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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

APENAS MAIS UMA OPÇÃO?

Surgido em meados do século 19, o Espiritismo foi seguido no século 20 por grande quantidade de alternativas espiritualistas que por sua vez atendem anseios e necessidades de grande número de pessoas em várias regiões do Planeta. Diante disso, surge naturalmente a pergunta: qual o real papel a ser cumprido pela Doutrina Espírita. Allan Kardec na edição de agosto de 1865, da REVISTA ESPÍRITA oferece alguns elementos para reflexões. Diz ele: -O Espiritismo contribui para a regeneração da Humanidade: isto é um fato constatado. Ora, não podendo essa regeneração operar-se senão pelo progresso moral, resulta que seu objetivo essencial, providencial, é o melhoramento de cada um; os mistérios que pode nos revelar são a parte acessória, porquanto, ao nos abrir o santuario de todos os conhecimentos só estaremos mais adiantados para o nosso estado futuro se formos melhores. Para nos admitir no banquete da suprema felicidade, Deus não pergunta o que sabemos, nem o que possuímos, mas o que valemos e o bem que fizemos. Portanto, é acima de tudo pelo seu melhoramento individual que todo espírita sincero deve trabalhar. Só aquele que dominou suas más tendências aproveitou realmente o Espiritismo e receberá a sua recompensa. É por isto que os Espíritos bons, por ordem de Deus, multiplicam suas instruções e as repetem até à saciedade; só um orgulho insensato pode dizer: não preciso de mais. Só Deus sabe quando serão inúteis, e só a ele cabe dirigir o ensino de suas mensagens e de o proporcionar ao nosso adiantamento. Contudo, vejamos se, fora do ensinamento puramente moral, os resultados do Espiritismo são tão estéreis quanto pretendem alguns. 1– Antes de mais ele dá, como todos sabem, a prova patente da existência e da imortalidade da alma. Não é uma descoberta, é verdade, mas é por falta de provas sobre este ponto que há tantos incrédulos ou indiferentes quanto ao futuro; é provando o que não passava de teoria que ele triunfa sobre o materialismo e previne suas funestas consequências para a sociedade. Tendo mudado em certeza a dúvida quanto ao futuro, o Espiritismo opera toda uma revolução nas ideias, cujos resultados são incalculáveis. Se aí se limitasse exclusivamente o resultado das manifestações, quão imensos seriam esses resultados! 2 – Pela firme crença que desenvolve, exerce poderosa ação sobre o moral do homem; impele-o ao bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida e lhe desvia do pensamento o suicídio. 3– Retifica todas as ideias falsas que se tivessem sobre o futuro da alma, sobre o céu, o inferno, as penas e recompensas; destrói radicalmente, pela irresistível lógica dos fatos, os dogmas das penas eternas e dos demônios; numa palavra, descobre-nos a vida futura e no-la mostra racional e conforme à justiça de Deus. É ainda uma coisa que tem muito valor. 4 – Dá a conhecer o que se passa no momento da morte; este fenômeno, até hoje insondável, não mais tem mistérios; as menores particularidades dessa passagem tão temível são hoje conhecidas. Ora, como todos morrem, este conhecimento interessa a todo o mundo. 5 – Pela lei da pluralidade das existências, abre um novo campo à filosofia; o homem sabe de onde vem, para onde vai e com que objetivo está na Terra. Explica a causa de todas as misérias humanas, de todas as desigualdades sociais; dá as próprias leis da Natureza como base dos princípios de solidariedade universal, de fraternidade, de igualdade e de liberdade, que só se assentavam na teoria. Enfim, projeta luz sobre as mais árduas questões da metafísica, da psicologia e da moral. 6 – Pela teoria dos fluidos perispirituais, torna conhecido o mecanismo das sensações e das percepções da alma; explica os fenômenos da dupla vista, da vista a distância, do sonambulismo, do êxtase, dos sonhos, das visões, das aparições, etc.; abre novo campo à Fisiologia e à Patologia. 7 – Provando as relações existentes entre o mundo corporal e o mundo espiritual, mostra neste último uma das forças ativas da Natureza, um poder inteligente e dá a razão de uma porção de efeitos atribuídos a causas sobrenaturais, e que alimentaram a maior parte das idéias supersticiosas. 8 – Revelando o fato das obsessões, faz conhecer a causa, até aqui desconhecida, das numerosas afecções, sobre as quais a Ciência se havia enganado em prejuízo dos doentes, e dá os meios de os curar. 9 – Dando-nos a conhecer as verdadeiras condições da prece e seu modo de ação; revelando-nos a influência recíproca dos Espíritos encarnados e desencarnados, ensina-nos o poder do homem sobre os Espíritos imperfeitos para os moralizar e os arrancar aos sofrimentos inerentes à sua inferioridade. 10 – Tornando conhecida a magnetização espiritual, que era desconhecida, abre novo caminho ao magnetismo e lhe traz um novo e poderoso elemento de cura. O mérito de uma invenção não está na descoberta de um princípio, quase sempre conhecido anteriormente, mas na aplicação desse princípio. Sem dúvida a reencarnação não é uma ideia nova, como o perispírito descrito por São Paulo sob o nome de corpo espiritual também não o é, e nem mesmo a comunicação com os Espíritos.


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