William Ellery Channing
nasceu em 1780, em Newport, Rhode-Island, Estado de Nova Iorque. Seu avô, William
Ellery, assinou a famosa declaração da independência. Channing
foi educado no Harward College, destinado à profissão médica; mas seus gostos e
aptidões o levaram à carreira religiosa e em 1803 tornou-se ministro da capela
unitarista de Boston. Sempre permaneceu nessa cidade, professando a doutrina
dos Unitaristas, seita protestante que conta numerosos adeptos na Inglaterra e
na América, nas camadas mais elevadas. Fez-se notar por seus pontos de vista
amplos e liberais. Por sua eloquência notável, por suas numerosas obras e pela
profundidade de sua filosofia, é contado no número dos homens mais destacados
dos Estados Unidos. Partidário declarado da paz e do progresso, pregou sem tréguas contra a escravidão e fez a essa
instituição uma guerra tão obstinada, que a muitos liberais tal excesso de
zelo, prejudicial à sua popularidade, por vezes parecia inoportuno. Seu nome
fez autoridade entre os anti-escravagistas. Morreu em Boston em 1842, aos 62
anos de idade. Já em 1834, três décadas antes do surgimento do Espiritismo,
escreve um texto em que demonstra ter uma visão intuitiva interessante sobre a
continuidade da vida após a morte do corpo físico. Entre outras ponderações
escreve que nossos amigos, que nos deixam por esse outro mundo, não se encontram
no meio de desconhecidos; não têm esse sentimento desolado de haver trocado a
pátria por uma terra estrangeira. As mais ternas palavras de amizade humana não
se aproximam dos acentos de felicitações que os esperam quando chegarem àquela
morada. Lá o Espírito tem meios mais seguros de se revelar do que aqui; o
recém-chegado sente-se e se vê cercado de virtudes e de bondade e, por essa
visão íntima dos Espíritos simpáticos que os rodeiam, ligações mais fortes que
as cimentadas pelos anos na Terra podem criar-se momentaneamente. As mais
íntimas afeições na Terra são frias, comparadas às dos Espíritos. De que
maneira eles se comunicam? Em que língua e por meio de que órgãos? Ignoramo-lo,
mas sabemos que o Espírito, progredindo, deve adquirir maior facilidade para
transmitir o seu pensamento. Numa
das contribuições já como Espírito
desencarnado, numa reunião da Sociedade Espírita de Paris, escreveu através da
médium Srta. Huet uma interessante mensagem em que expressa algumas
ponderações interessantes sobre o Anjo da Guarda reproduzida na edição
de janeiro
de 1861 da REVISTA ESPÍRITA.
Diz ele: Todos os homens são médiuns;
todos têm um Espírito que os dirige para o Bem, quando sabem escutá-lo. Pouco
importa que alguns se comuniquem diretamente com ele por uma mediunidade
particular, e que outros não o ouçam senão pela voz do coração e da
inteligência; nem por isso deixará de ser o seu Espírito familiar que os
aconselha. Chamai-o Espírito, razão, inteligência: é sempre uma voz que
responde à vossa alma e vos dita boas palavras; só que nem sempre as
compreendeis. Nem todos sabem agir segundo os conselhos dessa razão, não da
razão que se arrasta, em vez de marchar, dessa razão que se perde em meio aos
interesses materiais e grosseiros, mas da razão que eleva o homem acima de si
mesmo, que o transporta para regiões desconhecidas; chama sagrada que inspira o
artista e o poeta, pensamento divino que eleva o filósofo, impulso que arrasta
os indivíduos e os povos, razão que o vulgo não pode compreender, mas que
aproxima o homem da divindade mais que qualquer outra criatura; entendimento
que sabe conduzi-lo do conhecido ao desconhecido, fazendo com que execute os
atos mais sublimes. Ouvi, pois, essa voz interior, esse bom gênio que vos fala
sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo da guarda, que do
alto do céu vos estende as mãos. Channing
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