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terça-feira, 10 de outubro de 2017

AUTODESCOBRIMENTO

O estudo continuado da Doutrina Espírita conduz naturalmente à convicção de que existimos para evoluir incessantemente, sendo a condição humana uma das etapas do processo e a vida no Planeta Terra parte do mesmo. Na sequencia alguns tópicos importantes para avaliação: 1- Todos alimentam o desejo muito natural de progredir, para forrar-se à penosa condição desta vida. Os próprios Espíritos nos ensinam a praticar o bem com esse objetivo. Será, então, um mal pensarmos que, praticando o bem, podemos esperar coisa melhor do que temos na Terra? Não, certamente; mas aquele que faz o bem, sem ideia preconcebida, pelo só prazer de ser agradável a Deus e ao seu próximo que sofre, já se acha num certo grau de progresso. Isso lhe permitirá alcançar a felicidade muito mais depressa do que seu irmão que, mais positivo, faz o bem por cálculo e não impelido pelo ardor natural do seu coração. (LE; 897)  2- Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? O conhecimento de si mesmo é a chave do progresso individual.  Mas, direis, como há de alguém julgar- se a si mesmo?  Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis?  O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade.  Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa.  Se a censurais noutrem, não na podereis ter por legítima quando fordes  o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo.  Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas.  Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida. Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. (LE; 920) 3- Em que medida a aceitação e o estudo do princípio da reencarnação nos moldes colocados pelo Espiritismo pode ser útil no processo de autodescobrimento?O estudo da reencarnação não interessa unicamente ao exame do passado, às demonstrações do renascimento da alma na ascenção evolutiva; fala, mais profundamente, ao reequilíbrio de nós mesmos. Não precisamos exumar personalidades que já desapareceram na ronda inflexível do tempo, a fim de nos certificarmos quanto à realidade dos princípios reencarnacionistas. Recorramos à introspecção. Pausemos na atividade cotidiana de quando em quando para observar-nos, no âmago do Ser, e constataremos a expressão multiface de nosso Espírito. Aí, na solidão do plano íntimo, em análise correta e desapaixonada, surpreenderemo-nos tais quais somos e, confrontando os impulsos que nos caracterizam a índole com os conhecimentos superiores que vamos adquirindo, esbarramos, de chofre, com as individualidades que temos vivido em muitas existências. Depois de semelhante auto-auscultação, vejamos o próprio comportamento na vida exterior. Encontraremos, então, o traço dominante de nossa natureza múltipla no trato com pessoas e situações pelas reações que elas nos causam. O que mais nos assombra é o desnível de nosso senso de amor e justiça, de vez que há circunstâncias em que pleiteamos tolerância e desculpa, quando por dentro estamos plenamente convencidos de que somos responsáveis e puníveis por faltas graves e, há criaturas que nos merecem o máximo apreço, sem que sintamos por elas nada mais que aversão e vice-versa. Determinemos, por nós mesmos, as oportunidades que falamos disso ou daquilo, escondendo cautelosamente a opinião verdadeira que alimentamos no assunto, atendemos à nossa arte de despistar quando os nossos interesses estejam em jogo e verificaremos que a cortesia, em certas ocasiões, não passa de capa atraente que nos guarnece a astúcia, no encalço de certos fins.  Não nos propomos ao comentário no intuito de arrasar-nos ou deprimirmos.  Longe disso, sugerimos o tema com o objetivo de fomentar a pesquisa clara e benéfica da reencarnação, em nós mesmos, sem necessidade de quaisquer recursos à revelações outras, ao modo de pessoa que acende um luz para conhecer os escaninhos da própria casa. Estudemos a lei dos renascimentos na vida física, dentro de nós. Não nos poupemos, diante da verdade, para que a verdade nos corrija. Não basta que o discípulo tenha um mestre digno para senhorear disciplina determinada. É necessário que ele se informe quanto às lições e se aplique a elas. (SA; 50)


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