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domingo, 31 de dezembro de 2017
sábado, 30 de dezembro de 2017
ESPÍRITO DESENCARNADO TEM FOME?
Preso a rotinas diárias que
incluem refeições objetivando a sustentação do corpo físico de que se serve ao
longo de uma encarnação, o Espírito após a morte se livra facilmente desses
condicionamentos? A resposta pode ser encontrada em matéria publicada por Allan
Kardec no número de junho de 1868 da REVISTA ESPÍRITA. Partindo de notícia
publicada no Journal de Sétif, de 23 de abril, tratando do necrológio que
publicou sobre padre Sr. Bizet da cidade de Sétif, na Bélgica, destacando que não
faltou nenhum habitante da localidade; estando as diferentes religiões reunidas
e misturadas para dizer um adeus a ele, os árabes, representados por alcaides e
magistrados muçulmanos; os israelitas pelo rabino e os principais notáveis
dentre eles; os protestantes por seu pastor, lá estavam, Evocado na Sociedade
Espírita de Paris, ele revelou um dado curioso: o reencontro com vários
concidadão mortos em epidemia de cólera que se abateu sobre a região,
implorando por comida. Comentando a informação que induziu a duvida natural
sobre a fome dos espíritos desencarnados, Kardec comenta: – “A quem quer que
não conheça a verdadeira constituição do Mundo Invisível, parecerá estranho que
Espíritos, que segundo eles são seres abstratos, imateriais, indefinidos, sem
corpo, sejam vítimas dos horrores da fome; mas o espanto cessa quando se sabe
que esses mesmos Espíritos são seres como nós; que têm um corpo, fluídico é
verdade, mas que não deixa de ser matéria; que, deixando seu invólucro carnal,
certos Espíritos continuam a vida terrestre com as mesmas vicissitudes, durante
um tempo mais ou menos longo. Isto parece singular, mas é, e a observação nos
ensina que tal é a situação dos Espíritos que viveram mais a vida material do
que a vida espiritual, situação por vezes terrível, porque a ilusão das
necessidades da carne se faz sentir, e se tem todas as angústias de uma
necessidade impossível de satisfazer. O suplício mitológico de Tântalo, nos
Antigos, acusa um conhecimento mais exato do que se supõe, do estado do Mundo
de além-túmulo, sobretudo mais exato que entre os modernos. Completamente diversa
é a posição dos que, desde esta vida, se desmaterializaram pela elevação de
seus pensamentos e sua identificação com a vida futura. Todas as dores da vida
corporal cessam com o último suspiro e logo o Espírito plana, radioso, no Mundo
Etéreo, feliz como o prisioneiro liberto de suas cadeias. Quem nos disse isto?
É um sistema, uma teoria? Alguém disse que deveria ser assim e se acredita sob
palavra? Não; são os próprios habitantes do mundo invisível que o repetem em
todos os pontos do globo, para ensinamento dos encarnados. Sim, legiões de
Espíritos continuam a vida corporal com suas torturas e suas angústias. Mas
quais? Os que ainda estão muito avassalados à matéria para dela se desprenderem
instantaneamente. É uma crueldade do Ser Supremo? Não; é uma lei da Natureza,
inerente ao estado de inferioridade dos Espíritos e necessária ao seu
adiantamento; é um prolongamento misto da vida terrena durante alguns dias,
alguns meses, alguns anos, conforme o estado moral dos indivíduos. Estariam
aptos para tachar de barbárie essa legislação, aqueles que preconizam o dogma
das penas eternas, irremissíveis, e as chamas do inferno como um efeito da
soberana justiça? Podem eles fazer um paralelo entre a situação temporária,
sempre subordinada à vontade do indivíduo de progredir, e a possibilidade de
avançar por novas encarnações? Aliás, não depende de cada um escapar a essa
vida intermediária, que, francamente, nem é a vida material, nem a vida
espiritual? Os espíritas a ela escapam naturalmente, porque, compreendendo o estado
do mundo espiritual antes de nele entrar, imediatamente se dão conta de sua
situação. As evocações nos mostram uma multidão de Espíritos que ainda se
julgam deste mundo: suicidas, supliciados que não suspeitam que estão mortos e
sofrem o seu gênero de morte; outros que assistem ao próprio enterro, como se
fosse o de um estranho; avarentos que guardam seus tesouros, soberanos que
julgam mandar ainda e que ficam furiosos por não serem obedecidos; depois de
grandes desastres marítimos, náufragos que lutam contra o furor das ondas; após
uma batalha, soldados que se batem; e, ao lado disto, Espíritos radiosos, que
nada mais têm de terrestre e são para os encarnados o que a borboleta é para a
lagarta. Pode perguntar-se para que servem as evocações, quando nos dão a
conhecer, até nos mais ínfimos detalhes, esse Mundo que nos espera a todos, ao
sairmos deste? É a Humanidade encarnada que conversa com a Humanidade
desencarnada; o prisioneiro que fala com o homem livre. Não, por certo elas
nada servem ao homem superficial que nisto só vê um divertimento; elas não lhe
servem mais do que a física e a química recreativas para a sua instrução. Mas
para o filósofo, observador sério, que pensa no amanhã da vida, é uma grande e
salutar lição; é todo um mundo novo que se descobre; é a luz lançada sobre o
futuro; é a destruição dos preconceitos seculares sobre a alma e a vida futura;
é a sanção da solidariedade universal que liga todos os seres. Dirão que se
pode ser enganado; sem dúvida, como se o pode sobre todas as coisas, mesmo as
que se vê e se toca; tudo depende da maneira de observar. O quadro que
apresenta o cura Bizet nada tem, pois, de estranho; vem, ao contrário,
confirmar, por mais um grande exemplo, o que já se sabia; e, o que afasta toda
ideia de reflexão de pensamentos, é que o fez espontaneamente, sem que ninguém
pensasse em chamar sua atenção sobre aquele ponto. Por que, então, teria vindo
dizer, sem que se lhe perguntasse, se aquilo era assim ou não? Sem dúvida a
isto foi levado para a nossa instrução. Aliás, toda a comunicação traz um cunho
de gravidade, de sinceridade e de modéstia, que é bem o seu caráter e que não é
próprio dos Espíritos mistificadores.
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
GENOMA HUMANO E REVELAÇÕES DO PASSADO
A evolução da Ciência
materialista nas últimas décadas suscita muitas dúvidas quanto à visão
oferecida pelo Espiritismo no que tange à evolução do Espírito e as doenças e
limitações físicas impostas pelas transgressões às Leis de Deus. Uma dessas
dúvidas é proposta ao professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA,
eme), na sequência, bem como uma questão relacionada à TVP - Terapias de Vidas
Passadas. GENOMA HUMANO Com relação à encarnação de Espíritos, que precisam passar
por determinadas expiações, de acordo com suas necessidades evolutivas, como
fica a Espiritualidade diante da engenharia genética que, mais cedo ou mais
tarde, poderá conseguir evitar aleijões físicos e mentais, doenças fatais, como
o câncer, o mal de Alzeihmer, etc. Vemos dois grandes aspectos
nesta questão. O primeiro nos leva afirmar que uma coisa são as necessidades
evolutivas do Espírito; outra, as experiências pelas quais ele precisa passar.
Na natureza, não há somente uma solução para cada problema, há múltiplas
alternativas, de acordo com o lugar e o tempo, com a cultura e o
desenvolvimento de cada povo. Na Antiguidade, certamente havia experiências que
hoje não mais existem e, atualmente, outras existem que não havia naquela
época. Logo, Espíritos, que reencarnam em diferentes momentos da História,
vivenciam situações diversas conforme suas necessidades, donde podemos concluir
que as novas descobertas da ciência, dando ensejo ao progresso da Medicina, no
campo da prevenção e das terapias, não servem de obstáculo às leis naturais,
que continuarão a funcionar interminavelmente. Tais realizações humanas, por
mais arrojadas nos pareçam, não alteram as Leis da Natureza, que prosseguem
comandando todos os fenômenos. O outro aspecto da pergunta refere-se ao
progresso científico e tecnológico que, com certeza, não se realiza sem a
co-participação da Espiritualidade que, para tudo, tem um objetivo
providencial, encaminhando para a Terra - Espíritos capazes de revolucionar o
conhecimento e sua aplicação com descobertas de impacto. Com certeza, o
mapeamento do código genético humano e as posteriores façanhas nesse campo,
também vão comprovar o absurdo do racismo e outros meios de discriminação que,
até hoje, servem de pretexto para crimes que deveriam envergonhar o homem do
Terceiro Milênio. REVELAÇÕES
DO PASSADO Como podemos
explicar, do ponto de vista espírita, que tantas pessoas, que passaram pela
Terapia de Vidas Passadas, talvez a maioria delas, se lembrem de terem sido
reis, príncipes, chefes de estado e personalidades importantes da História?
Será que elas estão imaginando tudo isso ou, no passado, havia mais gente importante
do que pessoas comuns? Vários terapeutas espíritas têm se
preocupado com as reportagens que a televisão costuma apresentar ao público
leigo, fazendo apologia da TVP, através de exageradas revelações que fluem com
muita facilidade da mente dos pacientes para o público. Dizem que, além do
exagero promocional da TV, é difícil para o profissional separar o que é a
lembrança do real da mera fantasia criada pela mente imaginosa, e que o
objetivo da terapia não é a revelação do passado, mas a cura. O terapeuta pode
sentir a mente supercriativa, recurso comum para a alimentação do EGO,
mas dificilmente saberá separar com precisão o real do imaginário. Além disso,
TVP não é Espiritismo, não tem por fim verificar a realidade ou não dos relatos
apresentados pelo paciente; é apenas uma técnica de tratamento psicológico
surgida nos Estados Unidos, há alguns anos atrás. A Doutrina Espírita tem um
posicionamento inequívoco a respeito de revelações do passado em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, valorizando o
fenômeno do esquecimento como meio de defesa da mente encarnada, razão pela
qual para ela a regra é não se lembrar de encarnações anteriores. No entanto,
mesmo no meio espírita, por ignorância ou vaidade, muitos grupos se utilizam do
expediente perigoso da revelação, apresentando aos consulentes histórias que
servem para identificá-los com personalidades importantes do passado, sem o
mínimo critério crítico de análise. Tal procedimento, além de não se coadunar
com a moral espírita, fere frontalmente o princípio lógico do bom senso,
defendido por Erasto em O LIVRO DOS
MÉDIUNS ("É preferível rejeitar nove verdades a aceitar
uma só falsidade") e
ratificado por Allan Kardec em toda sua obra.
terça-feira, 26 de dezembro de 2017
segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
domingo, 24 de dezembro de 2017
O RIGOR DA LEI
Ninguém foge de si mesmo conclui-se
analisando depoimentos vertidos do Plano Espiritual através de milhares de
médiuns que filtram o pensamento dos que voltaram para afirmar a realidade da
sobrevivência após a morte física, bem como, revelar sua situação no Plano
Espiritual. Na mensagem SUICÍDIO do livro RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS do Espírito Emmanuel através de Chico
Xavier, uma interessante lista de prováveis relações CAUSA E EFEITO. Na reunião descrita na REVISTA ESPÍRITA de maio de 1862 em que Allan
Kardec procurou ouvir o jovem suicida Maximiliano que aos 12 se
enforcou, outras questões foram tratadas com o guia do médium através do qual houve a manifestação espiritual
bem como com o próprio suicida com fins de esclarecimento e aprendizado. Vamos
a elas: Qual o
grau de punição para este Espírito por se haver suicidado? Levando-se em conta
sua idade, sua ação é tão condenável quanto a dos outros suicidas? – A
punição será terrível, porque foi mais culpado que os outros. Já possuía grandes
faculdades: a força de amar a Deus de maneira poderosa e de fazer o bem. Os
suicidas sofrem longos castigos e Deus pune ainda mais os que se matam com
grandes ideias na mente e no coração. Dissestes que a
punição de Maximiliano V... será terrível. Poderíeis dizer em que consistirá?
Parece que ela já começou. Ser-lhe-á reservado mais do que já experimenta? –
Sem dúvida, pois sofre um fogo que o consome e o devora e que só cessará pelos
esforços da prece e do arrependimento. Observação – Sofre um fogo que o consome e o devora.
Não está aí a imagem do fogo do inferno, que nos é apresentado como um fogo
material? Há possibilidade de ser atenuada a sua
punição? – Sim: orando-se por ele, principalmente se Maximiliano se unir
às vossas preces. O objeto de sua paixão compartilha de
seus sentimentos? Estarão esses dois seres destinados a unir-se um dia? Quais
as condições de sua união e quais os obstáculos que agora a impedem? –
Os poetas amam as mulheres da Terra? Eles o acreditam por um dia, uma hora. O
que eles amam é o ideal, uma quimera criada por sua ardente imaginação; amor
que não pode ser satisfeito senão por Deus. Todos os poetas têm uma ficção no
coração – a beleza ideal que eles acreditam ver passar na Terra; e quando
encontram uma bela menina, que jamais deverão possuir, então dizem que a
realidade tomou o lugar do sonho. Mas, se tocarem a realidade, cairão das
regiões etéreas na matéria e, não mais reconhecendo o ser que sonhavam, criam
outras quimeras. [A Maximiliano]. Em que época vivestes
como poeta? Tivestes um nome conhecido? – No reinado de Luís XV. Eu era
pobre e desconhecido; amava a uma mulher, um anjo que vi passar num parque, num
dia de primavera. Depois, só a revi em sonhos, e meus sonhos prometiam que eu a
possuiria um dia. O nome Elvira nos parece muito
romântico, o que nos leva a pensar que se trate de um ser imaginário. –
Sim; era uma mulher. Sei seu nome porque um cavaleiro que passava perto dela a
chamou Elvira. Ah! era bem a mulher que minha imaginação havia sonhado. Eu a vejo
ainda, sempre bela e encantadora. Ela é capaz de me fazer esquecer a Deus para
vê-la e segui-la ainda. Sofreis e podeis sofrer ainda
muito tempo. De vós depende abreviar os vossos tormentos. – Que me faz o
sofrimento! Não podeis avaliar o que é um desejo insatisfeito. Meus desejos
serão carnais? E, no entanto, eles me queimam, e as pulsações do coração, ao
pensar nela, são mais fortes do que seriam se pensasse em Deus. Nós vos lamentamos profundamente. Para trabalhar pelo vosso
progresso é necessário que vos torneis útil e penseis mais em Deus do que o
tendes feito. É preciso que soliciteis uma reencarnação com o único objetivo de
reparar os erros e a inutilidade de vossas últimas existências. Não se diz que
deveis esquecer a Elvira, mas pensar um pouco menos nela e um pouco mais em
Deus, que pode abreviar os vossos tormentos se fizerdes o que for necessário.
Secundaremos vossos esforços pelas nossas preces. Resp. – Obrigado! orai
e tratai de arrancar Elvira de meu coração. Talvez um dia eu vos agradeça por
isto.
sábado, 23 de dezembro de 2017
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
SEM JUSTIFICATIVA MAS EXPLICÁVEL
Diferentemente das escolas
religiosas tradicionais, o Espiritismo analisa a questão do suicídio de forma
racional. Explica que a condenação eterna não é o destino daquele que aniquila
o próprio corpo físico, não é o destino que cria o que se mata;
que o que assim procede o faz compulsivamente pelos profundos traumas impostos
e gravados no Espírito agravados, muitas vezes, pela influência obsessiva causada
por adversários do passado. Na REVISTA ESPÍRITA de maio de 1862, Allan Kardec
reproduz o resultado de entrevista realizada com fins de pesquisa com Espírito
de um adolescente suicida. Diz a matéria: Maximiliano V..., criança de doze
anos, suicida-se por amor Lê-se no Siècle de 13 de janeiro de 1862:
“Maximiliano V..., rapazola de doze anos, morava com os pais à Rua des Cordiers
e estava empregado como aprendiz numa tapeçaria. Esta criança tinha o hábito de
ler romances folhetins. Todos os momentos que podia escapulir do trabalho ele
os dedicava à leitura, que lhe superexcitava a imaginação e inspirava ideias
acima de sua idade. Assim, imaginou sentir paixão por uma criatura que teve
ocasião de ver algumas vezes, a qual estava longe de pensar que tivesse
inspirado um tal sentimento. Desesperado por não ver a realização dos sonhos
provocados por suas leituras, resolveu matar-se. Ontem, o porteiro da casa que
o empregava encontrou-o sem vida num gabinete do terceiro andar, onde
trabalhava sozinho. Enforcara-se numa corda que prendera numa viga com um
enorme prego.” As circunstâncias dessa morte, numa idade tão pouco avançada,
deram a pensar que a evocação dessa criança poderia fornecer assunto para um
ensino útil. Ela foi feita em sessão da Sociedade, ocorrida 11 dias depois
através do Médium: Sr. E. Vézy. Nesse fato há um difícil problema de moral, quase
impossível de resolver pelos argumentos da filosofia comum e, ainda menos, da
filosofia materialista. Pensam ter tudo explicado dizendo que era uma criança
precoce. Mas isto não explica nada; é absolutamente como se dissessem que é
dia, porque o Sol se levantou. De onde vem tal precocidade? Por que certas
crianças ultrapassam a idade normal para o desenvolvimento das paixões e da
inteligência? Eis uma das dificuldades contra as quais vêm se chocar todas as
filosofias, porque suas soluções sempre deixam uma questão não resolvida e
podemos sempre indagar o porquê do por quê. Admiti a preexistência da alma e o
desenvolvimento anterior e tudo se explica da maneira mais natural. Com este
princípio remontais à causa e à fonte de tudo. . [A Maximiliano]. Tendes
consciência de vossa situação?. – Ainda não posso definir bem onde
estou; há como que um véu sombrio à minha frente; falo, mas não sei como me
ouvem e como falo. Contudo, já vejo aquilo que até há pouco era obscuro;
sofria, mas desde agora me sinto aliviado. Lembrai-vos bem das circunstâncias da vossa morte? – Parecem muito
vagas. Sei que me suicidava sem motivo. Entretanto, poeta numa outra
encarnação, tinha uma espécie de intuição de minha vida passada; criava sonhos,
quimeras; enfim, eu amava . É singular que uma criança
de doze anos seja levada ao suicídio, sobretudo por um motivo como esse que vos
impeliu. – Sois extraordinários! Já não vos disse que, poeta numa outra
encarnação, minhas faculdades tinham ficado mais amplas e mais desenvolvidas que
nos outros? Oh! ainda na noite em que me encontro agora vejo passar essa
sílfide de meus sonhos na Terra, e é isto o castigo que Deus me inflige, de a
ver bela e leviana como sempre, passar diante de mim e eu, ébrio de loucura e
de amor, quero me atirar... mas, ah! é como se estivesse preso a um anel de
ferro... Chamo... mas em vão; ela nem sequer vira a cabeça... Oh! como sofro
então! . Poderíeis descrever a sensação que
experimentastes quando vos reconhecestes no mundo dos Espíritos?. – Oh!
sim, agora que estou em contato convosco. Meu corpo lá estava, inerte e frio e
eu planava à sua volta; desfazia-me em lágrimas. Estais admirados das lágrimas
de uma alma. Ah! como são intensas e abrasadoras! Sim, eu chorava, porque
acabava de reconhecer a enormidade de minha falta e a grandeza de Deus!... E,
contudo, não tinha certeza de minha morte; pensava que meus olhos fossem
abrir-se... Elvira! Chamava eu... supondo vê-la... Ah! é que a amo desde muito
tempo; amá-la-ei sempre... Que importa, se tiver de sofrer por toda a
Eternidade, se puder um dia possuí-la em outra encarnação! Que sensação experimentais por estar aqui? – Faz-me
bem e mal ao mesmo tempo. Bem, porque sei que compartilhais de meu sofrimento;
mal, porque, apesar de toda a vontade que tenho de vos agradar, aceitando as
vossas preces, não posso, porque então deveria seguir um outro caminho,
diferente daquele de meus sonhos. Que podemos fazer
que vos seja útil?. – Orar, visto que a prece é o orvalho divino que nos
refresca o coração, a nós, pobres almas em pena e em sofrimento. Orar. No
entanto, parece que se me arrancásseis do coração o próprio amor e o
substituísseis pelo amor divino, então!... não sei... creio!... Vede! neste
instante eu choro... pois bem!... pois
bem!... orai por mim!
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
domingo, 17 de dezembro de 2017
sábado, 16 de dezembro de 2017
A MENTE E O ESPIRITISMO
Embora não sendo o foco
principal de suas pesquisas, Allan Kardec obteve da Espiritualidade Superior
informações que hoje podem servir para a formação de um consenso sobre o
sentido mais amplo desse atributo do Ser: a mente. Na sequencia, uma série de
detalhes encontráveis nas Obras Básicas: A Doutrina Espírita define o Espírito como “a
individualização do Princípio Inteligente”, o que nos leva a crer que antes
da condição humana ele estava em processo de formação. É possível ter-se uma
ideia de como isso se dá? Nos
seres inferiores da criação, que estais longe de conhecer inteiramente, o
Princípio Inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para
a vida. É de certa maneira um trabalho preparatório, como o de germinação, em
seguida ao qual o Princípio Inteligente sofre uma transformação e se torna
Espírito. (LE, 607) O
Princípio Inteligente gastou, desde os vírus e bactérias das primeiras horas do
protoplasma na Terra, mais ou menos quinze milhões de séculos, a fim de poder,
como Ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar suas primeiras
emissões do pensamento contínuo. (EDM, 6)
Aprendida a constituição mecânica das palavras, (...) com seu
exercício incessante e fácil, a energia mental do homem primitivo expande
gradativamente o pensamento que se dilata (...). Pela compreensão progressiva
entre as criaturas, por intermédio da palavra (...), fundamenta-se no
cérebro o pensamento contínuo transformando as ideias-relâmpagos e
as ideias-fragmentos da crisálida da consciência, no reino animal, em
conceitos e inquirições, traduzindo desejos e ideias. (EDM, 10) A Teoria Evolucionista amplia-se sobremaneira considerando que o
Princípio Inteligente desenvolve rudimentos da memória no Reino Mineral; da
sensibilidade no Reino Vegetal e o Instinto com ideias fragmentárias no Reino
Animal Irracional dos asselvajados aos domesticáveis. O pensamento contínuo é,
então, um divisor entre uma etapa e outra, ou melhor, fator determinante no
processo evolutivo a partir da fase humana? O pensamento é uma força, é o atributo
característico do Ser Espiritual; é ele que distingue o Espírito da matéria; sem
o pensamento o Espírito não seria Espírito. (RE, /1864) O
pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a da luz, emitido por
nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira
espontânea, em sua onda de formas criadoras, que naturalmente se nos fixam no
Espirito quando alimentadas pelo combustível de nosso desejo ou de nossa
atenção. (L,4) O pensamento,
qualquer que seja a sua natureza, é uma energia, tendo, conseguintemente, seus
efeitos.(FT) Diante disso a capacidade de
pensar não é derivada do corpo físico? O
pensamento não está no cérebro, como não está na caixa craniana. O cérebro é o
instrumento do pensamento, como o olho é o instrumento da visão, e o crânio é a
superfície sólida que se molda aos movimentos do instrumento. Se o
instrumento for danificado, não se dá a manifestação, exatamente como, quando
se perdeu um olho, não se pode mais ver. (RE;1860) A transição da irracionalidade para a racionalidade se dá na
Terra? Essa
caminhada é cumprida numa série de existências que precedem o período chamado
Humanidade (LE) que, não tem na Terra o ponto de partida da primeira
encarnação humana, começando, em geral, nos mundos ainda mais inferiores, não
sendo, porém, regra absoluta, podendo, ocorrer como exceção. LE) Qual o traço dominante nesta fase? A
faculdade dominante no estado selvagem é o instinto o que não o impede
de agir com inteira liberdade em certas coisas, liberdade que se desenvolve com
a inteligência.(LE) O instinto é a força oculta (reflexo
condicionado) que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e
involuntários, tendo em vista sua conservação. Nos atos instintivos (compulsão
ou impulso), não há nem reflexão, nem combinação e nem premeditação. Todo ato
maquinal é instintivo. Impulso involuntário é instintivo.(G) Já a Inteligência revela-se por atos
voluntários, refletidos, premeditados, combinados, segundo a oportunidade das
circunstâncias. Denota reflexão, associação, deliberação. Direção calculada é
ato inteligente. (G) Instinto é uma espécie de
inteligência, não racional, através do qual todos os seres provêm suas
necessidades. (LE) O
Instinto, porém, enfraquece-se pela predominância da inteligência (G)
O instinto se aniquila
por si mesmo; as paixões sendo domadas pelo esforço da vontade. (G)
Na primeira encarnação, o Espírito está no estado de infância na vida
corpórea. Sua inteligência apenas desabrocha; ela ensaia para a
vida. (LE)
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
PROGRESSO DA HUMANIDADE
Tempo difíceis esses pelos
quais a Humanidade presente no Planeta Terra atravessa Apesar dos avanços
tecnológicos, as pessoas se mostram mais insensíveis para a dor e dificuldades
do semelhante. Estamos, ao que tudo indica, nos aproximando cada dia mais de um
conflito militar sem precedentes considerando o poderio militar exibido pelas
grandes potências do Mundo. Na sequência, o professor José Benevides Cavalcante
nos conduz a algumas reflexões a partir de questão proposta por leitor que indaga:
-Não percebo que
esteja havendo um progresso moral significativo na Humanidade. O materialismo
aumenta em lugar de diminuir. O homem está mais voltado para os valores
materiais e a religião para ele parece ser uma simples muleta de que se vale
apenas no momento de necessidade. Depois, encosta a muleta e volta-se de novo
para sua rotina materialista, sem compromisso com o semelhante, acomodando-se
nas ilusões do mundo e pondo seu interesse apenas no poder e na riqueza. Estamos, de fato, vivendo um momento muito
propício para a intensificação do materialismo. Mas o Espiritismo acredita na
vitória do Espírito, porque acredita na evolução. Certamente, o homem progrediu
intelectualmente, porque, na escala de suas necessidades, teve que desenvolver
mais a inteligência para escapar do perigo e conseguir os meios de
sobrevivência por meios violentos. Com isso, o sentimento perdeu terreno. As
realizações do "homo faber" não foram acompanhadas de um progresso
moral correspondente; enquanto isso, ele aprendeu a fabricar muitas coisas, mas
não as soube utilizar convenientemente para o bem da coletividade. Não
desenvolveu a solidariedade, permanecendo escravo de seu vil egoísmo. Hoje
sofre as consequências do intensivo progresso material dos últimos anos,
confinado em espaços cada vez menores, acomodando-se ao conforto da cidade,
esvaziando o campo, extasiado ante o fenômeno ameaçador da globalização, numa
vida de intensa competição e muito pouco humanismo. O individualismo cresce,
transmudando-se em atos de extrema e generalizada violência, agravada pelo uso
das drogas, porque o homem, de uma maneira geral, está iludido com o poder e
com a riqueza, pensando que, passando por cima dos outros, desrespeitando a
vida e as pessoas, será feliz sozinho no seu mundo. É como se nós, Humanidade,
fôssemos passageiros de um grande transatlântico, que estivesse em alto mar
atravessando ameaçadora tempestade. Ninguém pretende abrir mão do conforto da
viagem, mas, ao mesmo tempo, todos estão alertas para conseguir o salva-vidas
no momento propício e, para isso, não se importam em ferir ou matar, desde que
se salvem. Daí a violência de nosso tempo. Mas tudo não passa de uma fase crítica
de rápidas transformações (tempestade), em que as estruturas do passado estão
sendo demolidas para darem lugar a outras que ainda não se ergueram, pois, como
lemos em "Lei de Progresso", capítulo de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o progresso é inevitável. A linha da
evolução não é reta e, muitas vezes, para que a coletividade avance num
sentido, ela precisa recuar em outro. Por isso, em várias ocasiões, é preciso
que a situação chegue ao limite do tolerável para começar a mudar; o interesse
do homem por valores espiritualmente elevados sempre acontece em momentos
decisivos. Daí as grandes comoções sociais e outros fenômenos cíclicos a que se
refere Allan Kardec no capítulo citado, que lhe indicamos para leitura.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
domingo, 10 de dezembro de 2017
sábado, 9 de dezembro de 2017
KARDEC E A REENCARNAÇÃO
Os que se detém a estudar a
obra construída pelo educador Allan Kardec não consegue encontrar
um ponto passível de dúvida. Ele fosse qual o assunto procurava cercar todos os
aspectos capazes de gerar dúvida estabelecendo polemicas entre os que buscam
esclarecimentos ou respostas para os variados temas em que o Espiritismo toca.
O meio século de vida cumprido quando se interessou pela fenomenologia em torno
daquilo que confirmaria ser a intervenção do Mundo Espiritual no Mundo Material
através do instrumento chamado médium, o qualificaram para a construção do
alicerce da proposta que pretende resgatar no seu verdadeiro, amplo e profundo
os ensinamentos de Jesus. Um dos tópicos esquecidos por treze séculos pela
imposição da escola religiosa dominante no lado Ocidental do Planeta, a
reencarnação, não foi de imediato aceito por ele, apesar de constituir-se numa
das abordagens dos Espíritos que o orientavam e municiavam de revelações
surpreendentes. No número de abril de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, ele confirma isso,
explicando seu desinteresse, a princípio, pela inusitada informação. O princípio,
por sinal, continua a encontrar resistência nos meios acadêmicos para ser
considerado, provavelmente pelos atavismos que todos carregam das proibições em
se discutir a questão. Interessantes confirmações vão, contudo, sendo
apresentados por pesquisadores. Ian Stevenson,
Hemendras Banerjee, Hernani Guimarães Andrade legaram interessante acervo
em torno das memórias extracerebrais. Os profissionais da saude mental Brian
Weiss, Helen Wambach, Edith Fiore, entre outros, vasculharam memórias
de vidas passadas de pacientes a procura da origem de transtornos
físico/mentais. Mas Allan Kardec também resistiu a princípio.Explica ele:
- Em
suma, o grande critério do ensino dado pelos Espíritos é a lógica. Deus nos deu
a capacidade de julgar e a razão para delas nos servirmos; os Espíritos bons
no-las recomendam, nisto nos dando uma prova de superioridade. Os outros se
guardam: querem ser acreditados sob palavra, pois sabem muito bem que no exame
têm tudo a perder. Como se vê, temos muitos motivos para não aceitar
levianamente todas as teorias dadas pelos Espíritos. Quando surge uma,
limitamo-nos ao papel de observador; fazemos abstração de sua origem espírita,
sem nos deixar fascinar pelo brilho de nomes pomposos; examinamo-la como se
emanasse de um simples mortal e vemos se é racional, se dá conta de tudo, se
resolve todas as dificuldades. Foi assim que procedemos com a doutrina da
reencarnação, que não tínhamos adotado, embora vinda dos Espíritos, senão após
haver reconhecido que ela só, e só ela, podia resolver aquilo que nenhuma
filosofia jamais havia resolvido, e isso abstração feita das provas materiais
que diariamente são dadas, a nós e a muitos outros. Pouco nos importam, pois,
os contraditores, ainda que sejam Espíritos. Desde que ela seja lógica,
conforme à justiça de Deus; que não possam substituí-la por nada de mais
satisfatório, não nos inquietamos mais do que os que afirmam que a Terra não
gira em torno do Sol – porquanto há Espíritos que se julgam sábios – ou que
pretendem que o homem veio completamente formado de um outro mundo,
transportado nas costas de um elefante alado.
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
CICLOS EVOLUTIVOS
Se os
Espíritos ainda não dizem tudo abertamente, não é por que haja na Doutrina
mistérios reservados a privilegiados, nem por que coloquem a candeia debaixo do
alqueire. Mas porque cada coisa deve vir no tempo oportuno. Eles dão a cada
ideia o tempo de amadurecer e de se propagar antes de apresentarem uma outra, e
dão aos acontecimentos o tempo de lhes preparar a aceitação. (ESE)
O comentário feito por Allan
Kardec vai à medida que o tempo passa se confirmando. As ditas OBRAS
BÁSICAS do Espiritismo após um século foram ampliadas, sobretudo, pela
contribuição do Espírito conhecido como André Luiz através da
série NOSSO LAR. Quando do aparecimento dos primeiros trabalhos
do Espírito Ramatís pelo médium Hercílio Maes de
Curitiba, Paraná, espíritas mais conservadores foram ouvir a opinião do
Orientador Espiritual Emmanuel através de Chico Xavier
que ofereceu surpreendentes e reveladoras respostas resgatadas décadas depois
pelo pesquisador Eduardo Carvalho Monteiro e incluídas no seu
livro SALA
DE VISITAS DE CHICO XAVIER. Ali, o responsável pelo trabalho do médium mineiro fala em Ciclos Evolutivos.
Na sequência alguns elementos para reflexões:1- A
Terra, em sua constituição física propriamente considerada, possui os seus
grandes períodos de atividade e de repouso. É possível ter se uma ideia de
como? Cada
período de atividade e cada período de repouso da matéria planetária, pode ser
calculado, cada um, em 260.000 mil anos. Atravessando o período de
repouso da matéria terrestre, a vida se reorganiza, enxameando de novo nos
vários departamentos do Planeta, representando, assim, novos caminhos para a
evolução das almas. Assim sendo, os grandes
Instrutores da Humanidade, nos Planos Superiores, consideram que, desses
260.000 anos de atividade, 60 a 64 mil foram empregados na reorganização dos
pródomos da vida organizada. Logo em seguida surge o
desenvolvimento das grandes raças que dizem respeito à evolução do Espírito
domiciliado na Terra. Assim, depois desses 60 a 64
mil anos de reorganização de nossa Casa Planetária temos sempre grandes
transformações de 28 em 28 mil anos. Depois do período dos 64 mil
anos, tivemos duas raças na Terra cujos traços se perderam por causa de seu
primitivismo. Logo em seguida podemos
considerar a grande raça Lemuriana como portadora de uma inteligência algo mais
avançada, detentora de valores mais altos, nos domínios do Espírito. Em
seguida aos 28.000 anos de trabalho Lemuriano - chegamos ao grande período da raça
Atlântida, com outros 28.000 anos de grandes trabalhos, no qual a inteligência
do mundo se elevou de maneira considerável, cujas últimas ilhas, que guardavam
os remanescentes da Civilização Atlântida, submergiram, mais ou menos, 9 a 10
mil anos antes da Grécia de Sócrates. 2- Achamo-nos, agora, nos últimos
períodos da grande raça Ariana. (SVCX) O Espiritismo afirma que a
evolução é a razão da existência do Espírito. Da condição de princípio inteligente à de Espírito e de
Humanização, esse processo se desenvolve em linha reta? A
lei circular preside todos os movimentos do mundo; ela rege as evoluções da
Natureza, as da História e da Humanidade. Cada
Ser gravita num círculo, cada vida descreve um circuito, toda a história humana
se divide em ciclos. Os
dias, as horas, os anos, os séculos rolam na órbita do Espaço e do tempo e
renascem, pois o seu objetivo, se há um, é precisamente o de retornar ao seu
princípio. Os ventos, as nuvens, as
águas, as flores, a luz seguem a mesma lei. O
vapor eleva-se para as alturas; forma as nuvens, verdadeiros oceanos suspensos
sobre nossas cabeças. As nuvens que planam, mares
imensos e móveis, fundem-se em chuvas e tornam-se novamente os rios, os riachos
que já foram. É,
portanto, a lei, a lei da Natureza e a da Humanidade.Todo Ser já existiu; ele
renasce e sobe, evolui, assim, numa espiral cujas órbitas vão aumentando cada
vez mais, e é por isso que a História toma um caráter cada vez mais universal. (LD;OGE)
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
domingo, 3 de dezembro de 2017
NÃO CORRESPONDE
Nestes tempos de tanta
disponibilidade de informações alguns religiosos se valem das limitações
culturais e de acesso a tecnologia para propalar informações erradas. É o caso
da que será esclarecida pelo professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA,
eme) na sequencia. É verdade que Jesus foi o fundador da Igreja
Católica e Pedro seu primeiro papa? Esta é, pelo menos, a versão que a
Igreja passa para seus fiéis e proclama para o Mundo todo, mas não corresponde
precisamente ao que se passou na História. Jesus, na verdade, não fundou
religião alguma. Muitos estudiosos da religião o consideram um moralista e não
um religioso. Isto porque iniciou um movimento de moralização da sociedade,
através da transformação do homem; tratava-se de uma visão nova de religiosidade,
onde a relação do homem com Deus (religião) devia ser precedida da relação do
homem com o homem (moral) através da fraternidade: "Um novo mandamento
vos dou, que vos ameis uns aos outros". Segundo Mateus (16:18), ele
teria delegado a Pedro a liderança na continuidade dessa missão, mas Will
Durant, in "CESAR E CRISTO",
afirma que "essa passagem é tida como enxerto", posteriormente
acrescentada ao Evangelho de Mateus por motivos óbvios. A propósito, Pinheiro Martins,
in "HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO", vê com estranheza o fato de Marcos, autor do Evangelho mais
antigo, não fazer nenhuma referência a essa suposta delegação de Jesus a Pedro,
uma vez que Marcos (João Marcos) fora íntimo de Pedro e servira como intérprete
do Apóstolo, quando este pregava aos Gentios. Quanto ao movimento moralizador,
iniciado por Jesus, em nada se parecia com as religiões formais da época, nem
mesmo com o judaísmo (ele combatia ardorosamente os religiosos, principalmente
os fariseus) , pois sua doutrina era de cunho estritamente moral, simples e
direta, sem dogmas, cultos, sacerdotes, templos ou qualquer tipo de adoração
exterior. No entanto, quem, de fato, assumiu a liderança do movimento depois
chamado cristão, após a sua morte, foi Saulo de Tarso (depois, Paulo,
considerado por muitos como o fundador do Cristianismo, face às novas
características que o movimento foi tomando), antigo perseguidor de seus
adeptos. Jesus, certamente, buscou Paulo, na falta de alguém mais preparado e
arrojado, por causa de sua cultura e de seu caráter íntegro. Todavia, o
movimento, que se seguiu a Jesus, passou a tomar características religiosas
comuns, por influência dos próprios cristãos, que vinham do Judaísmo, e de
outras religiões da época. Foi quando se consolidou o Cristianismo propriamente
dito, marcado por implacáveis perseguições e cruéis martírios, em face da
intolerância dos romanos e também por aguerridos conflitos internos, até porque
os próprios cristãos não se entendiam sobre vários pontos da religião., principalmente
em relação à natureza do Cristo. Nos dois primeiros séculos, esse movimento se
organizou com muita dificuldade e sacrifícios, formando as igrejas locais
(ekklesía, ecclesia = assembleia) com seus padres e bispos, e assumindo a
feição de religião sacerdotal com ofícios litúrgicos, no que se assemelhava ao
Judaísmo. Houve tentativas de organização e centralização do comando do
movimento, em face da existência de vários bispos, que assumiam indiscutíveis
lideranças. "A palavra papa (pai) era, nos primeiros séculos, aplicada a
qualquer bispo cristão, como ao papa Clemente, que aparece como autor de uma
carta, escrita em 96, à Igreja de Corinto". Contudo, a Igreja Católica
Romana, com a estrutura dogmática que ela tem hoje, só se consolidou
posteriormente, no século IV, a partir
do Concílio de Nicéia, no ano 325 depois de Cristo, com o Imperador
Constantino, já na fase de declínio do império. Depois de declarar o
Cristianismo crescente como religião oficial, estabeleceu sua sede definitiva
em Roma, determinando-lhe uma estrutura adaptada do Estado e da religião
romana, como o próprio título de Sumo Pontífice, "que era usado para
designar a autoridade do Imperador como chefe da religião cívica", segundo
o historiador Edward M. Burns, in "HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO
OCIDENTAL". Com o Imperador Constantino
ficaram assentadas as bases de uma igreja única e universal (católica), ao
mesmo tempo em que eram declaradas heresias todas as ideias que não se
coadunassem com os pontos estabelecidos no "CREDO DE NICÉIA". A partir de então, os cristãos, de
dominados, passaram a dominadores e a Igreja Romana passou a exercer a sua
grande hegemonia.
sábado, 2 de dezembro de 2017
sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
A DINÂMICA DA EVOLUÇÃO ESPIRITUAL
A ideia do Deus humanizado de Moises permanece
presente em todos aqueles que imaginam que o Criador mantem-se próximo de cada
uma de suas criaturas acompanhando seus atos para compensá-la ou puní-las. Mas
seria possível que os 7,5 bilhões de seres humanos tivesse próximo
constantemente a eles a Divindade? A lógica do raciocínio diz que não. Nesse
sentido a visão evolucionista do Espiritismo sugere que os mecanismos da
evolução contam com um recurso que vai se aprimorando a medida que o Ser
evolui. Na sequencia três respostas que podem ampliar nosso entendimento a
respeito. Reconhecendo que a Deus se deve todo
movimento no contexto Universal, é possivel, segundo a Espiritualidade, saber
como se desenvolveu na Individualidade humana o mecanismo da lei de Causa e
Efeito? A mônada
vertida do Plano Espiritual sobre o Plano Físico atravessou os mais rudes
crivos da adaptação e seleção, assimilando os valores múltiplos da organização,
da reprodução, da memória, do instinto, da sensibilidade, da percepção e da preservação
própria, penetrando, assim, pelas vias da inteligência mais completa e
laboriosamente adquirida, nas faixas inaugurais da razão. (...) Através do nascimento e morte da forma, sofre
constantes modificações nos dois planos em que se manifesta (...) Nas regiões
extrafísicas, essa consciência incompleta prossegue elaborando o seu veículo
sutil, correspondente ao grau evolutivo em que se encontra, (..) tecendo com os
fios da experiência a túnica da própria exteriorização, segundo o molde mental que
traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que automatiza as próprias
aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva imunológica, construindo o
centro coronário, no próprio cérebro, através da reflexão automática de
sensações e impressões em milhões e milhões de anos, pelo qual, com o auxílio
das Potências Sublimes que lhe orientam a marcha, configura os demais centros
energéticos do mundo íntimo, fixando-os na tessitura da própria alma.Para
alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e
discernimento, o Ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino
angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a
civilização elementardo sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de
um bilhão e meio de anos. Isso
é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos elementos
radioativos na massa geológica do Globo. O processo
de construção da denominada consciência começou em fases pré-humanas? Através
dos estágios nascimento / experiência / morte / experiência / renascimento, nos
Planos Físico e Extrafísico, as crisálidas de consciência, dentro do princípio
de repetição, respiram sob o Sol como seres autótrofos no Reino Vegetal, onde
as células, nas espécies variadas em que se aglutinam, se reproduzem de modo
absolutamente semelhante. Nesse
domínio, o princípio inteligente, servindo-se da herança e por intermédio das experiências
infinitamente recapituladas, habilita-se à diferenciação nos flagelados,
ascendendo progressivamente à diferenciação maior na escala animal, onde o
corpo espiritual, à feição de protoforma humana, já oferece moldes mais
complexos, diante das reações do sistema nervoso, eleito para sede dos
instintos superiores, com a faculdade de arquivar reflexos condicionados. (EDM)7 Os milhares de depoimentos dos que se veem diante das
surpresas da morte dão conta que o Espírito razoavelmente evoluído
desequilibra-se diante do encontro consigo mesmo. Como entender isso? Quando
os acontecimentos da morte se realizam, é que a criatura humana desencarnada,
plenamente renovada em si mesma, abandona o veículo carnal a que se jungia;
contudo, muitas vezes intimamente aprisionada ao casulo dos seus pensamentos
dominantes, quando não trabalhou para renovar-se, nos
recessos do Espírito, passa a revelar-se em novo peso específico, segundo
a densidade da vida mental em que se gradua (EDM,
11) Trazemos na própria consciência o arquivo
indelével dos nossos erros. (OBE, 7) Doentes, ouvimos vozes internas, ansiosos,
amargurados. Desejaríamos desfazermo-nos
do pretérito, pagaríamos pelo esquecimento qualquer preço, ansiamos fugir de
nós mesmos, mas em vão: sempre as mesmas recordações atrozes vergastando-nos a
consciência. (NMM, 12)
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