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domingo, 11 de março de 2018

A VOZ DO ANJO DA GUARDA


William Ellery Channing nasceu em 1780, em Newport, Rhode-Island, Estado de Nova Iorque. Seu avô, William Ellery, assinou a famosa declaração da independência. Channing foi educado no Harward College, destinado à profissão médica; mas seus gostos e aptidões o levaram à carreira religiosa e em 1803 tornou-se ministro da capela unitarista de Boston. Sempre permaneceu nessa cidade, professando a doutrina dos Unitaristas, seita protestante que conta numerosos adeptos na Inglaterra e na América, nas camadas mais elevadas. Fez-se notar por seus pontos de vista amplos e liberais. Por sua eloquência notável, por suas numerosas obras e pela profundidade de sua filosofia, é contado no número dos homens mais destacados dos Estados Unidos. Partidário declarado da paz e do progresso, pregou  sem tréguas contra a escravidão e fez a essa instituição uma guerra tão obstinada, que a muitos liberais tal excesso de zelo, prejudicial à sua popularidade, por vezes parecia inoportuno. Seu nome fez autoridade entre os anti-escravagistas. Morreu em Boston em 1842, aos 62 anos de idade. Já em 1834, três décadas antes do surgimento do Espiritismo, escreve um texto em que demonstra ter uma visão intuitiva interessante sobre a continuidade da vida após a morte do corpo físico. Entre outras ponderações escreve que nossos amigos, que nos deixam por esse outro mundo, não se encontram no meio de desconhecidos; não têm esse sentimento desolado de haver trocado a pátria por uma terra estrangeira. As mais ternas palavras de amizade humana não se aproximam dos acentos de felicitações que os esperam quando chegarem àquela morada. Lá o Espírito tem meios mais seguros de se revelar do que aqui; o recém-chegado sente-se e se vê cercado de virtudes e de bondade e, por essa visão íntima dos Espíritos simpáticos que os rodeiam, ligações mais fortes que as cimentadas pelos anos na Terra podem criar-se momentaneamente. As mais íntimas afeições na Terra são frias, comparadas às dos Espíritos. De que maneira eles se comunicam? Em que língua e por meio de que órgãos? Ignoramo-lo, mas sabemos que o Espírito, progredindo, deve adquirir maior facilidade para transmitir o seu pensamento. Numa das contribuições  já como Espírito desencarnado, numa reunião da Sociedade Espírita de Paris, escreveu através da médium Srta. Huet uma interessante mensagem em que expressa algumas ponderações interessantes sobre o Anjo da Guarda reproduzida na edição de janeiro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA.  Diz ele: Todos os homens são médiuns; todos têm um Espírito que os dirige para o Bem, quando sabem escutá-lo. Pouco importa que alguns se comuniquem diretamente com ele por uma mediunidade particular, e que outros não o ouçam senão pela voz do coração e da inteligência; nem por isso deixará de ser o seu Espírito familiar que os aconselha. Chamai-o Espírito, razão, inteligência: é sempre uma voz que responde à vossa alma e vos dita boas palavras; só que nem sempre as compreendeis. Nem todos sabem agir segundo os conselhos dessa razão, não da razão que se arrasta, em vez de marchar, dessa razão que se perde em meio aos interesses materiais e grosseiros, mas da razão que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta para regiões desconhecidas; chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que eleva o filósofo, impulso que arrasta os indivíduos e os povos, razão que o vulgo não pode compreender, mas que aproxima o homem da divindade mais que qualquer outra criatura; entendimento que sabe conduzi-lo do conhecido ao desconhecido, fazendo com que execute os atos mais sublimes. Ouvi, pois, essa voz interior, esse bom gênio que vos fala sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo da guarda, que do alto do céu vos estende as mãos. Channing


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