O professor José Benevides Cavalcante empresta um pouco mais de seus
conhecimentos para esclarecer duvidas de nossos leitores.1- Em que livro
espírita posso encontrar informações sobre previsão do futuro? Quando isso pode
acontecer e até que ponto posso confiar num médium vidente? As
previsões podem eventualmente acontecer. Não só o Espiritismo afirma isso, mas
a própria Parapsicologia, quando comandada por sérios pesquisadores, já fez
interessantes estudos a respeito com resultados satisfatórios. Joseph Banks
Rhine, quando na Universidade de Duke, na Carolina do Norte, Estados Unidos,
durante décadas estudou o que chamou de “funções psi” (percepções
extra-sensoriais/PES), constatando em experiências de laboratório, com as
cartas Zener, que há certas pessoas propensas a captarem informações de fatos
que ainda não se deram em nossa linha de tempo. O que os Espíritos disseram a
Kardec a respeito encontra-se, principalmente, em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões 868 a 871, em O LIVRO DOS
MÉDIUNS, capítulo XXVI, ítem 289 e em A
GÊNESE, capítulo XVI, “Teoria da
Presciência”. De um modo geral, o Espiritismo não vê nenhuma utilidade em se
procurar informações sobre o futuro porque, como dizem os Espíritos, se o homem
conhecer o futuro negligenciará o presente. E é o presente que lhe interessa,
até porque o depois vai depender do que fizer agora. Não devemos nos alimentar
de fantasias ou acreditar que há caminhos mágicos que nos levam à felicidade,
como nos contos de fada. Os meios espíritas sérios jamais se prestam a esse
tipo de revelação, nem os Espíritos bons e esclarecidos se envolveriam com algo
nocivo ao desenvolvimento natural do homem. Portanto, não existe essa prática
no Espiritismo e, quando alguma revelação dessa natureza surge, ela vem de
maneira espontânea em qualquer meio ou situação, porque é útil. No tocante ao
“médium vidente”, de que você fala, convém esclarecer que, no meio espírita,
assim denominamos a pessoa que tem capacidade de perceber, além do espaço
físico, os Espíritos ou a dimensão espiritual não perceptível ao homem comum.
Todavia, o termo “vidente”, de uso muito comum hoje em dia, não se refere ao
mesmo médium vidente do meio espírita, mas a pessoas que teriam capacidade de
prever o futuro, como essas que se apresentam na televisão e que fazem
propaganda de suas pretensas faculdades precognitivas para fins exclusivamente
comerciais, as quais, com certeza, nada têm a ver com o Espiritismo nem com o
Movimento Espírita. Quanto ao aspecto de confiabilidade nas informações
apresentadas, basta que você leia com atenção essas referências bibliográficas
de Kardec e tire sua próprias conclusões. 2- Vi na televisão uma
reportagem sobre dinossauros, aqueles animais gigantescos que habitaram a Terra
há milhões de anos e que existiram também no Brasil. Fiquei pensando por que a
Bíblia, que fala na criação do mundo, não fala em dinossauros... A
Bíblia, embora se refira à criação do mundo e dos seres vivos, não poderia se
referir aos dinossauros, porque quando foi escrita não se sabia e nem sequer se
desconfiava da existência desses animais. A visão de mundo que se tinha, então,
era muitíssimo acanhada. A Gênese da Bíblia fala de Adão e Eva como pessoas
iguais a nós, mas não faz nenhuma referência aos ancestrais humanos que nos
antecederam na longa experiência evolutiva de milhões de anos, descobertos
pelos pesquisadores no século XIX, mais de 3.000 anos depois de Moisés. Logo,
Moisés - ou quem escreveu o episódio da criação - estava muito distante desses
conhecimentos e tinha outra visão de mundo e outra concepção de vida. Naquela
época, não se tinha a mínima noção de evolução. Os conceitos vinham do mito,
tanto entre os hebreus como em qualquer outro povo; aliás, os sumérios, antes
de Moisés, já falavam do episódio da criação e do dilúvio, através da epopéia
Gilgamesh. O homem precisava encontrar uma explicação para o mundo em que vivia
e do qual fazia parte: o mito, próprio da infância da Humanidade, foi o seu
primeiro recurso. Logo, a Bíblia, como nenhum livro antigo, não poderia
antecipar os conhecimentos que, só recentemente, foram alcançados pelo
progresso do pensamento humano e pela investigação e pela ciência.
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