Jorge Andreia, psiquiatra recentemente desencarnado, inscreveu seu nome na História do Espiritismo no Brasil pela sua contribuição no
entendimento da doença mental sob a ótica da reencarnação. Autor de mais de uma
dezena de obras, viu nos mais de cem anos em que esteve encarnado, muitas delas
se perderem por terem sido entregues a editoras sem vocação para o trabalho de
publicação e preservação desses materiais. Muitas delas hoje são encontradas
nos chamados “sebos” e, muito poucas nesse prodigioso sistema chamado GOOGLE.
Para termos uma ideia da lucidez do pensamento do grande estudioso,
reproduzimos a seguir uma de seus textos falando sobre o grave problema da
perturbação espiritual. Diz ele: - A obsessão, como processo negativo, possui
estruturação bem definida, obedecendo a intermináveis graduações, com
específica localização nas raízes do psiquismo. Todos sofremos influência, porém
daremos respaldo e sintonia com aqueles com quem nos afinizamos. Se nos
encontramos em posição espiritual sadia, consequência de nossas sadias atitudes,
teremos gratificações de equilíbrio e do discernimento. Se nossa posição se
afasta das posições positivas, onde a ética praticamente prepondera, sofreremos
as influências dos campos negativos e, o que é mais importante, na intensidade
que nos afastamos do bem, pelas conotações das raízes pretéritas que traduzirão
o grau de envolvimento. Consideremos também, as atitudes pessoais do indivíduo,
o seu momento evolutivo e a sua escolha no jogo do livre-arbítrio. Desse modo
anote-se a importância dos fatores do meio e a elaborações psíquicas de superfície
(zona física), que são absorvidas e influenciam a própria organização. De tudo
isso, podemos compreender, que o processo obsessivo exige tempo, a fim de que
haja fixação das negatividades nas raízes do espírito daquele que no
desenvolver das atitudes
pouco recomendáveis,
abriu os campos da alma permitindo a sintonia. Sob as influências psíquicas
negativas, alguns
apresentam reações
leves e de mais fácil remoção, outros tantos carregam por anos as suas inconsequências.
Estes últimos somente diante das dores advindas do processo conseguem neutralizar,
em tempo específico, as manifestações obsessivas. Os quadros de mais fácil remoção
encontram suas raízes nas camadas periféricas do psiquismo; isto é, da faixa do
períspirito até a zona do campo material geralmente são respostas reativas mais
fracas, portanto, mais fracas foram as reações negativas. Os casos mais
críticos, de duradouras reações e de difícil neutralização, permite asseverar
que existem implantações negativas em plenas camadas espirituais, aquelas que
são envolvidas pelo corpo ou campo mental, portanto, implantações nos alicerces
do espírito. Implantações, habitualmente, representam muitos componentes
sedimentados por várias reencarnações, isto é, ações maléficas foram
desenvolvidas em várias vidas em muitas oportunidades, daí sua sedimentação nos
arcanos da alma. Nesta conjuntura, é fácil avaliar que a implantação de um processo
obsessivo será variável e proporcional a intensidade da ação. Quanto maior for
o desenvolvimento de uma ação negativa de resposta refletida nas reações cármicas
de toda ordem, tudo dentro de uma lei que se perde no infinito fenomênico de
suas próprias reações. Por isso Kardec foi bem expressivo quando classificou as
obsessões em três parâmetros: O primeiro, o mais leve, denominou obsessão
simples, o segundo, como grau intermediário, a fascinação, e o mais avançado,
subjugação ou possessão. Na obsessão simples, o indivíduo possui total
capacidade de raciocínio, percebe as distonias, chega mesmo a classificar
certas tendências como não sendo suas. Havendo interesse pessoal, ao lado de
orientações e conselhos, o indivíduo reage com certa facilidade. O importante é
que o agredido procure orientar-se dentro de uma ética sadia, onde o próprio
comportamento possa refletir atos positivos na tela consciente. Nesta
contingência a Doutrina Espírita torna-se valiosa por fornecer elementos que
possibilitam conhecimento daquele que sofreu o pequeno desvio. Se as atitudes
do ser passam a ser coerentes, ele mesmo consegue livrar-se das influências, e
o que é mais importante, torna-se psicologicamente falando, mais maduro; é como
se fosse vacinado pela distonia temporária. No segundo grau de obsessão, o
processo de fascinação, apesar de o indivíduo raciocinar, ler e conhecer certas
máximas qualitativas da vida, encontra-se com o bloco dos sentimentos fixados
em determinadas ideias. O Ser somente enxerga o que lhe convém – a influência
negativa em constante ação. Mesmo que possua alguns conhecimentos espiritistas
ou mensagens de alerta, as suas ideias estão convergidas para uma única
direção;
esses indivíduos
“flutuantes” jamais absorveram e muito menos procuram ter atitudes de vida coerente
com a moral espírita, que é séria e sem pieguismos. Ficam flutuando na
superficialidade, e somente enxergam as suas sugestões emocionais, que na
maioria das vezes, não são próprias e sim absorvidas de sutis influências negativas.
Todos os que carregam influências pretéritas e que não procuram corrigi-las, em
útil movimentação de trabalho, podem ser colhidos nas malhas menos felizes das
influenciações das irradiações espirituais em desalinho. Essas fixações se
dariam na maioria das vezes por elogios desmedidos ou pela exaltação de conhecimentos
inexistentes. Na absorção desses mananciais depreciativos haverá
desencadeamento de autêntico processo de autofagia psicológica, pela sintonia
com o elogio despropositado, ou pelas manifestações festivas de inexistentes
valores, a fim de satisfazerem o próprio ego perante as efusões de
mediocridade. Com isso os canais da alma ficam ligados às forças negativas e o envolvido
passa a incorporar, definitivamente, a ideia ou grupo de ideias e a
defendê-las, até com certa dose de insistência; essa condição pode dar
nascimento às manifestações compulsivas, isto é, necessidade de realizar o
impulso emocional em ação. Nesta segunda categoria colocamos, como típicas posições,
o ciúme desmedido e o narcisismo. Este último campeia na nossa sociedade nas
mais variadas manifestações, tanto no elemento masculino quanto feminino.
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