A vida vai nos surpreendendo a cada momento com fatos estarrecedores.
Violência doméstica ou no transito, acidentes, suicídios inexplicáveis,
homicídios... Tão impactantes que muitos chegam a duvidar da existência de
Deus. O Espiritismo pode nos ajudar diante desses tormentosos acontecimentos?
Na sequência o professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA
DOUTRINA ESPÍRITA, eme) nos
oferece elementos para reflexões a partir da questão-problema proposto por um
leitor: Um grupo de crianças morre carbonizada numa creche, após um incêndio
no berçário, salvando-se apenas uma criança que escapou ilesa. Tem-se a notícia
de que o sinistro ocorreu porque os funcionários deixaram um aquecedor ligado
no chão, perto de material inflamável e que naqueles momentos não havia ninguém
por perto para tomar conta das crianças. Uma tragédia que deixou os pais
desesperados e a população da cidade revoltada, comovendo todo o País.
Pergunto: se essas crianças tinham que morrer nessa tragédia, de quem é a
culpa? Os funcionários, que pecaram por negligência, teriam sido intuídos pelos
Espíritos para que a tragédia ocorresse? Podemos, pela Lei da Reencarnação,
justificar o fato, porque esse tipo de morte estava no carma desses Espíritos?
Nunca há justificativa para o mal causado. Na Lei Divina, todos respondem
objetivamente pelos erros cometidos, uns diante dos outros e cada um consigo
mesmo, arcando com as consequências. Se, de fato, houve negligência - e não
somos nós que vamos fazer esse julgamento - as pessoas envolvidas não serão
apenas rés da justiça humana, mas sujeitos passivos na Justiça Divina. O
Espiritismo vê com muita clareza, embora nem sempre seja fácil para nós
explicar os mecanismos, a Lei do Retorno, que não existe para castigar ninguém,
mas para ensinar o Espírito a conviver, a ser responsável e prudente nas suas
decisões e nos seus atos. É fato que Jesus nos ensinou a compreensão e o
perdão, mas igualmente nos ensinou a responsabilidade e o compromisso uns com
os outros, de modo que o perdão de Deus não significa ignorar o erro, mas
proporcionar ao infrator a possibilidade de arrependimento, reparação e
reaprendizagem. Com relação às crianças desencarnadas, também sabemos que o
fato não ocorreu por acaso na sua experiência evolutiva; algo tem a ver com o
passado. Antes de reencarnar, os Espíritos, em resgate coletivo, tomam ciência
dos riscos a que estão expostos, das formas pelas quais podem desencarnar, mas
o fato em si não está determinado, pois dependem de circunstâncias várias em
suas vidas. Por outro lado, seria absurdo conceber que as pessoas que causaram
o acidente por negligência ou irresponsabilidade, e não por vontade deliberada,
tivessem reencarnado com esse objetivo, ou seja, tivessem sido instrumentos da
Espiritualidade para o cumprimento da Lei. É possível que esses funcionários
tenham ligações anteriores com essas crianças, mas o acidente em si, com
certeza, surgiu das circunstâncias ocasionadas pela soma de suas fraquezas
morais, pelas quais, cedo ou tarde, vão ter que responder.
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