O professor José Benevides
Cavalcante (FUNDAMENTOS
DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) segue
com suas participações esclarecendo dúvidas dos leitores.1- PREVISÕES Se existem pessoas
que podem ver o futuro, como o Espiritismo fala, é porque o futuro já está
determinado. Nesse caso, nada adianta o nosso esforço para modificar as coisas,
pois o que vai acontecer ninguém pode mudar. A premissa está certa: há pessoas - ou,
eventualmente, qualquer pessoa - que podem prever acontecimentos. Mas a
conclusão não é correta. O fato de uma pessoa prever algum fato e esse fato,
posteriormente, ocorrer, não significa que não havia possibilidade de muda-lo.
Significa apenas que ele não foi mudado e, por isso mesmo, se confirmou a
previsão. A princípio, não existe o que não pode ser modificado, porque a vida
é dinâmica e o Espírito é senhor de sua vontade. Portanto, é fácil concluir que
as previsões só se aplicam aos fatos que, estando previstos, não foram mudados.
É sabido, no meio espírita, que a Espiritualidade, e até mesmo o Espírito,
podem planejar uma encarnação, sabendo antecipadamente as probabilidades de se
dar tal ou tal fato. Alguém pode ter acesso a essa informação por vias anímicas
ou mediúnicas e captar, por exemplo, uma cena, geralmente, trágica que pode
acontecer nesta encarnação. Isto geralmente significa um alerta para o
protagonista da tragédia, que poderá alterar o rumo dos acontecimentos ou não,
dependendo de sua vontade e de seu esforço. Se tudo que estivesse previsto não
fosse passível de alteração, teríamos que aceitar o destino irremediável ou a
predestinação e, então, de nada valendo nossa vontade e nossos esforços para
melhorar, seríamos apenas e tão somente marionetes, sem mérito ou culpa pelo
que nos acontece. Esta ideia do destino irrevogável, portanto, não é uma
concepção espírita. Para o Espiritismo nós somos os construtores do próprio
destino: “a cada um segundo as suas obras”. 2- INDULGÊNCIA E PERDÃO Qual a diferença que
existe entre indulgência e perdão? No sentido utilizado em O
LIVRO DOS ESPÍRITOS ( questão 886),
quando Kardec pergunta qual o sentido de caridade utilizado por Jesus, a
indulgência e o perdão têm um ponto comum, que é a compreensão quanto aos
defeitos ou erros dos outros. No entanto, a indulgência se refere mais à
compreensão que devemos ter em relação às pessoas que estão mais distantes de
nós, quando elas não procedem bem na vida familiar, na vida social, ou quando
as julgamos erradas por se conduziram desta ou daquela maneira. Como nada temos
a ver com a vida delas, se não podemos ajudá-las, não nos cabe o direito de
alardear suas fraquezas ou de comentar seus deslizes ( maledicência), uma vez
que também somos imperfeitos e nos sentimos prejudicados quando os outros
comentam nossos defeitos. Referindo-se à indulgência, Jesus proclamou o "não julgueis para que não sejais julgados",
um dos princípios básicos de sua Doutrina. Quanto ao perdão, trata-se da
compreensão que devemos ter em relação aos nossos ofensores, ou seja, a pessoas
que, relacionando-se diretamente conosco, nos ofenderam, nos feriram, nos
prejudicaram de alguma forma. Neste caso, somos a vítima de seu erro ou de sua
imperfeição ( independente se o seu ato foi deliberado ou não), e o perdão
consiste em compreender os seus limites, não desejando-lhes o mal e, muito
menos, alimentando contra elas ideias de revide ou de vingança,
propiciando-lhe, inclusive, a oportunidade de reparação. Não resta dúvida de
que o perdão é a mais alta expressão da caridade por ser bem mais difícil que a
indulgência e, portanto, reunir maiores méritos por parte da vítima. Jesus se
referiu muitas vezes ao perdão, como expressão de completa abnegação,
respondendo a Pedro que perdoasse não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete
vezes, ou seja, quantas vezes fosse necessário.
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