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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

GUERRA

A mensagem foi recebida na reunião de 23 de setembro de 1859 através de um médium identificado apenas como Sr M.R. e reproduzida na REVISTA ESPÍRITA edição de  dezembro de 1859. O Espírito que a assina é o grande Imperador romano Júlio Cezar (100 AC a 44 AC) que faz uma revelação interessante. Em sua mais recente existência na Terra ostentou o nome de Luiz IX (1240/1270), o 45º Imperador Frances. Um paralelo entre as duas personalidades demonstra - como ele diz - que as várias existências miseráveis e obscuras intermediárias arrefeceram suas imperfeições morais.  O tema de seu comentário: A GUERRA.  Ante os rumores da possibilidade de uma guerra de grandes proporções vale lembrar que o século 20 – bem como a História da Humanidade -, contabilizou dezenas de Guerras de curta ou longa duração, de maior ou porte que resultaram na morte de milhões de pessoas, incalculáveis prejuízos materiais além das duas chamadas Guerras Mundiais. Importante lembrar ainda que na abordagem sobre as LEIS MORAIS em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec indagando do ESPIRITO DA VERDADE ouve que o motivo das guerras é “a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões”, que ela desaparecerá quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a Lei de Deus, que o objetivo da Providência tornando a guerra necessária é a liberdade é o progresso, que apesar disso, o que suscita a guerra em seu proveito é o verdadeiro culpado e precisará de muitas existências para expiar todos os homicídios dos quais foi a causa, porque responderá pelo homem, cada um deles, ao qual causou a morte para satisfazer sua ambição”.  Voltando à comunicação do Espírito Júlio Cezar, diz Ele: - Até o presente não encarastes a guerra senão do ponto de vista material; guerras intestinas, guerras de povos contra povos; nela não vistes mais que conquistas, escravidão, sangue, morte e ruínas. É tempo de considerá-la do ponto de vista moralizador e progressivo. A guerra semeia em sua passagem a morte e as ideias. As ideias germinam e crescem. O Espírito vem fazê-las frutificar depois de se haver retemperado na Vida Espiritual. Não sobrecarregueis, pois, com vossas maldições, o diplomata que preparou a luta, nem o capitão que conduziu seus soldados à vitória. Grandes lutas se preparam: lutas do Bem contra o mal, das trevas contra a luz; lutas do Espírito de progresso contra a ignorância estacionária. Esperai com paciência, porquanto nem as vossas maldições, nem os vossos louvores poderão modificar a vontade de DEUS. Ele saberá sempre manter ou afastar seus instrumentos do teatro dos acontecimentos, conforme tenham cumprido a sua missão ou dela abusado, para servir a seus pontos de vista pessoais, do poder que tiverem adquirido por seu sucesso. Tendes o exemplo do César moderno (certamente se refere a Napoleão que de soldado chegou ao Poder máximo na França e que pelo desvirtuamento de sua tarefa enfrentou dois exílios compulsórios e sucessivos) e o meu. Por várias existências miseráveis e obscuras, tive de expiar minhas faltas, tendo vivido pela última vez na Terra sob o nome de Luís IX. Júlio César

terça-feira, 26 de setembro de 2017

UMA VISÃO LOGICA

Tema sempre instigante, afinal todos vivenciam experiências ainda não explicadas de modo satisfatório pelas áreas da ciência que dele se ocupa. A Doutrina Espírita, com meio século de antecedência do surgimento do clássico livro do Psiquiatra austríaco Freud já dava sua contribuição sobre a questão. Na sequência alguns pontos apreciados por Allan Kardec e pelo Espírito André Luiz.. 1-O Espiritismo tem uma visão original sobre o sonho. Qual é? Os sonhos são o resultado da emancipação da alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de  clarividência indefinida, que se estende aos lugares os mais distantes ou que jamais se viu, e algumas vezes mesmo a outros mundos.  Daí também a lembrança que retraça na memória os acontecimentos verificados na existência presente ou nas existências anteriores.  A extravagância das imagens referentes ao que se passa ou se  passou em mundos desconhecidos entremeadas de coisas do mundo atual formam esses conjuntos bizarros e confusos que parecem não ter senso nem nexo. A incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas decorrentes da lembrança incompleta do que nos apareceu no sonho.  Tal como um relato ao qual se tivessem truncado frases ou partes de frases ao acaso: os fragmentos restantes sendo reunidos perderiam toda significação racional. (LE, 402)    2-- O afastamento durante o sono físico é pleno? Durante a encarnação, o Espírito jamais se acha completamente separado do corpo; qualquer que seja a distância a que se transporte, conserva-se preso sempre àquele por um laço fluídico que serve para fazê-lo voltar à prisão corpórea, desde que a sua presença ali se torne necessária. Esse laço só a morte o rompe.  3- É necessário o sono completo, para a emancipação do Espírito? Não. O Espírito recobra a sua liberdade quando os sentidos se entorpecem; ele aproveita para se emancipar, todos os instantes de descanso que o corpo lhe oferece.  Desde que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende, e quanto mais fraco estiver o corpo, mais o Espírito estará livre. É assim que o cochilar, ou um simples entorpecimento dos sentidos, apresenta muitas vezes as mesmas imagens do sonho. (LE,407) 4-Essa reação é igual para todas as criaturas humanas? Na maioria das situações, a criatura, tem a mente como que voltada para si mesma, em qualquer expressão de descanso, tomando o sono para claustro tranquilo das impressões que lhe são agradáveis, qual criança que, à solta, procura simplesmente o objeto de seus caprichos.  Nesse ensejo, configura na onda mental que lhe é característica as imagens com que se acalenta, sacando da memória a visualização dos próprios desejos, imitando alguém que improvisasse miragens, na antecipação de acontecimentos que aspira a concretizar.  Atreita ao narcisismo, tão logo demande o sono, quase sempre se detém justaposta ao veículo físico, entregando-se à volúpia mental com que alimenta os próprios impulsos afetivos, enquanto a máquina se refaz.  Ensimesmada, a alma, usando os recursos da visão profunda, localizada nos fulcros do diencéfalo, e plenamente desacolchetada do corpo carnal, por temporário desnervamento, não apenas se retempera nas telas mentais com que preliba satisfações distantes, mas experimenta de igual modo o resultado dos próprios abusos, suportando o desconforto das vísceras destratadas por ele mesmo ou a inquietude dos órgãos que desrespeita, quando não padece a presença de remorsos constrangedores, à face dos atos reprováveis que pratica, porquanto ninguém se livra, no próprio pensamento, dos reflexos de si mesmo.  Qual ocorre no animal de evolução superior, no homem de evolução positivamente inferior o desdobramento da individualidade, por intermédio do sono, é quase que absoluto estágio de mero refazimento físico. No primeiro, em que a onda mental é simplesmente fraca emissão de forças fragmentárias, o sonho é puro reflexo das atividades fisiológicas. No segundo, em que a onda mental está em fase iniciante de expansão, o sonho, por muito tempo, será invariável ação reflexa de seu próprio mundo consciencial ou afetivo. Evolui, no entanto, o pensamento na criatura que amadurece, espiritualmente, através da repercussão. (MM )


domingo, 24 de setembro de 2017

O ESPIRITISMO E O SEXO

Polemicas e discussões acaloradas em torno da cura das chamadas inversões na área da sexualidade circunscrevem-se mais aos efeitos que as prováveis causas. O Espiritismo já na sua origem oferece bases para pelo menos reflexões mais objetivas sobre a questão. Na sequencia alguns pontos para embasar estudos mais aprofundados em torno da questão:1- Os Espíritos encarnam nos diferentes sexos; aquele que foi homem, poderá renascer mulher e aquele que foi mulher poderá renascer homem, a fim de realizar os deveres de cada uma dessas posições, e sofrer-lhes as provas. 2- Sofrendo o Espírito encarnado a influência do organismo, seu caráter se modifica conforme as circunstâncias e se dobra às necessidades e exigências impostas pelo mesmo organismo. Esta influência não se apaga imediatamente após a destruição do invólucro material, assim como não perde instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. 3- Percorrendo uma série de existências no mesmo sexo, conserva durante muito tempo, no estado de Espirito, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa. 4- Se esta influência se repercute da vida corporal para a espiritual, o mesmo se dá quando o Espírito passa da vida espiritual para a corporal. Numa nova encarnação trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito. Se for avançado, será um homem avançado; se for atrasado, será um homem atrasado. Mudando de sexo, poderá então, sob essa impressão e em sua encarnação, conservar os gostos, inclinações e o caráter inerente ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes, notadas no caráter de certos homens e de certas mulheres. 5- Não existe diferença entre o homem e a mulher, senão no organismo material, que se aniquila com a morte do corpo. Mas, quanto ao Espírito, à alma, o Ser essencial, imperecível, ela não existe, porque não há duas espécies de almas. 6- A sede real do sexo não se acha, no veículo físico, mas sim na entidade espiritual em sua estrutura complexa. 7- O sexo é mental em seus impulsos e manifestações. 8- Além da trama de recursos somáticos, a alma guarda a sua individualidade sexual intrínseca, a definir-se na feminilidade ou masculinidade, conforme os característicos acentuadamente passivos ou claramente ativos que lhe sejam próprios. 9- A energia natural do sexo, inerente à própria vida em si, gera cargas magnéticas em todos os seres, pela função criadora de que se reveste, caracterizadas com potenciais nítidos de atração no sistema psíquico de cada um. 10- O instinto sexual não é apenas agente de reprodução, mas reconstituinte de forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de raios psíquico-magnéticos necessários ao seu progresso. 11- O Espírito reencarna em regime de inversão sexual, como pode renascer em condições transitórias de mutilação ou cegueira. Isso não quer dizer que homossexuais ou intersexos estejam em posição, endereçados ao escândalo ou à viciação, como aleijados e cegos não se encontram na inibição ou na sombra para serem delinquentes. 12- O conceito de normalidade ou anormalidade são relativos. Se a cegueira fosse a condição da maioria dos Espíritos reencarnados na Terra, o homem que pudesse enxergar seria positivamente minoria e exceção. 13- Ações praticadas contra pessoas do sexo oposto na busca de prazer a qualquer preço, impõem além da morte a desorganização mental do causador manifestada através da alienação mental exigindo para seu reequilíbrio muitas vezes pela intervenção os Agentes da Lei Divina, reencarnações compulsórias  renascendo em corpo inversos às suas características momentâneas de masculinidades ou feminilidade, para que no corpo inverso, no extremo desconforto íntimo, aprenda a respeitar o semelhante lesado. 14- A inversão também ocorre por iniciativa daqueles que, valendo-se da renúncia construtiva para acelerar o passo no entendimento da vida e do progresso espiritual no intuito de operarem  com mais segurança e valor o acrisolamento moral de si mesmos ou na execução de tarefas especializadas, através de estágio perigosos de solidão, em favor do campo social da Terra 15- Masculinidade ou feminilidade totais são inexistentes na personalidade humana, do ponto de vista psicológico, visto que homens e mulheres, em Espírito, apresentam certa percentagem de característicos viris ou feminis em cada indivíduo, o que não assegura possibilidades de comportamento íntimo normal para todos, segundo a conceituação de normalidade que a maioria dos homens estabeleceu para o meio social. 16- Homens e mulheres podem nascer homossexuais ou intersexos, seja como expiação ou em obediência a tarefas específicas –, como são suscetíveis de tomar o veículo físico na condição de mutilados ou inibidos em certos campos de manifestação para melhorar-se e nunca sob a destinação do mal. 17- A Terra, pouco a pouco, renovará princípios e conceitos, diretriz e legislação, em matéria de sexo, sob a inspiração da ciência, que situará o problema das relações sexuais no lugar que lhe é próprio .

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A QUESTÃO DAS CURAS NA LÓGICA DE ALLAN KARDEC

Resultados obtidos na área da saúde por algumas pessoas através da assistência oferecida por alguns médiuns ou Centros Espiritas surpreendem e intrigam os que deles tomam conhecimento. Será verdade ou possível? Na sequencia em texto incluído na edição de março de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, o esclarecimento do Espiritismo: Consideradas unicamente do ponto de vista fisiológico, as doenças têm duas causas, que até hoje não foram distinguidas, e que não podiam ser apreciadas antes dos novos conhecimentos trazidos pelo Espiritismo. É da diferença destas duas causas que ressalta a possibilidade das curas instantâneas, em casos especiais, e não em todos. Certas moléstias têm sua causa original na própria alteração dos tecidos orgânicos; é a única que a Ciência admite até hoje. E como, para a remediar, não conhece senão as substâncias medicamentosas tangíveis, não compreende a ação de um fluido impalpável, tendo a vontade como propulsor. Entretanto, aí estão os curadores magnéticos para provar que não é uma ilusão. Na cura das doenças desta natureza, pelo influxo fluídico, há substituição das moléculas orgânicas mórbidas por moléculas sadias. É a história de uma velha casa, cujas pedras carcomidas são substituídas por boas pedras; tem-se sempre a mesma casa, mas restaurada e consolidada. (...) A substância fluídica produz um efeito análogo ao da substância medicamentosa, com esta diferença: sendo maior a sua penetração, em razão da tenuidade de seus princípios constituintes, age mais diretamente sobre as moléculas primeiras do organismo do que o podem fazer as moléculas mais grosseiras das substâncias materiais. Em segundo lugar, sua eficácia é mais geral, sem ser universal, porque suas qualidades são modificáveis pelo pensamento, enquanto as da matéria são fixas e invariáveis e não podem aplicar-se senão em determinados casos. Tal é, em tese geral, o princípio sobre o qual repousam os tratamentos magnéticos. Acrescentemos sumariamente, e de memória, já que não podemos aprofundar aqui o assunto, que a ação dos remédios homeopáticos em doses infinitesimais, é baseada no mesmo princípio; a substância medicamentosa, levada pela divisão ao estado atômico, até certo ponto adquire as propriedades dos fluidos, menos, todavia, o princípio anímico, que existe nos fluidos animalizados e lhes dá qualidades especiais. Em resumo, trata-se de reparar uma desordem orgânica pela introdução, na economia, de materiais sãos, substituindo materiais deteriorados. Esses materiais sãos podem ser fornecidos pelos medicamentos ordinários in natura; por esses mesmos medicamentos em estado de divisão homeopática; enfim, pelo fluido magnético, que não é senão matéria espiritualizada. São três modos de reparação, ou melhor, de introdução e de assimilação dos elementos reparadores; todos os três estão igualmente na Natureza, e têm sua utilidade, conforme os casos especiais, o que explica por que um tem êxito onde outro fracassa, porquanto seria parcialidade negar os serviços prestados pela medicina ordinária. Em nossa opinião, são três ramos da arte de curar, destinados a se suplementarem e a se completarem, conforme as circunstâncias, mas dos quais nenhum tem lastro para se julgar a panacéia universal do gênero humano. Cada um desses meios poderá, pois, ser eficaz, se empregado a propósito e adequado à especialidade do mal; mas, seja qual for, compreende-se que a substituição molecular, necessária ao restabelecimento do equilíbrio, não pode operar-se senão gradualmente, e não por encanto e por um golpe de batuta; se possível, a cura só pode ser o resultado de uma ação contínua e perseverante, mais ou menos longa, conforme a gravidade dos casos. Entretanto, as curas instantâneas são um fato, e como não podem ser mais miraculosas que as outras, é preciso que se realizem em circunstâncias especiais. O que o prova é que não se dão indistintamente para todas as doenças, nem para todos os indivíduos. É, pois, um fenômeno natural, cuja lei deve ser buscada. Ora, eis a explicação que se lhe dá; para a compreender, era preciso ter o ponto de comparação que acabamos de estabelecer. Certas afecções, mesmo muito graves e passadas ao estado crônico, não têm como causa primeira a alteração das moléculas orgânicas, mas a presença de um mau fluido que, a bem dizer, as desagrega, perturbando a sua economia. Sucede aqui como num relógio, em que todas as peças estão em bom estado, mas cujo movimento é parado ou desregulado pela poeira; nenhuma peça deve ser substituída e, contudo, ele não funciona; para restabelecer a regularidade do movimento basta expurgar o relógio do obstáculo que o impedia de funcionar. Tal é o caso de grande número de doenças, cuja origem é devida aos fluidos perniciosos de que é penetrado o organismo. Para obter a cura, não são moléculas deterioradas que devem ser substituídas, mas um corpo estranho que se deve expulsar; desaparecida a causa do mal, o equilíbrio se restabelece e as funções retomam seu curso. Concebe-se que em semelhantes casos os medicamentos terapêuticos, destinados, por sua natureza, a agir sobre a matéria, não tenham eficácia sobre um agente fluídico; por isso a medicina ordinária é impotente em todas as moléstias causadas por fluidos viciados, e elas são numerosas. À matéria pode-se opor a matéria, mas a um fluido mau é preciso opor um fluido melhor e mais poderoso. A medicina terapêutica naturalmente falha contra os agentes fluídicos; pela mesma razão, a medicina fluídica falha onde é preciso opor a matéria à matéria; a medicina homeopática nos parece ser o intermediário, o traço de união entre esses dois extremos, e deve particularmente triunfar nas afecções que poderiam chamar-se mistas.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

DOIS TEMAS IMPORTANTES

Leitores enviam suas dúvidas e o professor José Benevides Cavalcante as esclarece. 1- ELIAS E JOÃO BATISTA Ouvi de um padre que a afirmação de que João Batista é Elias nada tem a ver com a reencarnação, pois, no caso, Elias estaria representando apenas o papel de profeta, que também coube a João Batista. Jesus estaria usando uma linguagem figurada, referindo-se não à pessoa de Elias, mas ao papel que representou. Compreendemos e respeitamos a opinião do sacerdote, e nem poderia ser diferente sua posição. Mas, se compulsarmos os Evangelhos, vamos perceber que as figuras de João e de Jesus causaram no povo grandes especulações. Profetas, como Jeremias, haviam anunciado a vinda de um Messias e o povo sofrido aguardava ansioso o surgimento desse libertador que viria extirpar seu sofrimento. Havia vagas noções a respeito da volta à vida, o que era entendido mais comumente como ressurreição - uma crença que os hebreus herdaram dos persas, no período pós-exílio, de 539 a 300 a.C.. Por isso, sem maiores conhecimentos, apenas amparados pela fé, alguns diziam que João Batista era Elias ressuscitado. Depois que João morreu, chegaram a levantar a hipótese de que Jesus era o João ressuscitado, ou mesmo Elias, ou até Jeremias, ou outros profetas, conforme podemos ler nos escritos de Mateus, Marcos e Lucas. Conta Mateus ( capítulo 11) que, quando João estava na prisão, enviou dois discípulos a Jesus para confirmar se ele, Jesus, era o messias anunciado, e Jesus afirmou, entre outras coisas, que João “é o Elias que há de vir”, e ainda acrescentou: “quem ouvidos para ouvir, ouça”. É evidente, portanto, que se falava de pessoas concretas e reais e que João, segundo a opinião de Jesus, era a mesma pessoa que Elias; só que entre essas duas personalidades havia um espaço de cerca de 900 anos, que o corpo de João não podia ser o de Elias, pois João era filho de Izabel e Zacharias, conhecido desde criança, conforme Lucas, capítulo 1. Um aspecto importante, que salta aos olhos dos que estudam detidamente os Evangelhos, é o fato de que Jesus não questionava os dogmas religiosos e parece que não gostava muito de entrar nesse tipo de discussão. Raras vezes o fêz. Estava preocupado, sim, com a sua doutrina moral, com a mudança interior do homem. Por isso, tratou de leve esse e outros assuntos e de acordo com a compreensão do povo, pois, do contrário, não teria tempo e nem tampouco seria ouvido. Veja “REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA” de Herminio C. Miranda e “REENCARNAÇÃO, O ELO PERDIDO DO CRISTIANISMO” de Elizabeth Clare Prophet. 2- INVEJA É verdade que, quando uma pessoa tem inveja da gente, ela passa um fluido negativo, aquilo que se conhece por “mau olhado”. Existe alguma verdade nisso? Para o Espiritismo, o pensamento é um componente natural que exerce alguma ação e pode produzir ou não o resultado desejado. No caso da inveja depende de uma série de fatores, mas depende fundamentalmente das defesas naturais daquele contra quem o mau pensamento foi desferido. Todos nós estamos mais ou menos expostos a diversos tipos de agentes invisíveis, físicos ou mentais, que podem atingir o corpo ou o Espírito, que podem provir tanto do meio que nos cerca, dos encarnados, quanto dos desencarnados. O “orai e vigiai” de Jesus é uma recomendação sensata para não nos expormos demasiadamente a esse tipo de investida gratuita que pode nos ferir, e o preventivo essencial é, sem dúvida, o amor, a prática do Bem, a vida reta. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, o principal alvo da inveja não é a vítima, mas, sim, o autor. O invejoso é, por assim dizer, um dos maiores sofredores do mundo, porque a inveja é um sentimento que vai da intranqüilidade à insatisfação, da inconformação à revolta, deixando profundas marcas de amargura no coração e podendo, até mesmo, influir negativamente no equilíbrio orgânico, provocando-lhe distúrbios funcionais. A pessoa, ao sentir inveja de alguém, nada mais faz do que reconhecer a sua própria infelicidade, colocando-se, sem o querer, num patamar inferior. Sofre intensamente o orgulho ferido, deixandose arrastar por um impulso incontrolável de rebeldia ( não propriamente contra o outro, mas contra si mesma), o que lhe vai causar mais uma ferida na alma, porta aberta a todo tipo de agente mental pernicioso, inclusive a obsessão.

domingo, 17 de setembro de 2017

APRENDIZADO...

Vez ou outra, revigorarmos o Espírito, o ânimo, é extremamente positivo ante a avalanche de notícias e apelos do mundo materialista para desistirmos dos compromissos com a Causa sustentada por Jesus no Planeta de Expiação e Provas em que nos mantemos internados como infratores às Leis de Deus, vítimas das próprias ações danificando nesta ou em outras vidas o instrumento de trabalho denominado corpo físico, resgatarmos os débitos com nossos semelhantes. Numa pausa como esta, evidentes benefícios auferimos em contato com os ensinamentos daqueles que extravasam seus conhecimentos através das posturas diante da vida e da Doutrina Espírita. O caso evidente de Chico Xavier na sua recente passagem por nossa Dimensão. A seguir alguns fragmentos de sua sabedoria: 1- Certa vez, um amigo abordou o médium Chico Xavier e lhe perguntou: - Chico, em sua opinião, qual é o homem mais rico? - Para mim, - respondeu ele, - o homem mais rico é o que tenha menos necessidades. Arriscando nova pergunta, o companheiro quis saber: - E o homem mais justo e sábio? Com o fraterno sorriso de sempre, ele voltou a responder: - O homem mais justo e sábio é o que cumpre com o dever. - Mas – voltou a insistir o homem, certamente querendo uma resposta ou revelação diferente – o que você está me dizendo é o óbvio! Sem parar o que estava fazendo e, com a espontaneidade de sempre, Chico terminou dizendo: - Meu filho, tudo que está no Evangelho é o óbvio! Não existem segredos nem mistérios para a salvação da alma. Nada mais óbvio que a verdade! O nosso problema é justamente este: queremos alcançar o céu, vivendo fora do óbvio na Terra! 2- Um confrade entusiasta elogiava o Chico à queima-roupa, ao fim de movimentada sessão pública, e o médium desapontado, exclamou: — Não me elogie desta maneira. Isso é desconcertante. Não passo de um verme neste mundo. Emmanuel, junto dele, ouvindo a afirmação, falou-lhe paternal: — O verme é um excelente funcionário da Lei, preparando o êxito da sementeira pelo trabalho constante no solo e funciona, ativo, na transmutação dos detritos da terra, com extrema fidelidade ao papel de humilde e valioso servidor da natureza... Não insulte o verme, pois, comparando-se a ele, porquanto muito nos cabe ainda aprender para sermos fiéis a Deus, na posição evolutiva que já conseguimos alcançar... 3- OBSESSÃO EM CRIANÇAS: Já presenciei alguns casos de obsessão com crianças, mas muito raramente acontecem. No período da infância, o Espírito conta com a proteção natural que o imuniza contra ataques de seus desafetos desencarnados. Mas, quando o ódio é muito entranhado, quando o compromisso é recente, o Espírito obsessor se mostra implacável. Enquanto não consegue os seus objetivos de vingança, ele não abandona a vítima. Por este motivo, vemos crianças morrerem barbaramente ou, ainda, ser alvo de sequestros, estupros, pancadaria por parte dos pais, com sequelas cerebrais irreversíveis. 4OBSESSÃO EM ADULTOS: Os Espíritos obsessores, muitos deles, são altamente treinados na técnica de Hipnotizar: quase sempre eles hipnotizam as suas vítimas quando elas se retiram do corpo no momento do sono. Por este motivo, muita gente acorda mal-humorados e agressivos. Se soubéssemos o que nos espera no além, não dormiríamos sem recorrer aos benefícios da prece. Os Espíritos que são nossos desafetos nos espreitam; se não tivermos defesa, eles farão conosco o que bem entenderem. Há obsessões terríveis que são programados durante o sono; Toda noite é uma sessão de hipnose. De repente, é uma agressão violenta dentro de casa, um crime inexplicável.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

SUICÍDIO - UM DRAMA ÍNTIMO APRECIAÇÃO MORAL

Notícia publicada em periódico de grande circulação na França, foi objeto de análise de Allan Kardec no número de fevereiro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA por envolver  fato de extrema gravidade: um suicídio.  “Eis a história. Ele era um velho de setenta e dois anos; ela, uma jovem de vinte. Haviam casado há três anos... Não vos revolteis! o velho Conde, originário de Viterbo, era absolutamente sem família, o que é muito estranho para um milionário! Amália não era sem família, mas antes sem milhões. Para compensar as coisas, quase a tendo visto nascer, sabendo-a de bom coração e de espírito encantador, ele tinha dito à mãe: ‘Deixai-me paternalmente casar com Amália; durante alguns anos ela cuidará de mim; e depois...’ “Fez-se o casamento. Amália compreende os seus deveres; cerca o velho dos mais assíduos cuidados e lhe sacrifica todos os prazeres de sua idade. Tendo o Conde ficado cego e quase paralítico, ela passava longas horas do dia a lhe fazer companhia, leituras, a lhe contar tudo quanto o podia distrair e encantar. ‘Como sois boa, minha cara filha!’, exclamava ele muitas vezes, tomando-lhe as mãos e atraindo-a para depor sobre sua fronte o casto e doce beijo da ternura e do reconhecimento. “Entretanto, um dia notou que Amália se afasta de sua pessoa; que, embora sempre assídua e cheia de solicitude, parece temer sentar-se ao seu lado. Uma suspeita lhe atravessa o Espírito. Uma noite, quando ela fazia a leitura, ele lhe agarra o braço, a atrai para si e enlaça-lhe a cintura; então, soltando um grito terrível, cai desmaiado aos pés da jovem! Amália perde a cabeça; lança-se para a escada, atinge o andar mais alto da casa, precipita-se pela janela e cai despedaçada. O velho não sobreviveu mais que seis horas a esta catástrofe”. Partindo do relato, Kardec pondera: - Haverão de perguntar que relação pode ter esta história com o Espiritismo. Vê-se aí a intervenção de alguns Espíritos maliciosos? (...) O Espiritismo vê duas vítimas. (...) Vê um suicídio; e como sabe que esse crime é sempre punido, pergunta qual o grau de responsabilidade em que incorre aquele que o cometeu.  O Espiritismo toca em todas as questões morais. (...) Já que o fato foi tornado público, é permitido apreciá-lo. (...) Para o espírita, ela tem um lado mais sério, pois aí busca um ensinamento. Então perguntaremos se, na ação do velho, não haveria mais egoísmo que generosidade ao submeter uma moça, quase criança, à sua caducidade, por laços indissolúveis, numa idade em que, antes, deveria pensar no recolhimento, e não nos prazeres da vida? Se, impondo-lhe esse duro sacrifício, não era fazê-la pagar bem caro a fortuna que ele lhe prometera? Não há verdadeira generosidade sem desinteresse. Quanto à jovem, não podia aceitar esses laços senão com a perspectiva de os ver rompidos em breve, já que nenhum motivo de afeição a ligava ao velho. Havia, pois, cálculo de ambos os lados e esse cálculo foi frustrado; Deus não permitiu que nenhum deles o aproveitasse, infligindo a desilusão a um e a vergonha ao outro, que os mataram a ambos. Resta a responsabilidade do suicídio, que jamais fica impune, mas que, muitas vezes, encontra circunstâncias atenuantes. A mãe da moça, para a encorajar a aceitá-lo, havia dito: “Com esta grande fortuna farás a felicidade do homem pobre que amares. Enquanto esperas, honra e respeita esse grande coração que quis fazer-te sua herdeira, durante o tempo que lhe restar de vida.” Era tomá-la pelo lado sensível; mas, para fruir dos benefícios desse grande coração, que teria sido muito maior se a tivesse dotado sem interesse, era preciso especular sobre a duração de sua vida. A jovem errou ao ceder, mas a mãe errou mais em excitá-la e certamente é a ela que incorrerá a maior parte da responsabilidade do suicídio da filha. Assim, aquele que se mata para escapar à miséria é culpado da falta de coragem e de resignação, mas, muito mais culpado ainda, é o causador primário desse ato de desespero. Eis o que o Espiritismo ensina, pelos exemplos que põe aos nossos olhos e aos daqueles que estudam o mundo invisível..

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O PASSE: DICAS E INFORMAÇÕES

Procedimento largamente usado entre  praticantes do Espiritismo, a transfusão de fluidos denominada passe começa a merecer estudos e discussões que certamente ampliam os conhecimentos a respeito da sua utilidade e eficiência. Allan Kardec em seus escritos e ponderações antevira a evolução do tema dizendo que a Teoria do Fluido Cósmico Individualizado em cada Ser sob o nome de fluido perispiritual, abre campo inteiramente novo para a solução de uma imensidade de problemas até agora insolúveis. Em outro momento escreveu que o Espiritismo, esclarecendo-nos sobre as propriedades dos fluidos que são os agentes e meios de ação do Mundo Invisível e constituem uma das forças e um dos poderes da Natureza, nos dá a chave de uma multidão de coisas inexplicadas e inexplicáveis por qualquer outro meio, e que puderam, nos tempos recuados, passar por prodígios ou engendrando a superstição.  Partindo da sua visão a respeito do FLUIDO COSMICO UNIVERSAL, considera que os FLUIDOS ESPIRITUAIS são a matéria do Mundo Espiritual; É a atmosfera dos Seres Espirituais; Está para as necessidades do Espírito como a atmosfera para as dos encarnados; Manipulados pelos Espíritos através do Pensamento e da Vontade, são o que a mão é para o homem. Tendo convivido com os experimentos e das evoluções em torno dos conceitos do médico Franz Anton Mesmer na questão 71 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS apresenta as características do FLUIDO VITAL também chamado fluido elétrico animalizado, fluido magnético, fluido nervoso é uma modificação do fluido Cósmico Universal.; É a matéria sutil e etérea, imponderável para nós, sendo princípio de nossa matéria pesada; Dá movimento e atividade aos seres orgânicos; A quantidade de fluido vital se esgota.; O fluido vital se transmite de um indivíduo para outro;  Os órgãos do corpo estão, por assim dizer, impregnados de fluido vital, o qual dá a todas as partes do organismo uma atividade que as une em certas lesões e restabelece as funções momentaneamente suspensas. A quantidade de fluido vital não é fator absoluto para todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é fator constante, seja no mesmo indivíduo, seja nos indivíduos da mesma espécie; Quando os seres orgânicos morrem, o fluido vital remanescente retorna à massa. Revela a existência do FLUIDO PERISPIRITUAL que é a expansão do fluido perispiritual , uma espécie de fio condutor do pensamento; que projeta raios pela vontade do Espírito, servindo à transmissão do pensamento;  insensível, que transmite a sensação ao centro sensitivo do Espírito; o que faz com que  pelo sentido espiritual ou psíquico, as sensações se generalizam esclarecendo que o Espírito vê, ouve e sente por todo seu SER, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.   Oferece inúmeros esclarecimentos sobre FLUIDO E PENSAMENTO, entre os quais que pensamentos modificam propriedades dos fluidos, os quais são veículos do pensamento e que o pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais como o dos desencarnados, e se transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias, saneando ou viciando os FLUIDOS ambientes, conforme seja bom ou mau; FLUIDO E CORPO FISICO dizendo que o corpo é, ao mesmo tempo, o envoltório e o instrumento do Espírito; a diversidade na maneira de sentir resulta de uma lei física: a da assimilação e da repulsão de fluidos e que cada ente humano carrega consigo sua atmosfera fluídica, como o caracol carrega sua concha deixando essa traços de sua passagem; como uma esteira luminosa, inacessível aos nossos sentidos no estado de vigília, servindo contudo aos videntes e aos Espíritos desencarnados, para reconstituírem os fatos realizados e analisar o motivo que os fez executar. No tópico FLUIDO E CURA afirma que todo efeito mediúnico, é o resultado da combinação dos fluidos emitidos por um Espírito e pelo médium; por essa associação, esses fluidos adquirem propriedades novas que não teriam separadamente, ou pelo menos não teriam no mesmo grau acrescentando que a substância fluídica produz um efeito análogo ao da substância medicamentosa, com a diferença que, sendo maior a sua penetração, em razão da tenuidade de seus princípios constitutivos, age mais diretamente sobre as moléculas primeiras do organismo do que o podem fazer as moléculas mais grosseiras das substâncias materiais; previne que a ação fluídica é poderosamente secundada pela confiança do doente. No item FLUIDOS E PASSE elucida que a faculdade de curar pela imposição das mãos tem, evidentemente, seu princípio numa força excepcional de expansão, mas é aumentada por diversas causas, entre as quais é necessário colocar em primeira linha: a pureza de sentimentos, o desinteresse, a benevolência, o ardente desejo de aliviar, a prece fervorosa e a confiança em Deus, em uma palavra, todas as qualidades morais. Explica ainda que o encarnado absorve FLUIDOS pelos poros perispiríticos, como absorve pelos poros do corpo doenças contagiosas graves, salientando que a mediunidade curadora não vem suplantar a Medicina e os médicos; vem simplesmente provar a estes últimos que há coisas que eles não sabem e os convidar a estudá-las; que a natureza tem recursos que eles ignoram.



segunda-feira, 11 de setembro de 2017

PREVISÕES E OS DINOSSAUROS E A BÍBLIA

O professor José Benevides Cavalcante empresta um pouco mais de seus conhecimentos para esclarecer duvidas de nossos leitores.1- Em que livro espírita posso encontrar informações sobre previsão do futuro? Quando isso pode acontecer e até que ponto posso confiar num médium vidente? As previsões podem eventualmente acontecer. Não só o Espiritismo afirma isso, mas a própria Parapsicologia, quando comandada por sérios pesquisadores, já fez interessantes estudos a respeito com resultados satisfatórios. Joseph Banks Rhine, quando na Universidade de Duke, na Carolina do Norte, Estados Unidos, durante décadas estudou o que chamou de “funções psi” (percepções extra-sensoriais/PES), constatando em experiências de laboratório, com as cartas Zener, que há certas pessoas propensas a captarem informações de fatos que ainda não se deram em nossa linha de tempo. O que os Espíritos disseram a Kardec a respeito encontra-se, principalmente, em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões 868 a 871, em O LIVRO DOS MÉDIUNS, capítulo XXVI, ítem 289 e em A GÊNESE, capítulo XVI, “Teoria da Presciência”. De um modo geral, o Espiritismo não vê nenhuma utilidade em se procurar informações sobre o futuro porque, como dizem os Espíritos, se o homem conhecer o futuro negligenciará o presente. E é o presente que lhe interessa, até porque o depois vai depender do que fizer agora. Não devemos nos alimentar de fantasias ou acreditar que há caminhos mágicos que nos levam à felicidade, como nos contos de fada. Os meios espíritas sérios jamais se prestam a esse tipo de revelação, nem os Espíritos bons e esclarecidos se envolveriam com algo nocivo ao desenvolvimento natural do homem. Portanto, não existe essa prática no Espiritismo e, quando alguma revelação dessa natureza surge, ela vem de maneira espontânea em qualquer meio ou situação, porque é útil. No tocante ao “médium vidente”, de que você fala, convém esclarecer que, no meio espírita, assim denominamos a pessoa que tem capacidade de perceber, além do espaço físico, os Espíritos ou a dimensão espiritual não perceptível ao homem comum. Todavia, o termo “vidente”, de uso muito comum hoje em dia, não se refere ao mesmo médium vidente do meio espírita, mas a pessoas que teriam capacidade de prever o futuro, como essas que se apresentam na televisão e que fazem propaganda de suas pretensas faculdades precognitivas para fins exclusivamente comerciais, as quais, com certeza, nada têm a ver com o Espiritismo nem com o Movimento Espírita. Quanto ao aspecto de confiabilidade nas informações apresentadas, basta que você leia com atenção essas referências bibliográficas de Kardec e tire sua próprias conclusões.  2- Vi na televisão uma reportagem sobre dinossauros, aqueles animais gigantescos que habitaram a Terra há milhões de anos e que existiram também no Brasil. Fiquei pensando por que a Bíblia, que fala na criação do mundo, não fala em dinossauros... A Bíblia, embora se refira à criação do mundo e dos seres vivos, não poderia se referir aos dinossauros, porque quando foi escrita não se sabia e nem sequer se desconfiava da existência desses animais. A visão de mundo que se tinha, então, era muitíssimo acanhada. A Gênese da Bíblia fala de Adão e Eva como pessoas iguais a nós, mas não faz nenhuma referência aos ancestrais humanos que nos antecederam na longa experiência evolutiva de milhões de anos, descobertos pelos pesquisadores no século XIX, mais de 3.000 anos depois de Moisés. Logo, Moisés - ou quem escreveu o episódio da criação - estava muito distante desses conhecimentos e tinha outra visão de mundo e outra concepção de vida. Naquela época, não se tinha a mínima noção de evolução. Os conceitos vinham do mito, tanto entre os hebreus como em qualquer outro povo; aliás, os sumérios, antes de Moisés, já falavam do episódio da criação e do dilúvio, através da epopéia Gilgamesh. O homem precisava encontrar uma explicação para o mundo em que vivia e do qual fazia parte: o mito, próprio da infância da Humanidade, foi o seu primeiro recurso. Logo, a Bíblia, como nenhum livro antigo, não poderia antecipar os conhecimentos que, só recentemente, foram alcançados pelo progresso do pensamento humano e pela investigação e pela ciência. 

sábado, 9 de setembro de 2017

O ESPÍRITO PODE REGREDIR?

Como o Espírito foi criado simples e ignorante, com a liberdade de fazer o bem ou o mal, não haveria queda moral para aquele que tomasse o mau caminho, desde que chega a fazer o mal que antes não fazia? A questão é procedente até porque remanescem algumas correntes orientais que veem a reencarnação como uma forma de punir aqueles que assumem perante a espécie humana presente na Terra cometem faltas graves. No número de junho de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec oferece alguns argumentos respondendo a questão inicial e dirimindo duvidas quanto a segunda possibilidade. Diz ele: - Só há queda na passagem de um estado relativamente bom a um pior. Ora, criado simples e ignorante, o Espírito está, em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual como a criança que acaba de nascer. Se não fez o mal, também não fez o bem. Nem é feliz, nem infeliz. Age sem consciência e sem responsabilidade. Desde que nada tem, nada pode perder, como não pode retrogradar. Sua responsabilidade não começa senão no momento em que se desenvolve o seu livre-arbítrio. Seu estado primitivo não é, pois, um estado de inocência inteligente e raciocinada. Conseguintemente, o mal que fizer mais tarde, infringindo as leis de Deus, abusando das faculdades que lhe foram dadas, não é um retorno do bem ao mal, mas a conseqüência do mau caminho por onde se embrenhou. Isto nos conduz a outra questão. Por exemplo: É possível que Nero, na sua encarnação como Nero, possa ter feito mais mal que na sua precedente existência? A isto respondemos sim, o que não implica que na existência em que tivesse feito menos mal fosse melhor. Antes de tudo, o mal pode mudar de forma sem ser pior ou menos mal. A posição de Nero, como imperador, tendo-o posto em evidência, o que ele fez ficou mais notado; numa existência obscura pôde ter cometido atos igualmente repreensíveis, conquanto em menor escala, e que passaram despercebidos. Como soberano, pôde mandar incendiar uma cidade; como particular pôde queimar uma casa e fazer perecer a família. Tal assassino vulgar, que mata alguns viandantes para os despojar, se estivesse no trono seria um tirano sanguinário, fazendo em grande escala o que sua posição só lhe permite fazer em escala reduzida. Considerando a questão de outro ponto de vista, diremos que um homem pode fazer mais mal numa existência que na precedente, mostrar vícios que não tinha, sem que isto implique uma degenerescência moral. Muitas vezes são as ocasiões que faltam para fazer o mal, quando o princípio existe latente; surge a ocasião e os maus instintos se descobrem. A vida ordinária nos oferece numerosos exemplos: tal homem, que era tido como bom, de repente exibe vícios que ninguém suspeitava, e que causam admiração; é simplesmente porque soube dissimular ou porque uma causa provocou o desenvolvimento do mau germe. É indubitável que aquele em que os bons sentimentos estão fortemente arraigados nem mesmo tem o pensamento do mal; quando tal pensamento existe, é que o germe existe: muitas vezes só falta a execução. Depois, como dissemos, embora sob diferentes formas o mal não deixa de ser o mal. O mesmo princípio vicioso pode ser a fonte de uma imensidade de atos diversos, provenientes de uma mesma causa. O orgulho, por exemplo, pode fazer cometer grande número de faltas, às quais se está exposto, enquanto o princípio radical não for extirpado. Pode, pois, o homem, numa existência, ter defeitos que não se tinham manifestado numa outra e que não passam de conseqüências variadas de um mesmo princípio vicioso. Para nós, Nero é um monstro, porque cometeu atrocidades. Mas acreditais que esses homens – pérfidos, hipócritas, verdadeiras víboras que semeiam o veneno da calúnia, despojam as famílias pela astúcia e pelo abuso de confiança, que cobrem suas torpezas com a máscara da virtude para chegarem com mais segurança a seus fins e receberem elogios, quando só merecem a execração – valham mais do que Nero? Com certeza, não. Serem reencarnados num Nero para eles não seria um retrocesso, mas uma ocasião para se mostrarem sob nova face. Como tais, exibirão os vícios que ocultavam; ousarão fazer pela força o que faziam pela astúcia, eis toda a diferença. Mas essa nova prova lhes tornará o castigo ainda mais terrível se, em vez de aproveitar os meios que lhes são dados para reparar, deles se servirem para o mal. E, entretanto, por pior que seja, cada existência é uma oportunidade de progresso para o Espírito: ele desenvolve a inteligência, adquire experiência e conhecimentos que, mais tarde, o ajudarão a progredir moralmente.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

QUATRO QUESTÕES SOBRE AUTODESCOBRIMENTO

Tema recorrente em exposições e palestras dentro das Casas Espíritas, a reforma íntima é meio para se acelerar a evolução espiritual. Um grande desafio, sem dúvida. Na sequencia, mostramos em quatro abordagens o tema autodescobrimento, um degrau importante na escada do progresso. Partindo da resposta à questão 607ª d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS segundo a qual “o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco, se ensaia para a vida, sofre uma transformação, se tornando Espírito, entrando então no período da humanização”, o que acontece então? No período da humanização, o Espírito começa a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. O período da humanização inicia-se, geralmente, em Mundos ainda inferiores à Terra. Criado simples e ignorante, o Espírito está em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual. Nem após a primeira, nem após a segunda encarnação a alma tem consciência bastante nítida de si mesma, para ser responsável por seus atos; talvez só após a centésima ou milésima. (LE,607 a/b; RE,2/1864) Afirma a chamada Ciência que a longevidade na Terra até a época de Jesus era 20 anos, no início do século 20; 48 anos, crescendo desde a década de 50, chegando ao início do século 21 nos 70/75 anos. Considerando isso, bem como o fato de que somente um terço de cada passagem pelo corpo físico é efetivamente computado no processo evolutivo, então a Humanidade na Terra nesta fase recente evolui muito lentamente? Durante longos períodos o Espírito encarnado é submetido a influência exclusiva dos instintos de conservação. Pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes ou, melhor dito, se equilibram com a inteligência; mais tarde, e sempre gradativamente, a inteligência domina os instintos. O instinto se aniquila por si mesmo.  A responsabilidade do Ser só começa no momento em que se desenvolve seu livre-arbítrio. Quando o Espírito goza do livre-arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento da inteligência. (RE,1/1864) Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? O egoísmo.  Daí deriva todo mal.  Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo.  Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa.  Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade.  Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades. (LE; 913) Nas relações interpessoais em múltiplas encarnações o instinto sexual arrasta o Ser a comportamentos poligâmicos seguidos dos monogâmicos nem que a criatura procura redimir-se dos excessos cometidos no exercício dos primeiros. Há um limite para tantos excessos? Até que o Espírito consiga purificar as próprias impressões, além da ganga sensorial, em que habitualmente se desregra no narcisismo obcecante, valendo-se de outros seres para satisfazer a volúpia de hipertrofiar-se psiquicamente no prazer de si mesmo, numerosas reencarnações instrutivas e reparadoras se lhe debitam no livro da vida, porque não cogita exclusivamente do próprio prazer sem lesar os outros, e toda vez que lesa alguém abre nova conta resgatável em tempo certo. Isso ocorre porque o instinto sexual não é apenas agente de reprodução entre as formas superiores, mas, acima de tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de raios psíquico-magnéticos que lhes são necessários ao progresso (EDM; 18)





terça-feira, 5 de setembro de 2017

JESUS NEGRO, SALVAÇÃO, ESTUDO DA DOUTRINA, CONCEPÇÃO DE DEUS

O professor e estudioso da Doutrina Espírita José Benevides Cavalcante autor do livro FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA (eme), prossegue analisando temas propostos por interessados na visão derivada do conhecimento do ESPIRITISMO. Desta vez, esclarece sobre JESUS NEGRO, SALVAÇÃO, ESTUDO DA DOUTRINA, CONCEPÇÃO DE DEUS 1- Achei extraordinário e criativo o fato de Ariano Suassuna apresentar um Jesus negro na peça “O Auto da Compadecida”, porque acredito que o preconceito de raça também existe no seio da religião, que sempre quis mostrar um Jesus branco, até mesmo loiro, num povo de raça semita, que não podia comportar essas características físicas. A maioria das pessoas ainda não se deu conta disso e se submetem ingenuamente ao preconceito... Não resta dúvida de que o dramaturgo nordestino quis também chamar a atenção, principalmente dos católicos, para a questão racial e discriminação de cor, quando apresenta Jesus e sua mãe em corpos de negros. A cena pode ter parecido estranha para muitos espectadores e pode, até mesmo, ter chocado outros. Seria interessante um estudo dessas reações!...Na história, quem primeiramente pintou Jesus (e sua mãe) nas telas e nos afrescos, foram os artistas da Idade Média, que eram europeus, e que atendiam a encomendas dos religiosos, ainda comprometidos com o conceito de superioridade de raça. Acrescente-se a isso o fato de que Jesus, para os católicos, é o próprio Deus, que deveria ostentar as características de uma raça superior. Os europeus (dominadores) sempre viram os demais povos ( dominados) como inferiores e assim os têm tratado, de modo que só podiam conceber Jesus revestido de um porte europeu com todas as características da raça ariana, até mesmo como um homem loiro, alto e de olhos azuis. Nós, espíritas, com muito mais responsabilidade, precisamos tomar cuidado com isso e não embarcarmos nessa mesma onda de raça superior que tanto mal já causou e tem causado à Humanidade, pois sabemos que a superioridade do indivíduo não está na raça ou no corpo que lhe serve de instrumento na Terra, mas nas qualidades de seu Espírito. Por outro lado, Kardec é muito feliz quando afirma em sua obra que a reencarnação destrói todos os motivos de preconceito, pois o Espírito pode renascer em qualquer raça de qualquer povo e em qualquer época. 2- O que é melhor: pensar que estamos salvos ou pensar que estamos perdidos? Quando a religião promete salvação aos seus adeptos, ela não está ajudando- a viver melhor? De fato, entre pensar que estamos perdidos e pensar que estamos salvos, é melhor ficar com a segunda postura, pois o pensamento pessimista ou derrotista nos arrasa e nos enfraquece, roubando o sentido da vida. Mas devemos considerar também que cada caso é um caso, uma vez que os indivíduos reagem diferentemente diante da mesma situação. Há pessoas que, alimentadas pelo otimismo, fazem coisas boas, praticam bons atos, mas há aquelas que, com a certeza da salvação, acomodam-se no seu egoísmo ou se prevalecem dessa condição para exibir uma pretensa superioridade, perseguindo e esmagando aqueles que não pensam como ela. Ademais, o otimismo é sempre perigoso quando assentado na ignorância, porque não sabe o que faz. Imagine uma pessoa que, entra num compartimento, pensando que ali dorme um gato, quando, na verdade, o que a espera é um leão faminto! A ignorância costuma nos cobrar muito caro pelos erros de cálculo e imaginação. Pensar que seremos salvos é bom, desde que consideremos que essa felicidade depende de nosso esforço e do Bem que pudermos fazer pelo próximo. 3- Gostaria de saber se uma pessoa pode ser espírita sem estudar o Espiritismo. A princípio, podemos considerar espírita a pessoa que aceita como verdade, ao mesmo tempo, todos os princípios fundamentais do Espiritismo, como a existência de Deus, a imortalidade da alma, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação, a fé racional, a pluralidade dos mundos habitados e as leis morais. Há pessoas, que mesmo analfabetas ou semi-alfabetizadas, demonstram enorme disposição para compreender e aceitar o Espiritismo, como se já trouxessem no íntimo suas ideias e ideais. Mas , não podemos esquecer que o Espiritismo pede estudo e aprimoramento sempre, porque a doutrina em si é um campo de conhecimentos que tem uma finalidade educativa; ela mesma está aberta às novas descobertas, atualizando-se constantemente. O espírita consciente, portanto, é aquele que não se isola, que procura participar de um grupo idôneo, onde tenha a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos, acompanhar a evolução da doutrina, aprendendo sempre mais, além de dedicar-se ativamente a atividades culturais ou assistenciais que o grupo porventura desenvolva. 4- Li com interesse o primeiro capítulo d’O LIVRO DOS ESPIRITOS, que fala sobre Deus. Achei interessante a visão espírita de Deus como inteligência perfeita, mas acho que, no conceito de Deus, primeira questão, os Espiritos deveriam incluir também os outros atributos, como bondade, justiça, misericórdia, etc. para ficar mais completo. Você está se referindo aos atributos de Deus, que vêm na questão 13, mas nada impede que você mesmo construa o seu próprio conceito de Deus. O problema, que os Espíritos colocam, está na dificuldade natural que temos de conceituar a Perfeição. Por sermos imperfeitos, qualquer conceito que podemos construir a respeito de Deus será inevitavelmente imperfeito. A ideia, que podemos fazer de Deus, é mais intuitiva e, quando falamos ou escrevemos a seu respeito, percebemos o quanto as palavras limitam a intuição. Para mais profundidade no tema, leia “CONCEPÇÃO EXISTENCIAL DE DEUS” de J. Herculano Pires, “QUE É DEUS?” de Elizeu F. da Mota Junior e “DEUS É O ABSURDO”, de Luciano dos Anjos.

domingo, 3 de setembro de 2017

NÓS, A VERDADE E OS ESPÍRITOS

Admitida a realidade da existência e comunicabilidade dos Espíritos desencarnados, os comportamentos variam conforme o grau de conhecimentos dos que se servem desse procedimento. Devemos crer cegamente na opinião e revelações deles?  Afinal, como inteligências desprendidas da matéria não podem remover todas as dúvidas da Ciência e projetar luz onde reina a obscuridade? As respostas, Allan Kardec oferece em matéria contida na edição de abril de 1860 da REVISTA ESPÍRITA. Escreve ele: - Isto é uma questão muito grave, que se liga à própria base do Espiritismo, e que não poderíamos resolver neste momento sem repetir o que já temos dito a respeito. Assim, aditaremos apenas algumas palavras, a fim de justificar nossas reservas. Para começar, responderemos que nos tornaríamos sábios com muita facilidade se cuidássemos tão-somente de interrogar os Espíritos para conhecer tudo quanto ignoramos. Querendo Deus que adquiríssemos a ciência pelo trabalho, por isso mesmo não encarregou os Espíritos de no-la trazer pronta e acabada, favorecendo a nossa preguiça. Em segundo lugar a Humanidade, como os indivíduos, tem a sua infância, sua adolescência, sua juventude e sua virilidade. Os Espíritos, encarregados por Deus de instruir os homens, devem, pois, proporcionar-lhes ensinos para o desenvolvimento da inteligência; não dirão tudo a todos, aguardando, antes de semear, que a terra esteja pronta para receber a semente que a fará frutificar. Eis por que certas verdades que nos são ensinadas hoje não o foram aos nossos pais, que também interrogavam os Espíritos; eis por que as verdades, para as quais ainda não estamos maduros, só serão ensinadas aos que vierem depois de nós. Nosso equívoco está em nos julgarmos chegados ao cume da escada, quando apenas nos achamos na metade do caminho. Digamos, de passagem, que os Espíritos têm duas maneiras de instruir os homens. Tanto podem fazê-lo comunicando-se diretamente, o que tem ocorrido em todos os tempos, como o provam todas as histórias sagradas e profanas, quanto se encarnando entre eles, para o desempenho das missões de progresso. Tais são esses homens de bem e de gênio, que aparecem de tempos em tempos, como fachos para a Humanidade, fazendo-a avançar alguns passos. Vede o que acontece, quando esses mesmos homens vêm antes do tempo propício para as ideias que devem espalhar: são desconhecidos em vida, mas seus ensinos não ficam perdidos. Depositados nos arquivos do mundo, como um grão precioso posto de reserva, um belo dia levanta da poeira, no momento em que pode frutificar. Desde então, compreende-se que, se o tempo requerido para disseminar certas ideias não houver ainda chegado, será em vão que interrogaremos os Espíritos. Eles só podem dizer o que lhes é permitido. Mas também há outra razão, que compreendem perfeitamente todos os que têm alguma experiência do mundo espírita. Não basta ser Espírito para possuir a ciência universal; do contrário, a morte nos tornaria quase iguais a Deus. Aliás, o simples bom-senso recusa-se a admitir que o Espírito de um selvagem, de um ignorante ou de um malvado, desde que desprendido da matéria, esteja no nível do sábio ou do homem de bem. Isto não seria racional. Há, pois, Espíritos adiantados, e outros mais ou menos atrasados, que devem vencer diversas etapas e passar por numerosas peneiras, antes de se despojarem de todas as suas imperfeições. Disso resulta que no mundo dos Espíritos são encontradas todas as variedades morais e intelectuais existentes entre os homens e outras mais. Ora, prova a experiência que os maus se comunicam tão bem quanto os bons. Os que são francamente maus são facilmente reconhecíveis; mas há também, entre eles, semi-sábios, pseudo-sábios, presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência de gravidade, de sabedoria e de ciência, em favor da qual enunciam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as coisas mais absurdas. E, para melhor enganar, não receiam adornar-se com os mais respeitáveis nomes. Separar o verdadeiro do falso, descobrir o embuste escondido numa exibição de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da ciência espírita. Para superá-la, faz-se necessária uma longa experiência, conhecer todas as astúcias de que são capazes os Espíritos de baixa classe, ter muita prudência, ver as coisas com o mais imperturbável sangue-frio e, sobretudo, guardar-se contra o entusiasmo que cega. Com o hábito e um pouco de tato chega-se facilmente a desmascará-los, mesmo sob a ênfase da mais pretensiosa linguagem. Mas, infeliz do médium que se julga infalível, que se ilude com as comunicações que recebe: O Espírito que o domina pode fasciná-lo a ponto de fazê-lo achar sublime aquilo que, muitas vezes, é apenas absurdo e salta aos olhos de todos, menos aos seus.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A FAMÍLIA E O ESPIRITISMO

Família representa uma evolução nas relações sociais da Humanidade presente no Planeta Terra. Com o advento do Espiritismo, sabe-se que ela cumpre um papel mais importante, pois, constitui-se num instrumento de reaproximação e reconciliação de Espíritos comprometidos em existências passadas. As experiências de regressão de memória utilizada nas Terapias de Vidas Passadas confirmam isso. Na sequência reunimos algumas considerações extraídas das obras de Allan Kardec e de alguns Espíritos para nossas reflexões:  Em texto incluído no livro OBRAS PÓSTUMAS, Allan Kardec explica que “muitas vezes um indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos”. Numa realidade constituída por bilhões de Espíritos como entender isso? A sucessão das existências corporais estabelece entre os Espíritos ligações que remontam às existências anteriores.  Daí, muitas vezes, a simpatia que vem a existir entre certos Espíritos que parecem estranhos. (LE, 204) Fundando-se o parentesco em afeições anteriores, menos precários são os laços existentes entre os membros de uma mesma família.  Essa doutrina amplia os deveres da fraternidade, porquanto, no vizinho, ou no servo, pode achar-se um Espírito a quem se tenha estado preso pelos laços da consanguinidade. (LE,205) Se bem os Espíritos não procedam uns dos outros, nem por isso menos afeição consagram aos que lhes estão ligados pelos elos da família, dado que muitas vezes eles são atraídos para tal ou qual família pela simpatia, ou pelos laços que anteriormente se estabeleceram. (LE,206) A ideia de família organizada nos moldes vigentes na nossa Dimensão é indício de certa evolução espiritual? Quanto mais se integra a alma no plano da responsabilidade moral para com a vida, mais apreende o impositivo da disciplina própria, a fim de estabelecer, com o dom de amar que lhe é intrínseco, novos programas de trabalho que lhe facultem acesso aos Planos Superiores. O instinto sexual nessa fase da evolução não encontra alegria completa senão em contato com outro Ser que demonstre plena afinidade, porquanto a liberação da energia, que lhe é peculiar, do ponto de vista do governo emotivo, solicita compensação de força igual, na escala das vibrações magnéticas. Em semelhante eminência, a monogamia é o clima espontâneo do Ser humano, de vez que dentro dela realiza, naturalmente, com a alma eleita de suas aspirações a união ideal do raciocínio e do sentimento, com a perfeita associação dos recursos ativos e passivos, na constituição do binário de forças, capaz de criar não apenas formas físicas, para a encarnação de outras almas na Terra, mas também as grandes obras do coração e da inteligência, suscitando a extensão da beleza e do amor, da sabedoria e da glória espiritual que vertem, constantes, da Criação Divina.(...) Contudo, até que o Espírito consiga purificar as próprias impressões, além da ganga sensorial, em que habitualmente se desregra no narcisismo obcecante, valendo-se de outros seres para satisfazer a volúpia de hipertrofiar-se psiquicamente no prazer de si mesmo, numerosas reencarnações instrutivas e reparadoras se lhe debitam no livro da vida, porque não cogita exclusivamente do próprio prazer sem lesar os outros, e toda vez que lesa alguém abre nova conta resgatável em tempo certo. Isso ocorre porque o instinto sexual não é apenas agente de reprodução entre as formas superiores, mas, acima de tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de raios psíquico-magnéticos que lhes são necessários ao progresso (EDM)