Registra
a descrição do Apóstolo João que pouco antes de sua prisão, Jesus num longo
entendimento com seus seguidores, afirmou, entre outras coisas, haver “muitas moradas na
Casa de Nosso Pai”. Embora não
sendo explícita, a afirmação do Mestre, permite admitir-se a visão dos Celtas,
povo de origem indo-europeia que desde dois mil anos antes afirmava dividir-se
o Mundo Espiritual em três círculos superpostos: Anunf – círculo infernal; Abred – círculo das migrações / sucessivas
reencarnações e Gwinvid – círculo divino
/ bem-aventurados. Entre os séculos 13 e 14, o florentino Dante Alighieri, perturbado pela
morte de uma jovem chamada Beatriz , teria
em estado alterado de consciência visitado regiões extra-físicas ajustadas aos
conceitos da religião que seguia descritas como INFERNO (onde depara-se com
pecadores que são castigados em ordem progressiva dos pecados cometidos); PURGATÓRIO (local
de purificação, pessoas pagam penitência por dívidas morais, cujos saldos são,
no entanto, passíveis de liquidação / quitação) e, por fim, o PARAÍSO (onde repousam pessoas que fizeram a
devida penitência de seus pecados; governantes justos; estudiosos de teologia e
praticantes do Bem). Segundo ele, cada Esfera divide-se em 9 círculos,
perfazendo 27 níveis, obedecendo a uma ordem progressiva conforme o estado
de cada habitante dela. No século 19, surge O LIVRO DOS ESPÍRITOS organizado por Allan Kardec
que diz, por exemplo, na questão 36 que nada é vazio; o que te parece vazio está ocupado por
uma matéria que escapa aos teus sentidos e instrumentos e, na 85, ‘que na
ordem das coisas, o MUNDO ESPIRITUAL, preexiste e sobrevive a tudo”. Kardec falaria ainda dos diferentes estados do
Espírito na chamada Erraticidade ou Plano Espiritual. Em 1865, o Espírito do
médico Franz Anton Mesmer escreveria em mensagem publicada num
dos números da REVISTA ESPÍRITA: -“O Mundo dos Invisíveis
é como o vosso. Em vez de ser material e grosseiro, é fluídico, etéreo, da
natureza do perispirito, que é o verdadeiro corpo do Espírito, tirado
desses meios moleculares, como o vosso se forma de coisas mais
palpáveis, tangíveis, materiais. O Mundo dos Espíritos não é um
reflexo do vosso; o vosso é que é uma imagem grosseira e muito imperfeita
do reino de Além-Túmulo”. No século 20, através do
médium brasileiro Chico Xavier, o
Espírito Maria João de Deus em
seu livro CARTAS DE UMA MORTA (1935-1936) explicou que “a Terra é o centro, isto é, a sede de grande número de
Esferas Espirituais que a rodeiam de maneira concêntrica, não podendo precisar o
número dessas Esferas, porque elas se alongam até um limite que sua compreensão,
por enquanto, não pode alcançar”. Mais a frente, o Espírito
identificado como André Luiz amplaria essa visão em suas obras dizendo que as Esferas são apresentadas à semelhança de globos que
envolvem uns aos outros, os maiores englobando os menores ─ como se fossem
bolas de pequenas proporções dentro de outras mais amplas, se interpenetrando
segundo uma linha ascendente de evolução que tem origem no interior (ponto de
menor evolução) e se projeta para a periferia (ponto de maior evolução). Cada
uma dessas divisões compreende outras, conforme asseguram os Espíritos.
Tentando traçar um perfil das principais diz: PRIMEIRA ESFERA – Comporta o Umbral “Grosso” (Núcleo Interno ou Abismo), mais
materializado, de regiões purgatoriais mais dolorosas e de cujas organizações
comunitárias, conquanto estejam tão próximas, temos poucas notícias. SEGUNDA ESFERA – Abriga o Umbral mais ameno (Núcleo Externo ou Trevas), onde os
Espíritos do Bem localizam, com mais amplitude, sua assistência. Referida por
André Luiz como Trevas ou regiões subcrostais. TERCEIRA ESFERA – Nossa morada provisória, ou seja, a Crosta Terrestre QUARTA ESFERA – Começa na Crosta, constituindo-se e em zona
obscura destinada ao esgotamento dos resíduos mentais. Aí se agitam milhões de
Espíritos imperfeitos que partilham com as criaturas terrenas as condições de
habitabilidade da Crosta do Mundo. QUINTA
ESFERA – Habitada por Espíritos que têm como escopo unicamente o Bem. As Artes e
as Ciências, após várias existências sacrificiais na Crosta. SEXTA ESFERA – AMOR FRATERNO UNIVERSAL. Região das mais
elevadas da Zona Espiritual da Terra, muito acima de nossas noções de forma, em
condições inapreciáveis à nossa atual conceituação de vida, habitada por
comunidades redimidas dos Planos Espirituais. SÉTIMA ESFERA – Diretrizes do Planeta. Numa de suas
inspiradas analogias, o médium Chico Xavier afirmou que se
quisermos ter uma ideia próxima do real, basta ‘cortarmos
ao meio uma cebola, as camadas sobrepostas e interpenetradas que a compõem’,
darão uma ideia da estruturação espacial do Mundo Espiritual.
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