Poucos sabem, mas o médium Chico
Xavier foi instrumento para a manifestação de dois ex-presidentes
brasileiros, analisando a realidade percebida por eles desde o Plano Espiritual
sobre a realidade da Pátria que os teve como dirigentes na fase republicana. A
primeira vez no dia 31 de julho de 1935, em extensa mensagem assinada por Nilo
Peçanha, o sétimo Presidente, e, a segunda já nos anos 50, de autoria
de Deodoro
da Fonseca, que além do proclamador da Republica tornou-se o primeiro
improvisado mandatário, signatário da primeira Constituição. Respectivamente,
podem ser encontrados no livro PALAVRAS
DO INFINITO (lake, 1936) e na obra FALANDO A TERRA (feb, 1951). Opiniões expressas há tanto
tento, contudo, muito atuais. Acreditando merecerem uma reflexão diante do
quadro atual, bem como das origens do que aí está, destacamos alguns pontos: 1
- NILO PEÇANHA -“País
essencialmente agrícola, o Brasil tem de voltar suas vistas para sua imensa
extensão territorial, multiplicando os conselhos técnicos da agricultura,
velando carinhosamente pelos seus problemas”. “Não bastam conciliábulos
da política administrativa para a criação de leis exequíveis e benfeitoras da
coletividade (...). Faz-se preciso interessar as classes, captar a adesão do
povo a essas leis, seduzir as massas com a exposição os seus altos
benefícios(...). As leis estiolam-se e desaparecem quando não são bafejadas
pela homologação popular”. Esses problemas grandiosos tem sido
relegados a um plano inferior pelos nossos administradores (1935), os quais,
infelizmente, arraigados aos sentimentos de
personalismo vivem apenas para as grandes oportunidades”.
“Faz-se necessário melhorar as condições das classes operárias antes que
elas se recordem de o fazer, segundo suas próprias deliberações, entregando-se
à sanha de malfeitores que, sob as máscaras da demagogia e a pretexto de
reivindicações, vivem no seu seio para explorar os entusiasmos vibrantes que se
exteriorizam sem objeto definido”. Seria preciso criarmos um
largo movimento de brasilidade, não para a arte balofa dos dias atuais que aí
correm de bandeirolas ao vento (...), um sentimento essencialmente brasileiro, saturado
de nossas realidade e necessidades inadiáveis” . “Infelizmente tivemos
a fraqueza de nos apaixonarmos pelas teorias sonoras, acalentando os homens
palavrosos, conduzindo-os aos poderes públicos; endeusando-os, incensando-os com
a nossa injustificável admiração, olvidando homens de ação, de energia, que aí
vivem isolados, corridos dos gabinetes da administração nacional, em virtude de
sua inadaptabilidade às lutas da política do oportunismo e das longas fileiras
do afilhadismo que vem constituindo a mais dolorosa das calamidades públicas do
Brasil. Nem sempre liberdade significa prosperidade. Dar muitas
liberdades a um povo que se ressente de necessidades gravíssimas, inconsciente
ainda de suas responsabilidades, falando-se de um modo geral, é fornecer armas perigosas
para destruição da vida desse mesmo povo. No Brasil sobram as
regalias politicas e as liberdades públicas. Tudo requer ordem e método”.
2- DEODORO DA FONSECA --“Proclamada a República e lançada
a Carta Magna de 1891, é que reparamos a enorme população ruralizada, a disparidade
dos climas, a extensão do deserto verde, as tragédias do sertão, o problema da
seca, a necessidade de uma consciência sanitária na massa popular, os imperativos
da alfabetização, a incultura da liberdade, a escassez de sentimento cívico, a excentricidade
das comunas municipais, e o espírito ainda estrito de numerosas regiões.(...)
O programa compulsório do País não poderia afastar-se da educação nos
mínimos pontos; entretanto, teceramos precioso manto constitucional com frases
e textos de fina polpa democrática, quase impraticáveis além dos subúrbios do
Rio de Janeiro.(...) Cabe-nos confessar hoje (1951), honestamente,
que ignorávamos nossa condição de povo juvenil, com idiossincrasias que não
pudéramos perceber. Como se vê, muda o calendário, sucedem-se as gerações, mas o
comportamento é o mesmo.
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