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sexta-feira, 12 de maio de 2017

FORMULA PARA CONSTRUIR UMA SOCIEDADE MELHOR

- Hoje se dá muita instrução à mulher, submetem-na a exames rigorosos, mas jamais exigiram de uma mãe que ela soubesse como agir para formar o moral de seu filho. Ensinam-lhe receitas caseiras, mas não a iniciam nos mil e um segredos de governar os jovens corações. Assim, os pais são abandonados, sem guia, à sua iniciativa, razão por que tantas vezes enveredam por falsa rota; também recolhem, nas imperfeições dos filhos já crescidos, o fruto amargo de sua inexperiência ou de uma ternura mal entendida, e a sociedade inteira lhes recebe o contragolpe”. O comentário pertence ao educador e responsável pela elaboração das chamadas obras do Espiritismo, Allan Kardec. Apesar de registrado em matéria do número de fevereiro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, poucos o leram ou mesmo conhecem. As falhas apontadas por ele em exemplos contidos no texto são as mesmas de hoje. A criança como dito por brilhante especialista em comportamento, nada mais é que “um Espírito adulto num corpo pequeno”. Na atualidade observa-se que os que estão reencarnando na Terra pertencem a um grupo mais evoluído que seus antepassados. Requerem, portanto um tratamento diferenciado. Da análise de Kardec, destacamos alguns trechos para reflexão: - “De todas as chagas morais da sociedade, o egoísmo parece a mais difícil de extirpar. Com efeito, ela o é tanto mais quanto mais alimentada pelos mesmos hábitos da educação. Tem se a impressão que, desde o berço, a gente se esforça para excitar certas paixões que, mais tarde, se tornam uma segunda natureza, e nos admiramos dos vícios da sociedade, quando as crianças os sugam com o leite. Eis um exemplo que, como cada um pode julgar, pertence mais à regra do que à exceção. Numa família de nosso conhecimento há uma menina de quatro a cinco anos, de rara inteligência, mas que tem os pequenos defeitos das crianças mimadas, ou seja, é um pouco caprichosa, chorona, teimosa, e nem sempre agradece quando lhe dão alguma coisa, o que os pais levam a peito corrigir, porque, fora desses pequenos defeitos, segundo eles, ela tem um coração de ouro, expressão consagrada. Vejamos como eles agem para lhe tirar essas pequenas manchas e conservar o ouro em sua pureza. Certo dia trouxeram um doce à criança e, como de costume, lhe disseram: “Tu o comerás, se fores ajuizada.” Primeira lição de gulodice. Quantas vezes, à mesa, não acontece dizerem a uma criança que não comerá tal guloseima se chorar. Dizem: “Faze isto ou faze aquilo e terás creme”, ou qualquer outra coisa que lhe apeteça; e a criança é constrangida, não pela razão, mas tendo em vista a satisfação de um desejo sensual que incentivam. É ainda muito pior quando lhe dizem, o que não é menos frequente, que darão a sua parte a uma outra. Aqui já não é só a gulodice que está em jogo, é a inveja. A criança fará o que lhe pedem, não só para ter, mas para que a outra não tenha. Querem lhe dar uma lição de generosidade? Então dizem: “Dá esta fruta ou este brinquedo a alguém.” Se ela recusa, não deixam de acrescentar, para nela estimular um bom sentimento: “Eu te darei um outro.” Assim, a criança só se decide a ser generosa quando está certa de nada perder. Um dia testemunhamos um fato bem característico neste gênero. Era uma criança de cerca de dois anos e meio, a quem tinham feito semelhante ameaça, acrescentando: “Nós o daremos ao irmãozinho e tu não comerás.” E, para tornar a lição mais sensível, puseram a porção no prato deste; mas o irmãozinho, levando a coisa a sério, comeu a porção. À vista disto, o outro ficou vermelho e não era preciso ser pai ou mãe para ver o lampejo de cólera e de ódio que brotou de seus olhos. A semente estava lançada; poderia produzir bom grão? (...) Assim se acha inoculado, desde a mais tenra idade, o vírus da sensualidade, do egoísmo, do orgulho, do desprezo aos inferiores, das paixões, numa palavra, que são, e com razão, consideradas como as chagas da Humanidade. É preciso ser dotado de uma natureza excepcionalmente boa para resistir a tais influências, produzidas na idade mais impressionável e onde não podem encontrar o contrapeso da vontade, nem da experiência. (...) Voltemos à menina, da qual falamos. Como não levou em consideração a ameaça, sabendo por experiência que raramente a executavam, desta vez os pais foram mais firmes, pois compreenderam a necessidade de dominar esse pequeno caráter, e não esperar que a idade lhe tivesse feito adquirir um mau hábito. (...) Considerando-se que o egoísmo e o orgulho são a fonte da maioria das misérias humanas, enquanto reinarem na Terra não se pode esperar nem a paz, nem a caridade, nem a fraternidade. É preciso, pois, atacá-los no estado de embrião, sem esperar que fiquem vivazes.


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