Na roda-viva do
processo evolutivo da individualidade, o Espírito se defronta inexoravelmente
com os efeitos de suas ações nas múltiplas experiências que atravessa nas
variadas existências que tem. Especialmente os desvios no exercício do poder,
da exploração econômica, na tirania no ambiente doméstico. Quando desencarna,
não é incomum, defrontar-se com suas vítimas na entrada no Mundo
Espiritual. Saindo deste para envergar
novo corpo físico, sofre pelo sem fio do pensamento, as influências dos que
ficaram na retaguarda enquanto aguardam o retorno para nossa Dimensão. A
revelação feita através da sexta carta que escreveu aos pais através de Chico
Xavier, o Engenheiro Luiz Ricardo Maffei, vitimado por
insidioso processo de Lupus aos 25 anos de idade física, nos dá uma ideia da
amplitude desta dinâmica. Conta ele, a certo trecho de sua mensagem: -“Conquanto
o meu apaixonado apego de pesquisas do passado, um fenômeno se interpôs, há
semanas, entre meu hobby e a realidade, impelindo-me a uma pausa em minhas
investigações. Serei tão sucinto quanto possível, na exposição do caso. O
senhor sabe que, em toda parte, é possível fazer amigos e eu encontrei um deles
na pessoa do Joaquim Pereira da Silva, um cavalheiro de alta severidade com a
família que deixou no Rio, cujas ideas abertas e francas me faziam meditar.
Joaquim se queixava de obsessores no lar, conturbando a esposa e as filhas,
chegando a estabelecer um clima de antagonismos sistemáticos entre elas. A
companheira viúva e três filhas viviam em querelas por pequeninas razões
claramente evitáveis. E Joaquim, desencarnado, lhes agravava as relações
alegando que ele, desencarnado, estava muito longe de ser um anjo, e discutia
com as entidades infelizes que lhe povoavam a casa. Muitas vezes, lembrando os
nossos estudos de hoje, solicitava-lhe calma, ponderação. O companheiro não me
atendia e fustigava os obsessores de sua casa, com palavras e até pragas das
mais escabrosas, e sem a mínima condição de sequer serem, de leve, mesmo,
mencionadas. Contudo, há pouco tempo, um diretor de serviço; notando-lhe as
boas qualidades que se misturavam de más, aconselhou-lhe um tratamento com
análise de fotografias correspondentes ao seu passado próximo. Joaquim aceitou
e submeteu-se a tal tratamento em um determinado aparelho. Tratava-se de um
aparelho complexo, que ainda, em determinado tempo, deverá chegar à Terra para
o conhecimento dos homens, e à consequente comprovação mecânica da
reencarnação. Alguns amigos daqui, da Vida Espiritual, designam tal aparelho
com o nome de preterografia. Tal aparelho tem o cunho de prestar observações do
pretérito das pessoas pelas imagens correspondentemente colhidas. Durante dois
dias Joaquim foi ao gabinete de preterografia, e, no exame final das chapas
colhidas, ficou ciente de que fora um chefe desumano do tempo de D. João VI, no
Brasil. Exorbitava das funções de mordomo de uma das casas imperiais e mandava
açoitar fosse quem fosse, além de privar diversos subalternos de conforto e
alimentação conveniente. Estuprava jovens servidores da casa real sem compaixão
e para com as que engravidassem, à conta dele, as atirava em lugares ocultos do
Rio Paraíba... Quando o amigo viu a extensão de suas faltas, chorou de remorso,
e reconheceu que os obsessores que lhe fustigavam a casa eram vingadores contra
ele, Espíritos infelizes ainda fixados no mal. Ele, Joaquim, vem fazendo o
possível para retificar a própria situação; no entanto, admito que ele gastará
tempo para modificar o ânimo dos inimigos que ele próprio criou. Tenho pensado
tanto no assunto que voltarei as minhas digressões na História com muito
cuidado e com muito espírito de compreensão, que ainda preciso consolidar.
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