Principal órgão e centro do
sistema nervoso dos animais vertebrados e alguns invertebrados, o cérebro contem bilhões de neurônios ligados por mais de mil conexões sinápticas cada. A
evolução das Ciências nos últimos dois séculos, demonstra que constitui-se na mais complexa
estrutura biológica embora desconhecida em muitos aspectos. As revelações do
Espiritismo, contudo, tem importante contribuição a dar como veremos no trecho do
artigo reproduzido a seguir inserido por Allan Kardec no número de janeiro
de 1866 da REVISTA ESPÍRITA.
Escreveu ele: - A alma ( ou Espírito) é o Ser inteligente; nela está a sede de
todas as percepções e de todas as sensações; ela sente e pensa por si mesma; é
individual, distinta, perfectível, preexistente e sobrevivente ao corpo. O
corpo é o seu invólucro material: é o instrumento de suas relações com o mundo
visível. Durante sua união com o corpo, ela percebe por meio dos sentidos, transmite seu pensamento com a ajuda do cérebro;
separada do corpo, percebe diretamente e pensa mais livremente. Tendo os
sentidos um alcance circunscrito, as percepções recebidas por seu intermédio
são limitadas e, de certo modo, amortecidas; recebidas sem intermediário, são
indefinidas e de uma sutileza surpreendente, porque ultrapassa, não a força humana,
mas todos os produtos de nossos meios materiais. Pela mesma razão, o pensamento transmitido pelo cérebro se filtra, a
bem dizer, através desse órgão. A grosseria e os defeitos do instrumento a
paralisam e em parte a abafam, como certos corpos transparentes absorvem uma
parte da luz que os atravessa. Obrigado a servir-se do
cérebro, o Espírito é como um
músico muito bom, diante de um instrumento imperfeito. Livre desse incômodo
auxiliar, desdobra todas as suas faculdades. Tal é o Espírito durante a vida e
depois da morte. Para ele há, portanto, dois estados: o de encarnação ou de
constrangimento, e o de desencarnação ou de liberdade; em outras palavras: o da
vida corporal e o da vida espiritual. A vida espiritual é a vida normal,
permanente da alma; a vida corporal é transitória e passageira. Durante a vida
corporal, o Espírito não sofre
constantemente o constrangimento do corpo, e aí está a chave dos fenômenos
físicos, que só nos parecem estranhos porque nos transportam para fora da
esfera habitual de nossas observações. Qualificaram-nos de sobrenaturais,
embora, na realidade, estejam submetidos a leis perfeitamente naturais, porque
essas leis nos eram desconhecidas. Hoje, graças ao Espiritismo, que deu a
conhecer essas leis, desapareceu o maravilhoso. Durante a vida exterior de
relação, o corpo necessita de sua alma ou Espírito por
guia, a fim de o dirigir no mundo; mas nos momentos de inatividade do corpo, a
presença do Espírito não é mais
necessária; dele se desprende, sem, contudo, deixar de a ele se prender por um
laço fluídico, que a ele o chama, tão logo se fizer necessária a sua presença.
Nesses momentos recobra parcialmente a liberdade de agir e de pensar, da qual
só desfrutará completamente depois da morte do corpo, quando deste estará
completamente separada. Esta situação foi espiritualmente e muito veridicamente
descrita pelo Espírito de uma pessoa viva, que se comparava a um balão cativo,
e por um outro, o Espírito de um idiota vivo, que dizia ser como um pássaro,
amarrado pela pata. Esse estado, que chamamos emancipação da alma, ocorre
normalmente e periodicamente durante o sono. Só o corpo repousa para recuperar
as perdas materiais; mas o Espírito, que nada perdeu, aproveita essa pequena
trégua para se transportar para onde queira. Além disso, tal estado também
ocorre toda vez que uma causa patológica, ou simplesmente fisiológica, produz a
inatividade total ou parcial dos órgãos da sensação e da locomoção. É o que se
passa na catalepsia, na letargia, no sonambulismo. O desprendimento ou, se se
quiser, a liberdade da alma, é tanto maior quanto mais absoluta a inércia do
corpo. É por essa razão que o fenômeno adquire seu maior desenvolvimento na
catalepsia e na letargia. Nesse estado, a alma não percebe mais pelos sentidos
materiais, mas, se assim nos podemos exprimir, pelo sentido psíquico; é por
isso que suas percepções ultrapassam os limites ordinários; seu pensamento age
sem a intercessão do cérebro, razão por que desdobra faculdades mais
transcendentes que no estado normal.
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