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terça-feira, 30 de maio de 2017

ALLAN KARDEC E O CRITÉRIO PARA IDENTIFICAR BONS ESPÍRITOS E MÉDIUNS

Observa-se nesses tempos de comunicação rápida e fácil, grande quantidade de mensagens ditas espirituais tratando de posicionamentos diante das turbulências sociais típicas de uma fase de transição, aliás, como previstas no capítulo 18 do livro A GÊNESE, de Allan Kardec. Muitos se empolgam com seus conteúdos geralmente óbvios para os que estudam as crises da Humanidade da Terra sob o ponto de vista do Espiritismo. Fatos desse tipo, não eram incomuns ao tempo do surgimento da Doutrina Espírita. No número de julho de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, Kardec analisa um caso, apresentando orientações sobre critérios que ele julga validos e dos quais extraímos algumas orientações sobre os ‘falsos profetas’ e os médiuns que os servem. Diz o Mestre: -“O que ainda é próprio desses Espíritos orgulhosos é a espécie de fascinação que exercem sobre seus médiuns, por meio da qual algumas vezes os fazem compartilhar dos mesmos sentimentos. Dizemos de propósito seus médiuns, porque deles se apoderam e neles querem ter instrumentos que agem de olhos fechados.  De maneira alguma se acomodariam a um médium perscrutador ou que visse bem claro. Não se dá também o mesmo entre os homens? Quando o encontram, temendo que lhes escape, lhe inspiram o afastamento de quem quer que o possa esclarecer. Isolam-no de certo modo, a fim de poderem agir com inteira liberdade, ou só o aproximam daqueles de quem nada têm a temer. E, para melhor lhes captar a confiança, se fazem de bons apóstolos, usurpando os nomes de Espíritos venerados, cuja linguagem procuram imitar. Mas, por mais que façam, jamais a ignorância poderá simular o verdadeiro saber, nem uma natureza má a verdadeira virtude. O orgulho sempre se mostrará sob o manto de uma falsa humildade; e porque temem ser desmascarados, evitam a discussão e afastam seus médiuns.  Entre os numerosos escritos publicados sobre o Espiritismo, sem dúvida alguns poderiam ensejar uma crítica fundada; mas não os pomos todos na mesma linha; indicamos um meio de os apreciar e cada um fará como entender.  (...) A base de nossa apreciação: esta base será a lógica, da qual cada um poderá fazer seu próprio uso, pois não alimentamos a tola pretensão de lhe ter o privilégio. A lógica, com efeito, é o grande critério de toda comunicação espírita, como o é de todos os trabalhos humanos. Sabemos perfeitamente que aquele que raciocina de maneira errada julga ser lógico. Ele o é à sua maneira, mas apenas para si e não para os outros. Quando uma lógica é rigorosa como dois e dois são quatro, e as consequências são deduzidas de axiomas evidentes, o bom-senso geral cedo ou tarde faz justiça a todos esses sofismas. Acreditamos que as proposições seguintes têm este caráter: 1- Os Espíritos bons não podem ensinar e inspirar senão o bem; assim, tudo que não é rigorosamente bem não pode vir de um Espírito bom; 2- Os Espíritos esclarecidos e verdadeiramente superiores não podem ensinar coisas absurdas; assim, toda comunicação eivada de erros manifestos ou contrários aos dados mais vulgares da ciência e da observação, só por isso atesta a inferioridade de sua origem; 3-  A superioridade de um escrito qualquer está na justeza e na profundidade das idéias, e não na forma material e na redundância do estilo; assim, toda comunicação espírita em que há mais palavras e frases brilhantes do que pensamentos consistentes, não pode provir de um Espírito verdadeiramente superior; 4-  A ignorância não pode imitar o verdadeiro saber, nem o mal arremedar o bem de maneira absoluta; assim, todo Espírito que, sob um nome venerado, diz coisas incompatíveis com o título que se atribui, é culpado por fraude. 5-  É da essência de um Espírito elevado ligar-se mais ao pensamento do que à forma e à matéria, donde se conclui que a elevação de um Espírito está na razão da elevação das ideias; assim, todo Espírito meticuloso nos detalhes da forma, que prescreve puerilidades, numa palavra, que liga importância aos sinais e às coisas materiais, acusa, por isso mesmo, uma pequenez de idéias e não pode ser realmente superior; 6-  Um Espírito verdadeiramente superior não pode contradizer-se; assim, se duas comunicações contraditórias forem dadas sob um mesmo nome respeitável, uma delas é necessariamente apócrifa; e se uma for verdadeira, será aquela que em nada desmente a superioridade do Espírito cujo nome a encabeça. A consequência a tirar destes princípios é que, fora das questões morais, não se deve acolher o que vem dos Espíritos senão com reservas e, em todos os casos, jamais aceitá-las sem exame. Daí decorre a necessidade de se ter a maior circunspeção na publicação dos escritos emanados dessa fonte, sobretudo quando, pela estranheza das doutrinas que encerram, ou pela incoerência das ideias, podem prestar-se ao ridículo. É preciso desconfiar do pendor de certos Espíritos para as ideias sistemáticas, e do amor-próprio que buscam espalhar. Assim, é sobretudo nas teorias científicas que precisa haver extrema prudência, guardando-se de dar precipitadamente como verdades sistemas por vezes mais sedutores que reais, e que, cedo ou tarde, podem receber um desmentido oficial. Que sejam apresentados como probabilidades, se forem lógicos, e como podendo servir de base para observações ulteriores, admite-se; mas seria imprudência tomá-los prematuramente como artigos de fé. Diz um provérbio: Nada é mais perigoso do que um amigo imprudente. Ora, é o caso dos que, no Espiritismo, se deixam levar por um zelo mais ardente que refletido.

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