Antoine Demeure,
médico homeopata, convertido ao Espiritismo desde seu surgimento, desencarnou
em 21 de janeiro de 1865, na comuna de Albi, a 80 quilômetros de Toulouse,
sudoeste da França. Queridissimo na cidade em que vivia pelos exemplos de
caridade no exercício de sua profissão, o Dr Demeure revelando sua
condição espiritual já no dia seguinte se comunicava mediunicamente na cidade
de Montauban, a 87 quilometros da localidade em que viveu. O mais extraordinário,
contudo foi o fenômeno atribuído a ele, da cura de uma das médiuns dali por
meio do magnetismo espiritual, apenas pela ação fluídica. Como explica o Espiritismo, certos
Espíritos continuam a dedicar-se às suas ocupações terrenas, sem terem
consciência de seu estado, sempre se julgando vivos; é próprio dos Espíritos
pouco adiantados. O Dr. Demeure, contudo, se reconheceu
imediatamente e agia voluntariamente como Espírito com a consciência de, neste
estado, ter maior força. O fato se deu no dia 10 de fevereiro conforme relatado
na edição de abril de 1865 da REVISTA
ESPIRITA. A beneficiada que lhe fora paciente desconhecia a morte do
conhecido médico e, por orientação de Espíritos ligados ao grupo de Montauban,
seus integrantes estavam reunidos para assisti-la por ter sido acometida por
forte entorse num dos pés. Relataram a Allan Kardec as testemunhas: - Tão
logo caiu em sonambulismo, a dama soltou gritos lancinantes, mostrando o pé.
Eis o que se passava: A Sra. G... via um Espírito curvado sobre sua perna, mas
sua fisionomia ficava oculta; realizava fricções e massagens, exercendo de vez
em quando uma tração longitudinal sobre a parte doente, absolutamente como
teria feito um médico. A manobra era tão dolorosa que a paciente por vezes
vociferava e fazia movimentos desordenados. Mas a crise não durou muito; ao
cabo de dez minutos toda a marca de entorse havia desaparecido, não mais edema,
o pé havia recobrado sua aparência normal. A Sra. G... estava curada. Quando se
pensa que para curar completamente uma afecção desse gênero, os mais dotados
magnetizadores e os mais experientes, sem falar da medicina oficial, que ainda
não chegou a uma solução, é necessário um tratamento cuja duração nunca é
inferior a trinta e seis horas, consagrando três sessões por dia, com uma hora
de duração cada uma, esta cura em dez minutos, pelo fluido espiritual, pode bem
ser considerada como instantânea, com tanto mais razão, como diz o próprio
Espírito numa comunicação que encontrareis a seguir, quanto era de sua parte
uma primeira experiência feita com vistas a uma aplicação posterior, em caso de
êxito. Entretanto, o Espírito ficava sempre desconhecido do médium, persistindo
em não mostrar suas feições; dava mesmo a impressão de querer fugir, quando, de
um salto só, nossa doente, que minutos antes não podia dar um passo, se lança
no meio do quarto para pegar e apertar a mão de seu médico espiritual. Dessa
vez o Espírito virou-se para ela, deixando sua mão na dela. Neste momento a
Sra. G... solta um grito e cai desfalecida no parquete: acabava de reconhecer o
Sr. Demeure no Espírito curador”. Analisando o caso, Allan
Kardec observa que a cura reportada acima é um exemplo da ação
do magnetismo espiritual puro, sem qualquer mescla com o magnetismo humano. Por
vezes os Espíritos se servem de médiuns especiais, como condutores de seu
fluido. São esses os médiuns curadores propriamente ditos, cuja faculdade
apresenta graus muito diversos de energia, conforme sua aptidão pessoal e a
natureza dos Espíritos que os assistem. (...) Seria, pois, um erro acreditar
que, pelo fato de se ter obtido uma cura, mesmo difícil, podem ser obtidas
todas, em virtude de o fluido próprio de certos doentes ser refratário ao
fluido do médium; a cura é tanto mais fácil quanto mais naturalmente se opera a
assimilação dos fluidos. (..) A mediunidade curadora está exclusivamente na
ação fluídica mais ou menos instantânea. Não se deve confundi-la nem com o
magnetismo humano, nem com a faculdade que têm certos médiuns de receber dos
Espíritos a indicação de remédios. Estes últimos são apenas médiuns
receitistas16, como outros são médiuns poetas ou desenhistas.
Compartilhamento de informações reveladoras disponibilizadas pelo Espiritismo ampliando nosso nivel cultural
faça sua pesquisa
quinta-feira, 29 de junho de 2017
terça-feira, 27 de junho de 2017
PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL: O QUE É?
Advertem
os Espíritos devotados ao Bem que a influência espiritual é coisa corriqueira
na sociedade em nossa Dimensão na atualidade. O Espiritismo pela essência de
sua constituição detém muitas informações sobre o tema. Do repertório
extraordinário por ele disponibilizado desde seu surgimento, destacamos algumas
questões que fazem parte do vídeo OBSESSÃO – as
respostas que o Espiritismo dá inserido no YOUTUBE. Vamos a elas: Todos estão então sujeitos ao assédio e influência obsessiva? Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem
em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas humanas
desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade de
tipos maior que a que encontramos entre os homens da Terra. Estamos
incessantemente cercados por uma nuvem de Espíritos que nem por serem
invisíveis aos nossos olhos materiais deixam de estar no espaço, em redor de
nós, ao nosso lado, espiando os nossos atos, lendo nossos pensamentos, uns para
nos fazer bem, outros para nos fazer mal, segundo os Espíritos bons ou maus.
Pela inferioridade física e moral de nosso Globo na hierarquia dos mundos, os
Espíritos inferiores aqui são mais numerosos que os superiores. (RE; 10/1858) Os
maus Espíritos só se dirigem àqueles a quem sabem poder dominar e não àqueles a
quem a superioridade moral – não dizemos intelectual, encouraça contra os
ataques. (RE;
5/1863) O que é
auto-obsessão? A
memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e
recolhe o som de quanto falamos e ouvimos. Por intermédio dela, somos
condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos. Não importa o tempo que
mantenhamos o remorso a distância. Cada pensamento de indignação das vítimas
que se faz nas vivências que se tem, circula na atmosfera psíquica do agressor,
esperando ensejo de fazer-se sentir. Além disso, com a maneira cruel de
proceder, atrai-se a convivência constante de entidades de péssimo
comportamento que vão lhe arruinando o teor da vida mental, até que o remorso
abra brecha na fortaleza em que o agressor se entrincheira. As forças
acumuladas dos pensamentos destrutivos que a pessoa provoca sobre si mesma,
através da conduta irrefletida a que se entrega levianamente, libertas de
súbito pela aflição e pelo medo, quebram a fantasiosa resistência orgânica,
quais tempestades que se sucedem furiosas. Sobrevindo a crise, energias
desequilibradas da mente em desvario vergastam os delicados órgãos do corpo
físico. Os mais vulneráveis sofrem consequências terríveis. (L; 11) Obsessão e Vampirismo Espiritual
são a mesma coisa? A
perda do veículo físico na deficiência espiritual em que se encontram os
viciados (químicos ou sensoriais como no campo do sexo), deixam o Espírito
integralmente desarvorado, como naufrago dentro da noite. Sintoniza-se com o
organismo da criatura com que se afinisa a quem passa a obsediar, nela
encontrando novo instrumento de sensação, vendo por seus olhos, ouvindo por
seus ouvidos, muitas vezes falando por sua boca, vitalizando-se com os
alimentos comuns consumidos pela vítima. Nessa simbiose vivem ambos, por vezes,
por anos seguidos, requerendo para se curar das fobias que se refletem da mente
do obsessor, sejam afastados os fluidos
que envolvem o obssediado, assim como a coluna, abalada pelo abraço
constringente da hera reclama limpeza em favor do reajuste. (NDM; 6) Um Espírito bom pode obsediar alguém? A
obsessão não pode jamais ser o efeito causado por um bom Espírito. A questão
essencial é saber reconhecer a natureza daqueles que se apresentam. O conhecimento
prévio dos meios de distinção dos bons Espíritos e dos maus é, portanto,
indispensável. É importante para o simples observador que pode, por esse meio,
apreciar o valor do que vê, lê ou escuta. (OQE; 77)
domingo, 25 de junho de 2017
REGRESSÃO DE MEMÓRIA E REENCARNAÇÃO
Formado em Psicologia
Comportamental e Psicologia Analítica, o inglês Roger Woolger (1944 -1911)
desiludira-se com seus estudos ao concluir que “as estatísticas nada tem a ver
com o coração e a alma, com as supremas realizações espirituais da Humanidade”.
Buscando respostas fora da “camisa de força materialista do pensamento Ocidental”
mergulhou no Hinduísmo e no Misticismo Cristão, conquistando o grau de doutor
em Religião Comparada pela Universidade de Londres. Seguiu para Zurique, na Suíça,
onde no Instituto Junguiano encontrou uma filosofia que alimentava tanto o lado
intelectual quanto o espiritual. Transferiu-se para a América para ensinar na
Universidade de Vermont onde um convite para fazer uma experiência com a
técnica de Regressão a Vidas Passadas - embora seu ceticismo - indicaria o caminho que passaria a seguir em sua atividade no
consultório psicoterápico que abrira na cidade onde passou a viver. Isto porque na sua primeira regressão lembrou
claramente de uma existência na França, durante o século 13, como mercenário no
exercito do Papa, se vendo no meio de um horror indescritível, pois os
habitantes de aldeias francesas inteiras eram massacrados e queimados em nome
da Igreja. Revoltado com a crueldade, se arrependeu e desertou do Exercito,
sendo capturado e queimado numa fogueira como herege. Tais detalhes o
ajudaram a entender os sonhos terríveis que tinha sobre tortura e massacres – não
erradicados com psicoterapias a que se submeteu –, bem como, a forte fobia de
fogo que o perseguira a vida toda, certamente causada pela sua morte na
fogueira naquela vida passada. A intensidade dos resultados que ele os colegas experimentaram
as técnicas de regressão a vidas passadas, aplicando-as uns nos outros,
coletando todas as informações possíveis, reuniram suas percepções e refinaram
seus métodos, passando a utilizar a técnica na vida clínica ao se sentir
confiante o suficiente. Os anos que se seguiram conferiram-lhe substancial
densidade de conhecimentos concluindo que a “uma memória de vida passada não
é um fim em si mesma, mas um meio para a catarse emocional, o autoconhecimento
e a cura, os verdadeiros fins da Psicoterapia”. Nesse ponto, embora não
tenha sabido, a conexão com a visão oferecida pelo Espiritismo já que, segundo Allan Kardec, ‘o estudo da reencarnação é a chave para esclarecer muitos dos
‘mistérios’ que envolvem a história da criatura humana’. Isso, por confirmar a preexistência da Individualidade
que arquiva
no chamado inconsciente os registros de experiências positivas ou não vivenciadas
nas vidas sucessivas que a conduzem à evolução espiritual. Dentre as conclusões
do Dr Roger, destacamos: 1- Os
resultados independiam da crença dos pacientes; 2- A fonte de um problema pode
repercutir através de várias vidas passadas e cada uma das vidas pode adicionar
uma cada a mais de complexidade ao problema; 3- Uma série de Vidas Passadas pode
criar um emaranhado de problemas emocionais, físicos e mentais no presente;
4- Uma
fobia pode ser acompanhada de um sintoma físico. Por exemplo: ser enforcado por falar contra as autoridades
poderia resultar numa dor crônica no pescoço e um pavor de falar em público. 5- Algumas doenças físicas podem remontar a
danos de uma vida passada específica: enforcamento ou estrangulamento se
manifestam em dores no pescoço e nos ombros; evisceração pode resultar em
problemas intestinais; morrer por inalação de fumaça ou gás aparece como
problemas pulmonares ou alergias; 6- Sintomas físicos podem ser causados não
apenas por feridas físicas, mas também por golpes penetrantes na Psique: dores
de cabeça podem advir de escolhas mentais intoleráveis, sinusite pode ser um
fracasso a ser lamentado; dores nas costas podem provir de uma grande carga de
culpa. 7-
O
ultimo pensamento que ocupava a mente no momento da morte pode ser impresso na
alma e dominar o pensamento da pessoa na próxima vida o que o Dr Roger
denominava Roteiro de Vida já que tais registros podem modelar a índole
de uma pessoa, suas expectativas e motivações. Alguns exemplos de Roteiro de
Vida: o pensamento “não é seguro se arriscar no mundo lá fora” poderia
resultar de uma morte em um ataque de surpresa, “eu não sou suficientemente bom”
pode provir de qualquer falha séria numa vida passada; “é tudo culpa minha”
poderia vir de qualquer erro fatal”; 8- Não são apenas os traumas por
morte que são trazidos para o presente. A segunda categoria de traumas mais
frequentes (após a morte violenta) é a separação e o abandono, ou seja, ser
separado dos pais enquanto criança durante a guerra, ser abandonado no mato em
tempos de fome, ou ser separado dos entes queridos que são vendidos como
escravos. 9- Ser separado permanentemente dos pais ou da família pode violentar
tanto a Psique de uma pessoa, que a perda domina a mente até a morte, mesmo que
a morte só aconteça muitos anos depois, trauma que pode se manifestar em vidas
futuras sob forma de insegurança, dificuldade para acreditar nos outros, enorme
possessividade ou ansiedade da separação em bebes.
sexta-feira, 23 de junho de 2017
PROIBIÇÃO DE EVOCAR OS ESPÍRITOS
Argumento ainda utilizado para combater as manifestações dos Espíritos
em diferentes escolas religiosas, a proibição de evocar os mortos inclui-se
entre os temas que merecem reflexões com base na atualidade. No número de outubro
de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec desenvolve alguns
raciocínios sobre o tema. Deles destacamos alguns para maior apreciação: É
necessário nos reportarmos aos motivos que os levaram a fazer tal proibição,
motivos que, então, tinham uma razão de ser, mas que, seguramente, hoje não
mais subsistem. Quanto à pena de morte infringida a quem desrespeitasse essa
proibição, forçoso é reconhecer que nisto Moisés era muito pródigo e que, na
sua legislação draconiana, a severidade do castigo nem sempre era um indício da
gravidade da falta. O povo hebreu era turbulento, difícil de conduzir e não
podia ser domado senão pelo terror. Por outro lado, Moisés não tinha grande
escolha nos seus meios de repressão; não dispunha de prisões, nem de casas de
correção e seu povo não era passível de sofrer o medo de penas puramente
morais; assim, ele não podia graduar sua penalidade como se faz nos nossos
dias. Ora, por respeito à sua lei, seria preciso manter a pena de morte para
todos os casos em que a aplicava? Aliás, por que ressuscitam esse artigo com
tanta insistência, enquanto guardam silêncio sobre o começo do capítulo que
proíbe aos sacerdotes a posse dos bens da Terra e de ter parte em qualquer
herança, porque o próprio Senhor é a sua herança? (Deuteronômio, cap.
XVIII). Há duas partes distintas na lei de Moisés: a lei de Deus propriamente
dita, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, apropriada aos
costumes e ao caráter do povo; uma é invariável, a outra se modifica com o
tempo. A ninguém pode vir à mente que possamos ser governados pelos mesmos
meios que os hebreus no deserto, assim como a legislação da Idade Média não
poderia aplicar-se à França do século dezenove. Quem pensaria, por exemplo, em
ressuscitar hoje este artigo da lei mosaica: “Se um boi fere com o chifre a
um homem ou a uma mulher, e a pessoa morrer, o boi será lapidado sem remissão,
ninguém comerá sua carne e seu dono será absolvido.” Ora, que diz Deus em
seus mandamentos? “Não terás outro Deus senão eu; não tomarás o nome de Deus
em vão; honra teu pai e tua mãe; não matarás; não cometerás adultério; não
roubarás; não dirás falso testemunho; não cobiçarás os bens de teu próximo.”
Eis uma lei que é de todos os tempos e de todos os países, e que, por isto
mesmo, tem caráter divino; mas não trata da proibição de evocar os mortos,
donde forçoso é concluir que tal proibição era
simples medida disciplinar e circunstancial. Mas Jesus não veio
modificar a lei mosaica, e sua lei não é o código dos cristãos? Não disse ele: “Ouvistes
o que foi dito aos Antigos tal ou qual coisa; eu, porém, vos digo outra coisa?”
Ora, em parte alguma do Evangelho se faz menção da proibição de evocar os
mortos; é um ponto muito grave para que o Cristo o tivesse omitido em suas
instruções, embora tenha tratado de questões de ordem bem mais secundária. Ou
se deve pensar, como um eclesiástico a quem tal objeção foi feita, que “Jesus
se esqueceu de falar nisso?” Como o pretexto da proibição de Moisés é
inadmissível, eles se apoiam na desculpa de que a evocação é uma falta de
respeito aos mortos, cujas cinzas não devem ser perturbadas. Quando essa
evocação é feita religiosamente e com recolhimento, não se pode falar em
desrespeito; mas há uma resposta peremptória a dar a tal objeção: é que os
Espíritos vêm de boa vontade quando chamados e, mesmo, espontaneamente, sem
serem chamados; manifestam satisfação por se comunicarem com os homens e frequentemente
se queixam do esquecimento em que por vezes são deixados. Se fossem perturbados
em sua quietude ou ficassem descontes com o nosso apelo, eles o diriam ou não
viriam. Se vêm, é porque isto lhes convém, pois não sabemos de ninguém que
tenha o poder de constranger os Espíritos, seres impalpáveis, a se incomodarem,
caso não o queiram, já que não os podemos prender ao corpo. (...) Como os
motivos alegados para justificar a proibição de se comunicar com os Espíritos
não suportam um exame sério, é preciso que haja outro, não confessado. Este
motivo bem poderia ser o temor de que os Espíritos, muito clarividentes,
viessem esclarecer os homens sobre certos pontos e lhes dar a conhecer
exatamente como se passam as coisas no outro mundo e as verdadeiras condições
para ser feliz ou infeliz. Eis por que se diz a uma criança: “Não vá lá; existe
um lobisomem”; e se diz aos homens: “Não chameis os Espíritos; são diabos.”
Providência inútil, porquanto, mesmo que se proiba os homens de chamar os
Espíritos, não se impedirá que os Espíritos venham aos homens, tirar a lâmpada
de debaixo do alqueire
quarta-feira, 21 de junho de 2017
DEPRESSÃO E ESPIRITISMO: CONEXÕES
Palavra proposta no início
do século 20, depressão era associada à melancolia, contudo, acabou se fixando
nos conceitos de distúrbios de humor a afetivos e, segundo estimativas da OMS –
Organização Mundial da Saúde, será até o final desta década o problema dominante
na espécie humana. Presente em todos os tempos em estudos do comportamento
humano, com a descoberta dos neurotransmissores - substâncias químicas produzidas
pelo neurônios - ao longo de todo século passado passou a cogitar-se que as
descompensações na sua produção responde pelo grave problema que atinge pessoas
em todo mundo. Nesse sentido, as revelações do Espiritismo amplia esse
horizonte. Isso ao explicar que acoplado ao cérebro do corpo espiritual, o cérebro
físico repercute as desarmonias construídas pelo Espírito em encarnações passadas que
somatizam inúmeros distúrbios mentais e físicos que levam as pessoas aos
consultórios ou clinicas especializadas em transtornos psicológicos ou psiquiátricos.
Farta literatura produzida na América do Norte por profissionais da saúde
mental envolvidos com as chamadas regressões de memória vão confirmando o
acerto das proposições do Espiritismo, embora não saibam. Ações impensadas no
passado, após a morte do corpo físico se transferem para o Mundo Espiritual,
desencadeando os conflitos que marcarão a nova realidade física e social. Com
um agravante: a denominada Obsessão já que naturalmente a atração mental imantará
mentes de padrões semelhantes e afins. A tomada de ligação será a inadaptação e
inaceitação da situação diferente da do passado, que, por sua vez, repercutirá
no equilíbrio do funcionamento do implemento cerebral. Estudo realizado há
alguns anos com 30 pacientes enquadrados nas variações dos quadros de
depressão, revelou que entre as causas ou fatores desencadeantes, a obsessão
espiritual respondia por 70 porcento dos casos, seguido de conflitos
existenciais. Pacientes do sexo feminino compunham o maior numero. Solicitado
certa vez a opinar sobre o tema, o médium Chico Xavier disse que “depressão
é a tristeza indevida que se transfigurou em desânimo, obscurecendo na criatura
o valor do trabalho. Chegando ao clímax desse desencanto incompreensível diante
da vida, muitas vezes a vítima de semelhante infortúnio cai no desequilíbrio
das forças mentais, candidatando-se à matrícula num sanatório ou mesmo descendo
os degraus do abismo invisível no qual se entrega facilmente às garras da morte
prematura”. Indagado sobre como evitá-la disse que “trabalhando incessantemente para
o bem geral sem qualquer expectativa de compensação material ou espiritual, de
vez que quem auxilia a outros está particularmente auxiliando a si próprio”.
Noutra ocasião, disse que “a depressão pede o remédio do trabalho; a
pessoa triste necessita ser motivada para as pequeninas tarefas que consiga
executar”, acrescentando que “o médico pode ajudar muito, mas, se o
deprimido não estiver disposto a se ajudar fica difícil. Aceitar-se como se é,
prosseguindo com muita fé em Deus. Quem sofre depressão deve fugir da cama, do
sofá”. Na sequencia, dois casos que bem demonstram como as causas
anteriores se transformam nas causas atuais das aflições: CASO 1 – EFEITO - Mulher, 22 anos, pensamentos suicidas, antissocial,
revoltada, filha de três anos, envolvida sentimentalmente com pessoa
irresponsável. CAUSA
- Atuação obsessiva de entidade viciosa e
perniciosa interessada na doente envolvendo-a durante o sono físico, provocando
perturbações do sono e medo. Graças sua má conduta e maus hábitos derivados de
influências de amigos interessados em uma vida mais liberal e independente, sem
responsabilidades familiares. CASO 2 – EFEITO – Mulher, 34 anos, diversos sintomas
psicossomáticos desde os 15 anos após o falecimento de sua mãe, o que a levou a
engordar, tornar-se arredia, afastada, introvertida. Recuperou o peso ideal
após dieta rigorosa, favorecendo vida social mais aceitável, embora devido a
insegurança existencial desenvolveu síndrome de cólon que a perturbou por muito
tempo. De humor variável, passou a sentir dores musculares sem razão aparente,
além de cefaleia periódica e intensa, medos antecipados, alterações de humor,
inseguranças, queixas, reclamações e insatisfações. CAUSA – Esgotamento diante dos problemas
comuns do cotidiano, sonhando estar em outras situações ierrais, sentindo-se
como se tivesse perdido as ilusões. Na acústica de sua alma, mantem uma
expectativa sobre uma ação importante no campo social que deixou de realizar,
mantendo mentalmente muitas ideias de ordem filosófico-religiosa.
segunda-feira, 19 de junho de 2017
ÁGUA FLUIDIFICADA? ISSO FUNCIONA?
Pratica usual em grande parte dos Centros Espíritas, a distribuição de
água fluidificada para grande número de pessoas representa dúvida sobre sua
utilidade. Ausente nas chamadas Obras Básicas do Espiritismo, ao que parece,
foi tratada pela primeira vez nas questões 103 e 104 do livro O CONSOLADOR
(feb, 1940), obra em que o Espírito Emmanuel
através do médium Chico Xavier,
de forma muito didática responde a 411 perguntas sobre os mais diferentes temas.
Anos depois, já nos anos 70, o mesmo Instrutor Espiritual voltaria ao tema no
livro SEGUE-ME (o clarim,1973). No primeiro trabalho, perguntado se
haveriam condições especiais para que os Espíritos fluidificassem a água pura, esclareceu
que ‘a caridade não pode
atender a situações especializadas. A presença de médiuns curadores, bem como as reuniões especiais, de modo algum
podem constituir o preço do
benefício aos doentes, porquanto os recursos dos guias espirituais, nessa esfera de ação, podem independer do concurso
medianimico, considerando o problema dos méritos individuais. Na segunda,
explicaria que ‘a prece intercessória e o pensamento de bondade representam irradiações
de nossas melhores energias. A criatura que ora ou medita
exterioriza poderes, emanações e fluidos que, por enquanto, escapam à análise da inteligência vulgar e a linfa
potável recebe a influência, de modo claro, condensando linhas de força
magnética e princípios elétricos, que aliviam e sustentam, ajudam e curam.
Orientaria aqueles que desejam o
concurso dos Amigos Espirituais, na solução das próprias necessidades
fisiológicas ou dos problemas de
saúde e equilíbrio dos companheiros, que ‘colocassem um recipiente de água cristalina, à frente
das próprias orações, esperando e confiando que o orvalho do Plano Divino magnetizará o liquido, com raios de amor, em forma de bênção’ recomendação
que se disseminaria por vários Instrutores Espirituais. Mas nas casas
de assistência espiritual coletiva, isso pode ser considerado? A água retem
mesmo energias positivas ou negativas? A resposta está nas experiências feitas
no final do século 19 pelo Coronel Albert De Rochas, muito conhecido
pelas experiências de regressão de memória compiladas no livro VIDAS SUCESSIVAS (lachâtre). Na verdade
ele esbarrou no fato das regressões de memória pesquisando a exteriorização da
consciência através do estado alterado de consciência induzido pelo magnetismo
de Mesmer.
No livro em que descreve suas pesquisas, De Rochas nas Notas Complementares, descreve
várias experiências de magnetização da água. Delas destacamos algumas para reflexões: - 15 de janeiro de 1892. -
Pela primeira vez experimento a senhora Robert, que é muito sensível, mas que
foi dirigida sobretudo do lado da lucidez. (...) Sensibilizo um copo d'água e
ela ainda sente meus contatos no copo quando afastado dela uns oito metros e
levado para a sala vizinha enquanto que suas camadas sensíveis não vão além de
3 ou 4 metros a seu redor. Ela pode assim contar o número de vezes que
entrava o dedo no copo, embora não me visse. Quando eu o mergulhava nos frascos
de perfume, ela só percebia o contato dos frascos. 14 de fevereiro de 1892. - A senhora
Vix está profundamente adormecida; sensibilizo um copo d'água. Ela
sofre quando bebo uma gota, tirita. Reanimo-a, fazendo-a beber toda a água que
está carregada de seus eflúvios. Mesmo desperta, ela experimenta sensações quando
toco algumas gotas que ficaram no fundo do copo. 3 de abril de 1892. - A senhora Lux é
adormecida por mim; faço-a sensibilizar uma caçarola cheia d'água, depois peço a um
terceiro para pô-la no fogo; ao cabo de algum tempo a senhora Lux tem uma sensação
de calor.. 24 de julho de 1892.
- Adormeço profundamente a senhora Lux; faço-a por o braço e a mão numa cuba. Ao
cabo de algum tempo a água lhe parece quente; ela sente vivamente quando toco
na água, mesmo depois de ter retirado suas mãos; experimenta uma vaga sensação
quando esfrego a toalha com que enxugou a mão. Quando movo a cuba e a água balança,
ela tem aperto no coração, como se estivesse num navio. Nos primeiros instantes
depois que retirou a mão da água, se eu tomasse uma gota dessa água na ponta do
dedo, atrás dela, e a seguir tocasse uma parte de meu corpo, ela sentia o meu
toque na parte correspondente do seu; ao cabo de um tempo bastante curto, essa
localização tinha desaparecido e não restava mais que uma vaga sensação do toque.
sábado, 17 de junho de 2017
EXISTE MAU OLHADO?
Sensação de mal estar ao
cruzarmos com alguém ou recebermos uma visita. Existe isso de alguém atingir
alguém com vibrações negativas? Se afirmativo como explicar. No número de dezembro
de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, encontramos argumentos de Allan
Kardec para esse tema interpretado como superstição. Diz ele: “- Por
sua natureza fluídica, essencialmente móvel e elástica, se assim nos podemos
exprimir, como agente direto do Espírito, o perispírito é posto em ação e
projeta raios pela vontade do Espírito. Por esses raios ele serve à transmissão
do pensamento, porque, de certa forma, está animado pelo pensamento do
Espírito. Sendo o perispírito o laço que une o Espírito ao corpo, é por seu
intermédio que o Espírito transmite aos órgãos, não a vida vegetativa, mas os
movimentos que exprimem a sua vontade; é, também, por seu intermédio que as
sensações do corpo são transmitidas ao Espírito. Destruído o corpo sólido pela
morte, o Espírito não age mais e não percebe senão pelo seu corpo fluídico, ou
perispírito, razão por que age mais facilmente e percebe melhor, já que o corpo
é um entrave. Tudo isto é ainda resultado da observação. Suponhamos agora duas
pessoas próximas, cada qual envolvida – que nos permitam o neologismo – por sua
atmosfera perispiritual. Esses dois fluidos põem-se em contato e se
interpenetram; se forem de natureza antipática, repelem-se e os dois indivíduos
sentirão uma espécie de mal-estar ao se aproximarem um do outro, sem disso se
darem conta; se, ao contrário, forem movidos por sentimentos de benevolência,
terão um pensamento benevolente, que atrai. Tal a causa pela qual duas pessoas
se compreendem e se adivinham sem se falarem. Um certo
não sei quê por vezes nos diz que a pessoa com a qual nos defrontamos deve ser
animada por tal ou qual sentimento. Ora, esse não ‘sei quê’ é a expansão do
fluido perispiritual da pessoa em contato com o nosso, espécie de fio elétrico
condutor do pensamento. Desde logo se compreende que os
Espíritos, cujo envoltório fluídico é muito mais livre do que no estado de
encarnação, já não necessitam de sons articulados para se entenderem. O fluido
perispiritual do encarnado é, pois, acionado pelo Espírito. Se, por sua
vontade, o Espírito, por assim dizer, dardeja raios sobre outro indivíduo, os
raios o penetram. Daí a ação magnética mais ou menos poderosa, conforme a
vontade; mais ou menos benfazeja, conforme sejam os raios de natureza melhor ou
pior, mais ou menos vivificante. Porque podem, por sua ação, penetrar os órgãos
e, em certos casos, restabelecer o estado normal. Sabe-se da importância das
qualidades morais do magnetizador. Aquilo que pode fazer o Espírito encarnado,
dardejando seu próprio fluido sobre uma pessoa, um Espírito desencarnado também
o pode, visto ter o mesmo fluido, ou seja, pode magnetizar. Conforme seja bom
ou mau o fluido, sua ação será benéfica ou prejudicial. Assim, facilmente nos
damos conta da natureza das impressões que recebemos, de acordo com o meio onde
nos encontramos. Se uma assembleia for composta de pessoas animadas de maus
sentimentos, o ar ambiente será saturado com o fluido impregnado de seus
sentimentos. Daí, para as almas boas, um mal-estar moral análogo ao mal-estar
físico causado pelas emanações mefíticas: a alma fica asfixiada. Se, ao
contrário, as pessoas tiverem intenções puras, encontramo-nos em sua atmosfera
como se estivéssemos num ar vivificante e salubre. Naturalmente o efeito será o
mesmo num ambiente repleto de Espíritos, conforme sejam bons ou maus”
quinta-feira, 15 de junho de 2017
ESPIRITISMO E ESQUIZOFRENIA
Solicitado
a, com base no Espiritismo, explicar o transtorno mental chamado esquizofrenia,
o médium Chico Xavier afirmou
serem ‘resultado de complexos de culpas adquiridos
por nós mesmos em existências passadas’. Como exemplo se serviu de um caso em que ‘um
homem extermina a vida de outro homem e parte para o Além; a vítima perdoou ao
verdugo, mas a consciência do verdugo não concordou com esse perdão, e ele
continua com o remorso, com o problema da culpa a lhe desarmonizar a
tranquilidade íntima’. Dessa forma, ‘os pensamentos de remorso repercurtem sobre o corpo
espiritual e determinam o desequilíbrio da distribuição dos agentes químicos do
organismo, já que, em verdade, cada um de nós tem determinada farmácia na sua
própria vida íntima e as substâncias químicas errem o seu nível ideal,
particularmente no cérebro, a cabine por onde o Espírito se manifesta. Há
também a tragédia dos homicidas que se suicidam em seguida e que voltam
acometidos de esquizofrenia’. Destacou que
somos devolvidos à Terra mesmo, aos núcleos
habitacionais em que as nossas culpas foram adquiridas.
Disse ainda que ‘quando
o processo de esquizofrenia está muito violento ele se manifesta na própria
criança, mas, na maioria dos casos, a esquizofrenia aparece depois da puberdade
ou logo após a maioridade física da criatura’. Enfim, reafirmou
ser ‘um problema decorrente de nossos débitos, no
campo espiritual de nossas vidas’. Allan Kardec ao seu tempo a
partir das contribuições e experiências na área da Doutrina Espírita
servindo-se do instrumento denominado mediunidade que, segundo
ele representava para as pesquisas das questões espirituais o mesmo que o
microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos, estabelecera uma
diferença entre os transtornos mentais como de origem fisiológica e
obsessiva. No século 20, o psiquiatra suíço Eugen Bleuler
propôs a denominação de esquizofrenia até então conhecida como demência precoce.
No Brasil, nos anos 40, o psiquiatra Inácio Ferreira com a
colaboração da médium Maria Modesto Cravo desenvolveu
experiências no Sanatório Espírita de Uberaba evidenciando a anterioridade da
origem de doenças mentais, ou seja, em vidas anteriores. Na sequência
reproduziremos dois exemplos mais recentes da doença. Caso 1 – EFEITO – Menina, 12 anos, filha adotiva
desde o nascimento. Já no primeiro mês de vida apresentou anomalias nervosas
como crises convulsivas e apinéia. Tomou conhecimento de sua condição de
adotiva por meio de terceiros aos nove anos surgindo sintomas esquizofrênicos na
forma de distúrbios do comportamento, atraso nos estudos, isolamento e
rebeldia, acentuados progressivamente com o surgimento de medos, mania de
perseguição, inquietações, exacerbação da libido e hiperatividade. CAUSA – Ação em vida passada em que
reencarnada na condição masculina, juntamente dos pais atuais tramou e executou
a morte de homem jovem associando substância letal em medicação que recebia
durante hospitalização. Perseguida agora pelo inconsciente, conflitado pelo amor
recebido dos pais de hoje – cumplices de outrora -, sofre o assedio obsessivo
da vitima da vida passada cujo objetivo vingar-se. Melhora acentuada com o
auxílio espiritual, oração, pratica das reuniões do Evangelho no Lar, entendimento
de si mesma, reorganizando a vida mental, induziu a sincronicidade bioquímica dos
sistemas neurais. Caso 2 – EFEITO – Menino, 12 anos dado a alucinações
e visões que o tornando agitado e agressivo num estado esquizofrênico, situação
diagnosticada pelo psicólogo que o atendia como um estágio de sentimento de
rejeição pelo fato de ser adotado. CAUSA – Ações em vida passada no sertão dos
cangaceiros brasileiros onde integrava bando liderado pela mãe de hoje, então
reencarnada como homem cruel e violento, que, por sinal, o executou. No Plano
Espiritual, decidiu ajudar a antiga vitima, adotando-o na vida atual, do que se
arrependeu fato descoberto pelo menino. Abalado, certo dia ao entrar num ônibus
circular onde vive atualmente viu de relance dois Espíritos a ele ligados no
passado, que passam mentalmente para ele a ideia da rejeição, instigando-o
contra a mãe que trata com agressividade. Ela, por sua vez é um Espírito mau
inconformada com as restrições impostas pelo papel de dona de casa, com filhos,
marido sem condições de se expandir como gostaria. Ela, durante o sono físico,
sai do corpo e continua a comandar a turba de malfeitores que a temem Assumiu
uma reencarnação na condição feminina mas ainda é um ‘homem’ no seu psiquismo.
No lar atual o sentimento de vingança paira em tudo, dificultando no menino a
coordenação de ideias pela proximidade obsessiva de um Espírito por cuja morte
foi responsável na existência pregressa.
terça-feira, 13 de junho de 2017
REPERCUSSÕES DE REGISTROS DA MEMÓRIA
Allan Kardec deu
sua contribuição no artigo FOTOGRAFIA DO
PENSAMENTO, incluído em OBRAS
POSTUMAS. Gabriel Delanne no extraordinário A REENCARNAÇÃO (feb,1937), amplia nosso entendimento sobre ela
dizendo que ela se inscreve no períspirito em camadas sucessivas como demonstrado
nas experiências de regressão realizadas na época confirmando que ‘acontecimentos
contemporâneos e os de uma época estão associados de maneira indissolúvel, não
se confundindo nem com as idades anteriores nem com os que se lhe seguem’.
Pesquisadores da reencarnação no século 20 como Ian Stevenson; Hernani
Guimarães Andrade e Hemendra
Banerjee concluíram que o intervalo curto entre as vidas físicas seriam os
responsáveis pela recuperação geralmente na infância física de lembranças da
vida passada fenômeno denominado por eles de intermissão. O Psiquiatra norte-americano
Brian
Weiss constatou, entre muitas outras coisas em mais de 20 anos de
práticas com as regressões que conduziu desde 1980, que ocorrências traumatizantes
de outras vidas - geralmente
determinantes da morte física nas mesmas -, manifestam-se em forma de alguns
transtornos psicológicos em vidas futuras, independente da distancia entre
encarnações para serem apagadas da memória. Enfim, como enfatizado por Allan
Kardec em vários de seus estudos, ‘o estudo da reencarnação é a chave para
esclarecer muitos dos ‘mistérios’ que envolvem a história da criatura humana’.
Lendo recentemente o surpreendente livro da pesquisadora norte americana Carl Bowman
CRIANÇAS E SUAS VIDAS PASSADAS (ed
salamandra, 1997), encontramos o caso de duas crianças por ela assistidas que ao
manifestarem comportamentos perturbadores, revelaram que as mesmas estavam
enraizadas em vida passada. Das conclusões apresentadas na obras destacamos: a
memória é seletiva; as memórias dessas
crianças estavam mais próximas da superfície do inconsciente; o estado alterado
de consciência expõem no nível consciente camadas sucessivas de emoções,
pensamentos e imagens como as camadas de uma cebola que quando retirada uma, a
seguinte é exposta. Caso 1: EFEITO - Menino, 5 anos, acometido de
intensa reação de pânico ao se iniciar queima de fogos a que fora assistir como
ocorrera nos anos anteriores sem que tivesse a mesma reação. Meses depois reagiu
da mesma forma ante o burburinho e aglomeração em festa a beira de piscina em
casa de amigos de seus pais. Desde seu nascimento apresentava renitente eczema
no pulso direito. CAUSA -
Lembranças
reavivadas de vida anterior no final do século anterior, onde participara a
contragosto da Guerra civil norte americana (1861-1865), defendendo os Estados
do Sul por ser descendente da raça negra que lutava por sua libertação da
escravização. Participou de várias batalhas, sendo atingido no pulso direito
o que determinou após breve recuperação sua integração na equipe responsável
pelo deslocamento de canhão instalado sobre uma carroça. Caso 2:
EFEITO – Menina,
9 anos, acometida de intensa reação de pavor gritando descontroladamente e
chorando enquanto assistia na casa de amiga de escola um filme que reproduzia o
incêndio em uma casa em que uma pessoa morria queimada. Permaneceu abalada por
vários dias, demonstrando um temor ainda mais pronunciado. Revelou à mãe ter
horror a incêndios de forma que mantinha embaixo de sua cama uma sacola com
suas bonecas favoritas e peças de roupa. CAUSA –
Morte
em vida anterior entre 11 e 12 anos, durante incêndio da casa simples de
madeira de dois andares em que vivia com os pais em área rural. Acordou certa
madrugada sentindo cheiro de fumaça, e, observando as grandes labaredas que
cobriam a escada e o corrimão que dava acesso ao andar inferior dirigiu-se ao
quarto dos pais não os encontrando, permanecendo encurralada num dos cantos do
aposento onde pouco depois caiu uma viga do telhado, abrindo um rombo no piso e
propagando o fogo por tudo. Sem conseguir respirar, acaba morrendo sufocada.
domingo, 11 de junho de 2017
ALLAN KARDEC MÉDIUM?
Quatro anos após ter
publicado O LIVRO DOS ESPÍRITOS - a
primeira das obras que organizaria sobre o Espiritismo - , o professor Denizard
Hippolyte Léon Rivail oculto no pseudônimo Allan Kardec já
enriquecera seu currículo com um
histórico impressionante: Lançara O QUE
É O ESPIRITISMO (1859), a versão ampliada d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS (1861); 47 números da REVISTA ESPÍRITA (publicada desde janeiro de 1858); INSTRUÇÕES PRÁTICAS SOBRE AS MANIFESTAÇÕES
ESPÍRITAS (1858); O LIVRO DOS MÉDIUNS (1861). Paralelamente
às lutas pela sobrevivência, iniciara também as atividades da Sociedade Espírita de Paris. A
intensidade, qualidade e densidade desses trabalhos fez surgir entre seus
seguidores a seguinte dúvida: produzira tanto por ser médium? Para esclarecer a
dúvida, aproveitou palestra proferida em 14 de outubro de 1861 quando visitou a
cidade de Bordeaux, cuja integra está reproduzida na edição de novembro
de 1861 da REVISTA ESPÍRITA.
Esquivando-se das manifestações que lhe faziam seguidores da importante cidade
francesa dizendo nela ver “uma homenagem prestada à Doutrina e aos
Espíritos bons que no-la ensinam, muito mais que a ele pessoalmente, que não
passava de um instrumento nas mãos da Providência, acrescentando que ‘é
tudo quanto me cabe e, assim, jamais me considerei seu criador: a honra
pertence inteiramente aos Espíritos”, colocaria um ponto final nas
especulações sobre a questão dizendo: - “Nos trabalhos que tenho feito para alcançar
o objetivo a que me propunha, sem dúvida fui ajudado pelos Espíritos, como eles
próprios já me disseram várias vezes, mas sem o menor sinal exterior de
mediunidade. Assim, não sou médium, no sentido vulgar da palavra, e hoje
compreendo que é uma felicidade que assim o seja. Por uma mediunidade efetiva,
eu só teria escrito sob uma mesma influência; teria sido levado a não aceitar
como verdade senão o que me tivesse sido dado, e talvez injustamente, ao passo
que, na minha posição, convinha que eu desfrutasse de uma liberdade absoluta
para captar o bom, onde quer que se encontrasse e de onde viesse. Foi possível,
assim, fazer uma seleção dos diversos ensinamentos, sem prevenção e com total
imparcialidade. Vi muito, estudei muito e observei bastante, mas sempre com o
olhar impassível; nada ambiciono, senão ver a experiência que adquiri posta em
proveito dos outros. É por eles que me sinto feliz, por poder evitar os
escolhos inseparáveis de todo noviciado. Se trabalhei muito e se trabalho todos
os dias, estou largamente recompensado pela marcha tão rápida da Doutrina,
cujos progressos ultrapassam tudo quanto seria permitido esperar, pelos
resultados morais que ela produz. (...) Ele (o Espiritismo) tira
da sua natureza, de sua própria essência, uma força irresistível. Qual, então,
o segredo dessa força? No Espiritismo não há mistérios; tudo se faz às claras;
podemos revelá-lo sem temor, altivamente. Embora já o tenha dito, talvez não
seja fora de propósito repeti-lo aqui, a fim de que se saiba que se entregamos
aos adversários o segredo de nossas forças é porque também lhes conhecemos o
lado fraco. A força do Espiritismo tem duas causas preponderantes: a primeira é
tornar felizes os que o conhecem, o compreendem e o praticam. Ora, como há
pessoas infelizes, ele recruta um exército inumerável entre os que sofrem.
Querem lhe tirar esse elemento de propagação? Que tornem os homens de tal modo
felizes, moral e materialmente, que nada mais tenham a desejar, nem neste, nem
no outro mundo. Não pedimos mais, desde que o objetivo seja atingido. A segunda
é que o Espiritismo não se assenta na cabeça de nenhum homem, sujeitando-se,
assim, a ser derrubado; não tem um foco único, que possa ser extinto; seu foco
está em toda parte, porque em toda parte há médiuns que podem comunicar-se com
os Espíritos; não há família que não os possua em seu seio e que não realizem
estas palavras do Cristo: Vossos filhos e filhas profetizarão, e terão visões;
porque, enfim, o Espiritismo é uma ideia e não há barreiras impenetráveis à
ideia, nem bastante altas que estas não possam transpor. Mataram o Cristo,
mataram seus apóstolos e discípulos. Mas o Cristo tinha lançado ao mundo a ideia
cristã, e esta ideia triunfou da perseguição dos Césares onipotentes. Por que,
então, o Espiritismo, que não é senão o desenvolvimento e a aplicação da ideia
cristã, não triunfaria sobre alguns zombeteiros e antagonistas que, até o
presente, apesar de seus esforços, só lhe puderam opor uma negação estéril?
sexta-feira, 9 de junho de 2017
CHICO XAVIER, OPINIÕES E ORIENTAÇÕES
A figura de Chico Xavier ao longo de várias das
décadas do século XX ofereceu aos que a ele buscavam, inúmeras contribuições
para uma melhor visualização de si mesmos e dos problemas que os perturbavam.
Várias foram preservadas em livros organizados pelos que testemunharam episódios marcantes no contato
com aflitos e desalentados de nossa Dimensão. Dentre as registradas em livros,
destacamos algumas para nossas reflexões: MAUS PENSAMENTOS - Devemos
combater os maus pensamentos com a mesma determinação com que combatemos uma
infecção que nos agrida o organismo. Através da chamada invigilância mental, os
agentes das trevas nos parasitam, estabelecendo conosco difícil processo de
vampirismo”. INSATISFAÇÃO - “Essa insatisfação diante da
vida, esse anseio de destaque social, econômico, de poder, nos coloca à mercê
de emoções muito fortes. Muitos dos nossos homens públicos tiveram enfartes
quando foram vítimas de terminados decretos, quando não puderam ter tanto como
estavam habituados a ter, vem o colapso das forças orgânicas, o coração para,
porque a nossa mente tem poder absoluto sobre o corpo; não nos educamos para
viver: nos educamos para ser criaturas cada vez mais possessivas.” REMORSO –
“O Espírito preso no remorso não consegue avançar. Enquanto não quitar,
com a própria consciência, os seus débitos, não encontrará o caminho que lhe
permita livre acesso a novas conquistas. Tudo passa, mas o remorso faz com que
o tempo pare dentro da gente. O relógio não espera ninguém, mas a consciência
culpada se recusa a avançar. Muitos Espíritos, do ponto de vista mental,
permanecem presos ao passado. Enquanto não quitarem os débitos que os prendam
ao ontem, não viverão o hoje plenamente e nem serão capazes de cogitar de seu
próprio amanhã. São nossas atitudes que nos programam para a vida”. INSEGURANÇA -
Na prática da humildade, na prestação de serviços aos nossos irmãos da
Humanidade, adquiriremos esse antídoto contra a falta de confiança em nós
próprios”. AUTO-DESTRUIÇÃO “-Devemos pedir a Deus, não o afastamento de nossas provas, mas sim a
força necessária para suportá-las proveitosamente(...).Deixar o trabalho antes
de completá-lo nada mais seria que agravar nossos próprios problemas, porquanto
chegaremos sempre e inevitavelmente à convicção de que a morte não existe como
sendo o fim de nossas preocupações e responsabilidades”. MELINDRES
- “Existem pessoas que se sentem ofendidas, magoadas por qualquer coisa:
à mais leve contrariedade, se sentem humilhadas... Ora, nós não viemos a este
mundo para nos banhar em água de rosas. Somos Espíritos altamente endividados –
dentro de nós mesmos, o passado ainda fala mais alto... Por que então,
haveríamos de nos sentir ofendidos quando as pessoas não fazem com que as
coisas sejam da mentira que queremos? Não podemos ser tão suscetíveis assim...
Por qualquer aborrecimento, gente há que passa a vida inteira sem falar com um
irmão, com um amigo. Queremos viver na Terra sem que sejamos afetados pela sua
condição, de ainda lamentável atraso espiritual. Isto aqui não é uma estação de
veraneio!”. DIFICULDADES - Quando o Espírito reencarna,
ele já vem consciente das lutas que terá de enfrentar – a menos que seja um
Espírito completamente alheio ao seu próprio destino. Todos, quando retomamos o
corpo, sabemos que, de certa forma, estaremos à mercê de uma série de
circunstâncias próprias de um Planeta em evolução” TENTAÇÃO - O mal está em nós
mesmos, em nossas tentações, tentações que nascem de nós. Ninguém nos tenta:
nós é que somos tentados por nós mesmos”. EGOÍSMO - Quem pensa
exclusivamente em si ainda não avançou o suficiente para um melhor
aproveitamento do tempo. O Espírito do egoísta, muitas vezes, mostra-se mais
cristalizado do que aquele que, por exemplo, comete um crime. O criminoso
momentâneo pode ter sido vítima de um desequilíbrio emocional, o egoísta é um
Espírito insensível, que se vale dos outros para colimar com os seus objetivos,
sem se importar com as consequências danosas para aqueles dos quais se aproveita”
quarta-feira, 7 de junho de 2017
JUSTIÇA
A amplitude propiciada
pelo Espiritismo sobre as interações entre o Plano Invisível e o Visível
leva-nos a concluir o quanto a Humanidade terrena precisa amadurecer para que
as contradições sociais diminuam ou mesmo desapareçam nas relações entre os
indivíduos. No tópico justiça não é diferente. Prefaciando o livro AÇÃO E REAÇÃO (1957, feb) do Espírito André Luiz, o Emmanuel também através do médium Chico Xavier pondera que “Von Liszt, eminente criminalista dos tempos modernos, observa que o
Estado, em sua expressão de organismo superior, e excetuando-se, como é claro,
os grupos criminosos que por vezes transitoriamente o arrastam a funestos
abusos do poder, não prescinde da pena, a fim de sustentar a ordem jurídica. A
necessidade da conservação do próprio Estado justifica a pena. Com essa
conclusão, apagam-se, quase que totalmente, as antigas controvérsias entre as
teorias de Direito Penal, de vez que, nesse ou naquele clima de arregimentação
política, a tendência a punir é congenial ao homem comum, em face da
necessidade de manter, tanto quanto possível, a intangibilidade da ordem no
plano coletivo”. Acrescenta também que o Espiritismo revela uma concepção de justiça ainda
mais ampla. A criatura não se encontra simplesmente
subordinada ao critério dos penólogos do mundo, categorizados à conta
de cirurgiões eficientes no tratamento ou na extirpação da gangrena
social. Quanto mais esclarecida a criatura, tanto mais
responsável, entregue naturalmente aos arestos da própria consciência, na Terra ou fora dela, toda vez que se envolve nos espinheiros da culpa. Noutra
obra, André Luiz reproduz comentário de outro Instrutor segundo o
qual o juiz é o médium das leis. Todos os homens em suas
atividades, profissões e associações são instrumentos das forças a que se
devotam. Produzem, de conformidade com os
ideais superiores ou inferiores em que se inspiram, atraindo os elementos
invisíveis que os rodeiam, conforme a natureza dos sentimentos e ideias de que
se nutrem. Já no capítulo 13 do livro LIBERTAÇÃO (feb), um relato interessante revelando uma ocorrência
desdobrada entre dois Planos, onde um dos personagens desencarnados durante as
horas de repouso físico de outro - um juiz encarnado com 20 anos de
experiências -, intervir em favor de vítima aparente de
inconfessável erro judiciário. Horas antes de se deitar para dormir,
o desencarnado aproximou-se ‘colocou-lhe as mãos sobre a fronte, comunicando-nos que prepará-lo-ia para a conversação
próxima, dirigindo-lhe a intuição para as
reminiscências do processo em que fora
implicado. Daí a instantes, os olhos do Juiz exibiam
modificada expressão. Dir-se-ia contemplarem
cenas distanciadas, com indizível tortura.
Mostravam-se angustiados, doridos’. Já semi desligado do corpo físico pelo
entorpecimento natural do sono, inteirado do motivo do encontro com os
desconhecidos diante dos quais se via, procura defender-se da decisão lavrada,
reconhece ter sido o juiz da causa, ter consultado os
códigos necessários antes de emitir a sentença, ter sido o crime averiguado, os
laudos periciais e as testemunhas condenaram o réu, não podendo, em sã consciência,
aceitar intromissões, mesmo tardias, sem argumentação ponderosa e cabível. Ouve
então os argumentos do visitante, os quais valem a pena ser revistos para
reflexões: Os fluidos da carne tecem um véu pesado demais
para ser facilmente rompido pelos que se não afeiçoam, ainda, diariamente, ao
contacto da espiritualidade superior. Referes-te ao título que a convenção
humana te conferiu. (...) O homem que aceitou a mordomia, no quadro dos
bens materiais ou espirituais do Planeta, nunca alardeia superioridade, quando
consciente das obrigações que lhe cabem, por entender na administração fiel um
caminho de aprimoramento, mesmo através de extremo sofrimento moral. Distribuir
amor e justiça, simultaneamente, na atualidade da Terra, em que a maioria das
criaturas menosprezam semelhantes dádivas, é crivar-se de dores. Admites que o
homem viverá sem contas, ainda mesmo aquele que se supõe capacitado para julgar
o próximo, em definitivo?
Acreditas haja o teu raciocínio acertado em todos os enigmas da senda? Terás
agido imparcialmente em todas as decisões? Não creias... O Justo Juiz foi
crucificado num madeiro de linhas retas por devotar-se no mundo à extrema
retidão. Todos nós, na estrada multissecular do conhecimento edificante, muita vez
colocamos o desejo acima do dever e o capricho a cavaleiro dos princípios
redentores que nos compete observar. Em quantas ocasiões já se te inclinou o
mandato às contrafações da política desintegrante dos homens, ávidos de
transitório poder? Em quantos processos permitiste que os teus sentimentos se
turvassem no personalismo delinquente? Juiz não fosse a compaixão divina que te
concede ao ministério diversos auxiliares invisíveis, amparando-te as ações,
por amor à Justiça que representas, e as vítimas dos teus erros involuntários e
das paixões obcecantes daqueles que te cercam não te permitiriam a permanência no
cargo. Teu palácio residencial mostra-se repleto de sombras. Muitos homens e
mulheres, dos que já sentenciaste em mais de vinte anos, nas lides do direito,
arrebatados pela morte, não conseguiram seguir adiante, colados que se acham
aos efeitos de tuas decisões e demoram-se em tua própria casa, aguardando-te explicações
oportunas. Missionário da lei, sem hábitos de prece e meditação, únicos
recursos através dos quais poderias abreviar o trabalho de esclarecimento que
te assiste, grandes surpresas te reserva o transe final do corpo.
domingo, 4 de junho de 2017
ENTENDENDO O CORPO ESPIRITUAL (PERISPÍRITO)
Estabelecendo conexões entre o que disseram os Espíritos que auxiliaram Allan Kardec na elaboração da proposta do Espiritismo não é difícil concluir que o conhecimento do perispírito ou corpo
espiritual revolucionará os conhecimentos já alcançados sobre o corpo físico,
seu funcionamento e disfunções. No sentido de refletirmos sobre a importância dessa conquista do universo de informações
acessados até agora pela ciências que se ocupam da saúde humana, destacamos um
breve trecho de matéria contida na REVISTA
ESPÍRITA, edição de dezembro de 1862. Escreveu Allan
Kardec: -Os Espíritos são revestidos de um envoltório vaporoso, formando para
eles um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos o nome de perispírito, e cujos
elementos são colhidos do fluido universal ou cósmico, princípio de todas as
coisas. Quando o Espírito se une a um corpo, aí vive com seu perispírito, que
serve de ligação entre o Espírito propriamente dito e a matéria corporal; é o
intermediário das sensações percebidas pelo Espírito. Mas o perispírito não
está confinado no corpo, como numa caixa; por sua natureza fluídica, ele
irradia para o exterior e forma em torno do corpo uma espécie de atmosfera,
como o vapor que dele se desprende. Mas o vapor liberado de um corpo enfermiço
é igualmente insalubre, acre e nauseabundo, o que infecta o ar dos lugares onde
se reúnem muitas pessoas doentes. Assim como esse vapor é impregnado das
qualidades do corpo, o perispírito é impregnado de qualidades, isto é, do
pensamento do Espírito, e irradia tais qualidades em torno do corpo. Aqui um
outro parêntese para responder imediatamente a uma objeção oposta por alguns à
teoria dada pelo Espiritismo do estado da alma. Acusam-no de materializar a
alma, ao passo que, conforme a religião, a alma é puramente imaterial. Como a
maior parte das outras, esta objeção provém de um estudo incompleto e
superficial. O Espiritismo jamais definiu a natureza da alma, que escapa às
nossas investigações; não diz que o perispírito constitui a alma: a palavra
perispírito diz positivamente o contrário, pois especifica um envoltório em
torno do Espírito. Que diz a respeito O LIVRO DOS ESPÍRITOS? “Há no homem três
coisas: a alma, ou Espírito, princípio inteligente; o corpo, envoltório
material; o perispírito, envoltório fluídico semimaterial, servindo de laço
entre o Espírito e o corpo.” Do fato de a alma conservar, com a morte do
corpo, o seu envoltório fluídico, não significa que tal envoltório e o Espírito
sejam uma só e mesma coisa, do mesmo modo que o corpo não se confunde com a
roupa nem a alma com o corpo. A Doutrina Espírita nada tira à imaterialidade da
alma, apenas lhe dá dois invólucros, em vez de um, na vida corpórea, e só um
depois da morte do corpo, o que é, não uma hipótese, mas o resultado da
observação; é com o auxílio desse envoltório que melhor se compreende a sua
individualidade e melhor se explica a sua ação sobre a matéria. Voltemos ao
nosso assunto. Por sua natureza fluídica, essencialmente móvel e elástica, se
assim nos podemos exprimir, como agente direto do Espírito, o perispírito é
posto em ação e projeta raios pela vontade do Espírito. Por esses raios ele
serve à transmissão do pensamento, porque, de certa forma, está animado pelo
pensamento do Espírito. Sendo o perispírito o laço que une o Espírito ao corpo,
é por seu intermédio que o Espírito transmite aos órgãos, não a vida
vegetativa, mas os movimentos que exprimem a sua vontade; é, também, por seu
intermédio que as sensações do corpo são transmitidas ao Espírito. Destruído o
corpo sólido pela morte, o Espírito não age mais e não percebe senão pelo seu
corpo fluídico, ou perispírito, razão por que age mais facilmente e percebe
melhor, já que o corpo é um entrave. Tudo isto é ainda resultado da observação.
Suponhamos agora duas pessoas próximas, cada qual envolvida – que nos permitam
o neologismo – por sua atmosfera perispiritual. Esses dois fluidos põem-se em
contato e se interpenetram; se forem de natureza antipática, repelem-se e os
dois indivíduos sentirão uma espécie de mal-estar ao se aproximarem um do
outro, sem disso se darem conta; se, ao contrário, forem movidos por
sentimentos de benevolência, terão um pensamento benevolente, que atrai. Tal a
causa pela qual duas pessoas se compreendem e se adivinham sem se falarem. Um
certo não sei quê por vezes nos diz que a pessoa com a qual nos defrontamos
deve ser animada por tal ou qual sentimento. Ora, esse não sei quê é a expansão
do fluido perispiritual da pessoa em contato com o nosso, espécie de fio
elétrico condutor do pensamento.
sábado, 3 de junho de 2017
UM DIALOGO SURPREENDENTE
A
pergunta inesperada surgiu em reunião publica interativa com frequentadores e
trabalhadores de Grupo Espírita da Capital paulista:-Existem reencarnações planejadas nos
Planos Espirituais Inferiores? A memória no momento resgatou informação
reproduzida em livro de importante médium, dizendo que a reencarnação de Hitler
se dera por gestões do tipo. Pesquisando as obras do ‘reporter’ Andre
Luiz através de Chico
Xavier, encontramos interessante esclarecimento na intitulada AÇÃO E REAÇÃO (feb, 1957). O referido
livro desdobra-se num anexo sob a jurisdição da Colônia Nosso Lar denominado
Mansão da Paz situado nas regiões espirituais sombrias da Terra, dedicado ao
resgate de Espíritos que devem ser encaminhados para os processos reencarnatórios
previstos para os alunos da escola chamada Terra. Em dialogo com Silas, um assessor do dirigente Druso, o autor
espiritual registra:
– Para
que me faça compreendido, convém esclarecer que, se existem reencarnações
ligadas aos planos superiores, temos aquelas que se enraízam diretamente nos
planos inferiores. Se a penitenciária vigora entre os homens, em função da
criminalidade corrente no mundo, o inferno existe, na Espiritualidade, em
função da culpa nas consciências. E assim como já podemos contar na esfera
carnal com uma justiça sinceramente interessada em auxiliar os delinquentes na
recuperação, através do livramento condicional e das prisões-escolas,
organizadas pelas próprias autoridades que dirigem os tribunais humanos em nome
das leis, aqui também os representantes do Amor Divino podem mobilizar recursos
de misericórdia, beneficiando Espíritos devedores, desde que se mostrem dignos
do socorro que lhes abrevie o resgate e a regeneração. – Quer dizer – exclamei – que, em boa lógica terrena, e utilizando-me de uma linguagem
de que usaria um homem na experiência física, há reencarnações em perfeita
conexão com os planos infernais... – Sim. Como não? Valem como preciosas oportunidades de libertação
dos círculos tenebrosos. E como tais renascimentos na carne não possuem senão
característicos de trabalho expiatório,
em muitas
ocasiões são empreendimentos planejados e executados daqui mesmo, por
benfeitores credenciados para agir e ajudar em nome do Senhor. – E, nesses
casos – aduzi –, o Instrutor
Druso dispõe da necessária delegação de competência para resolver os problemas dessa
espécie? – Nosso dirigente – falou o amigo prestimoso
–, como é razoável, não goza de faculdades ilimitadas
e esta instituição é suficientemente ampla
para absorver-lhe os maiores cuidados. Entretanto, nos
processos reencarnatórios, funciona como autoridade intermediária.
– De que modo? – Duas vezes por semana reunimo-nos no
Cenáculo da Mansão e os
mensageiros da luz, por instrumentos adequados, deliberam quanto ao
assunto, apreciando os processos que a nossa casa lhes apresenta. –
Mensageiros da luz? – Sim, são prepostos das Inteligências
angélicas que não perdem
de vista
as plagas infernais, porque, ainda que os gênios da sombra não o admitam, as
forças do Céu velam pelo inferno que, a rigor, existe para controlar o trabalho
regenerativo na Terra. E, sorrindo: – Assim como o doente exige remédio,
reclamamos a purgação espiritual, a fim de que nos habilitemos para a vida nas
esferas superiores. O inferno para a alma que o erigiu em si mesma é aquilo que
a forja constitui para o metal: ali ele se apura e se modela convenientemente.
. .
quinta-feira, 1 de junho de 2017
IRMÃO X FALA SOBRE CREMAÇÃO
Entre as dúvidas comuns em
reuniões interativas entre publico e expositores, deparamo-nos frequentemente
com questionamentos sobre cremação após a morte do corpo físico. Embora o
Espírito Emmanuel tenha se manifestado na série de entrevistas do
jornalista Clementino de Alencar do jornal O GLOBO com o quase desconhecido Chico Xavier em 1935
recomendando um intervalo de 50 horas para a efetivação do
processo, o tema somente seria objeto de discussões no âmbito legislativo do
Rio de Janeiro, então capital da Republica, no início dos anos 50. Nessa ocasião,
o Espírito do cronista e escritor Humberto de Campos - desde anos antes
conhecido como Irmão X – se manifestaria pelo médium mineiro. Suas ponderações
seriam reproduzidas no livro TAÇA DE LUZ (feesp, 1952) e, com algumas
modificações anos depois na obra ESCULTORES DE ALMAS (ceu, 1988). Pela sua
permanente atualidade, vamos reproduzir a versão original a seguir: -“Observada
do Plano Espiritual a celeuma no Rio de Janeiro, em torno da incineração dos
cadáveres, a ser estabelecida por lei, reparamos que o assunto não é realmente
para rir. De um lado, temos os legisladores preocupados com a terra dos
cemitérios, e, de outro, as autoridades eclesiásticas lançando a excomunhão
sobre os responsáveis pelo movimento inovador. Entre os atores da peça, vemos
os defuntos de amanhã, sorridentes e bem humorados, apreciando a pugna entre a
igreja e a edilidade carioca. Aqueles, como nós, que já atravessaram a garganta
da sombra, seguem a novidade, com a apreensão das pessoas mais velhas, à frente
de um parque de crianças. O problema da cremação do corpo, realmente, deveria
merecer mais demorado estudo nos gabinetes legislativos. Há muito caminho por
andar, antes que o homem comum se beneficie com a verdadeira morte. A cessação
dos movimentos do corpo nem sempre é o fim do expressivo transe. O túmulo é uma
passagem especial, a cujas portas muitos dormem, por tempo indeterminado,
criando forças para atravessa-la com o preciso valor. Morrer não é libertar-se
facilmente. Para quem varou a existência na Terra entre abstinência e
sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente
saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais, afeitos aos “comes e
bebes” de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões do
conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou
na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas... Demanda tempo,
esforço, auxílio e boa vontade. Por trás da máscara mortuária, muitas vezes,
esconde-se a alma, inquieta e dolorida, sob estranhas indagações, na vigília
torturada ou no sono repleto de angústia. Para semelhantes viajores da grande
jornada, a cremação imediata do comboio fisiológico será pesadelo terrível e
doloroso. Eis porque, se pudéssemos, pediríamos tempo para os mortos. Se a lei
divina fornece um prazo de nove meses para que a alma possa nascer ou renascer
no mundo com a dignidade necessária, e se a legislação humana já favorece os
empregados com o benefício do aviso prévio, porque razão o morto deve ser
reduzido à cinza com a carne ainda quente? Sabemos que há cadáveres, dos quais,
enquanto na Terra, estimaríamos a urgente separação, entretanto, que mal poderá
trazer aos vivos o defunto inofensivo, sem qualquer personalidade nos
cartórios? Não seria justo conferir algumas semanas de preparação e refazimento
ao peregrino das sombras, para a desistência voluntária dos enigmas que o
afligem na retaguarda? Acreditamos que ainda existe bastante solo no Brasil e
admitimos, por isso, que não necessitamos copiar costumes, em pleno desacordo
com a nossa feição espiritual. Meditando na pungente situação dos
recém-desencarnados, no Rio, observo quão longe vai o tempo em que os mortos
eram embalados com a doce frase latina – “Requiescant in pace”. Não basta agora
o enterro pacífico! É imprescindível a apressada desintegração dos despojos! E
se a lei não for suavizada com a quarentena de repouso e compaixão para os
desencarnados, na laje fria de algum necrotério acolhedor, resta aos mortos a
esperança de que os saltitantes conselheiros da cremação de hoje sejam amanhã
igualmente torrados”. Em nota complementar no primeiro livro citado,
encontra-se: O Projeto-Lei da Câmara dos Vereadores, que dispõe acerca da cremação
nos cemitérios administrados pela Santa Casa de Misericórdia, foi vetado pelo senhor.
Prefeito do Distrito Federal, nove dias depois do Irmão X transmitir a mensagem
supra. O senhor prefeito, entretanto, declarou que qualquer instituição ou
seita religiosa poderá livremente instalar fornos crematórios.
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