A pergunta fundamenta-se num
argumento e raciocínio comuns e lógicos. O professor José Benevides Cavalcante,
autor de FUNDAMENTOS DA DOUTRINA
ESPÍRITA (eme), esclarece a dúvida na sequencia: -Jesus
Cristo deixou muito claro que seu reino não é deste mundo. Isso ele reafirmou
para Pilatos, quando disse que era rei e que sendo "o caminho, a verdade e
a vida", ninguém vai ao Pai senão por ele. Mas, se as pessoas pensarem
assim, não vão fazer nada de útil para a Humanidade, porque a vida na Terra não
vai ter o valor que todo mundo dá a ela. Valorizando só a vida espiritual e
desvalorizando a vida terrena, não estamos concitando as pessoas a fugirem de
seus compromissos e a deixarem esta vida o mais depressa possível? Não é isso que fazem aquelas pessoas que se suicidam em nome de Deus,
como é o caso dos grandes suicídios coletivos que chocam a Humanidade toda?
Não devemos tomar as palavras dos Evangelhos ao pé da letra, mas buscar
o sentido mais profundo da mensagem de Jesus, sem nos prender demasiado a esta
ou aquela citação. Se queremos compreender melhor os escritos antigos que, na
maioria das vezes, já sofreram alterações, temos que penetrar um pouco na vida
e na cultura do povo que o escreveu, nos valores e significados da época. O
Espiritismo não se prende a palavras, como se elas fossem de bom senso para
interpretá-las. Jesus e os profetas da Antiguidade não tinham uma linguagem
direta, mas alegórica, que precisa ser entendida pelo critério da razão
primeiramente. Se você consultar O LIVRO DOS ESPÍRITOS de Allan Kardec, questão
1.018 (edição LAKE; há edições em que esta questão vem sob o número 1017), vai
encontrar o seguinte: "Em que sentido se deve entender as
palavras do Cristo: Meu reino não é deste mundo? " O Cristo, ao
responder assim, falava em sentido figurado. Queria dizer que não reina senão
sobre os corações puros e desinteressados. Ele está em todos os lugares em que
domine o amor do Bem, mas os homens ávidos das coisas deste mundo e ligados aos
bens da Terra, não estão com ele". Pela resposta, você pode perceber que o
Reino, de que Jesus falava, não era um reino material, não se tratava de um
determinado lugar geográfico ( como erroneamente entendeu a mãe dos filhos de
Zebedeu, quando lhe pediu que um filho se sentasse à sua direita e outro à sua
esquerda no Reino dos Céus), mas de um "reino de elevados valores
morais", onde predomina o amor, distante do "reino dos homens",
em que preponderam o egoísmo e o orgulho, a violência e a injustiça; trata-se,
portanto, de um novo estágio de consciência moral para a símbolos matemáticos
que não podem ser vistos de outra forma, mas utiliza a princípio quanto homem
deve caminhar na busca de sua verdadeira felicidade. Lendo os Evangelhos com
atenção, você vai perceber, inclusive, que a doutrina de Jesus girava em torno
desse conceito de "Reino de Deus" ou "Reino dos Céus", e
que, dependendo, da circunstância, dá para entender que a expressão, ora parece
significar a vida póstuma, ora o futuro do nosso planeta ( a nova Terra), mas
aquele sentido que prevalece sempre, porque é o mais amplo e profundo é
realmente este que aqui procuramos esclarecer, segundo O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Para
Jesus, o "Reino de Deus" está dentro de nós, ou seja, em nosso sentimento,
em nosso coração; daí a expressão do Pai Nosso do Evangelho de Mateus,
"venha a nós o Vosso Reino".
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