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domingo, 26 de novembro de 2017

BUSCANDO ENTENDER

A vida vai nos surpreendendo a cada momento com fatos estarrecedores. Violência doméstica ou no transito, acidentes, suicídios inexplicáveis, homicídios... Tão impactantes que muitos chegam a duvidar da existência de Deus. O Espiritismo pode nos ajudar diante desses tormentosos acontecimentos? Na sequência o professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) nos oferece elementos para reflexões a partir da questão-problema proposto por um leitor: Um grupo de crianças morre carbonizada numa creche, após um incêndio no berçário, salvando-se apenas uma criança que escapou ilesa. Tem-se a notícia de que o sinistro ocorreu porque os funcionários deixaram um aquecedor ligado no chão, perto de material inflamável e que naqueles momentos não havia ninguém por perto para tomar conta das crianças. Uma tragédia que deixou os pais desesperados e a população da cidade revoltada, comovendo todo o País. Pergunto: se essas crianças tinham que morrer nessa tragédia, de quem é a culpa? Os funcionários, que pecaram por negligência, teriam sido intuídos pelos Espíritos para que a tragédia ocorresse? Podemos, pela Lei da Reencarnação, justificar o fato, porque esse tipo de morte estava no carma desses Espíritos? Nunca há justificativa para o mal causado. Na Lei Divina, todos respondem objetivamente pelos erros cometidos, uns diante dos outros e cada um consigo mesmo, arcando com as consequências. Se, de fato, houve negligência - e não somos nós que vamos fazer esse julgamento - as pessoas envolvidas não serão apenas rés da justiça humana, mas sujeitos passivos na Justiça Divina. O Espiritismo vê com muita clareza, embora nem sempre seja fácil para nós explicar os mecanismos, a Lei do Retorno, que não existe para castigar ninguém, mas para ensinar o Espírito a conviver, a ser responsável e prudente nas suas decisões e nos seus atos. É fato que Jesus nos ensinou a compreensão e o perdão, mas igualmente nos ensinou a responsabilidade e o compromisso uns com os outros, de modo que o perdão de Deus não significa ignorar o erro, mas proporcionar ao infrator a possibilidade de arrependimento, reparação e reaprendizagem. Com relação às crianças desencarnadas, também sabemos que o fato não ocorreu por acaso na sua experiência evolutiva; algo tem a ver com o passado. Antes de reencarnar, os Espíritos, em resgate coletivo, tomam ciência dos riscos a que estão expostos, das formas pelas quais podem desencarnar, mas o fato em si não está determinado, pois dependem de circunstâncias várias em suas vidas. Por outro lado, seria absurdo conceber que as pessoas que causaram o acidente por negligência ou irresponsabilidade, e não por vontade deliberada, tivessem reencarnado com esse objetivo, ou seja, tivessem sido instrumentos da Espiritualidade para o cumprimento da Lei. É possível que esses funcionários tenham ligações anteriores com essas crianças, mas o acidente em si, com certeza, surgiu das circunstâncias ocasionadas pela soma de suas fraquezas morais, pelas quais, cedo ou tarde, vão ter que responder.

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