Embora ignorado pela maior parte da
Humanidade que habita o Planeta, o ano de 1957 assinalou o primeiro centenário
do surgimento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
Seguindo o programa traçado pela Espiritualidade que o organizou com a
colaboração do educador francês Allan Kardec muitos dos que
renasceram em terras brasileiras para viabilizar o prometido por Jesus
no Evangelho de João sobre o Consolador prometido celebraram
a data com grande entusiasmo. Um deles, o discreto e erudito advogado Silvino
Canuto de Abreu, com recursos próprios produziu uma edição especial e limitada
da primeira edição da referida obra lançada em 18 de abril de 1857, com uma
característica original: era um fac-símile francês-português. Parte dos
exemplares, foram levados por amigo comum à Chico Xavier, à época dedicado
servidor da Fazenda Modelo, unidade experimental ligada ao Ministério da
Agricultura na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Como o médium não se
encontrava por estar viajando atendendo a compromissos profissionais, assim que
retornou, tratou de escrever uma carta agradecendo o remetente, seu amigo José
Gonçalves Pereira. O raro documento, com a morte do destinatário,
passou às mãos de devotada seguidora Lucia Bichir que fundou em São Paulo
anos depois com alguns companheiros o Grupo
Assistencial Espírita Maria Dolores e Casa de Lívia, instituições dedicadas ao exercício da caridade sob a
inspiração do Espiritismo. Recentemente, no site do Grupo, a portadora
reproduziu a referida carta datada de 23 de abril de 1957. Nela, além de
informações históricas interessantes, encontra-se um dado curioso. Da missiva,
destacamos um trecho para reflexões. Escreveu Chico: “... recebi
as encomendas que você me enviou pelo nosso Sylvio. (...) Fiquei encantado com
os livros. A edição de “O Livro dos Espíritos” – 1857 – é um extraordinário
documento para nossos estudos. N’esse livro primeiro com o montante do material
que Allan Kardec publicou (excetuando-se, a meu ver, o livro Obras Póstumas,
que não é publicação de Kardec e sim dos amigos do Codificador que lhe reuniram
apontamentos pessoais) representa aos meus olhos o manancial e a fonte,
formando a origem de nossa Redentora Doutrina. Manancial e fonte constituindo
um todo, por que sem o manancial a fonte não existiria e sem a fonte o
manancial estaria reduzido à condição de um poço estagnado. Allan Kardec terá
assim agido à feição de um engenheiro divino, edificando justo caminho às águas
vivas do Cristianismo renascente no Espiritismo, águas essas que hoje se
espraiam em todas as direções, fertilizando os campos mentais do mundo. Nosso
admirável Dr. Canuto prestou inolvidável serviço à Nossa Causa, trazendo a lume
o texto de 1857. Podemos, assim, estudar os assuntos da Codificação e
reexaminá-los, no limiar do nosso segundo século de trabalho, para o qual, com
o auxílio de Jesus daremos nossas melhores forças, não é? Creia que já estou fazendo
planos para nossas tarefas em 2057. Já podemos contar cem anos de graças sobre
graças. E temos recebido tanto de nossa Doutrina Maternal que acredito deva ser
crescente o nosso entusiasmo por vê-la cada vez mais nobre e mais engrandecida.
Minha maior felicidade será se Jesus me conceder a ventura de reencarnar-me
logo depois que me desenfaixar do corpo de que presentemente disponho para
seguir de, algum modo, ainda mesmo reconhecendo a minha indigência de tudo, a
marcha do Espiritismo que nos devolve Jesus em Sua Grandeza. Penso que
em 2057, nossos alicerces já se mostrarão mais sólidos. A ciência terá acordado
para deveres mais amplos e estará, com a ajuda de Deus dando mão forte à
religião para as nossas conquistas definitivas do Espírito. A
Terra terá sofrido mais um pouco, provavelmente, com as guerras e renovações
que virão inevitáveis, e, por isso mesmo, revelar-se-á mais compreensiva e
mais bela…” .Os anos rolaram na esteira do tempo e em setembro de
1994, foi publicada a obra PLANTÃO DE
RESPOSTAS (ceu, 1994) reunindo algumas questões que não foram ao ar na
edição de dezembro de 1971 do programa de televisão PINGA FOGO. Dentre elas,
uma tratando das condições do Planeta, onde perguntado sobre o que a Doutrina
Espírita pode dizer a respeito do fim dos tempos, isto é, como ocorrerá a
transformação do planeta em planeta de provas e expiações para o de regeneração,
Chico
Xavier respondeu: - “Através da busca da espiritualização, superação das dores e construção
de uma nova sociedade, a humanidade caminha para a regeneração das
consciências. Emmanuel afirma que a Terra será
um mundo regenerado por volta de 2057. Cabe, a cada um, longa e árdua tarefa de ascensão.
Trabalho e amor ao próximo com Jesus, este é o caminho”. Como se vê, mais de três décadas
separam as duas afirmações. Sustentam, porém, a mesma data.
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