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sábado, 31 de março de 2018

PERSONALIDADE HUMANA E CAUSAS DA OBSESSÃO



sexta-feira, 30 de março de 2018

DOGMAS E ESPIRITISMO


Sempre aparecem os que buscam nas escolas religiosas tradicionais encontrar argumentos que possam utilizar contra a revolucionária proposta do Espiritismo. Um dos temas é sobre a Natureza do Cristo. Na edição de setembro de 1867, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec argumenta sobre a questão. Escreve ele: - O Espiritismo não é contrário à crença dogmática relativa à natureza do Cristo e, neste caso, pode-se dizer o complemento do Evangelho, se o contradiz? A solução desta questão não toca apenas de maneira acessória o Espiritismo, que não deve preocupar-se com dogmas particulares de tal ou qual religião. Simples doutrina filosófica, não se apresenta como campeão, nem como adversário sistemático de nenhum culto, deixando a cada um a sua crença. A questão da natureza do Cristo é capital do ponto de vista cristão. Não pode ser tratada levianamente, e não são as opiniões pessoais, nem dos homens, nem dos Espíritos, que a podem decidir. Em assunto semelhante, não basta afirmar ou negar, é preciso provar. Ora, de todas as razões alegadas a favor ou contra, nenhuma há que não seja mais ou menos hipotética, visto que todas são questionáveis. Os materialistas não viram a coisa senão com os olhos da incredulidade e a ideia preconcebida da negação; os teólogos, com os olhos da fé cega, e a ideia preconcebida da afirmação; nem uns, nem outros estavam em condições necessárias de imparcialidade; interessados em sustentar sua opinião, só viram e buscaram o que a ela poderia ser contrário. Se, desde que a questão foi agitada, ainda não foi resolvida de maneira peremptória, é que faltaram elementos, os únicos que lhe podiam dar a chave, absolutamente como faltava aos sábios da antiguidade o conhecimento das leis da luz, para explicar o fenômeno do arco-íris. O Espiritismo é neutro nesta questão; não está mais interessado numa solução do que na outra; marchou sem isto e marchará ainda, seja qual for o resultado; colocado fora dos dogmas particulares, não é para ele questão de vida ou de morte. Quando a abordar, apoiando todas as suas teorias nos fatos, resolvê-la-á pelos fatos, e em tempo oportuno; se tivesse urgência, ela já estaria resolvida. Os elementos de uma solução hoje estão completos, mas o terreno ainda não está preparado para receber a semente. Uma solução prematura, fosse qual fosse, encontraria muita oposição de parte a parte, e o Espiritismo perderia mais partidários do que os conquistaria. Eis por que a prudência nos impõe o dever de nos abstermos de toda polêmica sobre o assunto, até que estejamos certos de poder colocar o pé em terra firme. Enquanto se espera, deixemos que discutam os prós e os contras fora do Espiritismo, sem nisto tomar parte, deixando que os dois partidos esgotem seus argumentos. Quando o momento for propício, levaremos para a balança, não a nossa opinião pessoal, que não tem nenhum peso, nem pode fazer lei, mas fatos até este momento não observados, e então cada um pode julgar com conhecimento de causa. Tudo quanto podemos dizer, sem prejulgar a questão, é que a solução, em qualquer sentido em que for dada, não contradirá nem os atos, nem as palavras do Cristo, mas, ao contrário, os confirmará, elucidando-os. Portanto, aos que nos perguntam o que diz o Espiritismo sobre a natureza do Cristo, respondemos invariavelmente: “É uma questão de dogma, estranha ao objetivo da Doutrina.” O objetivo que todo espírita deve perseguir, se quiser merecer esse título, é o seu próprio melhoramento moral. Sou melhor do que o era? Corrigi-me de algum defeito? Fiz o bem ou o mal ao próximo? Eis o que todo espírita sincero e convicto deve se perguntar. Que importa saber se o Cristo era Deus, ou não, se se é sempre egoísta, orgulhoso, ciumento, invejoso, colérico, maledicente, caluniador? A melhor maneira de honrar o Cristo é imitá-lo em sua conduta. Fazendo o contrário do que ele diz, quanto mais se o eleva no pensamento, menos se é digno dele e mais se o insulta e profana. O Espiritismo diz aos seus adeptos: “Praticai as virtudes recomendadas pelo Cristo e sereis mais cristãos do que muitos que se fazem passar como tais.” Aos católicos, protestantes e outros, ele diz: “Se temeis que o Espiritismo perturbe a vossa consciência, não vos ocupeis dele.” Dirige-se apenas aos que a ele vêm livremente, e dele necessitam. Não se dirige aos que têm uma fé qualquer e que esta fé basta, mas aos que não a têm ou que duvidam, e lhes dá a crença que lhes falta, não mais particularmente a do catolicismo, do protestantismo, do judaísmo ou do islamismo, mas a crença fundamental, base indispensável de toda religião. Aí termina o seu papel. Estabelecida esta base, cada um é livre para seguir a rota que melhor satisfaça à sua razão.

terça-feira, 27 de março de 2018

FALTANDO INTERAÇÃO


Tema ainda envolto em mistérios pelo fato do desconhecimento da visão do Espiritismo preservada n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o sonho apenas sob o ângulo da neurociência e das escolas da Medicina dedicadas a saúde mental encontra farto material para estudos. Na sequência alguns dos ângulos apreciados pela Doutrina Espirita. Os sonhos não são então mero efeito dos conflitos do inconsciente e consciente? Entre os sonhos uns há que têm um caráter de tal modo positivo que, racionalmente, não poderiam ser atribuídos apenas a um jogo da imaginação; tais são aqueles nos quais se adquire, ao despertar, a prova da realidade do que se viu, e em que absolutamente não se pensava.  Os mais difíceis de explicar são os que nos apresentam imagens incoerentes, fantásticas, sem realidade aparente. As pessoas que se veem em sonho, são sempre aquelas das quais tem o aspecto? São, quase sempre, essas mesmas pessoas que vosso Espírito vai encontrar ou que veem vos encontrar. (LM, 4/100)  Se sonhamos mais frequentemente com as que constituem nossas preocupações é que o pensamento é um veiculo de evocação e por ele chamamos a nos o Espírito dessa pessoas, quer estejam elas encarnadas ou não. (IPSME) Aqueles que dizem ter sonhado antes com grandes eventos como acidentes naturais, de aviação, de transito ou familiares vivenciaram mesmo tais experiências? Os avisos por meio de sonhos desempenham grande papel nos livros sagrados de todas as religiões.  Sem garantir a exatidão de todos os fatos narrados e sem os discutir, o fenômeno em si mesmo nada tem de anormal, sabendo-se, como se sabe, que, durante o sono, é quando o Espírito, desprendido dos laços da matéria, entra momentaneamente na vida espiritual, onde se encontra com os que lhe são conhecidos. É com frequência essa a ocasião que os Espíritos protetores aproveitam para se manifestar a seus protegidos e lhes dar conselhos mais diretos.  São numerosos os casos de avisos em sonho, porém, não se deve inferir daí que todos os sonhos são avisos, nem, ainda menos, que tem uma significação tudo o que se vê em sonho.  Cumpre se inclua entre as crenças supersticiosas e absurdas a arte de interpretar os sonhos. (G, 15:3) E quanto aos sonhos relacionados a acontecimentos passados, inclusive de outras encarnações?  A experiência prova que, o Espírito encarnado, durante o sono do corpo, goza de certa liberdade e pode ter consciência de seus atos anteriores, saber porque sofre e que sofre justamente.  A lembrança só se apaga durante a vida exterior de relação.  A falta de uma lembrança precisa, que poderia ser-lhe penosa e prejudicial às suas relações sociais, permite-lhe haurir novas forças nesses momentos de emancipação da alma, se ele souber aproveitá-los. (ESE, 5:11)  O não lembrar claramente embora as impressões de bem estar ou não que as pessoas conservam após o corpo ter retornado às atividades normais sugerem desse modo a vivência de experiências reais? Sonhos inconscientes proporcionam essas sensações indefiníveis de contentamento e felicidade, de que não nos damos conta, e que são um antegozo daquilo de que desfrutam os Espíritos felizes.  Deduz-se daí que o Espírito encarnado pode sofrer transformações que modificam suas aptidões.  Um fato que talvez não tenha sido suficientemente observado vem em apoio da teoria acima.  Do primeiro grau de lucidez o Espírito passa, por vezes, a um grau mais elevado, no qual adquire novas ideias e percepções mais sutis.  Saindo deste segundo grau para voltar ao primeiro, não se lembrará do que disse, nem do que viu; depois, passando deste grau para o estado de vigília, há um novo esquecimento.  Uma coisa a notar é que há lembrança do grau superior ao grau inferior, enquanto há esquecimento do grau inferior para o superior.  O que se passa influi sobre as faculdades e as aptidões do Espírito.  Dir-se-ia que do estado de vigília ao primeiro grau o Espírito é despojado de um véu; que do primeiro ao segundo grau é despojado de um segundo véu. Não mais existindo esses véus nos graus superiores, o Espírito vê o que está abaixo e se lembra; descendo a escala, os véus se refazem sucessivamente e lhe ocultam o que está acima, fazendo que deles perca a lembrança.   (RE,7/1865)


sábado, 24 de março de 2018

SIMPLES E IGNORANTE


O professor José Benevides Cavalcante ( FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) nos ajuda a entender uma dúvida interessante. Se Deus criou os Espíritos simples e ignorantes, o que os levou a seguir o caminho do mal? Eles não poderiam ter escolhido o caminho do Bem? A questão parece simples, mas não é. Tudo que se refere a Deus e às origens da vida e do Universo ainda está muito longe da nossa compreensão, por falta de parâmetros mais seguros que nos sirvam de referencial. Mas, isso não quer dizer que não devamos buscar uma resposta para nossas indagações. Quando a doutrina fala que os Espíritos foram criados simples e ignorantes, ela quer dizer que, na sua criação, o “ser inteligente” era apenas potencialidade, ou seja, “ promessa para o futuro” , todas as suas capacidades ainda estavam latentes, estavam por se manifestar e por se desenvolver, assim como numa simples semente todas as capacidades da planta ainda dormitam. A simplicidade, de que o Espiritismo fala, refere-se ao seu potencial de moralidade; no princípio, o Ser era amoral, ele não demonstrava nenhuma tendência, nem para o que chamamos de Bem, nem para o que reputamos como mal. A ignorância diz respeito ao seu potencial intelectivo, ou seja, à sua capacidade de conhecer, de saber, de raciocinar. Assim como a semente que, colocada em condições favoráveis, busca realizar-se na germinação, transformando sua potência em ato, o Espírito, através de suas primeiras manifestações na matéria, busca a sua sobrevivência, luta por ela, iniciando, assim, num longo processo na inconsciência, sua jornada evolutiva. Os animais, que hoje conhecemos na Terra, são o resultado de uma evolução ainda no campo da experiência amoral, pois eles não desenvolveram a capacidade de fazer julgamento de valor sobre certo e errado, sobre bem e mal, por exemplo. Os animais são, por conseguinte, seres simples e ignorantes. Logo, o despertar da consciência moral vai se verificar quando o Espírito assume a sua condição de Ser humano, na Terra, momento em que já é capaz de pensar e fazer juízo de valores. É nesse momento, que ele sai da simplicidade e da completa ignorância, e quando experimenta a sensação de poder decidir sobre seus atos e julgá-los. Potencialmente o Espírito é bom, ou seja, ele foi criado para a sua plena realização como criatura perfeita, mas, para tanto, deve desenvolver-se por si mesmo, empregando suas capacidades intrínsecas de intelectualidade e moralidade. Essa condição é que lhe dá a possibilidade de construir o seu próprio caminho, nascendo, então, o seu livre-arbítrio. Cada qual, nesse objetivo, vai buscar a sua realização pelas metas que julga (capacidade de decidir) as mais convenientes, nascendo assim a experiência do Espírito, que pode levá-lo a praticar toda sorte de ações, tanto as que venham a retê-lo ou dificultar o seu desenvolvimento, quanto às que lhe permitirão caminhar mais depressa para sua plena realização. Dessa forma, a busca da felicidade é a meta de todos os Espíritos; mas os caminhos são próprios de cada um, como os rios que abrem seus leitos, contornam as montanhas, enfrentam os obstáculos, à procura do mar. Se o caminho de cada um estivesse determinado e lhe fosse imposto para sua simples obediência, ele não conheceria realização pessoal ( felicidade) – portanto, nem culpa, nem mérito, nem livre-arbítrio, porque não foi ele que escolheu e decidiu por si mesmo – e, em consequência, não haveria também vida moral. Não há moralidade sem liberdade de escolha. Não há felicidade sem espírito de conquista

quarta-feira, 21 de março de 2018

HOMEOPATIA E ESPIRITISMO:CONEXÕES




No número de agosto de 1863, Allan Kardec incluiu na pauta da REVISTA ESPÍRITA uma mensagem do criador da Homeopatia psicografada na reunião de 13 de março daquele ano na reunião da Sociedade Espírita de Paris respondendo a indagação de colega Médico Homeopata sobre como o Espírito avaliava o estagio da sua proposta naquela ocasião. Kardec destaca que a médium Sra Costel que não fizera estudos médicos, desconhecendo termos específicos sobre a matéria. Hahnemann que em mensagem por outra médium em 1875 se revelaria reencarnação de Paracelso séculos antes, certamente é um daqueles Espíritos que estiveram na Terra para introduzir justamente os procedimentos de que foi autor na encarnação terminada pouco antes do surgimento do Espiritismo. Diz ele: - Minha filha, venho dar um ensinamento médico aos espíritas. Aqui a Astronomia e a Filosofia têm eloqüentes intérpretes; a moral conta tantos escritores quantos médiuns. Por que a Medicina, em seu lado prático e fisiológico, seria negligenciada? Fui o criador da renovação médica, que hoje penetra até as fileiras dos sectários da antiga medicina. Ligados contra a homeopatia, por mais que lhe criassem diques sem número, por mais que lhe gritassem: “Não irás mais longe!”, a jovem medicina, triunfante, transpôs todos os obstáculos. O Espiritismo lhe será poderoso auxiliar; graças a ele, ela abandonará a tradição materialista que, durante tanto tempo, lhe retardou o desenvolvimento. O estudo médico está inteiramente ligado à pesquisa das causas e dos efeitos espiritualistas; ela disseca os corpos e deve, também, analisar a alma. Deixai, pois, um velho médico justificar os fins e o objetivo da doutrina que propagou, e que vê estranhamente desfigurada neste mundo pelos praticantes, e no Além por Espíritos ignorantes que usurpam o seu nome. Gostaria que minha palavra ouvida tivesse o poder de corrigir os abusos que alteram a homeopatia, impedindo-a, assim, de ser tão útil quanto devia. Se eu falasse num centro prático, onde os conselhos pudessem ser ouvidos com proveito, eu me levantaria contra a negligência de meus colegas terrestres, que desconhecem as leis primordiais do Organon, exagerando as doses e, sobretudo, não dando à trituração tão importante dos medicamentos, os cuidados que indiquei. Muitos esquecem que cem, e às vezes duzentos golpes, são absolutamente necessários à liberação do princípio médico apropriado a cada uma das plantas ou venenos que formam o nosso arsenal curador. Nenhum remédio é indiferente, nenhum medicamento é inofensivo; quando o diagnóstico mal observado o faz dar fora de propósito, ele desenvolve os germes da doença que era chamado a combater. Mas eu me deixo arrastar por meu assunto e eis-me propenso a dar um curso de homeopatia a um auditório que não deve interessar-se por esta questão. Entretanto, não creio seja inútil iniciar os espíritas nos princípios fundamentais da ciência, a fim de os premunir contra as decepções que possam sofrer, quer da parte dos homens, quer mesmo da dos Espíritos. Samuel Hahnemann

sábado, 17 de março de 2018

ENTENDENDO A MEDIUNIDADE


Todos somos médiuns, afirma o Espiritismo. Na sequencia, destacamos alguns aspectos que deveriam ser meditados não só por todos os interessados mais também pelos que vivenciam exercícios com suas faculdades mediúnicas. Como definir mediunidade? A mediunidade é uma faculdade multiforme; apresenta uma infinidade de nuanças em seus meios e em seus efeitos. Aquele que é apto para receber ou transmitir as comunicações dos Espíritos é, por isto mesmo, um médium, seja qual for o meio empregado ou o grau de desenvolvimento da faculdade – desde a simples influência oculta até a produção dos mais insólitos fenômenos.  No uso corrente, o vocábulo tem uma acepção mais restrita e se diz, geralmente, das pessoas dotadas de sensibilidade muito grande, tanto para produzir efeitos físicos, quanto para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra. (RE, 2/1859) Na EPÍFISE ( no corpo físico) reside o sentido novo dos homens. (ML,1) Sobre a origem dos fenômenos? 1 - A base são as propriedades do fluido perispirítico. 2- É a expansão do fluido perispiritual. 3- Dois fluidos põem-se em contato e se interpenetram quando o Espírito, por assim dizer, projeta irradiações sobre outro indivíduo, essas o penetram. 4- Emissão mental do desencarnado, condensando-lhe o pensamento e a vontade, envolve o encarnado em profusão de energia que lhe alcançam o campo interior, 5- Aquilo que pode fazer o Espírito encarnado, projetando seu próprio fluido sobre uma pessoa, um Espírito desencarnado também o pode, visto ter o mesmo fluido, ou seja, pode magnetizar.  6-  Explica o Fenômeno da transmissão de pensamento 7- Vivemos num oceano fluídico, expostos incessantemente a correntes contrárias, que atraímos ou repelimos, e às quais nos abandonamos, conforme nossas qualidades pessoais, mas em cujo meio o homem sempre conserva o seu livre-arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o caminho. (RE, 1/1863) Que é o médium? É o Ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens: Espíritos encarnados.  Sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza que seja.  Há um princípio que, todos os espíritas admitem: os semelhantes atuam com seus semelhantes e como seus semelhantes. Ora, quais são os semelhantes dos Espíritos, senão os Espíritos, encarnados ou não?  O perispirito do encarnado ou do desencarnado procede do mesmo meio, são de natureza idêntica, numa palavra, semelhantes. Possue uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos vigorosa, que permite a Espíritos desencarnados e encarnados, porem-se muito pronta e facilmente em comunicação.  Enfim, o que é peculiar aos médiuns, o que é da essência mesma da individualidade deles, é uma afinidade especial e, ao mesmo tempo, uma força de expansão particular, que lhes suprimem toda refratariedade e estabelecem, entre eles e nós, uma espécie de corrente, uma espécie de fusão, que facilita as comunicações.  Essa refratariedade da matéria se opõe ao desenvolvimento da mediunidade, na maior parte dos que não são médiuns.  A essa qualidade refratária deve ser atribuída a uma particularidade, que faz que certos indivíduos, não médiuns, transmitam e desenvolvam a mediunidade, pelo simples contato, a médiuns neófitos ou médiuns quase passivos, isto é, desprovidos de certas qualidades mediúnicas (RE; 8/1861)



quarta-feira, 14 de março de 2018

A PALAVRA DE DEUS

O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) oferece um pouco mais de entendimento a duvida levantada por um leitor. Por que os espíritas não consideram a Bíblia como palavra de Deus? As religiões bíblicas, como o próprio nome está dizendo, têm na Bíblia a autoridade maior, a última palavra, ou seja, a palavra de Deus; elas se conduzem, portanto, apenas pela fé. É por isso que, para elas, a Bíblia é um objeto sagrado, perfeito, santificado: daí o nome de Bíblia Sagrada que costumam utilizar. Entretanto, o Espiritismo tem por princípio que somente a fé simples e pura, por ser ingênua, não é suficiente para se encontrar a verdade, nem na Bíblia nem em qualquer outro livro, “sagrado” ou não: é necessária a razão. Aliás, a razão é que ilumina o caminho da fé, porque, como ponderou Kardec, “para se crer, é necessário compreender” e “fé verdadeira é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade”. Desse modo, antes de aceitar qualquer verdade, venha de onde vier ( mesmo que seja das obras do próprio Allan Kardec), o método espírita recomenda um estudo mais seguro, mais cuidadoso, um exame mais apurado dessa verdade, para se verificar até que ponto ela atende aos imperativos da lógica, da razão, para, em seguida, poder ser aceita ou não. Por isso, a leitura da Bíblia, feita por um evangélico, por exemplo, é muito diferente da leitura da Bíblia feita por um espírita: o evangélico vai apenas aceitar o que está lendo ( geralmente ao pé da letra), enquanto que o espírita vai procurar analisar e julgar a validade do texto. Quanto a ser palavra de Deus, também é uma questão de julgamento. Assim, para o Espiritismo “palavra de Deus” é tudo aquilo que corresponde ao Bem e à Verdade, ou seja, às leis naturais ou leis divinas. Os ensinamentos morais de Jesus, que estão no Novo Testamento da Bíblia, são vistos pelos espíritas como “palavra de Deus”; mas os espíritas não podem considerar “palavra de Deus” as chacinas que Deus mandava executar ao tempo de Moisés (principalmente nos 5 primeiros livros do Velho Testamento), e outras atrocidades hediondas que se perpetrava em nome de Iavé e que estão muito bem claras na Bíblia. “Palavra de Deus” é o “amai-vos uns aos outros”, é compreender, é perdoar, é socorrer o semelhante, mas jamais o ódio nem tampouco a vingança; não pode ser o conluio de Deus com seus protegidos, muitas vezes desonestos e violentos, que faziam e desfaziam à sua vontade, prejudicando pessoas, sacrificando inocentes, sempre acobertados pelo poder opressor da divindade.

domingo, 11 de março de 2018

A VOZ DO ANJO DA GUARDA


William Ellery Channing nasceu em 1780, em Newport, Rhode-Island, Estado de Nova Iorque. Seu avô, William Ellery, assinou a famosa declaração da independência. Channing foi educado no Harward College, destinado à profissão médica; mas seus gostos e aptidões o levaram à carreira religiosa e em 1803 tornou-se ministro da capela unitarista de Boston. Sempre permaneceu nessa cidade, professando a doutrina dos Unitaristas, seita protestante que conta numerosos adeptos na Inglaterra e na América, nas camadas mais elevadas. Fez-se notar por seus pontos de vista amplos e liberais. Por sua eloquência notável, por suas numerosas obras e pela profundidade de sua filosofia, é contado no número dos homens mais destacados dos Estados Unidos. Partidário declarado da paz e do progresso, pregou  sem tréguas contra a escravidão e fez a essa instituição uma guerra tão obstinada, que a muitos liberais tal excesso de zelo, prejudicial à sua popularidade, por vezes parecia inoportuno. Seu nome fez autoridade entre os anti-escravagistas. Morreu em Boston em 1842, aos 62 anos de idade. Já em 1834, três décadas antes do surgimento do Espiritismo, escreve um texto em que demonstra ter uma visão intuitiva interessante sobre a continuidade da vida após a morte do corpo físico. Entre outras ponderações escreve que nossos amigos, que nos deixam por esse outro mundo, não se encontram no meio de desconhecidos; não têm esse sentimento desolado de haver trocado a pátria por uma terra estrangeira. As mais ternas palavras de amizade humana não se aproximam dos acentos de felicitações que os esperam quando chegarem àquela morada. Lá o Espírito tem meios mais seguros de se revelar do que aqui; o recém-chegado sente-se e se vê cercado de virtudes e de bondade e, por essa visão íntima dos Espíritos simpáticos que os rodeiam, ligações mais fortes que as cimentadas pelos anos na Terra podem criar-se momentaneamente. As mais íntimas afeições na Terra são frias, comparadas às dos Espíritos. De que maneira eles se comunicam? Em que língua e por meio de que órgãos? Ignoramo-lo, mas sabemos que o Espírito, progredindo, deve adquirir maior facilidade para transmitir o seu pensamento. Numa das contribuições  já como Espírito desencarnado, numa reunião da Sociedade Espírita de Paris, escreveu através da médium Srta. Huet uma interessante mensagem em que expressa algumas ponderações interessantes sobre o Anjo da Guarda reproduzida na edição de janeiro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA.  Diz ele: Todos os homens são médiuns; todos têm um Espírito que os dirige para o Bem, quando sabem escutá-lo. Pouco importa que alguns se comuniquem diretamente com ele por uma mediunidade particular, e que outros não o ouçam senão pela voz do coração e da inteligência; nem por isso deixará de ser o seu Espírito familiar que os aconselha. Chamai-o Espírito, razão, inteligência: é sempre uma voz que responde à vossa alma e vos dita boas palavras; só que nem sempre as compreendeis. Nem todos sabem agir segundo os conselhos dessa razão, não da razão que se arrasta, em vez de marchar, dessa razão que se perde em meio aos interesses materiais e grosseiros, mas da razão que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta para regiões desconhecidas; chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que eleva o filósofo, impulso que arrasta os indivíduos e os povos, razão que o vulgo não pode compreender, mas que aproxima o homem da divindade mais que qualquer outra criatura; entendimento que sabe conduzi-lo do conhecido ao desconhecido, fazendo com que execute os atos mais sublimes. Ouvi, pois, essa voz interior, esse bom gênio que vos fala sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo da guarda, que do alto do céu vos estende as mãos. Channing


quinta-feira, 8 de março de 2018

SESSÕES PÚBICAS E CASAMENTOS PROGRAMADOS


O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) esclarece mais algumas dúvidas dos leitores.SESSÕES PÚBLICAS Gostaria de saber o que vocês pensam sobre sessões mediúnicas com a presença do público. Parece que Kardec foi contra e que a maioria dos autores espíritas, que li, tem a mesma opinião. É verdade que Kardec se preocupou muito com o trato que os espíritas devem dar à mediunidade, demonstrando que uma reunião de intercâmbio espiritual deve ser conduzida com todo cuidado, inclusive o de ser preservada da curiosidade pública que, na maioria das vezes, atrapalha. Kardec chega dizer , em O QUE É O ESPIRITISMO que a reunião mediúnica não tem por fim convencer as pessoas sobre a realidade da sobrevivência da alma, que, por esse meio, não se convence ninguém; diz também em O LIVRO DOS MÉDIUNS que a mediunidade, cuidada pelo Espiritismo, não se presta a exibições ou espetáculos de demonstração. Desse modo, entendemos que a preservação do grupo mediúnico é um dos fatores primordiais para a tranquilidade dos médiuns e para a garantia da própria autenticidade dos fenômenos. Se o desempenho de uma reunião, como afirma Kardec, depende do ambiente mental que os encarnados criam para que se deem os fenômenos, é claro que a existência de um grupo selecionado e orientado especificamente para isso, num ambiente fechado, impõe-se por imprescindível. Assim, o grupo mediúnico, além de não dar espetáculos de exibição, precisa se conscientizar da alta responsabilidade que lhe diz respeito no trato com os Espíritos, e, para tanto, não deve estar exposto à simples curiosidade ou interferência mental da platéia. CASAMENTOS PROGRAMADOS Devem existir casamentos programados na Espiritualidade e casamentos não programados. Presumo que os primeiros são aqueles que dão certo, porque os Espíritos já se conhecem e já estão ligados antes de virem para a Terra. Os outros são aqueles que fracassam. Sendo assim, seria útil a gente consultar a Espiritualidade para saber realmente o que está programado ou não? O fato de um casamento está programado pelos Espíritos-cônjuges não quer dizer, absolutamente, que será um casamento bem sucedido, no sentido de preservar um bom relacionamento entre eles, enquanto casados na Terra. A união matrimonial não quer dizer identidade de propósitos sempre, nem tampouco facilidade de conciliação. É possível que esses Espíritos estejam realmente procurando o caminho da reconciliação através do casamento, mas essa condição não é suficiente para garantir o êxito do plano, pois, como seres humanos, ainda somos muito frágeis nessa questão de convivência e podemos falhar a qualquer momento. A programação pode realmente existir, como uma forma de organizar as metas desses Espíritos e poderá ajudá-los na condução de seus propósitos, mas a solução do problema vai depender do efetivo desempenho de cada um. Por outro lado, seria precipitado afirmar que um determinado casamento não deu certo só porque não foi planejado na Espiritualidade. Nada disso. O mais importante no matrimônio não é o fato de ter sido planejado ou não, pois não é simplesmente esse fator que vai garantir seu êxito, mas, sim, o desempenho dos Espíritos diante do compromisso que assumem, um diante do outro, e ambos para com os filhos. Um casamento não previsto pode muito bem ser melhor sucedido que um outro que foi adredemente preparado, por causa da maturidade dos cônjuges em matéria de relacionamento. Respeito, consideração, responsabilidade, amor, para serem exercitados, não dependem apenas de planejamento, mas da capacidade de o Espírito aprender a conviver. Portanto, não há nenhum sentido prático em se buscar tal informação, se o objetivo é apenas ter uma vida comum saudável.

segunda-feira, 5 de março de 2018

DUAS QUESTÕES SOBRE SAÚDE


Se dividirmos os males da vida em duas categorias, uma a dos que o homem não pode evitar, e outra das atribulações que ele mesmo provoca por sua falta de cuidado e excessos, veremos que esta última é muito mais numerosa que a primeira. A afirmação de Allan Kardec está contida n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Para termos uma ideia da extensão e implicações da saúde, na sequencia duas esclarecedoras respostas: 1- Abordando o tema suicídio, o Espiritismo o vincula a efeitos ou repercussões não só no retorno e permanência do Espírito no Mundo Invisível, mas a encarnações posteriores. É possível ter-se uma ideia de doenças derivadas do suicídio cometido? No suicídio intencional, sem as atenuantes da moléstia ou da ignorância, há que se considerar não somente o problema da infração ante as Leis Divinas, mas também o ato de violência que a criatura comete contra si mesma, através da premeditação mais profunda, com remorso mais amplo. Atormentada de dor, a consciência desperta no nível de sombra a que se precipitou, suportando compulsoriamente as companhias que elegeu para si própria, pelo tempo indispensável à justa renovação. Contudo, os resultados não se circunscrevem aos fenômenos de sofrimento íntimo, porque surgem os desequilíbrios consequentes nas sinergias do corpo espiritual, com impositivos de reajuste em existências próximas. É assim que após determinado tempo de reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são habitualmente reinternados no Plano Carnal, em regime de hospitalização na cela física, que lhes reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e inibições. (Lembrando que cada caso é um caso, algumas associações que podem demonstrar essas correlações): 1-doenças do aparelho digestivo, do sangue e disfunções endocrínas, tanto quanto outros males de etiologia obscura - Os que se envenenaram, conforme os tóxicos de que se valeram.  2- ictiose ou pênfigo - os que incendiaram a própria carne. 3- processos mórbidos das vias respiratórias, como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares - os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou nas correntes de gás  4- distúrbios do sistema nervoso, como sejam as neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil - os que se enforcaram. 5- desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o cretinismo - estilhaçaram o crânio ou deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras. 6 - distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa - os que se atiraram de grande altura, enquadrando se entre eles, o nanismo derivado das lesões causadas no corpo espiritual que vão interferir no próximo corpo, prejudicando particularmente a produção de hormônios, daí a formação do corpo anão, e as diversas formas de nanismo, mais ou menos graves, segundo o comprometimento do Espírito. 7-orgânicas derivadas correspondendo a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura - suicídio, direto ou indireto. (RE, 62) 2- E quanto às doenças infecciosas causadas por micro-organismos patogênicos como botulismo, tétano, hansenísase, meningite bacteriana, sífilis, cólera, leptospirose, tuberculose, etc. Sua ação sobre o corpo físico se dá apenas no nível material?  Os micróbios patogênicos se associam a elementos sutilíssimos de ordem espiritual. (NRCX; 41) A grande maioria das doenças tem a sua causa profunda na estrutura semimaterial do corpo espiritual.  Havendo o Espírito agido erradamente, nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades, conforme o órgão atingido. (LA, 1)