A história registra que objetivamente
o primeiro fenômeno de comunicação interdimensional, ou seja, entre o Plano
Físico e o Espiritual ocorreu no dia 31 de março de 1849, numa casa nas
imediações de Nova York, nos Estados Unidos da América do Norte. De um lado,
duas irmãs da família Fox e do outro uma Espírito chamado Charles
Rosma que segundo revelaria, tinha seus restos mortais enterrado no
porão daquela casa onde fora vitima de homicídio anos antes pelos moradores
daquela construção. No numero de abril de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, o editor Allan
Kardec reproduz relato de um fato muito parecido ocorrido muito antes
do episódio considerado como o primeiro. Diz ele: -O seguinte fato de manifestação
espontânea foi transmitido ao nosso colega, Sr. Kratzoff, de São Petersburgo,
por seu compatriota, o barão Gabriel Tscherkassoff, que reside em Cannes (Var)
e garante a sua autenticidade. Aliás, parece que o fato é muito conhecido e fez
sensação na época em que ocorreu. “No começo do século havia em São Petersburgo
um rico artesão, que empregava grande número de operários em suas oficinas. Seu
nome me escapa, mas creio que era inglês. Homem probo, humano e comportado, não
só desfrutava a boa renda de seus produtos, mas, muito mais ainda, do bem-estar
físico e moral de seus operários que, consequentemente, ofereciam o exemplo de
boa conduta e de uma concórdia quase fraternal. Conforme um costume observado
na Rússia até hoje, o patrão custeava o alojamento e a alimentação, ocupando os
operários os andares superiores e as águas-furtadas da mesma casa que ele.
Certa manhã, ao despertar, vários operários não encontraram suas roupas, que
haviam posto de lado ao se deitarem. Não se podia pensar em roubo. Conjeturaram
inutilmente e suspeitaram que os mais maliciosos tinham querido pregar uma peça
em seus camaradas. Enfim, graças às buscas realizadas, encontraram todos os
objetos desaparecidos, no celeiro, nas chaminés e até nos telhados. O patrão
fez advertências gerais, já que ninguém se confessava culpado; ao contrário,
todos protestavam inocência. “Passado algum tempo, o mesmo fato se repetiu;
novas advertências, novos protestos. Pouco a pouco o fenômeno começou a se
repetir todas as noites e o patrão inquietou-se bastante, porque além de seu
trabalho ser muito prejudicado, via-se ameaçado pela debandada de todos os
operários, que temiam permanecer numa casa onde se passavam, segundo eles,
coisas sobrenaturais. Seguindo o conselho do patrão, foi organizado um serviço
noturno, escolhido pelos próprios operários, para surpreender o culpado. Mas
nada conseguiram: ao contrário, as coisas pioravam cada vez mais. Para alcançar
seus quartos, os operários deviam subir escadas que não estavam iluminadas.
Ora, aconteceu a vários deles receber pancadas e bofetões e, quando procuravam
defender-se, não batiam senão no vazio, enquanto a violência dos golpes os
fazia supor que tratavam com um ser sólido. Desta vez o patrão os aconselhou a
se dividirem em dois grupos: um deveria ficar na parte superior da escada, e o
outro embaixo. Desta maneira o brincalhão de mau gosto não poderia escapar e
receber o corretivo que merecia. Mas a previdência do patrão falhou novamente;
os dois grupos apanharam bastante e cada um acusava o outro. As recriminações
tornaram-se atrozes e a desinteligência entre os operários chegou ao cúmulo, de
modo que o pobre patrão já pensava em fechar as oficinas ou mudar-se. “Uma
noite estava sentado, triste e pensativo, cercado pela família. Todos estavam
abatidos quando, de repente, ouviu-se um grande ruído no aposento ao lado, que
lhe servia de gabinete de trabalho. Levantou-se precipitadamente e foi procurar
a causa do barulho. Ao abrir a porta, a primeira coisa que viu foi sua
escrivaninha aberta e um castiçal aceso. Ora, há poucos instantes ele havia
fechado a escrivaninha e apagado a luz. Ao aproximar-se, distinguiu sobre a
mesa um tinteiro de vidro e uma pena que não lhe pertenciam, além de uma folha
de papel sobre a qual estavam escritas estas palavras, que não tinham tido
tempo de secar: “Manda demolir a parede em tal lugar (era acima da escada); aí
encontrarás ossadas humanas, que mandarás sepultar em terra santa”. O patrão
tomou o papel e correu a informar a polícia. “No dia seguinte começaram a
procurar de onde provinham o tinteiro e a pena. Mostrando-os aos moradores da
mesma casa, chegaram até um negociante de gêneros alimentícios que tinha a sua
quitanda no rés-do-chão e que reconheceu um e outra como seus. Interrogado
sobre a pessoa a quem os havia dado, respondeu: Ontem à noite, já tendo fechado
a porta da loja, ouvi uma leve batida no postigo da janela; abri e um homem,
cujos traços não me foi possível distinguir, disse-me: Peço-te que me dês um
tinteiro e uma pena; eu os pagarei. Tendo-lhe passado os dois objetos, ele me
atirou uma grande moeda de cobre, que ouvi cair no assoalho, mas não pude
encontrar. “Demoliram a parede no lugar indicado e aí encontraram ossadas
humanas, que foram enterradas, voltando tudo ao normal. Jamais se soube a quem
pertenciam aqueles ossos.” Fatos desta natureza devem ter ocorrido em todas as
épocas e vê-se que não são provocados absolutamente pelos conhecimentos
espíritas. Compreende-se que, em séculos recuados, ou entre povos ignorantes,
tenham dado lugar a todo tipo de conjecturas supersticiosas.
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