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quarta-feira, 24 de maio de 2017

UM PROCESSO LENTO E DIFÍCIL

O número de outubro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA Allan Kardec dedicou grande parte a um conjunto de previsões sobre a dinâmica do processo de transição pelo qual a Terra passa na passagem de um ciclo evolutivo para outro. Mais de um século e meio passou e a evolução da densidade demográfica confrontada com os extraordinários avanços tecnológicos deixam muitos dos que fazem análises de maior amplitude um tanto quanto assustados ante tantas aparentes contradições em todos os aspectos. Uma reflexão sobre uma parte das abordagens da reproduzidos por Allan Kardec nascidas de manifestações obtidas pelos métodos mediúnico e sonambúlico mostra o acerto deles. Acresça-se a esses dados a revelação de que a população de Espíritos desencarnados da Terra que se renovam diariamente na população de encernados pela reencarnação/desencarnação é algo em torno de 20 /30 bilhões. Destacamos alguns trechos demonstrando isso: A Terra não deve ser transformada por um cataclismo, que aniquilaria subitamente uma geração. A geração atual desaparecerá gradualmente, e a nova a sucederá, sem que nada seja mudado na ordem natural das coisas. Tudo se passará, pois, exteriormente, como de hábito, com uma única diferença, mas esta diferença é capital: uma parte dos Espíritos que aí se encarnavam não mais encarnarão. Numa criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e devotado ao mal que tivesse encarnado, será um Espírito mais adiantado e devotado ao bem. Trata-se, pois, muito menos de uma nova geração corporal que de uma nova geração de Espíritos. Assim, os que esperavam ver a transformação operar-se por efeitos sobrenaturais e maravilhosos ficarão decepcionados. A época atual é de transição; os elementos das duas gerações se confundem. Colocados em ponto intermediário, assistis à partida de uma e à chegada da outra, e cada um já se assinala no mundo pelos caracteres que lhes são próprios. As duas gerações que sucedem uma à outra têm ideias e pontos de vista opostos. Pela natureza das disposições morais, mas, sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, é fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo. Devendo fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, aliadas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que é sinal indubitável de certo grau de progresso anterior. Não será composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas daqueles que, tendo já progredido, estão predispostos a assimilar todas as ideias progressivas, e aptos a secundar o movimento regenerador.  Ao contrário, o que distingue os Espíritos atrasados é: primeiro, a revolta contra Deus pela negação da Providência e de todo poder superior à Humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos antifraternos do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim, a predominância do apego a tudo o que é material. Tais os vícios de que a Terra deve ser expurgada pelo afastamento dos que se recusam a emendar-se, porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque os homens de bem sempre sofrerão com o seu contato.  Não se deve entender que todos os Espíritos retardatários serão expulsos da Terra e relegados a mundos inferiores. Muitos, ao contrário, a ela voltarão, porque muitos cederam ao arrastamento das circunstâncias e do exemplo; neles a casca era pior que a essência. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos preconceitos do mundo corporal, a maioria verá as coisas de maneira completamente diferente do que quando vivos, do que tendes numerosos exemplos.  Só haverá uma exclusão definitiva para os Espíritos rebeldes por natureza, aqueles que o orgulho e o egoísmo, mais que a ignorância, tornam-se surdos à voz do bem e da razão. Em seu desvario, eles próprios cavarão a sua ruína; impelirão à destruição, que engendrará uma porção de flagelos e calamidades, de sorte que, sem o querer, apressarão o advento da era da renovação. E como se a destruição não marchasse bastante depressa, ver-se-ão os SUICÍDIOS MULTIPLICANDO-SE EM PROPORÇÃO NUNCA VISTA, ATÉ ENTRE AS CRIANÇAS. Observações 1- A maneira pela qual se opera a transformação é muito simples e, como se vê, é toda moral e em nada se afasta das leis da Natureza. Por que, então, os incrédulos repelem essas ideias, já que nada têm de sobrenatural? É que, segundo eles, a lei de vitalidade cessa com a morte do corpo, ao passo que para nós ela prossegue sem interrupção; eles restringem sua ação e nós a estendemos. Eis por que dizemos que os fenômenos da vida espiritual não saem das leis da Natureza. Para eles o sobrenatural começa onde acaba a apreciação pelos sentidos. 2 Quer os Espíritos da nova geração sejam novos Espíritos melhores, quer os antigos Espíritos melhorados, o resultado é o mesmo. Desde o instante que trazem melhores disposições, é sempre uma renovação. Os Espíritos encarnados formam, assim, duas categorias, conforme suas disposições naturais: de uma parte, os Espíritos retardatários que partem; de outra, os Espíritos progressistas que chegam. O estado dos costumes e da sociedade estará, pois, num povo, numa raça ou no mundo inteiro, na razão do das duas categorias que tiver a preponderância. Para simplificar a questão, consideremos um povo, num grau qualquer de adiantamento, e composto de vinte milhões de almas, por exemplo. Fazendo-se a renovação dos Espíritos à medida das extinções, isoladas ou em massa, necessariamente houve um momento em que a geração dos Espíritos retardatários ultrapassava em número a dos Espíritos progressistas, que apenas contavam raros representantes sem influência, e cujos esforços para fazer predominar o bem e as ideias progressistas estavam paralisados. Ora, partindo uns e chegando outros, após um dado tempo as duas forças se equilibram e sua influência se contrabalança. Mais tarde, os recém-chegados são maioria e sua influência torna-se preponderante, conquanto ainda entravada pela dos primeiros; estes, continuando a diminuir, enquanto os outros se multiplicam, acabarão por desaparecer. Chegará, então, o momento em que a influência da nova geração será exclusiva. 

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