O
estudo continuado da Doutrina Espírita conduz naturalmente à convicção de que
existimos para evoluir incessantemente, sendo a condição humana uma das etapas
do processo e a vida no Planeta Terra parte do mesmo. Na sequencia alguns tópicos
importantes para avaliação: 1- Todos alimentam o
desejo muito natural de progredir, para
forrar-se à penosa condição desta vida. Os próprios Espíritos nos
ensinam a praticar o bem com esse objetivo. Será, então, um mal
pensarmos que, praticando o bem, podemos esperar coisa melhor do que
temos na Terra? Não,
certamente; mas aquele que faz o bem, sem ideia preconcebida, pelo só prazer de
ser agradável a Deus e ao seu próximo que sofre, já se acha num certo grau de
progresso. Isso
lhe permitirá alcançar a felicidade muito mais depressa do que seu irmão que,
mais positivo, faz o bem por cálculo e não impelido pelo ardor natural do seu
coração. (LE; 897) 2- Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta
vida e de resistir à atração do mal? O conhecimento de si
mesmo é a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-
se a si mesmo? Não está aí
a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico
e previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de
verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos
sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se
praticada por outra pessoa. Se
a censurais noutrem, não na podereis ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas
medidas na aplicação de sua justiça. Procurai também saber o que
dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos
inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus
muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais
advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua
consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim
de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas
daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar
suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais
avultada que a daquelas. Se
puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o
despertar na outra vida. Formulai, pois, de vós para convosco,
questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las gastem alguns minutos
para conquistar uma felicidade eterna. (LE;
920) 3- Em que medida a
aceitação e o estudo do princípio da reencarnação nos moldes colocados pelo
Espiritismo pode ser útil no processo de autodescobrimento?O
estudo da reencarnação não interessa unicamente ao exame do passado, às
demonstrações do renascimento da alma na ascenção evolutiva; fala, mais
profundamente, ao reequilíbrio de nós mesmos. Não
precisamos exumar personalidades que já desapareceram na ronda inflexível do
tempo, a fim de nos certificarmos quanto à realidade dos princípios
reencarnacionistas. Recorramos à introspecção. Pausemos
na atividade cotidiana de quando em quando para observar-nos, no âmago do Ser,
e constataremos a expressão multiface de nosso Espírito. Aí, na
solidão do plano íntimo, em análise correta e desapaixonada, surpreenderemo-nos
tais quais somos e, confrontando os impulsos que nos caracterizam a índole com
os conhecimentos superiores que vamos adquirindo, esbarramos, de chofre, com as
individualidades que temos vivido em muitas existências. Depois
de semelhante auto-auscultação, vejamos o próprio comportamento na vida
exterior. Encontraremos, então, o traço dominante de nossa
natureza múltipla no trato com pessoas e situações pelas reações que elas nos
causam. O que mais nos assombra é o desnível de nosso senso de
amor e justiça, de vez que há circunstâncias em que pleiteamos tolerância e
desculpa, quando por dentro estamos plenamente convencidos de que somos
responsáveis e puníveis por faltas graves e, há criaturas que nos merecem o
máximo apreço, sem que sintamos por elas nada mais que aversão e vice-versa.
Determinemos, por nós mesmos, as oportunidades que falamos disso ou
daquilo, escondendo cautelosamente a opinião verdadeira que alimentamos no
assunto, atendemos à nossa arte de despistar quando os nossos interesses
estejam em jogo e verificaremos que a cortesia, em certas ocasiões, não passa
de capa atraente que nos guarnece a astúcia, no encalço de certos fins. Não nos propomos ao comentário no
intuito de arrasar-nos ou deprimirmos. Longe disso, sugerimos o tema com o
objetivo de fomentar a pesquisa clara e benéfica da reencarnação, em nós
mesmos, sem necessidade de quaisquer recursos à revelações outras, ao modo de
pessoa que acende um luz para conhecer os escaninhos da própria casa. Estudemos
a lei dos renascimentos na vida física, dentro de nós. Não nos
poupemos, diante da verdade, para que a verdade nos corrija. Não
basta que o discípulo tenha um mestre digno para senhorear disciplina
determinada. É necessário que ele se informe quanto às lições e
se aplique a elas. (SA; 50)
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