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quinta-feira, 18 de maio de 2017

MEDIUNIDADE NO FOCO DA CIÊNCIA ESPÍRITA

Ciência, Filosofia e Religião são as três faces estruturais do Espiritismo. Seu conhecimento, portanto, depende sempre do estudo. Nada do tradicional “acho que”, alertado, por sinal, pelo próprio Allan Kardec. Na sequência, alguns comentários inseridos por ele na edição de janeiro de 1863 da REVISTA ESPÍRITA: - “Vivemos num oceano fluídico, expostos incessantemente a correntes contrárias, que atraímos ou repelimos, e às quais nos abandonamos, conforme nossas qualidades pessoais, mas em cujo meio o homem sempre conserva o seu livre-arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o caminho. Como se vê isto é inteiramente independente da faculdade mediúnica, tal como é concebida vulgarmente. Estando a ação do mundo invisível na ordem das coisas naturais, ela se exerce sobre o homem, abstração feita de qualquer conhecimento espírita. Estamos a elas submetidos, como o estamos à influência da eletricidade atmosférica, mesmo não sabendo a Física, como ficamos doentes, sem conhecer a Medicina. Ora, assim como a Física nos ensina a causa de certos fenômenos e a Medicina a de certas doenças, o estudo da ciência espírita nos ensina a causa dos fenômenos devidos às influências ocultas do mundo invisível e nos explica o que, sem isto, nos parecerá inexplicável. A mediunidade é o meio direto de observação. O médium – que nos permitam a comparação – é o instrumento de laboratório pelo qual a ação do mundo invisível se traduz de maneira patente. E, pela facilidade que nos oferece de repetir as experiências, permite-nos estudar o modo e os diversos matizes desta ação. Destes estudos e destas observações nasceu a ciência espírita. Todo indivíduo que, de uma maneira ou de outra, sofre a influência dos Espíritos, é, por isto mesmo, médium, razão por que se pode dizer que todo o mundo é médium. Mas é pela mediunidade efetiva, consciente e facultativa que se chegou a constatar a existência do mundo invisível e, pela diversidade das manifestações obtidas ou provocadas, foi possível esclarecer a qualidade dos seres que o compõem e o papel que representam na Natureza. O médium fez pelo mundo invisível o que fez o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos. É, pois, uma nova força, uma nova faculdade, uma nova lei, numa palavra, que nos foi revelada. É realmente inconcebível que a incredulidade repila mesmo a ideia, levando-se em conta que esta ideia supõe em nós uma alma, um princípio inteligente que sobrevive ao corpo. Se se tratasse da descoberta de uma substância material e ininteligente, seria aceita sem dificuldade. Mas uma ação inteligente fora do homem é, para eles, superstição. Se, da observação dos fatos produzidos pela mediunidade, remontarmos aos fatos gerais, poderemos, pela similitude dos efeitos, concluir pela similitude das causas. (...) A ação dos Espíritos maus, sobre os indivíduos de que se apoderam, apresenta nuanças de intensidade e duração extremamente variadas, conforme o grau de maldade e perversidade do Espírito e, também, de acordo com o estado moral da pessoa que lhes dá acesso mais ou menos fácil. Muitas vezes tal ação é temporária e acidental, mais maliciosa e desagradável que perigosa. (...) Fazer Espiritismo experimental sem estudo é querer fazer manipulações químicas sem saber Química. Os numerosos exemplos de pessoas obsidiadas e subjugadas da mais desagradável maneira, sem jamais terem ouvido falar de Espiritismo, provam exuberantemente que o exercício da mediunidade não tem o privilégio de atrair os Espíritos maus. Mais ainda: prova a experiência que é um meio de os afastar, permitindo reconhecê-los. Todavia, como muitas vezes alguns vagueiam em redor de nós, pode acontecer que, encontrando oportunidade para se manifestarem, aproveitam-na, caso encontrem no médium uma predisposição física ou moral, que o torne acessível à sua influência. Ora, tal predisposição se prende ao indivíduo e a causas pessoais anteriores, e não à mediunidade. Pode dizer-se que o exercício da faculdade é uma ocasião e não uma causa. Mas se alguns indivíduos estiverem neste caso, outros há que oferecem uma resistência insuperável aos Espíritos maus, e a eles estes últimos não se dirigem. Falamos de Espíritos realmente maus e perniciosos, na verdade os únicos perigosos, e não de Espíritos levianos e zombeteiros, que se insinuam por toda parte. A presunção de julgar-se invulnerável contra os Espíritos maus muitas vezes tem sido punida de maneira cruel, porque jamais são impunemente desafiados pelo orgulho. O orgulho é a porta que lhes dá mais fácil acesso, pois ninguém oferece menos resistência do que o orgulhoso, quando tomado pelo seu lado fraco. Antes de nos dirigirmos aos Espíritos, convém, pois, proteger-nos contra o ataque dos maus, como se marchássemos em terreno onde tememos picadas de serpentes. Isto se consegue, de início, pelo estudo prévio, que indica a rota e as precauções a tomar; depois, pela prece. Mas é necessário bem nos compenetrarmos da verdade de que o único preservativo está em nós, em nossa própria força, e nunca nas coisas exteriores, e que não há talismãs, nem amuletos, nem palavras sacramentais, nem fórmulas sagradas ou profanas que possam ter a menor eficácia se não tivermos em nós mesmos as qualidades necessárias. São essas qualidades, portanto, que nos devemos esforçar por adquirir”.

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