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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

NOVAS POSSIBILIDADES OFERECIDAS PELO ESPIRITISMO

O jornal SIÈCLE, de 4 de julho de 1861, noticiou a morte de um soldado, chamava-se Pierre Valin, ferido na cabeça na batalha de Solferino. Que mesmo tendo a ferida completamente cicatrizada, se julgava morto.  Quando lhe pediam notícias da saúde, respondia: ‘Quereis saber como vai Pierre Valin? Pobre rapaz! Foi morto com um tiro na cabeça em Solferino. O que vedes aqui não é Valin; é uma máquina que fizeram à sua semelhança, mas muito malfeita. Deveríeis pedir para que fizessem outra.’ “Ao falar de si mesmo, jamais dizia eu ou a mim, mas este. Frequentemente caía em completo estado de imobilidade e de insensibilidade, que durava vários dias. Aplicados contra essa afecção, os cataplasmas e vesicatórios jamais produziram o menor sinal de dor. Muitas vezes exploraram a sensibilidade da pele desse homem, beliscando-lhe os braços e pernas, sem que manifestasse o mais leve sofrimento. “Para assegurar-se de que não dissimulava, o médico mandava picá-lo nas costas, enquanto conversavam com ele. O doente nada percebia. Muitas vezes, Pierre Valin recusava alimentar-se, dizendo que isto não era necessário; que, aliás, isto não tinha ventre, etc. A publicação se refere a casos semelhantes. No número de agosto de 1861 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec analisa o fato a partir de uma evocação ocorrida na Sociedade Espírita de Paris. Diz ele: - Narramos um fato semelhante na REVISTA de junho de 1861, a propósito da evocação do marquês de Saint-Paul. Em seus últimos momentos ele dizia sempre: “Ele tem sede; é preciso dar-lhe de beber. Ele tem frio; é preciso aquecê-lo. Ele sente dor em tal local, etc.” Mas quando lhe diziam: Mas sois vós que tendes sede, ele respondia: Não, é ele. “É que o eu pensante está no Espírito, e não no corpo. Já em parte desprendido, o Espírito considerava seu corpo como uma outra individualidade que, propriamente falando, não era ele. Era, pois, ao seu corpo, a esse outro indivíduo que era preciso dar de beber, e não a ele Espírito. Assim, quando na evocação lhe fizeram esta pergunta: Por que faláveis sempre na terceira pessoa? ele respondia: “Porque, como vos dissera, estava vendo e sentia nitidamente as diferenças que existem entre o físico e o moral. Essas diferenças, ligadas entre si pelo fluido da vida, tornam-se muito distintas aos olhos dos moribundos clarividentes. (...) Todos os magnetizadores sabem que é muito comum aos sonâmbulos falarem na terceira pessoa, fazendo ainda a distinção entre a personalidade de sua alma, ou Espírito, e o corpo. Em estado normal as duas individualidades se confundem e sua perfeita assimilação é necessária à harmonia dos atos da vida. Mas o princípio inteligente é como esses gases, que não se prendem a certos corpos sólidos senão por uma coesão efêmera, escapando ao primeiro sopro. Há sempre uma tendência de se desembaraçar de seu fardo corpóreo, desde que deixa de agir, por uma causa qualquer, a força que mantém o equilíbrio. Só a atividade harmônica dos órgãos mantém a união íntima completa da alma e do corpo; mas, à menor suspensão dessa atividade, a alma levanta vôo. É o que acontece no sono, no quase sono, no mero entorpecimento dos sentidos, na catalepsia, na letargia, no sonambulismo natural ou magnético, no êxtase, no que se chama sonho acordado, ou segunda vista, nas inspirações do gênio e em todas as grandes tensões do Espírito, que muitas vezes tornam o corpo insensível. É, enfim, o que pode ocorrer como consequência de certos estados patológicos. Uma porção de fenômenos morais não tem por causa senão a emancipação da alma. A Medicina bem que admite a influência das causas morais, mas não aceita o elemento moral como princípio ativo. Daí por que confunde esses fenômenos com a loucura orgânica, razão por que lhes aplica um tratamento puramente físico que, com muita frequência, determina a verdadeira loucura, onde desta só havia a aparência.




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