Estabelecendo conexões entre o que disseram os Espíritos que auxiliaram Allan Kardec na elaboração da proposta do Espiritismo não é difícil concluir que o conhecimento do perispírito ou corpo
espiritual revolucionará os conhecimentos já alcançados sobre o corpo físico,
seu funcionamento e disfunções. No sentido de refletirmos sobre a importância dessa conquista do universo de informações
acessados até agora pela ciências que se ocupam da saúde humana, destacamos um
breve trecho de matéria contida na REVISTA
ESPÍRITA, edição de dezembro de 1862. Escreveu Allan
Kardec: -Os Espíritos são revestidos de um envoltório vaporoso, formando para
eles um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos o nome de perispírito, e cujos
elementos são colhidos do fluido universal ou cósmico, princípio de todas as
coisas. Quando o Espírito se une a um corpo, aí vive com seu perispírito, que
serve de ligação entre o Espírito propriamente dito e a matéria corporal; é o
intermediário das sensações percebidas pelo Espírito. Mas o perispírito não
está confinado no corpo, como numa caixa; por sua natureza fluídica, ele
irradia para o exterior e forma em torno do corpo uma espécie de atmosfera,
como o vapor que dele se desprende. Mas o vapor liberado de um corpo enfermiço
é igualmente insalubre, acre e nauseabundo, o que infecta o ar dos lugares onde
se reúnem muitas pessoas doentes. Assim como esse vapor é impregnado das
qualidades do corpo, o perispírito é impregnado de qualidades, isto é, do
pensamento do Espírito, e irradia tais qualidades em torno do corpo. Aqui um
outro parêntese para responder imediatamente a uma objeção oposta por alguns à
teoria dada pelo Espiritismo do estado da alma. Acusam-no de materializar a
alma, ao passo que, conforme a religião, a alma é puramente imaterial. Como a
maior parte das outras, esta objeção provém de um estudo incompleto e
superficial. O Espiritismo jamais definiu a natureza da alma, que escapa às
nossas investigações; não diz que o perispírito constitui a alma: a palavra
perispírito diz positivamente o contrário, pois especifica um envoltório em
torno do Espírito. Que diz a respeito O LIVRO DOS ESPÍRITOS? “Há no homem três
coisas: a alma, ou Espírito, princípio inteligente; o corpo, envoltório
material; o perispírito, envoltório fluídico semimaterial, servindo de laço
entre o Espírito e o corpo.” Do fato de a alma conservar, com a morte do
corpo, o seu envoltório fluídico, não significa que tal envoltório e o Espírito
sejam uma só e mesma coisa, do mesmo modo que o corpo não se confunde com a
roupa nem a alma com o corpo. A Doutrina Espírita nada tira à imaterialidade da
alma, apenas lhe dá dois invólucros, em vez de um, na vida corpórea, e só um
depois da morte do corpo, o que é, não uma hipótese, mas o resultado da
observação; é com o auxílio desse envoltório que melhor se compreende a sua
individualidade e melhor se explica a sua ação sobre a matéria. Voltemos ao
nosso assunto. Por sua natureza fluídica, essencialmente móvel e elástica, se
assim nos podemos exprimir, como agente direto do Espírito, o perispírito é
posto em ação e projeta raios pela vontade do Espírito. Por esses raios ele
serve à transmissão do pensamento, porque, de certa forma, está animado pelo
pensamento do Espírito. Sendo o perispírito o laço que une o Espírito ao corpo,
é por seu intermédio que o Espírito transmite aos órgãos, não a vida
vegetativa, mas os movimentos que exprimem a sua vontade; é, também, por seu
intermédio que as sensações do corpo são transmitidas ao Espírito. Destruído o
corpo sólido pela morte, o Espírito não age mais e não percebe senão pelo seu
corpo fluídico, ou perispírito, razão por que age mais facilmente e percebe
melhor, já que o corpo é um entrave. Tudo isto é ainda resultado da observação.
Suponhamos agora duas pessoas próximas, cada qual envolvida – que nos permitam
o neologismo – por sua atmosfera perispiritual. Esses dois fluidos põem-se em
contato e se interpenetram; se forem de natureza antipática, repelem-se e os
dois indivíduos sentirão uma espécie de mal-estar ao se aproximarem um do
outro, sem disso se darem conta; se, ao contrário, forem movidos por
sentimentos de benevolência, terão um pensamento benevolente, que atrai. Tal a
causa pela qual duas pessoas se compreendem e se adivinham sem se falarem. Um
certo não sei quê por vezes nos diz que a pessoa com a qual nos defrontamos
deve ser animada por tal ou qual sentimento. Ora, esse não sei quê é a expansão
do fluido perispiritual da pessoa em contato com o nosso, espécie de fio
elétrico condutor do pensamento.
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