental? O comportamento humano não resulta apenas da influência do meio em que se renasce e vive. Já ao tempo do surgimento do Espiritismo situações intrigantes foram analisadas pelo educador oculto no pseudônimo Allan Kardec. No número de julho de 1963 da REVISTA ESPÍRITA, ele se ocupa do caso de um jovem de 23 anos que, como ele próprio reconhecia, tinha ‘um grande número de defeitos, dos quais o mais saliente era uma irresistível predisposição para a cólera, desde a infância. Pela menor contrariedade, pelas causas mais fúteis, quando entrava em casa e não encontrava imediatamente o que queria; se uma coisa não estivesse no seu lugar habitual; se o que tivesse pedido não estivesse pronto em um minuto, enfurecia-se e tudo quebrava. Era a tal ponto que um dia, num paroxismo de cólera, explodindo contra a mãe, disse-lhe: “Vai-te embora, ou eu te mato!” Depois, esgotado pela superexcitação, caía sem consciência. Acrescente-se que nem os conselhos dos pais, nem as exortações da religião tinham podido vencer esse caráter indomável, compensado, aliás, por uma grande inteligência, uma instrução cuidadosa e os mais nobres sentimentos. Discorrendo sobre o tema, Kardec afirma que ‘o que não pode a Ciência, o Espiritismo o faz, não pela ação do tempo e em consequência de um esforço contínuo, mas instantaneamente. Bastaram alguns dias para fazer desse jovem um ser meigo e paciente. A certeza adquirida da vida futura, o conhecimento do objetivo da vida terrestre, o sentimento da dignidade do homem, revelada pelo livre-arbítrio, que o coloca acima do animal, a responsabilidade daí decorrente, o pensamento de que a maior parte dos males terrenos são a consequência de nossos atos, todas essas ideias, hauridas num estudo sério do Espiritismo, produziram em seu cérebro uma súbita revolução; pareceu-lhe que um véu foi retirado de seus olhos; a vida se lhe apresentou sob outra face.  (...) Seu Espírito era responsável por sua violência, ou se apenas sofria a influência da matéria. Eis a nossa resposta: Vosso Espírito é de tal modo responsável que, quando o quisestes seriamente, controlastes o movimento sanguíneo. Assim, se o tivésseis querido antes, os acessos teriam cessado mais cedo e não teríeis ameaçado vossa mãe. Além disso, quem é que se encoleriza? O corpo ou o Espírito? Se os acessos viessem sem motivo, poder-se-ia crer que eram provocados pelo afluxo sanguíneo; mas, fútil ou não, tinham por causa uma contrariedade. Ora, evidentemente não era o corpo que estava contrariado, mas o Espírito, muito susceptível. Contrariado, o Espírito reagia sobre um sistema orgânico irritável, que não teria sido provocado se tivesse ficado em repouso. (...) Façamos uma comparação. Tendes um cavalo fogoso; se souberdes governá-lo, ele se submete; se o maltratardes, ele se enfurece e vos derruba. De quem a falta: vossa ou do cavalo? Para mim, é evidente que vosso Espírito é naturalmente irascível; mas como cada um traz consigo o seu pecado original, isto é, um resto das antigas inclinações, não é menos evidente que, em vossa precedente existência, tivésseis sido um homem de extrema violência, e que provavelmente tereis pago muito caro, talvez com a própria vida. (...) Todas as filosofias se chocaram contra esses mistérios da vida humana, que pareciam insondáveis até que o Espiritismo lhes trouxe o seu facho. Em presença de tais fatos, ainda se pode perguntar para que serve ele? Estamos no direito de bem augurar o futuro moral da Humanidade quando ele for compreendido e praticado por todo o mundo.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

SAUDANDO O 2 DE ABRIL

O dia 2 de abril recorda o renascimento de Chico Xavier, o incomparável servidor que legou-nos não só exemplos eloquentes como Ser humano e médium, mas também importante número de livros que nos ajudam a entender a Vida Espiritual.  Vale a pena lembrarmos como se iniciou, anos depois, sua relação com o Orientador Espiritual Emmanuel sem quem  provavelmente não teria havido tão substancial contribuição para a evolução das ideias espíritas. Recordando aquele dia, Chico contava: -“Orava sob uma árvore junto ao Açude, pitoresco local na saída de Pedro Leopoldo, para o norte quando, vi, à pequena distância uma grande cruz luminosa. Pouco a pouco, dentre os raios que formava, surgiu alguém. Era um espírito simpático, envergando túnica semelhante à dos sacerdotes, que me dirigiu a palavra com carinho”. Não se sabe o que teriam conversado naquele crepúsculo, mas conta o Médium que foi esse o seu primeiro encontro com Emmanuel, na vida presente. E acentua que em certo ponto do entendimento o orientador espiritual perguntou-lhe: “– Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com o Evangelho de Jesus? – Sim, se os bons Espíritos não me abandonarem... – respondeu o Médium. – Não será você desamparado, - disse-lhe Emmanuel – mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem. – E o senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso? – tornou o Chico. – Perfeitamente, desde que você procure respeitar três pontos básicos para o serviço... Porque o protetor se calasse, o rapaz perguntou: – Qual é o primeiro? A resposta veio firme: – Disciplina. – E o segundo? – Disciplina. – E o terceiro? – Disciplina”. O Benfeitor Emmanuel realmente falava sério, pois não só no que tange à mediunidade de Chico, mas às suas reações ante as situações da vida, passaram a ser objeto de severo controle. Ainda em 1931, um fato demonstra bem isso. Lembrando a situação, Chico narra: “..Certa noite a nossa reunião havia terminado mais ou menos de manhã – uma hora da madrugada, quando voltei para a nossa residência. Ao abrir a porta, encontrei, então, uma situação muito desagradável. É que a nossa casa contava com dois gatos muito queridos e eles haviam naturalmente, naquela noite, sofrido uma, vamos dizer, indigestão e tinham deixado nossa sala num estado muito difícil, porque estava muito suja. Os gatos haviam defecado num espaço relativamente grande da sala. Então, sentindo as emanações daquelas matérias que estavam espalhadas pelo chão, me lembrei da moça que trabalhava conosco em nossa casa, na cozinha, e pensei comigo mesmo: “Vou chamar essa nossa companheira de serviço e pedir-lhe que faça uma limpeza de manhã, uma limpeza correta, porque a sala está numa situação muito desagradável.” Então, no mesmo instante, vi nosso Emmanuel como que materializado ao meu lado dizendo: –Mas você, que vem de uma reunião espírita cristã, que tratou do Espiritismo em nome de Jesus Cristo, em nome de Allan Kardec, está fugindo da sua obrigação, exigindo que uma pobre menina que já está fatigada por haver trabalhado com panelas, nos tanques, para que não te faltasse comida, para que não faltasse à família roupa lavada, você vai exigir que ela venha limpar esta sala quando é sua obrigação limpar este chão e restituí-la tão limpa à família como você ensina no Centro Espírita? Você vai pegar um pano, vai trazer água, sabão e vamos lavar. Fui buscar água, sabão, pano e fomos lavando. Ele perto de mim. Quando achava que já estava terminada a tarefa, ele dizia: “Não, a sala tem odores desagradáveis, tem que lavar direitinho, de maneira que ninguém nem saiba que os gatos a sujaram”. Então, tive que deixar a sala bem limpa, porque ele disse: – “No Espiritismo a pessoa tem que começar estudando nos grandes livros e começar também lavando as privadas, trabalhando, fazendo sopa, ajudando os que estão com fome, lavando as feridas de nossos irmãos e distribuindo aquilo que for possível, porque se nós não tivermos coragem de ajudar na limpeza de um banheiro, de uma privada, nós também estaremos estudando os grandes livros da nossa Doutrina, em vão”.

sábado, 1 de abril de 2017

SIM, JÁ EXISTEM RESPOSTAS

As explicações sobre o processo reencarnatório oferecidas pelo Espiritismo ainda não encontram parâmetro para serem superadas. Na série AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ        que pode ser assistida no YOUTUBE, muitas podem ser encontradas. Diante da pertinente dúvida levantada por um companheiro sobre se ocorreria alguma reencarnação não programada quando, por exemplo, um casal realizasse a relação sexual, num ambiente promíscuo, destacamos alguns esclarecimentos importantes do conteúdo citado. Vejamos:1- Todas as reencarnações são acompanhadas pelos Plano Espiritual em seu início? Em milhares de renascimentos, na Terra, os princípios embriogênicos funcionam, automáticos, cada dia. A Lei de Causa e Efeito executa-se sem necessidade de fiscalização da nossa parte. Na reencarnação, basta o magnetismo dos pais, aliado ao forte desejo daquele que regressa ao campo das formas físicas (...). Milhões de destinos se reestruturam dessa forma, qual se refaz uma grande floresta. A sementeira cresce, estimulada pelo magnetismo do solo; a existência corpórea germina de novo, incentivada pelo magnetismo da carne (...) Naquelas com interesse somente para o próprio Espírito e seus familiares, não são.(ETC,29) 2-   Em que casos essa assistência  se dá? Nas destinadas a influenciar a comunidade, quando o interessado detenha méritos indiscutíveis, com responsabilidades justas nos caminhos alheios, forças de ordem superior são fatalmente mobilizadas para a interferência nos cromossomos, garantindo-se o embrião do veículo físico adequado à missão que lhe cabe. Nos reencarnantes de larga intelectualidade, merece cautelosa atenção  na estrutura cerebral, para que não falte a ele um instrumento à altura de seus deveres na materialização do pensamento. Num médico, destinado a ser um grande cirurgião, por exemplo, recebe assistência aprimorada na formação do sistema nervoso, assegurando-lhe pleno domínio das emoções. (ETC, 28) 3- Então todas as reencarnações estão programadas? Em matéria de filhos, no Plano Físico, a lei das afinidades quase pode ser considerada por fator determinante da chamada hereditariedade psicológica.(...) A vida dos companheiros encarnados se conjuga com a vida dos companheiros desencarnados que lhes são afins. O alcoolismo, por exemplo, é um hábito que muito raramente se observa numa pessoa que se embriaga a sós. Geralmente, a criatura se alcooliza em companhia de irmãos desencarnados que, embora desenfaixados da experiência física, ainda não se desvencilharam dessa prática. Quando isso ocorre, é justo considerar que por muito se esforcem os Instrutores Espirituais, encarregados de cooperarem na execução de certo Plano de reencarnações para determinado grupo familiar, nem sempre conseguem evitar a intromissão de um ou mais de um dos alcoolatras desencarnados, porquanto se ajustam eles de tal modo às forças genésicas de um dos parceiros do compromisso sexual que acabam na condição de filhos deles, revelando, mais tarde, as mesmas tendência  compulsivas (FD, 58) 4 - O ambiente onde ocorre a concepção influi no início do processo? As vibrações contraditórias e subversivas das paixões desvairadas da alma em desequilíbrio, comprometem os melhores esforços e, muitas vezes, nessas paisagens de irresponsabilidade e viciação, para ajudar, em obediência  ao nosso trabalho, deve-se, antes de tudo, lutar contra entidades monstruosas, dominadoras dos círculos de vida dos homens e das mulheres que, imprevidentemente, escolhem o perigoso caminho da perturbação emocional, onde tais entidades ignorantes e desequilibradas transitam. (ML,14) 5 - Isso tem a ver com as gestações frustradas? O aborto muito raramente se verifica obedecendo a causas de nossa Esfera de ação. Em regra geral, origina-se do recuo inesperado de pais terrestres, diante das sagradas obrigações assumida ou aos excessos de leviandade e inconsciência criminosa de mães, menos preparadas na responsabilidade e na compreensão para este ministério. Mesmo aí, tudo fazemos, por nossa vez, para opor-lhes resistência aos projetos de fuga ao dever.(...). Se os interessados, retrocedendo nas decisões espirituais, perseveram sistematicamente contra nós, somos compelidos a deixá-los entregues à própria sorte. Daí, a razão de existirem muitos casais humanos, absolutamente sem a coroa de filhos, visto que anularam as próprias faculdades geradoras. Quando não procedem de semelhante modo no presente, sequiosos de satisfação egoística, agiriam assim, no passado, determinando sérias anomalias na organização psíquica que lhes é peculiar. Neste último caso, experimentam dolorosos períodos de solidão e sede afetiva, até que refaçam, dignamente, o patrimônio de veneração que todos nós devemos às leis de Deus. (ML,14)