O dia 2 de abril recorda o renascimento de Chico Xavier, o incomparável
servidor que legou-nos não só exemplos eloquentes como Ser humano e médium, mas
também importante número de livros que nos ajudam a entender a Vida Espiritual. Vale a pena lembrarmos como se iniciou, anos
depois, sua relação com o Orientador Espiritual Emmanuel sem quem provavelmente não teria havido tão
substancial contribuição para a evolução das ideias espíritas. Recordando
aquele dia, Chico contava: -“Orava sob uma
árvore junto ao Açude, pitoresco local na saída de Pedro Leopoldo, para o norte
quando, vi, à pequena distância uma grande cruz luminosa. Pouco a pouco, dentre
os raios que formava, surgiu alguém. Era um espírito simpático, envergando túnica
semelhante à dos sacerdotes, que me dirigiu a palavra com carinho”.
Não se sabe o que teriam conversado naquele crepúsculo, mas conta o Médium que
foi esse o seu primeiro encontro com Emmanuel, na vida presente. E acentua que
em certo ponto do entendimento o orientador espiritual perguntou-lhe: “– Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com o
Evangelho de Jesus? – Sim, se os bons Espíritos não me
abandonarem... – respondeu o Médium. – Não será você
desamparado, -
disse-lhe Emmanuel – mas para isso é
preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem. – E o senhor acha que estou em
condições de aceitar o compromisso? – tornou o Chico. – Perfeitamente,
desde que você procure respeitar três pontos básicos para o serviço... Porque o protetor se calasse, o rapaz
perguntou: – Qual é o primeiro? A resposta veio firme: – Disciplina. – E o segundo? – Disciplina. – E o terceiro? – Disciplina”. O Benfeitor Emmanuel realmente falava
sério, pois não só no que tange à mediunidade de Chico, mas às suas reações
ante as situações da vida, passaram a ser objeto de severo controle. Ainda em
1931, um fato demonstra bem isso. Lembrando a situação, Chico narra: “..Certa
noite a nossa reunião havia terminado mais ou menos de manhã – uma hora da
madrugada, quando voltei para a nossa residência. Ao abrir a porta, encontrei,
então, uma situação muito desagradável. É que a nossa casa contava com dois
gatos muito queridos e eles haviam naturalmente, naquela noite, sofrido uma,
vamos dizer, indigestão e tinham deixado nossa sala num estado muito difícil,
porque estava muito suja. Os gatos haviam defecado num espaço relativamente
grande da sala. Então, sentindo as emanações daquelas matérias que estavam
espalhadas pelo chão, me lembrei da moça que trabalhava conosco em nossa casa,
na cozinha, e pensei comigo mesmo: “Vou chamar essa nossa companheira de
serviço e pedir-lhe que faça uma limpeza de manhã, uma limpeza correta, porque
a sala está numa situação muito desagradável.” Então, no mesmo instante, vi
nosso Emmanuel como que materializado ao meu lado dizendo: – “Mas você, que vem de uma reunião espírita cristã, que tratou
do Espiritismo em nome de Jesus Cristo, em nome de Allan Kardec, está fugindo
da sua obrigação, exigindo que uma pobre menina que já está fatigada por haver
trabalhado com panelas, nos tanques, para que não te faltasse comida, para que
não faltasse à família roupa lavada, você vai exigir que ela venha limpar esta
sala quando é sua obrigação limpar este chão e restituí-la tão limpa à família
como você ensina no Centro Espírita? Você vai pegar um pano, vai trazer água,
sabão e vamos lavar.” Fui buscar água, sabão, pano e fomos
lavando. Ele perto de mim. Quando achava que já estava terminada a tarefa, ele
dizia: – “Não, a sala tem odores desagradáveis, tem
que lavar direitinho, de maneira que ninguém nem saiba que os gatos a sujaram”. Então, tive que deixar a sala bem
limpa, porque ele disse: – “No Espiritismo a
pessoa tem que começar estudando nos grandes livros e começar também lavando as
privadas, trabalhando, fazendo sopa, ajudando os que estão com fome, lavando as
feridas de nossos irmãos e distribuindo aquilo que for possível, porque se nós
não tivermos coragem de ajudar na limpeza de um banheiro, de uma privada, nós também
estaremos estudando os grandes livros da nossa Doutrina, em vão”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário