É razoável esperar-se uma
manifestação do Espírito de alguém que desencarnou recentemente? E as
divergências e rivalidades observadas entre espíritas? São os dois temas
propostos ao professor José Benevides Cavalcante ( FUNDAMENTOS DA DOUTRINA
ESPÍRITA, eme) na postagem de hoje: Como é possível uma
pessoa, que faleceu há algumas horas, dar uma comunicação no Centro?... Não conhecemos
de perto o caso a que você se refere, mas, pela forma como você relata a
situação, parece-nos, no mínimo, suspeita a comunicação. Não estamos afirmando
que não existe essa possibilidade: dependendo do caso, pode até haver uma
comunicação imediata do Espírito recém-desencarnado, mas, como conhecedores da
obra de Kardec, precisamos ser mais exigentes em relação a esses fatos, para
não nos enganarmos, não enganarmos os outros e não cairmos no ridículo,
comprometendo o nome da Casa Espírita.. Sem indícios veementes de que é mesmo
aquela pessoa que está comunicando, não podemos reconhecer a autenticidade da
mensagem e sair proclamando publicamente que fulano se comunicou. Erasto,
Espírito orientador de Kardec na questão das comunicações mediúnicas (principalmente
aquelas que chegam ao conhecimento público), traz uma recomendação importante
em O LIVRO DOS MÉDIUNS, afirmando ser preferível rejeitar 9 verdades que
aceitar uma só falsidade. Logo, o crivo da razão se faz necessário, antes que a
emoção tome conta. Há grupos mediúnicos muito emotivos e pouco racionais, que
aceitam qualquer comunicação como autêntica; não procuram investigar melhor a
sua procedência, pelo próprio teor da mensagem e pelo parecer dos familiares do
desencarnado, que o conhecem na intimidade. Não atendem, assim , a um preceito
básico da Doutrina em relação às atividades mediúnicas e vão afirmando
precipitadamente que a comunicação é autêntica, como se fossem os donos da
verdade. Isso não pode ser Espiritismo. Sabemos que todas as comunicações
geralmente sofrem a influência do médium, mas existem também as mistificações,
tanto do médium como de Espíritos interessados em provocar situações
embaraçosas para o pessoal do Centro e para os espíritas em geral. DIVERGÊNCIA
ENTRE OS ESPÍRITAS Haverá um dia em que
os espíritas se entenderão sobre todos os pontos da Doutrina, de modo que
desapareçam todas essas discussões que vêm ocorrendo desde o tempo de Allan
Kardec? É difícil
responder objetivamente sua pergunta, porque nós, espíritas, também somos
Espíritos em evolução e, necessariamente, pelo fato de cada qual estar num
degrau de desenvolvimento, as concepções a respeito de um mesmo ponto sempre
tendem a se diferenciar. Ademais, existem fatores e condições culturais da
atual existência que implicam em diversidade de entendimento. Se todos fossemos
iguais, clones ou cópias autenticadas uns dos outros, certamente não haveria
tal discrepância, mas a Lei de Evolução estaria comprometida, pois a evolução
implica em riqueza de opções e, portanto, em diferenciação. Precisamos
compreender que não temos a verdade absoluta a respeito de nada, pois somos
imperfeitos: só Deus, sendo a Inteligência Suprema, o tem. Desse modo, a nossa
visão sobre um mesmo ponto dependerá sempre de nossa posição relativa nessa
escala evolutiva, que não é tão simples assim. Mas não devemos ver nesse
fenômeno uma condição apenas negativa: pelo contrário, a diversidade de visão,
embora nos seja um problema, é o que nos tira do comodismo e da estagnação, uma
vez que, se todo espírita pensasse da mesma maneira sobre todos os pontos da
doutrina, ninguém se sentiria estimulado a pesquisar, a estudar, a aprender
mais profundamente o Espiritismo. As divergências de interpretação, o
pluralismo de ideias, portanto, são um fator positivo em nossa Doutrina, mas
jamais deveria ser um fator de distanciamento moral do espíritas, que precisam
estar unidos uns aos outros pelo ideal comum da fraternidade, através do qual
somos capazes de conviver respeitosamente com as nossas divergências, conforme
nos concita Allan Kardec, em O LIVRO DOS MÉDIUNS, ítem 350.
Nenhum comentário:
Postar um comentário