Apresentando a reencarnação e peculiaridades como o
sofrimento e a dor como recursos das Leis Divinas no processo de evolução do
princípio inteligente do Universo individualizado e transformado em Espírito
para atravessar a experiência da Humanidade, o Espiritismo induz uma série de
questionamentos àquele que quer saber mais. Na sequência três respostas à
prováveis duvidas que surgem. 1- O chamado
esquecimento do passado não representa um fator retardador do progresso
espiritual? É
sem razão que se aponta o fato de o Espírito não se lembrar das suas vidas
anteriores como um obstáculo para que ele possa tirar proveito das experiências
que nelas viveu. Se Deus julgou conveniente
lançar um véu sobre o passado, é porque isso deve ser útil. De
fato, essa lembrança provocaria inconvenientes muito graves; poderia, em alguns
casos, nos humilhar muito, ou ainda excitar nosso orgulho e, por isso mesmo,
dificultar nosso livre-arbítrio. Em outros casos ocasionaria
inevitável perturbação às relações sociais. Muitas
vezes, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu e se encontra
relacionado com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenha feito.
Se
reconhecesse nelas as que odiou, talvez seu ódio se revelasse outra vez, e
sempre se sentiria humilhado diante daqueles que tivesse ofendido. 2- As aflições diante do exposto são recurso importante no
processo de auto-superação? O homem que sofre
assemelha-se a um devedor de uma grande quantia e a quem o credor diz: “Se me
pagares hoje mesmo a centésima parte, dou-te quitação de toda a dívida, e
estarás livre. Se não o fizeres, te cobrarei até que me pagues o último
centavo”. Qual o devedor que não
ficaria feliz mesmo passando por privações para se libertar de uma grande
dívida, sabendo que pagaria apenas a centésima parte do que devia? Ao invés de
reclamar do seu credor, não lhe agradeceria? Este é o sentido das palavras: Bem-aventurados
os aflitos, pois serão consolados. São felizes, porque estão pagando suas
dívidas e, depois de pagar, ficarão livres. Porém, se ao procurar quitá-las de
certa maneira se endividarem de outra, tornam maior o tempo para sua
libertação. Portanto, cada nova falta aumenta a dívida, pois não há uma única
falta, qualquer que ela seja, que não arraste consigo sua punição forçada e
inevitável. Se não for hoje, será amanhã; se não for nesta vida, será noutra.
Entre essas faltas, é preciso colocar em primeiro lugar a falta de submissão à
vontade de Deus. Se lamentamos as aflições, se não as aceitamos com resignação
e como algo que se deva merecer, se acusamos Deus de injusto, contraímos uma
nova dívida que nos faz perder os frutos que a lição dos sofrimentos nos
poderia dar. É por isso que recomeçaremos sempre, como se, a um credor que nos
cobra, pagássemos algumas parcelas e ao mesmo tempo contraíssemos novas
dívidas. 3- Então a Justiça de Deus
nos persegue de forma implacável? Não se deve pensar
que todos os sofrimentos suportados neste mundo sejam necessariamente a
indicação de uma determinada falta. São, na maioria das vezes,
provas escolhidas pelo Espírito para concluir sua purificação e apressar seu
progresso. Assim, a expiação serve
sempre de prova, porém a prova nem sempre é uma expiação. Contudo,
provas e expiações são sempre sinais de uma relativa inferioridade, pois o que
é perfeito não tem mais necessidade de ser provado. Um
Espírito pode ter adquirido um certo grau de elevação, mas, querendo avançar
ainda mais, solicita uma missão, uma tarefa a cumprir, da qual tanto mais será
recompensado, se sair vitorioso, quanto mais difícil tiver sido a luta para
vencê-la. Tais são essas pessoas de
tendências naturalmente boas, de alma elevada, que têm nobres sentimentos, que parecem
não ter trazido nada de mau de sua existência anterior e que suportam com uma
resignação cristã as maiores dores, pedindo a Deus coragem para suportá-las sem
lamentações. Ao contrário, podem-se
considerar como expiações as aflições que provocam queixas e lamentos e fazem o
homem se revoltar contra Deus. Sem dúvida, o sofrimento sem
lamentações pode ser uma expiação, mas é um sinal de que foi escolhido
voluntariamente e não imposto. É
uma prova de uma firme decisão, o que é um indício de progresso.
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