Tema sempre oportuno, o esquecimento do passado é racionalmente
justificado pelo Espiritismo. Nas chamadas OBRAS BÁSICAS, encontramos alguns tópicos apresentados
a seguir ilustrando esse argumento: 1 - Em que momento se opera o esquecimento do passado? Desde
que o Espírito é preso ao laço fluídico que o liga ao germe (embrião, feto),
a perturbação apodera-se dele, crescendo à medida que o laço se aperta, e, nos
últimos momentos, o Espírito perde toda a consciência de si mesmo, de sorte que
ele nunca é testemunha consciente de seu nascimento. No momento em que a criança
respira, o Espírito começa a recobrar suas faculdades, que se se desenvolveram
à medida que se formam e consolidam os órgãos que devem servir para a sua
manifestação.(G,XI,20) 2
- Isso seria o esquecimento do passado? Não.
Ao mesmo tempo que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, perde a
lembrança de seu passado, sem perder as faculdades, qualidades e aptidões
adquiridas anteriormente, aptidões que estavam, momentaneamente, estacionadas
em seu estado latente e que, em retomando sua atividade, vão ajudá-lo a fazer
mais e melhor que fazia precedentemente. Ele renasce como fizera na encarnação
anterior; sendo seu renascimento agora um novo ponto de partida, um novo degrau
a subir. (G,XI,21) 3 -
Esse esquecimento é mesmo necessário? Aí a
Bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma
nova existência, a lembrança, muitas vezes aflitiva e humilhante do passado,
poderia perturbá-lo e lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que
aprendeu, ou lhe será útil. Se às vezes lhe é dada uma intuição dos
acontecimentos passados, é como uma lembrança de um sonho fugidio. Ei-lo, pois,
novo homem, por mais antigo que seja como Espírito.. Adota novos processos,
auxiliado, pelas suas aquisições precedentes. (...) Cada Espírito é sempre o
mesmo “EU”, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas uma fase
da sua existência. (G,XI,21) Saudando o primeiro
centenário da Doutrina Espírita na Terra, o Espírito Emmanuel resumiu os estudos realizados em torno d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS na obra RELIGIÃO
DOS ESPÍRITOS
(1961, feb) em psicografia de Chico Xavier, onde revela dado importante- Tanto
nos casos em que o processo do sono que assinala os preparativos para a
reencarnação é longo como naquele que perdura durante a vida fetal, o Espírito
experimenta a prostração psíquica nos primeiros sete anos da tenra
instrumentação fisiológica, perfazendo mais ou menos três
mil dias de sono induzido ou hipnose terapêutica, que acrescidas dos
fenômenos naturais de restringimento do corpo espiritual, no refúgio uterino,
induzem o entorpecimento das recordações do passado, para que se alivie a mente
na direção de novas conquistas. O despertar se faz, gradativamente, na
adolescência, com a vida propondo ao Espírito a continuidade do serviço devido
à regeneração ou à evolução clara e simples, fazendo com que o mesmo retorne à
herança de si mesmo, na estruturação psicológica do destino, reavendo o
patrimônio das realizações e das dívidas que acumulou, em forma de
tendências inatas, e reencontrando pessoas e as circunstâncias com as quais se
ache afinizado ou comprometido. Outro argumento
forte oferecido por Allan Kardec em
O QUE É O ESPIRITISMO é o seguinte: -Suponhamos ainda — o que é um caso muito
comum — que em vossas relações, em vossa família mesmo se encontre um indivíduo
que vos deu outrora muitos motivos de queixa, que talvez vos arruinou, ou
desonrou em outra existência, e que, Espírito arrependido, veio encarnar-se em
vosso meio, ligar-se a vós pelos laços de família, a fim de reparar suas faltas
para convosco, por seu devotamento e afeição; não vos acharíeis mutuamente na
mais embaraçosa posição, se ambos vos lembrásseis de vossas passadas inimizades?
Em vez de se extinguirem, os ódios se eternizariam. Disso resulta que a reminiscência
do passado perturbaria as relações sociais e seria um tropeço ao progresso.
Quereis uma prova? Supondo que um indivíduo condenado às galés tome a firme
resolução de tornar-se um homem de bem, que acontece quando ele termina o
cumprimento da pena? A sociedade o repele, e essa repulsa o lança de novo nos
braços do vício. Se, porém, todos desconhecessem os seus antecedentes, ele
seria bem acolhido; e, se ele mesmo os esquecesse, poderia ser honesto e andar
de cabeça erguida, em vez de ser obrigado a curvá-la sob o peso da vergonha do
que não pode olvidar. Isto está em perfeita concordância com a Doutrina dos
Espíritos, a respeito dos mundos superiores ao nosso planeta, nos quais, só
reinando o bem, a lembrança do passado nada tem de penosa; eis por que seus
habitantes se recordam da sua existência precedente, como nós nos recordamos hoje
do que ontem fizemos. Quanto à lembrança do que fizeram em Mundos Inferiores,
ela produz neles a impressão de um mau sonho
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