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terça-feira, 5 de setembro de 2017

JESUS NEGRO, SALVAÇÃO, ESTUDO DA DOUTRINA, CONCEPÇÃO DE DEUS

O professor e estudioso da Doutrina Espírita José Benevides Cavalcante autor do livro FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA (eme), prossegue analisando temas propostos por interessados na visão derivada do conhecimento do ESPIRITISMO. Desta vez, esclarece sobre JESUS NEGRO, SALVAÇÃO, ESTUDO DA DOUTRINA, CONCEPÇÃO DE DEUS 1- Achei extraordinário e criativo o fato de Ariano Suassuna apresentar um Jesus negro na peça “O Auto da Compadecida”, porque acredito que o preconceito de raça também existe no seio da religião, que sempre quis mostrar um Jesus branco, até mesmo loiro, num povo de raça semita, que não podia comportar essas características físicas. A maioria das pessoas ainda não se deu conta disso e se submetem ingenuamente ao preconceito... Não resta dúvida de que o dramaturgo nordestino quis também chamar a atenção, principalmente dos católicos, para a questão racial e discriminação de cor, quando apresenta Jesus e sua mãe em corpos de negros. A cena pode ter parecido estranha para muitos espectadores e pode, até mesmo, ter chocado outros. Seria interessante um estudo dessas reações!...Na história, quem primeiramente pintou Jesus (e sua mãe) nas telas e nos afrescos, foram os artistas da Idade Média, que eram europeus, e que atendiam a encomendas dos religiosos, ainda comprometidos com o conceito de superioridade de raça. Acrescente-se a isso o fato de que Jesus, para os católicos, é o próprio Deus, que deveria ostentar as características de uma raça superior. Os europeus (dominadores) sempre viram os demais povos ( dominados) como inferiores e assim os têm tratado, de modo que só podiam conceber Jesus revestido de um porte europeu com todas as características da raça ariana, até mesmo como um homem loiro, alto e de olhos azuis. Nós, espíritas, com muito mais responsabilidade, precisamos tomar cuidado com isso e não embarcarmos nessa mesma onda de raça superior que tanto mal já causou e tem causado à Humanidade, pois sabemos que a superioridade do indivíduo não está na raça ou no corpo que lhe serve de instrumento na Terra, mas nas qualidades de seu Espírito. Por outro lado, Kardec é muito feliz quando afirma em sua obra que a reencarnação destrói todos os motivos de preconceito, pois o Espírito pode renascer em qualquer raça de qualquer povo e em qualquer época. 2- O que é melhor: pensar que estamos salvos ou pensar que estamos perdidos? Quando a religião promete salvação aos seus adeptos, ela não está ajudando- a viver melhor? De fato, entre pensar que estamos perdidos e pensar que estamos salvos, é melhor ficar com a segunda postura, pois o pensamento pessimista ou derrotista nos arrasa e nos enfraquece, roubando o sentido da vida. Mas devemos considerar também que cada caso é um caso, uma vez que os indivíduos reagem diferentemente diante da mesma situação. Há pessoas que, alimentadas pelo otimismo, fazem coisas boas, praticam bons atos, mas há aquelas que, com a certeza da salvação, acomodam-se no seu egoísmo ou se prevalecem dessa condição para exibir uma pretensa superioridade, perseguindo e esmagando aqueles que não pensam como ela. Ademais, o otimismo é sempre perigoso quando assentado na ignorância, porque não sabe o que faz. Imagine uma pessoa que, entra num compartimento, pensando que ali dorme um gato, quando, na verdade, o que a espera é um leão faminto! A ignorância costuma nos cobrar muito caro pelos erros de cálculo e imaginação. Pensar que seremos salvos é bom, desde que consideremos que essa felicidade depende de nosso esforço e do Bem que pudermos fazer pelo próximo. 3- Gostaria de saber se uma pessoa pode ser espírita sem estudar o Espiritismo. A princípio, podemos considerar espírita a pessoa que aceita como verdade, ao mesmo tempo, todos os princípios fundamentais do Espiritismo, como a existência de Deus, a imortalidade da alma, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação, a fé racional, a pluralidade dos mundos habitados e as leis morais. Há pessoas, que mesmo analfabetas ou semi-alfabetizadas, demonstram enorme disposição para compreender e aceitar o Espiritismo, como se já trouxessem no íntimo suas ideias e ideais. Mas , não podemos esquecer que o Espiritismo pede estudo e aprimoramento sempre, porque a doutrina em si é um campo de conhecimentos que tem uma finalidade educativa; ela mesma está aberta às novas descobertas, atualizando-se constantemente. O espírita consciente, portanto, é aquele que não se isola, que procura participar de um grupo idôneo, onde tenha a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos, acompanhar a evolução da doutrina, aprendendo sempre mais, além de dedicar-se ativamente a atividades culturais ou assistenciais que o grupo porventura desenvolva. 4- Li com interesse o primeiro capítulo d’O LIVRO DOS ESPIRITOS, que fala sobre Deus. Achei interessante a visão espírita de Deus como inteligência perfeita, mas acho que, no conceito de Deus, primeira questão, os Espiritos deveriam incluir também os outros atributos, como bondade, justiça, misericórdia, etc. para ficar mais completo. Você está se referindo aos atributos de Deus, que vêm na questão 13, mas nada impede que você mesmo construa o seu próprio conceito de Deus. O problema, que os Espíritos colocam, está na dificuldade natural que temos de conceituar a Perfeição. Por sermos imperfeitos, qualquer conceito que podemos construir a respeito de Deus será inevitavelmente imperfeito. A ideia, que podemos fazer de Deus, é mais intuitiva e, quando falamos ou escrevemos a seu respeito, percebemos o quanto as palavras limitam a intuição. Para mais profundidade no tema, leia “CONCEPÇÃO EXISTENCIAL DE DEUS” de J. Herculano Pires, “QUE É DEUS?” de Elizeu F. da Mota Junior e “DEUS É O ABSURDO”, de Luciano dos Anjos.

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