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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

UMA MENSAGEM PROFUNDA


Vários foram os líderes que surgiram e se projetaram no cenário do Movimento Espírita por influência de Chico Xavier. Um deles, convertido pela dor da perda de um ente muito querido, exerceu importante papel na região de Campos (RJ), fundando e dirigindo uma instituição modelo na área social  especialmente na formação e encaminhamento da infância. Seu nome: Clóvis Tavares, autor, entre outros, de TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER (cec). Contando sobre suas experiências com o incomparável médium mineiro lembra:. “Foram sem conta as lições, as benesses, as profundas experiências espirituais a mim concedidas, misericordiosa e ininterruptamente, na querida escola evangélica de Pedro Leopoldo. Considerando os limites destas singelas memórias, vou respingando, aqui e ali, de meus queridos arquivos ou de meus rascunhos de viagem, o trigo bom e farto das bênçãos do Alto. São lembretes, são mensagens, são observações, são advertências, são carinhos — tudo testificando a inefável bondade de Deus. Em julho de 1948, como sempre o fazia nas férias, pus-me a caminho de Pedro Leopoldo. Saí de Campos, na manhã do dia 14, no velho e moroso trem da Leopoldina. Durante a viagem, recordo-me bem, meu pensamento se fixou intensamente na personalidade de Santos Dumont: sua vida, suas dedicações, sua morte dolorosa. Relembrava as páginas de Gondin da Fonseca, depoimentos sobre seus trabalhos aeronáuticos, observações do seu ‘Dans L’Air”. Mentalmente recapitulava episódios da vida do Pai da Aviação: a infância extraordinária, o balãozinho Brasil, o 14-Bis... Cabangu, Saint-Cloud, Guarujá. . . E meditava, outrossim, na confortadora notícia que o Chico me dera, dois anos antes, de que Santos Dumont, desde 1936, era um dos mais devotados Amigos Espirituais de nossa Escola Jesus Cristo. Seis dias depois, na noite de 20 de julho, numa reunião íntima com nosso Chico, em recordando a data natalícia do genial brasileiro, pedi aos companheiros do nosso pequeno grupo permissão para formular uma prece em memória do Benfeitor Espiritual. O querido médium, havendo percebido a presença de Alberto Santos Dumont em nosso círculo íntimo, transmite-me suas palavras de carinho e também uma notícia que me provocou profundo impacto emocional, pois eu guardara, natural e modestamente, completo silêncio sobre minhas cogitações durante a viagem Campos-Rio. Revela-me, então, o Chico que Santos Dumont lhe estava dizendo que muito se sensibilizara com minhas lembranças de sua pessoa, durante a referida viagem e, comovido, me agradecia as recordações afetuosas, desejando escrever uma página destinada ao nosso pequeno grupo. E assim o fez. A mensagem do Pai da Aviação, farta de profundos conceitos, foi inicialmente publicada no jornal campista “A CIDADE” e, mais tarde no livro TEMPO E AMOR (ide). Diz ela: “Amigos, Deus vos recompense. A lembrança da prece me comove as fibras mais intimas. O Espírito liberto esquece o homem prisioneiro. A alvorada entende a sombra. Tenho hoje dificuldades para compreender a luta que passou e, não fosse a responsabilidade que me enlaça ainda ao campo humano, em vista das aflições que me povoaram as últimas vigílias na carne, preferiria que as vossas recordações, ainda mesmo carinhosas e doces, muito me envolvessem o nome de lutador insignificante. Descobrir caminhos foi a obsessão do meu pensamento. Reconheço hoje, porém, que outra deve ser a vocação da altura. Dominar continentes e subjugar povos, através dos ares, será, talvez, extensão de domínio da inteligência perversa que se distancia de Deus. Facilitar comunicações às criaturas que ainda não se entendem, possivelmente será acentuar os processos de ataque e morte, de surpresa, nas aventuras da guerra. Dolorosa é a situação do missionário da ciência que se vê confundido nos ideais superiores. Atormentada vive a cultura que não alcançou o cerne sublime da vida. Terei errado, buscando rotas diferentes? Certo, não. O mundo e os homens aprenderão sempre. A evolução é fatal. Todavia, recolhido presentemente à humildade de mim mesmo, procuro caminhos mais altos e estradas desconhecidas, no aprendizado do roteiro para o Cristo, Senhor de nossas vidas. Não há vôo mais divino que o da alma. Não existe mundo mais nobre a conquistar. além do que se localiza na própria consciência, quando deliberamos converter-nos ao Bem supremo. Sejamos descobridores de nós mesmos. Alcemos corações e pensamentos ao Cristo. Aprimoremo-nos para refletir a vontade soberana e divina do Alto por onde passarmos. Crescimento sem Deus é curso preparatório da queda espetacular. Humilharmo-nos para servir em nome Dele é o caminho da verdadeira glória. De qualquer modo, agradeço-vos. O trabalhador que repara as possibilidades para ser mais util jamais se esquecerá de endereçar reconhecimento às flores que lhe desabrocham na senda. Crede! Não passo de servidor pequenino. Que o Senhor nos enriqueça com Sua divina bênção”. Alberto Santos Dumont

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