Durante as mais de três décadas
em que circulou, a revista INFORMAÇÃO -
publicação espírita mensal -, o teve como colaborador. Fosse alimentando a
seção O JOVEM E SEUS PROBLEMAS, fosse nas matérias para a seção EDUCAÇÃO ou
entrevistas suas balizadas e substanciais colaborações estavam presentes. Autor
do livro FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA (eme) e produtor há mais de quarenta anos
do programa MOMENTO ESPÍRITA levado ao ar pela UNIRÁDIO da cidade de Garça (SP). Falamos do professor José Benevides Cavalcante cujos escritos pela sua atualidade ,
estaremos recuperando para reflexões sobre temas importantes como o reproduzido a seguir respondendo a pergunta: “porque a religião e a política se parecem tanto”? Porque elas têm praticamente a mesma origem
e sempre estiveram lutando pelo poder. Aliás numa retrospectiva da História,
vamos perceber que a religião antecedeu em muito a política. Na pré-história, o
poder está nas mãos do “feiticeiro”, o homem que fala com os Espíritos ou
Deuses e que pode ter acesso ao conhecimento do sobrenatural, que conhece o
futuro das pessoas e da própria tribo, os métodos de cura e os ministérios da
natureza: ele tem o poder (porque tem o conhecimento) e por isso, é sempre
ouvido respeitado e temido, mesmo pelo chefe que lhe atende as mais absurdas
recomendações. As grandes nações da História antiga são teocracias, visto que
governadas por homens que se intitulam Deuses ou se arvoram em detentores da
ordenação divina, como os faraós do Egito rodeados pelos sacerdotes. Ou mesmo
Moisés, o chefe dos hebreus, escolhido pelo seu deus Iavé. O absolutismo, poder
político concentrado na vontade do homem, o rei, por largo tempo passa a noção
de que o soberano representa a própria vontade de Deus. A Igreja Católica desde
a oficialização do Cristianismo como religião do Estado Romano no século IV,
sempre exerceu esse poder de forma opressora, tendo nas mãos soberanos que
lhe prestam cega obediência. O triste episódio da Santa Inquisição,
verdadeiro holocausto em nome da fé, mostra quanto foi opressor o poder da
religião intolerante, que perseguiu torturou e matou durante séculos, milhares
de pessoas que discordavam de sua linha de pensamento ou ousavam desagradar o
clero. Tão forte é o poder político da religião que ainda hoje, ano 2000, temos
estados governados por chefes religiosos, caso do Irã (governado pelo Aiatolá),
onde a intolerância é marca indispensável desse poder, promovendo verdadeiro
regime do terror. O Brasil até antes da república tinha como religião oficial o
Catolicismo Romano (como Portugal o tem até hoje), onde uma religião gozava de
todos os privilégios em prejuízo das outras, exercendo sozinha decisiva
influência em todas as questões de interesse social. Mesmo em nosso dias,
quando a Constituição Federal nos caracteriza como um País democrático, onde há
lugar para todas as crenças e cultos, por causa desse atavismo religioso
arraigado em nossas estruturas arcaicas, o Brasil ainda depende muito da
posição da Igreja para resolver seus mais graves problemas. Kardec, em OBRAS
PÓSTUMAS, tem um artigo intitulado “AS ARISTOCRACIAS”, em que faz rápido
comentário sobre o caminhar da Humanidade em matéria do poder político,
assinalando as conquistas democráticas que vem sendo alcançadas ao longo do
tempo para a solução dos problemas humanos. Desse modo, você percebe que a
política é filha das religiões e instituições humanas que sempre se impuseram
por meios escusos e métodos opressores, sonegando a verdade, esclarecendo conflitos
e promovendo guerras de conquistas em torno de interesses exclusivamente
materiais, tudo em nome de Deus, do Bem e da Verdade. As religiões do presente
herdam esse triste caráter da religião do passado instigando-se os adeptos ao
desprezo e ao ódio em relação as outras crenças. Nem mesmo as que se dizem
adeptas de Jesus, levam em conta que o carpinteiro de Nazareth, pregava o amor
para com os adversários, porque isso simplesmente não lhes interessa. Elas
querem um Jesus politicamente agressivo, tão intolerante como elas mesmas,
estabelecendo divisões, preferências, privilégios e condenações, porque isso
lhes garante o poder. A Doutrina Espírita, saída das mãos de Allan Kardec, nos
meados do século passado, veio justamente combater esse estado de coisas
recusando-se terminantemente a ser uma adversa- ria a mais na saturada arena da
competição religiosa, estruturada em conceitos científicos e filosóficos com
consequências morais inatacáveis, ela não é uma instituição religiosa
salvacionista, nem se proclama dona exclusiva da Verdade, mas representa a
síntese de uma evolução do pensamento humano, que defende a liberdade de crença
como condição para o próprio progresso da Humanidade. Deve-se colocar acima das
questiúnculas que dividem as pessoas ou os grupos religiosos, para proclamar a
verdadeira religião. Não está nesta ou naquela denominação, na utilização deste
ou aquele culto, na frequência deste ou daquele tempo, mas na conduta do homem
e das coletividades ante os valores universais do amor e da solidariedade
humana.
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